Fundado a 27 de setembro de 1949,
o Grupo Desportivo de Chaves nasceu da fusão entre o então campeão distrital Flávia
Sport Clube e o rival Atlético Clube Flaviense, tendo vivido o seu período
áureo desde meados dos anos 1980 até ao final da década de 1990, quando somou
13 das 16 presenças que contabiliza na I
Divisão.
Logo na segunda participação, no primeiro
escalão em 1986-87, os transmontanos alcançaram o quinto lugar,
classificação que lhes deu direito a disputar a Taça
UEFA na época seguinte. Em 1989-90 o emblema azul e grená voltou a concluir
o campeonato
na quinta posição, mas dessa vez não teve direito a apuramento europeu.
Após 13 presenças no patamar
maior do futebol português entre 1985 e 1999 – a exceção foi em 1993-94,
quando disputou a II
Liga –, o Desportivo de Chaves ficou 17 anos arredado da elite,
tendo regressado em 2016 para mais três épocas entre os grandes e em 2022 para pelo menos mais duas. Pelo meio, foi
finalista vencido da Taça
de Portugal em 2009-10, numa temporada em que até desceu à II Divisão B.
Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelos flavienses na I Divisão.
10. Lino (108 jogos)
Lino |
Lateral esquerdo transmontano com
ascendência angolana,
chegou aos juniores do Desportivo de Chaves em 1988-89 e, depois de ganhar
rodagem no Vila Pouca de Aguiar, ingressou na equipa principal dos flavienses
dois anos depois.
Na primeira época no emblema azul
e grená viveu na sombra de Rogério, não indo além de onze jogos (dez a titular)
na I
Divisão. Depois beneficiou da saída do concorrente direto para o Sp.
Braga e nas duas temporadas seguintes somou um total de 64 encontros (todos
a titular) e marcou um golo ao Sp.
Braga em 1991-92, não evitando a despromoção em 1993.
Apesar da descida de divisão
continuou no clube, ajudou a recoloca-lo no primeiro
escalão e representou-o durante mais um ano entre a elite
do futebol nacional, tendo atuado em 33 partidas (todas a titular) em
1994-95.
Depois transferiu-se para o Sp.
Braga, mas voltou a Chaves em 2000 para jogar pelos flavienses na II
Liga durante quatro épocas.
9. Rogério (113 jogos)
Rogério |
Mais um lateral esquerdo, o
antecessor de Lino. Após ter despontado no Gil
Vicente, ingressou no Desportivo de Chaves no verão de 1987.
Logo nos primeiros meses no
emblema flaviense participou nas eliminatórias da Taça
UEFA diante dos romenos do Universitatea Craiova e dos húngaros do Honved,
numa espécie de prova de fogo em Trás-os-Montes.
Em quatro temporadas nos valentes
transmontados foi sempre um titular indiscutível, tendo contabilizado um total
de 113 jogos (112 a titular) e cinco golos na I
Divisão – O
Elvas em 1987-88, Portimonense
na época seguinte, FC
Porto e Tirsense em 1989-90 e Vitória
de Setúbal na derradeira época foram as vítimas de Rogério.
Depois transferiu-se para o Sp.
Braga.
8. Jorginho (129 jogos)
Jorginho |
Para variar um pouco, eis um
defesa central, brasileiro e que já tinha adquirido alguma experiência na I
Divisão ao serviço de Académico Viseu, Recreio
de Águeda e Boavista
antes de reforçar o Desportivo de Chaves no verão de 1986.
Na primeira de quatro épocas no
emblema flaviense contribuiu para o quinto lugar – algo que viria a repetir em
1989-90 – e consequente apuramento para a Taça
UEFA, mostrando-se à Europa do futebol na temporada seguinte, tendo
disputado os quatro jogos da competição e apontado um golo ao Honved na
Hungria.
Em termos de campeonato
somou um total de 129 jogos e apontou seis golos, diante de Feirense e Sporting
em 1987-88, Académico Viseu na época seguinte e Penafiel,
Sporting
e União da Madeira em 1989-90.
