sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Sporting B

Sporting B e Vitória de Setúbal competem na Liga 3
Mais habituado a defrontar a equipa principal do Sporting Clube de Portugal, com a qual protagonizou quase 200 jogos oficiais, incluindo finais da Taça de Portugal e da Taça da Liga, o Vitória de Setúbal compete em 2021-22 com os bês leoninos na Liga 3.
 
No único confronto oficial entre ambos os conjuntos, na primeira volta da fase regular do campeonato, os sadinos foram a Alcochete vencer por 1-0, com um golo de José Varela.
 
Apesar do histórico quase inexistente de jogos entre as duas equipas e o facto de o Sporting B ter apenas 12 épocas de existência (2000-01 a 2003-04, 2012-13 a 2017-18 e desde 2020-21), cerca de duas dezenas de futebolistas já representaram tanto os setubalenses como a formação secundária dos leões.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso ideal que passaram por Vitória de Setúbal e Sporting B, disposto em 4x3x3, dando preferência a quem jogou regularmente pelos bês sportinguistas em detrimento de quem o fez esporadicamente para ganhar ritmo ou devido a castigo.
 

Nuno Santos (guarda-redes)

Nuno Santos
Guarda-redes natural de Coimbra, maioritariamente formado no Sporting e com selo das seleções jovens portuguesas, foi pela primeira vez convocado para um jogo da equipa principal em abril de 1998. Adversário? Vitória de Setúbal, com triunfo leonino por 2-1 em Alvalade.
No entanto, Nuno Santos só se conseguiu estrear oficialmente pela equipa principal dois anos e meio depois, tendo entrado nos últimos minutos de uma goleada ao Leixões para a Taça de Portugal. Por essa altura, este guardião jogava na equipa B, pela qual totalizou 31 jogos e 33 golos sofridos na soma das duas épocas em que a representou, 2000-01 e 2002-03.
Em 2007, após apenas três jogos pela equipa principal e sucessivos empréstimos a Penafiel e Vitória de Guimarães, cortou o cordão umbilical que o ligava ao Sporting há 16 anos, tendo assinado a título definitivo pelos vimaranenses.
Mais tarde, em 2009-10, Nuno Santos assinou pelo Vitória de Setúbal, tendo nessa temporada disputado 16 jogos e sofrido 24 golos em todas as competições. “Nunca esquecerei o Sporting, que durante 16 anos me formou como jogador e onde ganhei tudo o que havia para ganhar a nível nacional. Lembro com prazer os treinadores Inácio e Manuel Fernandes, dirigentes e colegas. Mas hoje defendo o emblema do Vitória com a mesma satisfação”, afirmou em abril de 2010, em vésperas de um duelo entre os dois clubes.
 
 
 

José Fonte (defesa central)

José Fonte
Defesa central nascido em Penafiel, entrou para os infantis do Sporting em 1994-95, teve uma passagem pelas camadas jovens do Sacavenense, mas concluiu a formação nos leões, tendo transitado para a equipa B em 2002-03.
Em duas temporadas na formação secundária dos sportinguistas amealhou 59 jogos na antiga II Divisão B, não conseguindo almejar sequer uma convocatória para a equipa principal.
No verão de 2004 mudou-se para o Felgueiras, de onde saiu para o Vitória de Setúbal um ano depois. Em meia época no Bonfim marcada por salários em atraso, José Fonte atuou com a camisola sadina em 17 jogos oficiais, nos quais a equipa setubalense sofreu apenas seis golos, apesar de ter defrontado FC Porto, Sporting, Sp. Braga e por duas vezes a Sampdoria. “Foram seis meses fantásticos, em que joguei nas provas europeias e fiz parte daquela que chegou a ser a melhor defesa da Europa. Depois rescindi, por salários em atraso”, contou ao Maisfutebol.
Em janeiro de 2006 assinou pelo Benfica, mas nunca chegou a estrear-se de águia ao peito.
 
 

Rúben Semedo (defesa central)

Rúben Semedo
Mais um defesa central que só passou meia época no Bonfim.
Formado maioritariamente no Sporting e com selo das seleções jovens portuguesas, Rúben Semedo transitou para os bês leoninos em 2013-14, tendo nessa época participado em 23 jogos na II Liga e apontado um golo ao Trofense – paralelamente, também esteve em campo durante 45 minutos numa goleada da equipa principal ao Alba, na Taça de Portugal.
Com alguns problemas disciplinares, foi emprestado aos espanhóis do Reus na temporada seguinte.
Em 2015-16 voltou ao Sporting e chegou a fazer a pré-época às ordens de Jorge Jesus, mas acabou por ser cedido ao Vitória de Setúbal, clube pelo qual atuou em 19 partidas até final de janeiro, quando recebeu ordem de regresso a Alvalade.
 
