domingo, 5 de março de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Vitória FC e Belenenses

Jaime das Mercês e Meyong jogaram nos dois clubes
Dois históricos que já viveram melhores dias, Vitória de Setúbal e Belenenses coincidiram em 64 temporadas na I Liga, entre 1943-44 e 2017-18. Nesse período os sadinos conquistaram as suas três Taças de Portugal (1964-65, 1966-67 e 2004-05) e a edição inaugural da Taça da Liga (2007-08), ao passo que os azuis do Restelo ganharam duas das três Taças de Portugal que têm no palmarés (1959-60 e 1988-89) e sobretudo o inédito campeonato nacional em 1945-46. Paralelamente, cada um destes emblemas participou nas competições europeias em mais de uma dezena de ocasiões.
 
Ao longo desse percurso, setubalenses tiveram nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido aos lisboetas e vice-versa.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, distribuídos em campo num 4x3x3.
 

Jorge Martins (guarda-redes)

Jorge Martins
Guarda-redes natural de Alhos Vedros e que despontou no Barreirense, teve uma primeira passagem pelo Vitória de Setúbal em 1977-78, tendo dividido a titularidade com António Vaz.
Entretanto voltou ao Barreirense, deu o salto para o Benfica e passou pelo Farense antes de voltar a defender a baliza sadina entre 1983 e 1985, desta vez para se afirmar como titular, ao ponto de ter sido convocado para o Euro 1984.
No verão de 1985 transferiu-se para o Belenenses, tendo atingido o ponto alto da carreira no Restelo, entre 1985 e 1989. "Fomos a duas finais de Taça de Portugal. Em 1986, perdemos com o Benfica (0-2), mas em 1989 ganhámos por 2-1. Essa foi uma das melhores exibições da minha carreira. Todos falam do golo do Juanico, mas esquecem-se de que havia um gajo lá atrás", lembrou ao DN o antigo guardião, que se recorda de outras grandes vitórias ao serviço dos azuis. "Ganhámos ao Barcelona para a Taça UEFA, em 1987-88. É um marco. Não é um título, mas é um grande orgulho", confessou. "No ano seguinte, eliminámos o Bayer Leverkusen, vencendo no Restelo e na Alemanha", prosseguiu. "Foram quatro anos fabulosos. Em 1987-88, ficámos em 3.º lugar, à frente do Sporting. Foi a melhor equipa do Belenenses em muitos anos", considerou, lembrando a então formação comandada por Marinho Peres. Pelo meio, foi convocado para o Mundial 1986.
Após a conquista da Taça de Portugal regressou ao Bonfim, tendo terminado a carreira ao serviço do Vitória na II Liga em 1992.
 
 
 

Filgueira (defesa central)

Filgueira
Defesa central brasileiro possante, autoritário, forte no jogo aéreo e com a esmagadora maior parte da carreira feita no futebol português, entrou pela porta do Desp. Chaves em 1988, tendo rumado ao Vitória de Setúbal em dezembro de 1993.
Embora titularíssimo na época e meia que passou no Bonfim, transferiu-se para o Marítimo no verão de 1995 após cerca de 50 encontros pelos sadinos e uma despromoção à II Liga, apesar do interesse do Sporting.
Depois de um ano nos Barreiros mudou-se para o Belenenses, clube no qual se tornou uma figura emblemática, estatuto que conquistou ao longo de oito anos.
Durante esse período foi quase titular, tendo formado dupla com Paulo Madeira, Barny, Rui Gregório e especialmente com Wilson, com quem emparelhou entre 1999 e 2004. Após 51 jogos e cinco golos na I Liga pelos azuis do Restelo entre 1996 e 1998, foi impotente para evitar a despromoção, mas em 1998-99 ajudou a equipa a regressar à elite do futebol português.
No regresso ao primeiro escalão foi importante para a consolidação do clube nesse patamar competitivo, tendo contribuído, por exemplo, com seis golos para o 5.º lugar obtido em 2001-02. Nessa temporada, apontou um hat trick num jogo com o Varzim.
Porém, os chamados três grandes também sofreram com a qualidade no jogo aéreo de Filgueira, que em abril de 2000 marcou um dos golos com que o Belenenses venceu o Benfica na Luz e em outubro de 2001 faturou num triunfo sobre o FC Porto nas Antas.
No entanto, a idade começou a pesar e, numa altura em que se debatia com vários problemas físicos, terminou a carreira aos 37 anos, despedindo-se com uma derrota no Estádio do Dragão ao fim de 399 jogos na I Liga. “No dia do treino após esse jogo, estava no balneário com o plantel e a direção do Belenenses em peso, mais a administração da SAD, entraram por ali dentro. Até achei estranho, o que é que se iria passar ali… prestaram-me uma grande homenagem, fiquei surpreso, entregaram-me uma salva de prata pelos serviços prestados ao clube ao longo de oito épocas. Mais tarde fui homenageado também pela Fúria Azul. E aquilo foi a despedida, estávamos em março e nunca mais joguei, andei só a treinar para recuperar e depois conseguir levar uma vida normal. Fiquei grato, dei muito ao clube, mas o Belenenses deu-me muito também”, afirmou ao portal Relato em dezembro de 2014.
Após pendurar as botas continuou ligado ao clube como treinador nas camadas jovens, adjunto na equipa principal e coordenador técnico do futebol feminino. Em 2011 chegou a ser dispensado pela direção de António Soares, mas voltou em 2014.
 