Em 1990 transferiu-se para o Mulhouse,
da II Liga francesa, mas um ano depois regressou a Portugal pela porta grande,
para assinar pelo Sporting.
7. Vicente (139 jogos)
Vicente |
Logo na época de estreia jogou
nas competições europeias e iniciou um percurso de seis anos ao serviço do
emblema flaviense, sendo que nos primeiros quatro foi maioritariamente titular.
Entre 1987 e 1993 atuou um total de 139 jogos (126 a titular) e marcou três
golos no campeonato,
diante de Famalicão
e Beira-Mar em 1990-91 e de FC
Porto na época seguinte. Despediu-se do clube após a conclusão da temporada
1992-93, que ficou marcada pela despromoção à II
Liga.
6. Filgueira (151 jogos)
Filgueira |
Em cinco anos e meio com a
camisola azul e grená foi sempre um titular indiscutível, tendo feito parte da
equipa que em 1989-90 alcançou pela segunda vez na história do clube o quinto
lugar na I
Divisão. Entre 1988 e 1993 disputou 151 jogos (todos a titular) e apontou
seis golos no primeiro
escalão – Belenenses
em 1989-90, Sporting
e Gil
Vicente na época seguinte, Boavista
em 1991-92 e Salgueiros e Vitória
de Guimarães na temporada que se seguiu foram as vítimas de Filgueira.
Após a descida à II
Liga permaneceu no clube durante mais alguns meses, rumando depois ao Vitória
de Setúbal, dando assim continuidade a uma carreira no futebol português
que haveria de durar até ao momento de pendurar as botas.
5. Diamantino (167 jogos)
Diamantino |
Em 1985 ajudou os transmontanos a
subir à I
Divisão e depois representou o clube no primeiro
escalão durante sete temporadas, quase sempre com um papel de relevo,
ajudando o Desp. Chaves a alcançar o quinto lugar em 1986-87 e 1989-90, sendo
que na primeira vez valeu o apuramento para a Taça
UEFA. “Vinham muitos espanhóis aos nossos jogos. Já joguei com 25 mil
pessoas no estádio, frente ao Benfica,
FC
Porto e Sporting.
Era uma loucura”, recordou ao jornal O Jogo em maio de 2016.
Nesse período disputou um total
de 167 jogos (155 a titular) e apontou cinco golos no campeonato
– Sp. Espinho em 1988-89, Vitória
de Guimarães e Vitória
de Setúbal em 1990-91 e Marítimo e Farense
na época seguinte foram as vítimas de Diamantino.
Entretanto tornou-se treinador e
chegou a desempenhar funções no Desp. Chaves: em 1998-99 assumiu interinamente
a equipa principal, entre 2004 e 2007 foi adjunto e entre 2010 e 2012 orientou
os juniores.
4. Gilberto (184 jogos)
Gilberto |
Com impacto imediato na equipa,
tornou-se rapidamente um titular indiscutível. Ao fim de um ano e meio no clube
já tinha alcançado um apuramento europeu e a estreia na seleção nacional “AA”,
tendo participado em dois jogos de qualificação para o Euro 1988, frente a
Itália e Malta. Além disso, foi o autor do primeiro golo internacional de
sempre dos transmontanos, diante do Universitatea Craiova na primeira
eliminatória da Taça
UEFA em setembro de 1987.
Entre 1986 e 1993 disputou 184
jogos (163 a titular) na I
Divisão ao serviço dos flavienses e marcou oito golos, frente a Salgueiros
e Varzim (dois) em 1987-88, ao FC
Porto na época seguinte, ao Vitória
de Setúbal e ao Sp.
Braga em 1989-90 e ao Sporting
e ao Marítimo na temporada que se seguiu.
