sábado, 1 de janeiro de 2022

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Beira-Mar na I Divisão

Dez figuras marcantes da história do Beira-Mar
Fundado em pleno Réveillon, numa sessão que começou na noite de 31 de dezembro de 1921 e que culminou no dia seguinte, 1 de janeiro de 1922, Sport Clube Beira-Mar foi assim nomeado em alusão ao bairro aveirense com o mesmo nome e viveu o ponto alto da sua história em 1999, quando conquistou a Taça de Portugal.
 
Com 27 presenças na I Divisão, a primeira das quais em 1961-62, o emblema aurinegro alcançou a melhor classificação da sua história em 1990-91, o 6.º lugar, numa temporada em que foi finalista vencido da Taça de Portugal. Mais tarde, a formação de Aveiro concluiu o campeonato na honrosa 8.ª posição em 1991-92, 1992-93 e 2000-01.
 
Paralelamente, o Beira-Mar sagrou-se campeão da II Divisão em 1960-61, 1964-65 e 1970-71 e da II Liga em 2005-06 e 2009-10, foi quarto classificado da Taça da Liga em 2007-08 e finalista vencido da Supertaça Cândido de Oliveira em 1999, além de ter participado na Taça UEFA em 1999-00, tendo sido afastado logo na primeira eliminatória pelos holandeses do Vitesse.
 
Numa altura em que o clube compete nos distritais da AF Aveiro, vale a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pelo Beira-Mar na I Divisão.
 

10. Inguila (107 jogos)

Inguila
Disputou o mesmo número de jogos que o egípcio Magdi Abdelghani, mas amealhou mais 563 minutos em campo – 9268 contra 8705.
Defesa central angolano que passou pelo Benfica, mas que apenas jogou pela equipa de reservas das águias, ingressou no Beira-Mar em 1971-72.
Nas primeiras três épocas em Aveiro amealhou 78 jogos (75 a titular) e um golo na I Divisão, mostrando-se impotente para impedir a despromoção em 1974.
Um ano depois ajudou os aurinegros a regressar ao primeiro escalão, patamar em que atuou em 29 partidas (todas como titular) e marcou um golo ao Estoril em 1975-76, antes de encerrar a carreira.
 
 

9. Zé Ribeiro (109 jogos)

Zé Ribeiro
Defesa lateral/médio com um longo percurso no Beira-Mar, só não fez toda a carreira no clube porque em 1989-90 representou a União de Leiria, precisamente logo após ter ajudado os aveirenses a regressar na I Divisão.
Contudo, na temporada seguinte voltou ao emblema aurinegro, que já tinha representado entre 1982 e 1989 na II Divisão Nacional, para jogar durante quatro anos no primeiro escalão, tendo totalizado 109 partidas (108 a titular) e oito golos no patamar maior do futebol português entre 1990 e 1994. Em 1990-91 contribuiu para a obtenção do histórico 6.º lugar e para a caminhada até à final da Taça de Portugal.
Em 1994 pendurou as botas, aos 30 anos.
 
 

8. Dino (117 jogos)

Dino
Ponta de lança brasileiro conhecido por “Dino Furacão”, entrou no futebol português pela porta do Nacional em 1987-88, já depois de ter jogado em clubes como Bahia e Santos no seu país.
No verão de 1990 assinou pelo Beira-Mar, clube pelo qual amealhou 117 jogos (112 a titular) e 21 golos na I Divisão ao longo de quatro temporadas, tendo ajudado o emblema aveirense a alcançar um honroso 6.º lugar e a chegar à final da Taça de Portugal em 1990-91. “Chegámos à final da Taça, conseguimos a melhor classificação de sempre do clube na Liga, com um quinto lugar, empatado com o Salgueiros. Perdemos o apuramento para a Taça UEFA por diferença de golos”, lamentou ao Maisfutebol em abril de 2015.
“A equipa do Beira-Mar era muito experiente. Tínhamos uma média de idades de 30, 31 anos. O presidente, Silva Vieira, só queria jogadores casados porque achava que tinham mais responsabilidade. Não iam para a noite, não faziam bobagens”, acrescentou.
Em 1992-93, marcou um golo ao Benfica que tirou os encarnados da liderança já na reta final do campeonato, tendo assim escancarado as portas do título ao FC Porto de Carlos Alberto Silva. “Se calhar foi o jogo da minha vida. “O Benfica foi um dos jogos, claro. Ficou na memória por ter tirado o título, porque o Benfica perdeu em Aveiro e o FC Porto passou para a frente”, recordou, tendo confessado que no ano seguinte foi insultado por um taxista benfiquista quando se preparava para viajar de Lisboa para Aveiro.
No verão de 1994 transferiu-se para o Vitória de Setúbal.
 