 
 

Sobrinho (defesa central)

Sobrinho
Defesa central/esquerdo natural de Setúbal, surgiu na equipa principal do Vitória em 1980-81 e desde cedo se afirmou como titular, o que depressa fez dele um internacional sub-21 por Portugal, tendo sido chamado ao Torneio de Toulon em 1981.
No verão de 1982 transferiu-se para o FC Porto depois de mais de meia centena de jogos pelos sadinos, mas após um ano sem jogar nas Antas regressou ao Bonfim para mais duas épocas ao serviço do emblema vitoriano.
No verão de 1985 transferiu-se para o Belenenses, tal como Jorge Martins, tendo vivido no Restelo quatro temporadas fantásticas, que culminaram na conquista da Taça de Portugal em 1988-89, mas também na presença no Jamor em 1985-86 e o 3.º lugar no campeonato em 1987-88. Paralelamente, foi convocado para o Mundial 1986, mas teve de esperar até novembro de 1988 para se estrear pela seleção nacional A.
Em 1989-90 representou os franceses do Racing Paris, mas voltou a jogar pelo Vitória entre 1990 e 1992, despedindo-se dos setubalenses numa altura em que estes militavam na II Liga, tendo rumado ao Paços de Ferreira.
Apesar da ligação aos dois clubes, Luís Sobrinho torce sempre pelo sadinos quando estes defrontam o Belenenses. “Inclino-me sempre para o Vitória”, afirmou ao Record em março de 2015.
 
 
 

Teixeira (lateral direito)

Teixeira
Jogador polivalente, capaz de atuar como lateral direito e médio defensivo, nasceu em Luanda, mas radicou-se em Portugal ainda em tenra idade. Em termos futebolísticos fez a formação no Vitória de Setúbal, tendo transitado para a equipa principal em 1982.
Embora nem sempre muito utilizado, atuou em mais de 30 encontros oficiais até 1986 e tornou-se internacional sub-21 e olímpico, despedindo-se do Bonfim com uma descida à II Divisão que interrompeu uma sequência de 24 anos consecutivos no primeiro escalão.
Entretanto viveu os melhores anos da carreira ao serviço do Belenenses entre 1986 e 1995, tendo conquistado a Taça de Portugal em 1988-89, jogado nas competições europeias e somado mais de 200 encontros oficiais pelos azuis do Restelo.
Haveria de falecer em maio de 2017, aos 53 anos, vítima de doença prolongada.
 
 
 

Fernando Mendes (lateral esquerdo)

Fernando Mendes
Lateral esquerdo natural do Montijo, concluiu a formação e iniciou a carreira como sénior no Sporting, tendo feito a estreia pela equipa principal quando tinha apenas 18 anos e sete meses, em junho de 1985, precisamente um jogo frente ao Vitória de Setúbal.
Entretanto tornou-se titular indiscutível, internacional A, mudou-se pelo Benfica e passou por Boavista e Estrela da Amadora antes de ingressar no Belenenses em 1995-96, numa altura em que aparentava já ter entrado na fase descendente da carreira.
Contudo, no Restelo relançou a carreira com uma temporada de grande nível, ao ponto de ter regressado à seleção nacional em fevereiro e março de 1996 e de ter dado o salto para o FC Porto no final da época.
Após três anos nas Antas, regressou ao Belenenses em 1999-00, à beira dos 33 anos.
Por fim, representou o Vitória de Setúbal entre 2000 e 2002, naqueles que foram os dois últimos anos como futebolista profissional. Em 2000-01 viveu mesmo a temporada mais produtiva da carreira em termos de golos, tendo somado dez remates certeiros às ordens de Jorge Jesus numa campanha que culminou na subida à I Liga. “Se o tivesse apanhado mais cedo tinha sido mil vezes melhor!”, afirmou ao Observador em agosto de 2017.
Fernando Mendes é o único jogador na história a ter representado as cinco equipas campeãs nacionais em Portugal: Sporting, Benfica, Boavista, Belenenses e FC Porto.
 