O golo ao FC
Porto, em dezembro de 1988, valeu aos flavienses a única vitória no
histórico de confrontos com os dragões. “Foi o maior massacre que levámos em
Chaves. O maior massacre da minha vida e mesmo assim matámos o FC
Porto. Eles acabaram com cinco ou seis avançados [quatro na verdade: Gomes,
Águas, Madjer e Everton], a carregar sobre nós, mas o Padrão também estava
inspirado. Defendeu tudo. Fiz um chapéu ao Kongolo, que não era muito rápido, e
rematei sem hipóteses para o Zé Beto. Até ao fim ainda tivemos mais duas
hipóteses para marcar, porque o FC
Porto ficou desesperado”, recordou ao Maisfutebol em fevereiro de 2018.
Após a descida à II
Liga, em 1993, voltou ao Mirandela, então nos distritais da AF Bragança.
Em 2005-06 voltou ao Desp. Chaves
para assumir a função de treinador adjunto na equipa principal.
3. Paulo Alexandre (189 jogos)
Paulo Alexandre |
Estreou-se na equipa principal em
1989-90, na I
Divisão, e logo na época de estreia deu um pequeno contributo para a
obtenção do quinto lugar. Até à despromoção à II
Liga, em 1993, disputou 58 jogos (51 a titular) no primeiro
escalão, conseguindo paulatinamente ganhar o seu espaço, nomeadamente após
a chegada de José Romão ao comando técnico.
Em 1994 contribuiu para a subida
à I
Liga, seguindo-se mais cinco anos no futebol português, nos quais somou
mais 131 encontros (123 a titular) e uma mão cheia de golos, diante de Felgueiras,
Tirsense e Vitória
de Guimarães em 1995-96 e frente a Belenenses
e Marítimo duas épocas depois.
Após nova descida à II
Liga, em 1999, mudou-se para o Desportivo
das Aves, ajudando os avenses
a subir à I
Liga. Depois voltou a Chaves, onde haveria de permanecer na equipa
principal até 2007, entrando na história dos flavienses como o futebolista com
mais jogos oficiais pelo clube (401).
Na última época da carreira, em
2007-08, representou os espanhóis do Verín.
Em 2010-11 voltou aos
transmontanos para assumir a função de coordenador técnico.
2. Manuel Correia (193 jogos)
Manuel Correia |
Com impacto imediato na equipa,
assumiu rapidamente a titularidade e praticamente não a largou durante os sete
anos que passou no emblema flaviense, seis dos quais no primeiro
escalão. Durante esse período atuou em 193 partidas (190 a titular) e
apontado oito golos, frente ao Nacional em 1990-91, ao Boavista
na época seguinte, ao Tirsense e ao FC
Porto em 1992-93, dois ao Boavista
em 1994-95 e um ao Campomaiorense e outro ao União de Leiria na temporada que
se seguiu, a última da carreira.
Logo na primeira época contribuiu
para a obtenção do quinto lugar, tendo descido à II
Liga em 1993 e subido logo no ano a seguir.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador, tendo passado pelo comando técnico da equipa principal do Desportivo
de Chaves em 1997-98 e 2003-04.
1. David (230 jogos)
David |
Haveria de continuar nos tigres
da Costa Verde até 1986, quando se mudou para o Desportivo de Chaves,
contribuindo para a obtenção do quinto lugar e consequentemente apuramento
europeu logo na época de estreia. Em 1989-90 repetiu a quinta posição, mas
dessa vez não deu direito a qualificação para a Taça
UEFA. Porém, não foram só alegrias, uma vez que desceu à II
Liga em 1993, tendo voltado a subir um ano depois.
Em nove temporadas no emblema
flaviense disputou um total de 230 jogos (211 a titular) e marcou 16 golos na I
Divisão – Sp. Espinho, Farense
e Vitória
de Setúbal em 1987-88, Sporting
e Penafiel
na época seguinte, Penafiel,
Portimonense
e Tirsense em 1989-90, Marítimo e Vitória
de Guimarães na temporada que se seguiu, Penafiel
e Estoril
em 1991-92, Sp.
Braga na época seguinte e União da Madeira, Vitória
de Guimarães e Boavista
em 1994-95.
Em 1995 voltou ao Sp. Espinho,
então a militar na II
Liga.
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