sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Onze ideal de jogadores que passaram por Barreirense e Fabril

Barreirense e Fabril competem no Campeonato de Portugal
Vizinhos e rivais, Futebol Clube Barreirense e Grupo Desportivo Fabril do Barreiro têm andado juntos na saúde e na doença. Afinal, os tempos áureos de ambos os clubes, que incluíram participações nas competições europeias e várias épocas entre os cinco primeiros classificados da I Divisão, coincidiram entre as décadas de 1950 e 1970. Por outro lado, presentemente os dois têm oscilado entre o Campeonato de Portugal e a I Divisão Distrital da AF Setúbal.  Apenas em algumas temporadas nos anos 1990 e 2000 é que os alvirrubros chegaram a estar dois ou três escalões acima.
 
Embora sejam rivais, que o são porque disputam a supremacia e jogadores na mesma zona geográfica e tantas e tantas vezes têm competido no mesmo campeonato, Barreirense e Fabril têm tanto ou mais a uni-los do que a separá-los. Além de os tempos áureos de ambos terem coincidido, o Estádio Dom Manuel de Mello que durante mais de 50 anos foi a casa dos alvirrubros foi erguida por trabalhadores da CUF e tinha o nome do antigo administrador-gerente da empresa.
 
E quando o Barreirense não teve campo próprio disponível para acolher os seus jogos, como aconteceu em 1965 e 1966 por motivos de obras do Dom Manuel de Mello ou entre 2008 e 2009 após a demolição desse recinto e antes da edificação do Campo da Verderena, as soluções passaram por jogar no Campo de Santa Bárbara (propriedade da CUF e antiga casa do Grupo Desportivo da CUF) e no Estádio Alfredo da Silva (casa do Fabril), respetivamente.
 
Ao longo da sua história, o Barreirense e a antiga CUF e Quimigal coincidiram por 15 vezes na I Divisão, 12 na II Divisão, três na III Divisão e duas na I Distrital da AF Setúbal, tendo ainda travado quatro duelos na Taça de Portugal e um na Taça AF Setúbal. Estão agora, pela primeira vez, a disputar a mesma série do Campeonato de Portugal.
 
Paralelamente, o Barreirense tem tido nos seus quadros jogadores que já tinham pertencido ao Fabril e vice-versa.
 
Vale por isso a pena conferir o nosso onze ideal de futebolistas que passaram pelos dois clubes, dando primazia aos que representaram ambos os emblemas na plenitude das suas capacidades e não um deles somente em final de carreira, distribuídos em campo em 4x3x3.
 

Libânio (guarda-redes)

Libânio
Guarda-redes natural do Barreiro, começou a jogar futebol nos juniores da CUF em 1946-47, tendo transitado para equipa principal duas épocas depois, quando os cufistas militavam na II Divisão Nacional.
Devido ao serviço militar em Lisboa, representou o SL Olivais em 1950-51, mas na temporada seguinte regressou ao conjunto do Lavradio, pelo qual disputou 56 jogos na I Divisão entre 1954 e 1957, já depois de se ter sagrado campeão nacional da II Divisão em 1953-54.
Depois de quatro anos no Vitória de Setúbal, outros tantos no Sporting – clube ao serviço do qual foi campeão nacional em 1961-62 – e um no Atlético, representou o Barreirense entre 1966 e 1968, tendo festejado a conquista do título nacional da II Divisão em 1966-67 e atuado em seis jogos na I Divisão na época seguinte, não conseguindo impedir a despromoção.
Haveria de falecer em fevereiro de 2010, aos 80 anos.
 
 

Frederico (defesa central)

Frederico
Defesa central alentejano natural de Casével, concelho de Castro Verde, começou a jogar futebol nas camadas jovens da CUF, tendo transitado para a equipa principal em 1975-76, tendo atuado em 15 jogos no campeonato nessa que foi a última de 22 participações consecutivas nos cufistas na I Divisão.
Após a despromoção permaneceu mais dois anos no clube, na II Divisão, acabando por rumar ao Barreirense no verão de 1978. No Dom Manuel de Mello esteve apenas uma época, curiosamente a última de 24 dos alvirrubros na I Divisão, mas disputou 30 jogos e marcou dois golos, valorizando-se ao ponto de dar o salto para o Benfica.
Haveria de se tornar internacional A, tendo marcado presença no Mundial 1986.
Viria a falecer em fevereiro de 2019, aos 61 anos.
 