 
 

Rui Esteves (médio)

Rui Esteves
Médio formado no Real Benfica, passou por Torreense, Olhanense, Louletano e Farense antes de dar o salto para o Vitória de Setúbal no verão de 1993, proveniente do emblema de Torres Vedras.
“Evidenciei-me no Torreense, eu e vários atletas e cada um foi para seu sítio. Para o Vitória veio comigo o Rosário. E há uma situação muito engraçada, porque nesse ano para subir de divisão estavam o Estrela da Amadora e o Vitória de Setúbal. E o último jogo do Torreense é aqui em Setúbal com o Vitória, que tinha de ganhar para subir à I Divisão. Eu já tinha assinado com o Vitória e na semana antes do jogo chamei o presidente do Torreense e o treinador, prof. Rui Mâncio, e disse-lhes: ‘Eu não quero jogar este jogo. Vocês multem-me, tirem-me o salário, eu não quero receber o meu ordenado, mas estou a ser sincero, eu no próximo ano quero jogar na I Divisão por isso quero que o Vitória ganhe o jogo. Querem que eu vá para o estádio fazer figura de quê se eu quero que o Vitória ganhe ao Torreense?’. Expus de tal maneria o problema que eles entenderam perfeitamente. Disse a verdade. E pronto, rescindi o contrato na hora e fui-me embora. Fui honesto”, revelou à Tribuna Expresso em outubro de 2018.
Embora só tenha estado um ano a vestir de verde e branco, aproveitou muito bem a temporada 1993-94 e o início da que se seguiu, ao participar em 32 encontros e faturar por três vezes, ajudando os sadinos a concluir o campeonato de 1993-94 da I Divisão em 6.º lugar.
No verão de 1994 deu o salto para o Benfica, mas nunca se impôs de águia ao peito.
Em 1995-96 esteve perto de voltar a jogar pelo clube de Setúbal, cidade onde continuou a viver, mas um volte-face de última hora empurrou-o para o Belenenses. “Estava já aqui e chego a acordo com o Vitória de Setúbal. Era o Quinito o diretor do futebol. Entretanto, estava no Algarve de férias, sossegadinho, e aparece num jornal: ‘Rui Esteves já não fica no Vitória’. Por causa de uma entrevista qualquer que eu tinha dado. Já não sei o que disse nessa entrevista, mas as pessoas interpretaram mal as coisas porque eu sempre quis voltar ao Vitória. Cheguei aqui e percebi que não era bem isso, que utilizaram a situação porque o treinador na altura não queria ficar comigo. Havia um jogador que era o Stepanovic, que vinha do Farense, e o treinador dizia que eu era igual a ele. Foi por aí. Mas arranjaram a desculpa da entrevista. Tudo bem, tranquilo. O João Alves soube o que se tinha passado e convidou-me para o Belenenses”, contou.
Em duas temporadas no Restelo, ambas na I Divisão, somou cerca de 60 jogos e quatro golos, antes de se aventurar no futebol da Coreia do Sul. “O Mladenov, que ia entrar para treinador, teve uma conversa comigo, queria contar comigo. Achei que aquilo que fizeram ao Vítor Manuel não foi correto e não queria ficar de maneira alguma no Belenenses. Não me revia naquela direção”, explicou.
 
 
 

Neca (médio ofensivo)

Neca
Médio de características ofensivas natural de Lisboa e maioritariamente formado no Belenenses, clube em que ingressou pela mão do padrinho, um aficionado belenense, e transitou para a equipa principal dos azuis do Restelo em 1997-98, tendo ganho paulatinamente o seu espaço ao longo dos anos. Os seus bons desempenhos valeram-lhe chamadas às seleções jovens, nomeadamente ao Campeonato do Mundo de sub-20 em 1999 e ao Europeu de sub-21 em 2002, e duas internacionalizações pela seleção principal no final de 2002, numa altura em que Agostinho Oliveira era selecionador interino.
Em oito anos na equipa principal do Belenenses totalizou 155 encontros e 17 golos, tendo contribuído para a promoção à I Liga em 1999 e para honrosas classificações no primeiro escalão como o 5.º lugar em 2001-02.
No verão de 2005 transferiu-se para o Vitória de Guimarães, tendo ainda passado pelo Marítimo e pelo futebol turco antes de regressar a Portugal pela porta do Vitória de Setúbal em janeiro de 2010.
Em dois anos e meio no Bonfim amealhou 67 partidas e onze golos, ajudando a manter os sadinos no patamar maior do futebol português antes de regressar à Turquia.
 