 
 

Nuno Reis (lateral direito)

Nuno Reis
Não, não está a ver mal. Nuno Reis é defesa central, mas por uma questão de logística neste onze é adaptado a uma posição que não lhe é desconhecida, porque jogou regularmente no lado direito da linha defensiva quando esteve cedido pelo Sporting ao Olhanense em 2012-13.
Após ter feito quase toda a formação no emblema leonino, o jogador esteve emprestado aos belgas do Cercle Brugge entre 2010 e 2012 e depois ao emblema de Olhão.
Em 2013-14 esteve até final de janeiro no Sporting B, tendo atuado em 23 jogos na II Liga antes de ser novamente cedido ao Cercle Brugge. Na temporada seguinte voltou aos bês leoninos para disputar 31 encontros no segundo escalão e marcar um golo ao Feirense.
Entretanto terminou o vínculo que o ligava ao clube de Alvalade, passou pelos franceses do Metz e pelos gregos do Panathinaikos antes de ingressar no Vitória de Setúbal em janeiro de 2018, tendo assumido a titularidade e para a obtenção de pontos importantes para que a permanência fosse assegurada. Nuno Reis ainda começou a época seguinte no Bonfim, mas acabou por sair para os búlgaros do Levski Sófia após a 3.ª jornada do campeonato, despedindo-se com uma expulsão num jogo frente ao Nacional e após um total de 15 partidas disputadas.
 
 
 

André Geraldes (lateral esquerdo)

André Geraldes
Embora no Vitória de Setúbal tenha atuado somente na lateral direita, André Geraldes jogou no lado esquerdo da linha defensiva no Belenenses, no Sporting (equipa A e B) e no APOEL.
Após concluir a formação no Maia e passar por Rio Ave, Desp. Chaves, Desp. Aves, Basaksehir e Belenenses, ingressou no emblema de Alvalade no verão de 2014, quando já tinha 23 anos, mas acabou por jogar mais pelos bês (14 jogos) do que pela equipa principal (quatro) em 2014-15.
Na época seguinte esteve cedido ao Belenenses e em 2016-17 foi emprestado ao Vitória de Setúbal, perfilando-se desde cedo como titular indiscutível no lado direito da defesa sadina. Porém, após 20 partidas em todas as competições, regressou ao emblema leonino em janeiro de 2017 por ordem do presidente sportinguista Bruno de Carvalho, que ficou agastado pelos festejos no balneário setubalense após uma vitória sobre o Sporting na Taça da Liga.
Até ao final dessa temporada só jogou pelo Sporting B, tendo participado em 14 encontros na II Liga.
 
 

Semedo (médio defensivo)

José Semedo
Defesa central de origem, deu o salto para o Sporting aos 13 anos, após ter deslumbrado num torneio na Costa da Caparica ao serviço de Os Pelezinhos. Em Alvalade fez quase toda a formação, ainda que pelo meio o grande amigo Cristiano Ronaldo tivesse de intervir para não o mandarem embora do centro de estágio.
Quando ainda era júnior, mas já com mais de duas dezenas de internacionalizações pelas seleções jovens, atuou em três jogos da equipa B dos leões na II Divisão B em 2003-04.
Na época seguinte esteve cedido ao Casa Pia e em 2005-06 chegou a integrar a pré-época, às ordens de José Peseiro, e a ser convocado para jogos do campeonato e da Taça UEFA, mas não conseguiu almejar a desejada estreia em encontros oficiais, tendo sido emprestado ao Feirense em janeiro.
Entretanto prosseguiu a carreira em Itália e sobretudo em Inglaterra e tornou-se médio defensivo, tendo regressado em Portugal no verão de 2017 pela porta do Vitória de Setúbal, realizando assim um sonho antigo. “Se eu pudesse escolher, para o ano estaria no Vitória. Porque é difícil? Porque saí de Portugal muito cedo e aqui não conhecem muito a minha história a nível profissional, porque nunca fiz uma época regular na I Liga portuguesa. Se aparecer uma oportunidade para vir para o Vitória, não vou pensar duas vezes. Seria um grande orgulho jogar perante a minha família e no clube da minha cidade. Já não pedia mais nada a Deus”, afirmou ao jornal O Setubalense em outubro de 2016, quando ainda era jogador do Sheffield Wednesday.
Desde então no Bonfim, tornou-se capitão de equipa, permaneceu no plantel após a despromoção administrativa ao Campeonato de Portugal e leva já mais de 120 jogos e meia dúzia de golos pelo emblema sadino.
 