 

Castro (defesa central)

Castro
Defesa central que começou a jogar futebol no Moitense, passou ainda pelo 1º Maio Sarilhense antes de ingressar na CUF no verão de 1968 para nove épocas ao serviço do clube do Lavradio.
Nas primeiras oito temporadas ao serviço dos cufistas amealhou 164 jogos na I Divisão, além de três na Taça UEFA, mas não conseguiu impedir a despromoção à II Divisão em 1975-76.
No verão de 1977 mudou-se para o Barreirense, clube pelo qual jogou durante dois anos, tendo contribuído para a promoção ao primeiro escalão em 1977-78.
 
 

Orlando (lateral direito)

Orlando
Defesa/médio, aqui colocado como lateral direito por uma questão de conveniência, principiou a carreira no Vitória de Setúbal entre 1949 e 1951, mudou-se para a CUF ao fim desses dois anos.
Em 1953-54 sagrou-se campeão nacional da II Divisão e nas sete épocas que se seguiram totalizou 166 encontros e 16 golos na I Divisão, tendo contribuído, por exemplo, para a obtenção do honroso 5.º lugar no primeiro escalão em 1959-60.
Depois de dez temporadas no Alfredo da Silva mudou-se para o Barreirense, tendo contribuído para a conquista do título nacional da II Divisão em 1961-62. Na época seguinte, a última da carreira, atuou por duas vezes na I Divisão.


 

Francisco Cruz (lateral esquerdo)

Francisco Cruz
Defesa que se iniciou nas camadas jovens do Moitense, transferiu-se para o Barreirense ainda júnior, tendo transitado para a equipa principal em 1971-72.
Depois de duas épocas ao serviço dos alvirrubros na I Divisão, patamar no qual amealhou 46 jogos e dois golos, e de três na II Divisão, transferiu-se para a CUF no verão de 1976, precisamente logo após os cufistas terem competido no primeiro escalão pela última vez.
Ao longo de 12 anos no Alfredo da Silva vivenciou a mudança de denominação para Quimigal e a despromoção à III Divisão Nacional em 1982-83.
 
 

Arnaldo (médio centro)

Arnaldo
Médio centro natural de Bissau, ingressou pela primeira na CUF no verão de 1963, proveniente dos guineenses dos Balantas, tendo somado 16 jogos e seis golos na I Divisão ao longo dessa primeira passagem, de duas épocas, pelo Estádio Alfredo da Silva, ajudando os cufistas a alcançar um brilhante terceiro lugar no campeonato em 1964-65.
Depois de representar Vilanovense, Leixões e Riopele, regressou à CUF no verão de 1968 para uma estadia de oito anos no Lavradio, tendo nesse período participado em mais 220 partidas e apontado mais 39 golos na I Divisão, contribuindo para a obtenção do quarto lugar em 1971-72 e para as caminhadas até às meias-finais da Taça de Portugal em 1968-69 e 1972-73. Porém, não conseguiu impedir a descida de divisão em 1975-76.
Paralelamente, foi chamado a jogar pela seleção nacional num particular com Inglaterra (0-0) no Estádio da Luz, a 3 de abril de 1974, ao lado de nomes como Vítor Damas, Humberto Coelho, Toni, Octávio Machado, Rui Jordão, Jacinto João e Vítor Baptista.
A Lei da Opção, que obrigava os jogadores em final de contrato a renovar desde que o clube quisesse ficar com eles, tirou-lhe a possibilidade de trocar a CUF por um de maior dimensão. Só haveria de sair após a despromoção, em 1976, para o Montijo.
Já entre 1977 e 1979 representou o Barreirense, tendo contribuído para a promoção à I Divisão em 1977-78 e somado 29 jogos e oito golos no primeiro escalão na época seguinte, que foi a última dos alvirrubros na I Divisão.
Depois de dois anos no Amora, voltaria a representar o Barreirense em 1981-82, na II Divisão Nacional.
Morreu jovem, aos 55 anos, a 24 de maio de 1999.
 