 
 

7. Almeida (124 jogos)

Almeida
Extremo esquerdo de origem africana, chegou ao Beira-Mar no verão de 1966, depois de já ter jogado na I Divisão com a camisola da Académica.
Na primeira época em Aveiro atuou em 15 partidas (todas como titular) e apontou três golos, diante de Belenenses, Leixões e Atlético, mas mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
No entanto, permaneceu no clube e em 1970-71 ajudou os aurinegros a sagrarem-se campeões nacionais da II Divisão e, consequentemente, a assegurarem o regresso ao primeiro escalão, patamar em que António de Almeida amealhou mais 81 partidas (71 a titular) e seis golos entre 1971 e 1974, voltando a ficar associado a uma descida de divisão em 1973-74.
Ainda assim, na época seguinte contribuiu para nova promoção do Beira-Mar à I Divisão, tendo em 1975-76 participado em 28 encontros (24 a titular) e faturado por duas vezes, frente a Atlético e Belenenses.
No verão de 1976 transferiu-se para o Recreio de Águeda.
 
 

6. Fary (127 jogos)

Fary
O melhor marcador de sempre do Beira-Mar na I Divisão, com 54 golos. E quem diria que seria esse o desfecho da passagem deste avançado senegalês por Aveiro quando, em 1998, foi contratado ao modesto União de Montemor?
Após ganhar fama na II Divisão B – Zona Sul, rapidamente se impôs na equipa principal dos aurinegros, tendo logo à 2.ª jornada marcado o golo da vitória numa receção ao FC Porto. Nessa primeira temporada no Mário Duarte, apontou mais nove golos no campeonato, num total de 34 jogos disputados (24 a titular). Além dos dragões, Boavista, Salgueiros (dois), Sp. Braga, Sporting, Estrela da Amadora, Campomaiorense, Farense e Alverca foram as vítimas deste ponta de lança africano na I Liga em 1998-99, época marcada pela despromoção à II Liga, mas sobretudo pela conquista da Taça de Portugal.
Contudo, na época que se seguiu jogou na Taça UEFA, esteve ao serviço da seleção do Senegal no CAN 2000 e contribuiu para a promoção do Beira-Mar ao primeiro escalão, patamar em que amealhou 93 partidas (75 a titular) e 44 golos entre 2000 e 2003, tendo cometido a proeza de se sagrar melhor marcador do campeonato em 2002-03, com 18 remates certeiros, os mesmos do benfiquista Simão Sabrosa, que foi relegado para o segundo lugar por ter tido mais minutos de jogo.
“Fui o melhor marcador sem nenhum penálti marcado. Ainda por cima, eu fui suspenso por mostrar a minha camisola, que tinha o nome do profeta que eu sigo, o Profeta Bamba, e o Simão mostrou uma camisola com a Mariana ao peito, que era a filha dele. Eu fui suspenso e o Simão não. E no fim, Deus pagou. Por causa daquela suspensão que me puseram é que ganhei o título de melhor marcador. Ficámos com os mesmos golos e ganhei porque joguei menos minutos que ele”, contou em 2015, citado pelo Maisfutebol.
No verão de 2003, Fary transferiu-se para o Boavista, mas haveria de voltar a vestir a camisola dos aveirenses entre 2008 e 2010, já no ocaso da carreira, despedindo-se com o título de campeão da II Liga e consequente subida à I Liga.
 
 
 

5. Dinis (132 jogos)

Dinis
Possante defesa central (1,92 m) conhecido como “Sandokan” e natural de Paços de Brandão, no concelho de Santa Maria da Feira, jogou ao lado de Rui Barros nos juniores do FC Porto antes de iniciar o seu percurso enquanto sénior no Feirense, de onde saiu para o Beira-Mar no verão de 1987.
Na primeira época em Aveiro alcançou a promoção à I Divisão, patamar em que nas sete temporadas que se seguiram amealhou 132 jogos (125 a titular) e três golos entre 1988 e 1995. Se em 1990-91 contribuiu para a caminhada até à final da Taça de Portugal e para a obtenção do histórico 6.º lugar, em 1994-95 mostrou-se impotente para evitar a despromoção.
No verão de 1995 transferiu-se para a Académica.
“Era aquilo que hoje em dia as pessoas chamam de central à moda antiga. Claro que naquela altura isso não existia. Era só um central”, recordou ao Maisfutebol em maio de 2014.
Em 2014-15 regressou ao Beira-Mar para assumir as funções de treinador-adjunto na equipa principal e de técnico principal nos juvenis.
 
 
 

4. Oliveira (133 jogos)

Oliveira
Defesa central esquerdino e de elevada estatura (1,87 m) nascido na Moita, despontou na Quimigal, estreou-se na I Divisão e fez-se internacional A no Marítimo, teve uma passagem bastante razoável pelo Benfica, disputou os três jogos de Portugal no Mundial 1986 e regressou aos Barreiros antes de ingressar no Beira-Mar no verão de 1990, aos 32 anos.
Em quatro temporadas em Aveiro, todas no primeiro escalão, amealhou 133 partidas (132 a titular) e marcou um golo ao Estrela da Amadora em 1990-91, época que ficou marcada pela caminhada até à final da Taça de Portugal e pela obtenção do histórico 6.º lugar.
Em 1994 pendurou as botas.
 