 
 

João Mário (médio centro)

João Mário
Médio internacional jovem português com quase toda a formação feita no Sporting, transitou para a equipa B dos leões em 2012-13, tendo no espaço de um ano e meio atuado em 44 partidas e apontado dois golos na II Liga.
Em janeiro de 2014 foi emprestado ao Vitória de Setúbal, tendo apenas necessitado de 16 jogos pelos sadinos para convencer o então selecionador nacional Paulo Bento a pré-convocá-lo para o Mundial do Brasil e a estrutura leonina a integrá-lo em definitivo no plantel principal.
“Adoro o Vitória e adorei todos os momentos que passei em Setúbal. (…) Serei eternamente grato a quem me ajudou muito, assim como a quem me continua a ajudar”, escreveu numa publicação no Instagram em janeiro de 2016, um dia após não ter celebrado um (grande) golo que marcou pelo Sporting no Bonfim.
 
 
 

Ryan Gauld (médio ofensivo)

Ryan Gauld
Médio ofensivo escocês que chegou ao Sporting e ao futebol português com o rótulo de Baby Messi, desde cedo mostrou ter um fantástico toque de bola, o que levou o antigo defesa leonino José Eduardo a dizer que o jogador tinha o “andar dos predestinados”.
No entanto, ao cabo de dois anos em Alvalade, Ryan Gauld não foi além de cinco jogos e dois golos pela equipa principal – todos com Marco Silva e nenhum com Jorge Jesus – e de 26 partidas e três golos pela equipa B na II Liga.
Sem espaço e a necessitar de ganhar rodagem competitiva a um nível superior, foi emprestado ao Vitória de Setúbal no início da época 2016-17. Até demorou a conquistar o seu espaço, mas depressa ganhou um lugar no meio-campo sadino, tendo participado em dez jogos até ao início de 2017.
Depois, à semelhança de André Geraldes, regressou ao emblema leonino em janeiro de 2017 por ordem do presidente sportinguista Bruno de Carvalho, que ficou agastado pelos festejos no balneário setubalense após uma vitória sobre o Sporting na Taça da Liga.
O treinador vitoriano na altura, o assumido adepto leonino José Couceiro, lamentou a situação: “As minhas primeiras palavras sobre o assunto vão para o André e o Ryan. Desejo-lhes sucesso e tenho pena que tenham saído. Acredito que eles também. Lamento a decisão. Ficámos mais fracos com a saída de ambos, não só quando defrontarmos os nossos adversários diretos, em termos de objetivos, como os concorrentes do Sporting.”
Até ao final dessa temporada, Ryan Gauld só jogou pelos bês leoninos, tendo disputado nove encontros na II Liga. “Foi uma época de altos e baixos. Tive o que pretendia para começar, uma experiência de I Liga, importante para perceber se tinha, ou não, capacidade para estar a este nível. Depois, o empréstimo foi interrompido, de forma algo frustrante”, afirmou, em entrevista à BBC Scotland. “Nos primeiros seis meses joguei na I Liga, o que é, obviamente, uma grande experiência para mim”, acrescentou o médio escocês.
 
 
 

Yannick Djaló (avançado)

Yannick Djaló
Avançado móvel com quase toda a formação feita no Sporting, estreou-se pelos bês leoninos quando ainda era júnior de primeiro ano, em 2003-04, tendo atuado em dez partidas e apontado um golo na II Divisão B.
Entretanto, o Sporting extinguiu a equipa B e por isso Yannick Djaló voltou aos juniores e foi emprestado ao Casa Pia antes de ingressar na equipa principal em 2006-07.
No verão de 2011 transferiu-se para os franceses do Nice, mas a inscrição não foi aceite pela FIFA, em virtude de a documentação ter entrado alguns minutos depois da hora do fecho do mercado, o que o levou a um imbróglio que deixou o jogador inativo e… livre, tendo assinado pelo Benfica em janeiro de 2012.
Após passagens pelos franceses do Toulouse, os norte-americanos do San Jose Earthquakes, os russos do Mordovia Saransk e os tailandeses do Ratchaburi, voltou a Portugal pela porta do Vitória de Setúbal no verão de 2017. “Um dos meus companheiros de quarto na formação do Sporting era o Semedo, que é de Setúbal. O sonho dele era jogar no Vitória e cresci a ouvir falar do clube. Em conversa recente, disse-me que estava a treinar no Vitória para manter a forma, e como o mister [José Couceiro] já me tinha telefonado, juntou-se o útil ao agradável. Doze anos depois, tínhamos uma oportunidade de nos reunir. O facto de o treinador me conhecer bem, pesou bastante. Também foi determinante a minha vontade de jogar no campeonato nacional, onde cresci e sonhava jogar quando estava nas camadas jovens. E o Vitória é um clube muito acarinhado, com adeptos espetaculares”, explicou na altura, em entrevista ao Diário de Notícias.
No entanto, Yannick Djaló lesionou-se antes do início do campeonato e acabou por disputar apenas dois jogos com a camisola sadina.
 