 

Carlos Manuel (médio centro)

Carlos Manuel
Médio centro/ofensivo natural da Moita, empregou-se nos Caminhos de Ferro do Barreiro aos 14 anos e prosseguiu aos estudos à noite na escola industrial. Já depois de ter experimentado hóquei em patins na CUF, esteve para realizar testes no Barreirense, mas acabou por ser nos cufistas que concluiu a formação, depois de ter sido aprovado no mesmo dia em que Fernando Chalana foi chumbado.
Em 1975-76 atuou por duas vezes na I Divisão, numa altura em que ainda tinha idade de júnior, naquela que foi a última presença do emblema do Lavradio no primeiro escalão.
Haveria de permanecer na CUF até 1978, quando se mudou para o Barreirense. Na única época que passou no Dom Manuel de Mello participou em 30 partidas e marcou três golos na I Divisão, não conseguindo salvar os alvirrubros da despromoção. Contudo, valorizou-se e não só somou as primeiras internacionalizações pela seleção de sub-21 como deu o salto para o Benfica no final da temporada.
Mais tarde haveria também de se tornar internacional A, tendo somado 42 internacionalizações e oito golos pela seleção nacional, tendo ainda marcado presença no Euro 1984 e no Mundial 1986.
 
 

Araújo (médio ofensivo)

Araújo
Mais um jogador que vivenciou na primeira pessoa o fim de ciclo tanto de CUF (1975-76) como de Barreirense (1978-79) na I Divisão.
Produto da formação da CUF e grande promessa do futebol português, foi internacional sub-16, sub-18 e sub-21, tendo transitado para a equipa principal em 1975-76, época na qual atuou em 20 jogos na I Divisão, mostrando-se impotente para impedir a despromoção à II Divisão, patamar no qual competiu nas duas temporadas que se seguiram.
No verão de 1978 mudou-se para o Barreirense e logo na primeira época no Dom Manuel de Mello disputou 27 jogos e marcou um golo na I Divisão, mas uma vez mais não conseguiu evitar a descida de divisão.
Haveria de continuar no emblema alvirrubro até 1981, quando deu o salto para o Benfica. Contudo, uma lesão grave limitou-o ao ponto de nunca ter chegado a atuar pela equipa principal dos encarnados, limitando-se a jogar pela equipa de reservas durante os três anos em que esteve contratualmente ligado às águias.
Na tentativa de relançar a carreira, voltou à então já denominada Quimigal em 1984 para competir durante três anos na III Divisão Nacional.
 
 

Madeira (avançado)

Madeira
Atacante formado nas camadas jovens do Barreirense, transitou para a equipa principal em 1956-57, tendo, ao longo de seis épocas, vivenciado momentos como as conquistas dos títulos nacionais da II Divisão em 1959-60 e 1961-62 e as caminhadas até às meias-finais da Taça de Portugal em 1956-57 e 1957-58, mas também a despromoção à II Divisão em 1957-58. Durante esse período amealhou também 41 jogos e cinco golos na I Divisão.
No verão de 1963, já após ter regressado do Ultramar, assinou pela CUF, emblema que representou até 1970, tendo totalizado 99 partidas e 16 golos pelos cufistas na I Divisão, além de ter participado nos três jogos da Taça das Cidades com Feiras diante do AC Milan no final de 1965. Contribuiu ainda para o histórico 3.º lugar no campeonato em 1964-65.
 