 
 

Jaime das Mercês (médio ofensivo)

Jaime das Mercês
Médio ofensivo/extremo natural da Cova da Piedade, despontou no Amora, tornando-se internacional jovem português antes de dar o salto para o Belenenses no verão de 1983.
No Restelo conseguiu notabilizar-se e catapultar-se para a seleção nacional A, tendo sido uma das principais figuras do clube naquele que é considerado o melhor período dos azuis no pós-Matateu, no final da década de 1980, tendo contribuído para a conquista do título nacional da II Divisão em 1983-84 e principalmente para a conquista da Taça de Portugal em 1988-89, assim como para a obtenção do honroso 3.º lugar na I Divisão em 1987-88. Pelo meio, somou nove internacionalizações pela principal equipa das quinas entre outubro de 1985 e março de 1987.
“Quando estava no Belenenses cheguei a assinar um contrato por três épocas com o Benfica, mas depois não me deixaram sair. Antes, no Amora, aconteceu uma situação idêntica. Mas não me queixo. Também representei um clube grande, que é o Belenenses”, revelou ao Record em março de 2000.
No verão de 1992, depois de uma temporada em que não foi muito utilizado e após mais de 220 jogos e 20 golos em Belém, transferiu-se para o Vitória de Setúbal, clube pelo qual disputou 32 jogos e apontou quatro golos em todas as provas, ajudando os sadinos a subir à I Liga.
 
 
 

Stoycho Mladenov (avançado)

Stoycho Mladenov
Avançado internacional búlgaro, que tinha marcado presença no Mundial 1986, ingressou no Belenenses precisamente após o Campeonato do Mundo disputado no México, proveniente do CFKA Sredets.
“Naquela altura a Bulgária era um país fechado. Raramente uma pessoa podia obter autorização para sair do país. Depois, com a Perestroika, o mundo comunista abriu e as pessoas puderam sair do país. O Belenenses fez-me uma proposta, boa para o clube e para mim, que naquela altura já tinha 29 anos”, recordou ao jornal A Bola em fevereiro de 2015.
Esteve apenas três anos no Restelo, mas bastou para se tornar numa das principais figuras do Belenenses no pós-Matateu, tendo contribuído para a para a obtenção do 3.º lugar na I Divisão na época anterior e para conquista da Taça de Portugal em 1988-89, apesar de ter ficado fora da final por opção de Marinho Peres. “Ganhámos jogos seguidos a Sporting, FC Porto e Benfica, ficou na memória de todos nós. Conquistámos um título que ficou na história do Belenenses. O Belenenses é o clube português pelo qual tenho mais carinho. Foram três anos muito bons, de bom ambiente. Ainda hoje somos amigos”, afirmou este fã de bacalhau no forno, que elogiou os treinadores que teve em Belém: “Marinho Peres metia alegria nos treinos, mas nos jogos era sério. Todos os meus treinadores me marcaram, sobretudo Henri Depireux, que pediu a minha contratação.”
No verão de 1989, após mais de 30 golos em cerca de 100 jogos oficiais pelo Belenenses, transferiu-se para o Vitória de Setúbal. Embora tivesse atingido a dezena de golos em ambas as épocas que passou no Bonfim, despediu-se com uma descida à II Liga em 1991, ao cabo de 67 encontros e 23 remates certeiros pelos sadinos.
 
 
 

Chiquinho Conde (avançado)

