quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Os 10 jogadores com mais jogos pela Académica na II Liga

Dez jogadores que marcaram uma era na Académica
Fundada a 3 de novembro de 1887, a Associação Académica de Coimbra – Organismo Autónomo de Futebol é o clube mais antigo em atividade em Portugal e na Península Ibérica, tendo nascido da fusão entre o Clube Atlético de Coimbra (fundado em 1861) e a Academia Dramática (fundada em 1837).
 
Logo na segunda edição do extinto Campeonato de Portugal os estudantes mostraram que estavam no futebol português para deixar uma marca, sagrando-se vice-campeões nacionais em 1922-23.
 
Depois foi criada a I Divisão, competição em que a briosa já amealhou 64 presenças, a última das quais em 2015-16. Quase meio século antes, em 1966-67, a formação de Coimbra alcançou o segundo lugar no campeonato.
 
Também na Taça de Portugal a Académica tem feito história, contando no seu museu com dois troféus, relativos às épocas 1938-38 e 2011-12. Pelo meio, foi finalista em 1950-51, 1966-67 e 1968-69, tendo esta última final ficado marcada por uma gigantesca manifestação estudantil contra o regime.
 
Longe dos melhores dias, os coimbrenses pela 16.ª vez na II Liga, patamar em que compete desde 2016-17, já depois de ter participado no renovado segundo escalão entre 1990-91 e 1996-97 e entre 1999-00 e 2001-02.
 
Vale por isso a pena recordar os dez jogadores com mais jogos pela Académica na II Liga.
 
 

10. Zé do Carmo (93 jogos)

Zé do Carmo
Médio defensivo internacional brasileiro de baixa estatura (1,73 m), chegou à Académica no verão de 1991, proveniente do Vasco da Gama, clube pelo qual se tinha sagrado campeão no seu país em 1989.
Embora já tivesse 30 anos quando chegou a Coimbra, fez valer o seu estatuto e a qualidade de passe – “era o rei do passe longo, com uma precisão incrível”, recorda Mickey – para ter impacto imediato na equipa, tendo amealhado 93 jogos (84 a titular) e oito golos na II Liga ao longo de três temporadas. Em 1992-93, esteve perto de contribuir para a subida à I Liga, mas os estudantes ficaram a escassos dois pontos desse objetivo.
Após três anos na briosa, voltou ao Brasil para representar novamente o clube que o revelou, o Santa Cruz.
Em junho de 2020, admitiu ter sido vítima de racismo enquanto representava a briosa. “Assim que cheguei em Portugal, para jogar pela Académica de Coimbra, já nos primeiros dias escutei de um torcedor: ‘Negro filho da p… O que veio fazer aqui em Portugal? Estava passando fome lá no Brasil?’. Por mais negros que lá tivessem, existia esse preconceito”, contou ao Diário As Beiras.
 
 

9. Mickey (94 jogos)

Mickey
Médio de características ofensivas natural de Pelariga, concelho de Pombal, ingressou na Académica quando ascendeu a júnior, em 1988-89.
Em 1990-91 estreou-se pela equipa principal, mas não foi além de um jogo como suplente utilizado na II Liga.
Nas duas temporadas que se seguiram esteve emprestado ao Mirandense e à Naval, mas em 1993-94 voltou a Coimbra para se afirmar, ainda que nessa época não tivesse ido além de cinco encontros (dois a titular) no segundo escalão.
Nas três temporadas seguintes acumulou 88 partidas (76 a titular) e marcou seis golos, contribuindo para a subida à I Liga em 1997.
Entre 1997 e 1999 competiu pelos estudantes no primeiro escalão, tendo depois rumado ao Campomaiorense, numa altura em que o ambiente entre Mickey e os dirigentes da briosa já não era o melhor. “A certa altura [em 1997-98], defendi o meu colega Rui Campos num desentendimento que ele teve com o José Romão, por uma questão de justiça. Penso que fiquei marcado desde aí, sobretudo pelo senhor António Augusto, chefe do departamento de futebol” afirmou ao Maisfutebol em janeiro de 2021.
“Fiquei mais um ano, descemos no final desse ano e, durante a época, o presidente Campos Coroa disse-me que o Jorge Mendes estava interessado em pegar em mim para depois me colocar em Espanha. Falou-se no Valência, entre outras hipóteses, e o Sp. Braga tentou eu que rescindisse com justa causa, porque tinha salários em atraso, mas eu nunca faria isso à Académica. No final do período de férias, o Jorge Mendes fala-me do Campomaiorense. Iria para lá e, se não fosse vendido em dezembro, regressaria à Académica, com quem ainda tinha contrato. Aceitei ir mas já sentia que estava a ser despejado”, acrescentou, honrado por ter capitaneado o histórico emblema do centro do país: “Ter sido capitão da Académica encheu-me de orgulho e só tive pena que o meu pai não tivesse presenciado isso. Estreei-me na equipa sénior da Académica um mês depois da morte dele.”
 
 
 

8. Zé Duarte (105 jogos)

Zé Duarte
Defesa central nascido na localidade francesa de Fontainebleau, concluiu a formação no Varzim, mas foi obrigado a procurar outras paragens para prosseguir a carreira, tendo passado por emblemas como Esposende e Académico Viseu antes de reforçar a Académica no verão de 1992.
Em cinco anos em Coimbra amealhou 105 encontros (101 a titular) e seis golos na II Liga, despedindo-se do clube com a subida à I Liga em 1997, quando estava prestes a comemorar o 30.º aniversário.
Após a promoção regressou ao Académico Viseu.
 