 
 

Faia (avançado)

Faia
O melhor marcador de sempre do Barreirense na I Divisão, com 72 golos.
Avançado natural do Barreiro, ingressou no emblema alvirrubro em 1947-48, então na II Divisão, tendo contribuído para a caminhada até às meias-finais da Taça de Portugal nessa época e para a conquista do título nacional do segundo escalão e consequente promoção à I Divisão em 1951.
Haveria de continuar no clube até 1954, tendo apontado 35 golos em 70 jogos no patamar maior do futebol português e contribuído para mais uma campanha até às meias-finais da Taça, em 1951-52.
Depois mudou-se por dois anos para a Académica, mas haveria de voltar em 1956 para mais três épocas com a camisola encarnada e branca. Nesta segunda passagem impôs-se de tal maneira que disputou a totalidade dos minutos (2340) nos campeonatos de 1956-57, 1957-58 e 1958-59, tendo apontado 17 golos no primeiro, 13 no segundo e sete no terceiro, amealhando um total de 37 golos em 78 jogos.
Por essa altura ajudou o Barreirense a chegar por duas vezes às meias-finais da Taça, em 1956-57 e 1957-58, e somou duas internacionalizações pela seleção nacional B, frente a Espanha e à região alemã de Sarre.
Após a despromoção de 1959 mudou-se para a rival CUF, emblema pelo qual somou 53 jogos e 19 golos na I Divisão, tendo contribuído para a obtenção do quarto lugar no campeonato em 1961-62.
Haveria de morrer a 1 de novembro de 2021, aos 89 anos.
 
 

Arsénio (avançado)

Arsénio
Avançado nascido no Barreiro, mais precisamente no Largo Rompana, no centro histórico da cidade, desde cedo que ganhou a alcunha de “Pinga” (em alusão ao antigo jogador do FC Porto) entre os miúdos com quem jogava no areal da praia.
Em 1941 foi lançado na equipa principal do Barreirense, anda não tinha feito 16 anos, na festa de despedida de Francisco Câmara. Já em 1942-43 ajudou os alvirrubros a sagrarem-se campeões nacionais da II Divisão.
Valorizado, deu o salto para o Benfica no verão de 1943, numa altura em que trabalhava como aprendiz de serralheiro na CUF, passando pouco tempo depois a oficial.
Depois de uma dúzia de anos de águia ao peito, nos quais venceu três campeonatos, seis Taças de Portugal, foi figura preponderante na conquista da Taça Latina (1950) e somou duas internacionalizações pela seleção nacional A, mudou-se para a CUF em 1955, quando foi despedido pelos encarnados por não querer deixar de trabalhar na empresa de Alfredo da Silva.
Em quatro épocas memoráveis ao serviço dos cufistas totalizou 89 encontros e 60 golos na I Divisão. Em 1957-58 foi mesmo o melhor marcador do campeonato, com 23 golos (mais um do que o benfiquista José Águias e do que o belenense Matateu), apesar de o emblema do Lavradio não ter ido além de um 12.º lugar.
Haveria de falecer em fevereiro de 1986, aos 60 anos, numa altura em que ainda trabalhava na Quimigal.
 
 
 
 

Manuel de Oliveira (treinador)

Manuel de Oliveira
Antigo médio, representou a CUF enquanto futebolista entre 1957 e 1962, tendo passado de jogador para treinador no decorrer da temporada 1962-63, tendo guiado os cufistas ao histórico 3.º lugar no campeonato em 1964-65.
Seguiram-se aventuras ao leme de LeixõesBelenenses e Sanjoanense antes de assinar pelo Barreirense, tendo contribuído para a promoção à I Divisão em 1968-69 e para um brilhante quarto lugar no primeiro escalão em 1969-70, a melhor classificação de sempre dos alvirrubros no patamar maior do futebol português.
Depois de passagens por FarenseOlhanenseLusitano de Évora e Beira-Mar regressou ao Barreirense em 1977-78 para contribuir para mais uma subida à I Divisão. Contudo, na época seguinte não conseguiu livrar o conjunto do Barreiro da despromoção, naquela que foi a última participação do clube no primeiro escalão.
Após treinar MarítimoPortimonenseUnião de Leiria e Vitória de Setúbal, voltou ao Barreirense em 1985-86, na altura na II Divisão Nacional.
Haveria de falecer em junho de 2017, aos 85 anos. 











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