quarta-feira, 20 de março de 2024

O rebelde croata que não vingou no FC Porto, mas marcou em dois clássicos. Quem se lembra de Maric?

Silvio Maric somou 19 jogos e três golos pelo FC Porto
Silvio Maric teve um ano atípico no FC Porto. Contratado numa altura em que os dragões tinham acabado de ficar sem Mário Jardel, transferido para o Galatasaray, sofreu uma rotura de ligamentos no joelho direito logo aos 23 minutos do primeiro jogo oficial da temporada, diante do Anderlecht em Bruxelas na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e ficou afastado dos relvados durante cinco meses, contrariando as expetativas mais pessimistas que apontavam para meio ano.
 
Regressou em janeiro, a tempo de disputar mais 18 partidas (nove a titular), mas só apontou três golos, um registo fraco para um atacante de uma equipa grande. Contudo, dois desses golos foram em clássicos, ambos nos derradeiros minutos – um ao Benfica na Luz numa eliminatória da Taça de Portugal que atirou a decisão para as Antas, precisamente no jogo em que voltou à competição; o outro numa receção ao Sporting, para o campeonato, evitando a derrota e consequente ultrapassagem dos leões na tabela classificativa. Ou seja, foi uma espécie de flop que… deu duas grandes alegrias. E o terceiro golo que marcou foi numa vitória sobre o Gil Vicente nas Antas.
 
Se Maric parecia ser uma aposta de Fernando Santos, desde cedo que não contou para o treinador que se seguiu, Octávio Machado, que riscou o croata da lista de 25 jogadores inscritos na Liga dos Campeões, depois de uma lesão na fase inicial da temporada 2001-02. E após a recuperação desse problema físico não reentrou nas contas, acabando por rescindir contrato em outubro de 2001, numa altura em que tinha vínculo válido até junho de 2003.

 
Mas quem era este avançado e o que levou o FC Porto a contratá-lo? O principal cartão de visita foi ter participado na brilhante campanha da Croácia até ao terceiro lugar no Mundial 1998, em França. É verdade que era uma figura secundária numa seleção que tinha Davor Suker, Zvonimir Boban, Robert Prosinečki, Igor Tudor, Dario Šimić ou Mario Stanić, mas foi utilizado em quatro encontros ao longo do torneio.
 
A nível de clubes deu nas vistas ao serviço do Dínamo Zagreb, clube que representou entre 1992 e 1999. No outono de 1998 mostrou-se ao público português (e portista) ao atuar nos dois jogos da equipa da capital croata frente ao FC Porto na Champions – vitória por 3-1 em Zagreb e derrota por 0-3 nas Antas.
 
Os bons desempenhos no Dínamo valeram-lhe o salto para outro clube que tinha defrontado na Liga dos Campeões, o Newcastle, então orientado pelo neerlandês Ruud Gullit. Apesar dos 900 mil contos (5,8 milhões de euros) pagos pela transferência por parte dos magpies, Maric foi afastado da equipa devido a um desentendimento com o treinador. A entrada de Bobby Robson para o comando técnico da equipa parecia ser o clique que o avançado croata precisava para se afirmar na Premier League, mas deitou tudo a perder quando decidiu fugir para o seu país em vez de acompanhar a equipa numa digressão nas Caraíbas. Acabou multado em duas semanas de salário, o máximo permitido pela Federação Inglesa.
 
Também em rota de colisão com Robson, foi colocado na lista de dispensas, tendo chegado a tentar comprar o próprio passe, mas a solução encontrada foi mesmo a transferência (por 300 mil euros) para o FC Porto, que na altura pensava alterar o 4x3x3 talhado para Jardel para um 4x4x2 com uma frente de ataque mais móvel.
 
Após a desvinculação dos azuis e brancos regressou ao Dínamo Zagreb, tendo ainda passado dois anos nos gregos do Panathinaikos antes de encerrar a carreira no emblema da capital croata em 2005-06.
 
Ao serviço da seleção da Croácia somou 19 internacionalizações e um golo, à Bósnia e Herzegovina. Ainda sonhou voltar a Portugal para disputar o Euro 2004, tendo participado em três encontros da fase de qualificação, mas não foi convocado para a fase final.
 




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