 

Lourenço (avançado)

Lourenço
Avançado móvel que fez toda a formação no Sporting e com o carimbo das seleções jovens de Portugal, transitou para os bês leoninos em 2000-01, quando ainda tinha idade de júnior. Embora tivesse tido curtas passagens pelos ingleses do Bristol City e do Oldham Athletic, amealhou 53 jogos e 22 golos pela equipa B entre 2000 e 2003.
Pelo meio, disputou dois jogos pela equipa principal na Taça de Portugal em 2001-02, numa época em que os verde e brancos conquistaram a prova. “Para mim foi das melhores coisas que aconteceu, pois trabalhei sempre com o foco e o pensamento de chegar à equipa principal e consegui, fruto do bom trabalho que realizei na equipa B. Joguei e treinei com os melhores e últimos campeões nacionais do Sporting”, contou ao O Blog do David, nostálgico a falar do treinador romeno Laszlo Bölöni: “Era excelente treinador, bom comunicador, mas muito exigente na hora do trabalho, principalmente no treino físico, ao qual dava muita importância.”
Em 2003-04 integrou o plantel principal, às ordens de Fernando Santos, mas nas duas épocas que se seguiram foi emprestado a Belenenses e União de Leiria. No verão de 2006 assinou pelo Vitória de Setúbal, mas não foi além de dez jogos e um golo (ao Desp. Aves) em meia época nos sadinos, uma vez que foi cedido aos gregos do Panionios em janeiro do ano seguinte. “A equipa tinha problemas todos os dias, é verdade, mas foi mais uma passagem com aprendizagem para minha carreira. O Vitória é um clube exigente, com adeptos fanáticos. Em relação a ordenados estiveram sempre em dia pois eu recebia do Sporting”, recordou.
 
 
 

Saleiro (avançado)

Carlos Saleiro
Avançado formado no Sporting, não só está na história do futebol português – nem que seja só pela conquista do título europeu de sub-17 em 2003 – como também na da… ciência portuguesa, uma vez que foi o primeiro bebé proveta em Portugal.
Tal como Yannick Djaló, era apenas júnior de primeiro ano quando jogou pelos bês leoninos em 2003-04, tendo atuado em 34 partidas e apontado três golos na II Divisão B, mostrando-se impotente para evitar uma despromoção à III Divisão que não chegou a ser consumada pois o Sporting desativou a equipa B.
“Fui para a equipa B, com jogadores de 23, 24 anos e eles treinavam de manhã. Só que só treinavam às 11.30 por causa de mim e às vezes tinham de treinar à tarde também por minha causa. Precisamente por causa da escola. Depois de dois, três meses, aquilo já estava a ser insuportável e o meu aproveitamento na escola também não era o melhor”, recordou à Tribuna Expresso em abril de 2018.
Na temporada seguinte, Saleiro brilhou nos juniores (25 golos em 26 jogos e título de campeão), mas depois foi sucessivamente emprestado durante quatro temporadas. No início de 2008-09 esteve cedido ao Vitória de Setúbal, mas não foi além de sete jogos e zero golos antes de se mudar para a Académica, também por empréstimo, no mercado de inverno.
“As coisas no Vitória de Setúbal não me correram bem. Houve um episódio que me marcou. Mas até acho que foi um mal-entendido. Eu dei uma entrevista. Aquela vontade de jogar e de ajudar o clube...Na altura, há um jogo em que o treinador me manda aquecer duas, três vezes, e numa das últimas diz que vou entrar, manda-me aquecer rápido, mas quando chego junto dele... entrou outro. Fiquei um bocado chateado nesse dia. No dia a seguir, ligou-me um jornalista, de um desportivo, a perguntar se eu estava a sentir-me bem. E fiz uma afirmação que se calhar não devia ter feito naquela altura, mas foi sem maldade. [Disse] que para estar parado mais valia estar no meu clube de origem, porque eu estava emprestado pelo Sporting. A direção, o treinador e principalmente os adeptos não reagiram bem a essa afirmação. Levei um processo disciplinar. Estive afastado da equipa durante um mês. Treinava, mas não era convocado. Depois, quando voltei a ser convocado, cada vez que tocava na bola era assobiado. Não tinha condições para continuar. O que me deixou muito triste porque gosto bastante do clube e da envolvência de Setúbal. O Sporting soube da situação e optou por emprestar-me seis meses à Académica”, contou.













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