Chiquinho Conde
Avançado moçambicano, começou a carreira no Maxaquene, o mesmo clube que revelou Eusébio quando ainda se chamava Sporting de Lourenço Marques, e de lá saiu para o Belenenses em 1987, tendo ajudado o emblema do Restelo a conquistar a Taça de Portugal em 1988-89 e a alcançar um honroso 3.º lugar na I Divisão na época anterior. Foi o primeiro moçambicano a jogar legalmente em Portugal após a independência do país.
“O Belenenses não foi o primeiro clube que me quis levar. Um ano antes já o Benfica tinha tentado. O Governo não autorizou. Depois o presidente morreu, as coisas mudaram um pouco e deixaram-me ir. De certa forma, a morte de Samora Machel acabou por mudar a minha carreira”, contou, em entrevista ao Maisfutebol, em julho de 2015.
Após 134 jogos e 35 golos pelos azuis ao longo de quatro anos, e numa altura em que o Belenenses tinha descido à II Liga e o avançado estava em rota de colisão com a direção, Chiquinho Conde transferiu-se para o Sp. Braga, de onde saiu ao fim de um ano para o Vitória de Setúbal, tendo formado uma dupla diabólica no ataque com Yekini durante as temporadas 1992-93 e 1993-94. “Com ele era tudo fácil. Não parecia tecnicista, mas era muito poderoso. Muitas vezes ele sozinho amarrava os dois centrais e libertava-me. Marquei muitos golos assim. Foi um jogador fantástico, o melhor parceiro que tive. Dávamos muitas assistências um ao outro. Enfim, foi um período muito bom”, confessou.
64 jogos e 27 golos depois, rumou ao Sporting, onde não foi feliz. Voltou ao Belenenses, mas sem o mesmo brilho (apenas quatro jogos e zero golos na segunda metade de 1995-96), regressando depois ao Bonfim em 1996-97 para redescobrir a felicidade, apontando sete golos em 20 partidas na I Liga. “Era o meu clube talismã e fica na minha história. O Belenenses acolheu-me muito bem, mas em Setúbal vivi sete anos fantásticos”, contou.
Entretanto transferiu-se para os Estados Unidos, mas retornou a Setúbal em dezembro de 1997, para apontar 29 golos em 84 partidas em dois anos e meio. Foi uma das figuras do 5.º lugar de 1998-99 que marcou o regresso às competições europeias 25 anos depois.
Quase duas décadas depois, em 2018-19, regressou ao Vitória de Setúbal para orientar a equipa de sub-23 na Liga Revelação.
 
 
 

Meyong (avançado)

No Restelo também brilhou, sagrando-se o melhor marcador da I Liga em 2005-06, com 17 golos, apesar de ter afastado da equipa durante algumas semanas para estar ao serviço dos Camarões no CAN 2006. Apesar do seu imenso contributo, os azuis só se salvaram da despromoção à II Liga na secretaria, devido ao Caso Mateus que ditou a descida de divisão do Gil Vicente. “Fui muito bem tratado, um grande clube, com boas condições”, recordou à Tribuna Expresso.
Valorizado, deu o salto para o futebol espanhol, mas não se impôs no Levante nem no Albacete. Haveria de regressar ao Belenenses no janeiro de 2018 e até voltou em grande, com um golo na reestreia, diante da Naval, mas a sua utilização ditou a perda de seis pontos ao conjunto de Belém, uma vez que já tinha atuado por outros dois clubes nessa temporada. Esses pontos perdidos na secretaria impediram que os azuis do Restelo falhassem o segundo apuramento consecutivo para a Taça UEFA.
“Surge o Belenenses porque o [Jorge] Jesus está lá. O Jesus é que me diz: ‘O que é que estás a fazer aí em Espanha? Deixa isso, vem para aqui’. Consegue dar-me a volta. Venho para cá, mas naquele tempo eu não sabia daquelas regras, que não podia jogar em três clubes na mesma época. E também ninguém me perguntou nada. Se soubesse se calhar avisava. Mas também acho que esse não era o meu trabalho. O meu trabalho é jogar, os empresários é que têm de tratar dessas coisas. Os empresários e o diretor técnico. Se sou diretor técnico, vou contratar um jogador que não pode jogar? Depois do jogo [frente à Naval], à noite, estava a ver na SIC Notícias, e é o Rui Santos que levanta essa questão. A partir daí, a equipa mete o assunto na Federação e sou suspenso”, contou, puxando a cassete atrás.
 
 
 

Fernando Vaz (treinador)

Fernando Vaz
Um treinador marcante no futebol português, que além de Vitória de Setúbal e Belenenses dirigiu AcadémicaSp. Braga, seleção nacional, FC PortoVitória de Guimarães e Sporting, entre outros.
Em 1951-52 dirigiu essencialmente os azuis, mas na fase final da época foi cedido aos sadinos para guiar a equipa à subida à I Divisão. Na temporada seguinte comandou o conjunto de Belém ao 3.º lugar no primeiro escalão.
Haveria de voltar ao Belenenses em 1958-59 e depois entre 1962 e 1964. Pelo meio, foi cedido pela CUF ao Vitória na fase final da temporada 1961-62 para repetir o filme de dez anos antes, levando novamente os setubalenses ao patamar maior do futebol português.
Em 1964-65 surgiu pela primeira como treinador do Vitória a tempo inteiro, iniciando um ciclo dourado que ficou marcado pela conquista de duas Taças de Portugal (1965 e 1967) e pela presença em outras duas finais (1966 e 1968).
No final da época de 1968-69 mudou-se para o Sporting, tendo regressado ao Bonfim em 1976-77, mas a meio da época seguinte foi substituído por Carlos Cardoso na sequência de maus resultados.
 










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