 

3. Redondo (144 jogos)

Redondo
Defesa natural de Ribeira, concelho de Ponte de Lima, concluiu a formação e iniciou o seu trajeto como sénior na Académica, tendo ainda passado pelo União de Coimbra antes de reforçar o Beira-Mar no verão de 1985.
Em 1987-88 ajudou os aveirenses a alcançarem a promoção à I Divisão, patamar em que nas cinco temporadas que se seguiram totalizou 144 encontros (139 a titular) e quatro golos, tendo contribuído em 1990-91 para a caminhada até à final da Taça de Portugal e para obtenção do histórico 6.º lugar no campeonato.
No verão de 1993, quando já vinha a perder espaço no Mário Duarte, transferiu-se para o Tirsense.
Após pendurar as botas regressou ao clube como secretário técnico (1998-99 e 1999-00) e diretor desportivo (2004-05, 2005-06 e entre 2010-11 e 2014-15).
 
 
 

2. Soares (145 jogos)

Soares
Defesa central nascido na Maia, ingressou na equipa principal do Beira-Mar em 1968-69, tendo duas temporadas depois contribuído para conquistar o título nacional da II Divisão e para a consequente promoção ao primeiro escalão.
Entre 1971 e 1974 amealhou 88 partidas (todas como titular) e cinco golos na I Divisão, mostrando-se impotente para evitar a descida de divisão em 1973-74.
Porém, na época seguinte ajudou os aurinegros a alcançarem nova promoção ao primeiro escalão, patamar em que totalizou mais 57 jogos (todos a titular) e sete golos entre 1975 e 1977, muitos deles com o estatuto de capitão de equipa, antes de se transferir para o Vitória de Guimarães.
 
 

1. Sousa (206 jogos)

António Sousa
Médio natural de São João da Madeira, despontou na Sanjoanense antes de chegar ao maior clube da sua região no verão de 1975. “Como eram clubes e cidades próximas havia sempre olheiros a verem as equipas adversárias. Isso aconteceu e como com o 25 de Abril havia a possibilidade de os jogadores ficarem livres, mediante um pagamento, aguardei durante dois meses que a lei entrasse em vigor e saltei para o Beira-Mar. Isto ainda com 18 anos”, recordou à Tribuna Expresso em junho de 2018.
Nas duas primeiras duas épocas no Beira-Mar amealhou 59 partidas (55 a titular) e 12 golos na I Divisão, mas mostrou-se impotente para evitar a despromoção em 1977. Pelo meio, tornou-se internacional sub-21.
Em 1977-78 ajudou os aurinegros a alcançarem a promoção ao primeiro escalão, patamar em que explodiu na temporada seguinte, ao atuar em 30 partidas (todas como titular) e apontar uma dezena de golos, diante de Boavista, Famalicão (três), Académico Viseu (dois), FC Porto, Belenenses (dois) e Marítimo.
“A única desilusão que tive foi o facto de, logo no meu primeiro ano, não termos conseguido manter na I Divisão. Mas no ano seguinte subimos e a partir daí todos os anos foram anos de sucesso e de grande felicidade da minha parte em relação à opção que tomei”, contou o antigo centrocampista.
Valorizado, no verão de 1979 deu o salto para o FC Porto, clube pelo qual se sagrou campeão europeu e que o catapultou para a seleção nacional A.
Já na fase descendente da carreira regressou ao Beira-Mar dez anos após ter deixado o clube, aos 32 anos, tendo totalizado 117 jogos (110 a titular) e quatro golos na I Divisão entre 1989 e 1993, contribuindo para a caminhada até à final da Taça de Portugal e para a obtenção do histórico 6.º lugar em 1990-91. “Tinha alternativas. Tinha o Vitória de Setúbal, o Estrela da Amadora cujo treinador na altura era o João Alves. Optei pelo Beira-Mar pelo facto de estar perto de casa, era um clube na altura bom e agradável, que eu conhecia. Sentia-me feliz”, lembrou.
No verão de 1993 transferiu-se para o Gil Vicente, depois de se ter debatido com uma doença que o afastou dos relvados durante dois, três meses.
Após pendurar as botas tornou-se treinador, tendo dirigido os aveirenses entre 1996-97 e 2003-04 e em 2008-09. Em 1998-99, foi António Sousa que guiou os aurinegros ao momento mais alto da história do clube, a conquista da Taça de Portugal, beneficiando de um golo do filho Ricardo Sousa na final diante do Campomaiorense.
 













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