 

7. Tozé (113 jogos)

Tozé
Lateral esquerdo de baixa estatura (1,71 m) nascido em Castanheira de Pêra, ingressou nos juniores da Académica em 1984-85, tendo na época seguinte feito a estreia na I Divisão ao serviço da equipa principal.
Entretanto foi ganhar rodagem para clubes da região Centro como Santacombadense, Tabuense e Oliveira do Bairro, tendo regressado a Coimbra a 1989-90.
Entre 1990 e 1995 amealhou 113 encontros (105 a titular) e sete golos na II Liga, tendo ficado a escassos dois pontos da subida à I Liga em 1992-93.
No verão de 1995 transferiu-se para o Leça, clube que lhe deu a possibilidade de voltar a jogar no primeiro escalão dez épocas depois.
 
 

6. Ricardo Dias (114 jogos)

Ricardo Dias
Disputou o mesmo número de jogos de Tozé, mas amealhou mais 241 minutos em campo – 9609 contra 9368.
Médio defensivo de elevada estatura (1,89 m) natural de Aveiro e internacional jovem por Portugal, foi vice-campeão mundial de sub-20 e concluiu a formação no FC Porto, chegando a jogar pela equipa principal.
Após empréstimos a Tourizense e Santa Clara e passagens por Beira-Mar, Belenenses e Feirense, foi emprestado pelos azuis do Restelo à Académica no verão de 2017, iniciando aí uma ligação que já vai na quinta temporada – as três primeiras por empréstimo, as duas últimas já com vínculo contratual aos estudantes.
Ao serviço da briosa, Ricardo Dias leva já 114 partidas (112 a titular) e sete golos na II Liga, tendo ficado perto da subida à I Liga em 2017-18 e 2020-21, quando a equipa de Coimbra concluiu o campeonato em quarto lugar.
 
 
 

5. Lewis (120 jogos)

Lewis
Extremo canhoto mais de 30 vezes internacional por Trindade e Tobago, entrou no futebol português precisamente pela porta da Académica no verão de 1990, na companhia dos compatriotas Latapy (já lá vamos…) e Clint.
Nas quatro épocas que passou nos estudantes amealhou 120 jogos (110 a titular) e 43 golos na II Liga, registo que faz dele o melhor marcador do clube na competição – o melhor é o moçambicano Dário, com 50 remates certeiros em apenas 91 partidas. Em 1992-93 integrou a equipa que ficou a escassos dois pontos da subida à I Liga.
Paralelamente, marcou presença na Gold Cup 1991.
No verão de 1994 transferiu-se para o Felgueiras, que clube que lhe possibilitou a estreia no primeiro escalão.
 
 

4. Traquina (123 jogos)

Traquina
Extremo internacional sub-21 português natural de Alcobaça, passou pelas camadas jovens do Ginásio de Alcobaça e do Benfica antes de ingressar nos juvenis da Académica em 2004-05.
Em 2007-08 subiu a sénior, mas foi sucessivamente emprestado a Tourizense e Estoril nas três épocas que se seguiram, acabando por terminar o seu vínculo aos estudantes e prosseguir a carreira noutras paragens.
Após passagens por Pampilhosa, Sertanense, Fafe, Sp. Covilhã e Belenenses, regressou a Coimbra no verão de 2016 e desde então que tem feito parte do plantel. “O convite para assinar pela Académica surge após uma época menos positiva no Belenenses. Como a Académica sempre foi um clube querido para mim, não pensei duas vezes e assinei”, contou ao Região de Cister. “Tinha o desejo de vestir a camisola da briosa”, acrescentou.
Desde 2016-17 já acumulou 123 encontros (107 a titular) e 16 golos na II Liga, tendo ficado perto da subida à I Liga em 2017-18 e 2020-21, quando a equipa de Coimbra concluiu o campeonato em quarto lugar.
O número de jogos disputados até poderia ser bem superior, uma vez que na pré-época de 2017-18 sofreu uma rutura do ligamento cruzado anterior do joelho direito que o afastou dos relvados durante nove meses.
Paralelamente, tem feito o percurso… académico. Em 2021 concluiu a licenciatura em Ciências do Desporto e iniciou o mestrado em treinado desportivo.
 
 
 

3. Latapy (127 jogos)

Latapy
Médio internacional por Trinidad e Tobago, chegou à Académica juntamente com os compatriotas Lewis e Clint no verão de 1990.
Em quatro anos em Coimbra totalizou 127 jogos (123 a titular) e 33 golos, tendo em 1992-93 integrado a equipa que ficou a escassos dois pontos da subida à I Liga.
“Na altura, a Académica tinha muitos jogadores que eram estudantes e como eu só falava inglês ajudaram-me muito na questão da língua. O mais complicado foi o frio, porque Trinidad é um país tropical, e a comida. É engraçado porque hoje acho que a cozinha portuguesa é a melhor do mundo…”, recordou o caribenho ao Maisfutebol em setembro de 2014.
Paralelamente, o “Valdo de Coimbra” representou a sua seleção na Gold Cup 1991.
Valorizado pelas boas campanhas na briosa, deu o salto para o FC Porto.
 
 
 

2. Pedro Roma (134 jogos)

Pedro Roma
Histórico guarda-redes da Académica, formado no clube, rodou na Naval antes de estabelecer na equipa principal em 1990-91, época em que esteve tapado por Tó Luís e não foi além de um jogo (e nenhum golo sofrido) na II Liga.
Na temporada seguinte assumiu a titularidade, tendo atuado em 32 encontros e sofrido 21 golos, registo que ajuda a explicar um nível de rendimento que lhe valeram duas internacionalizações pelos sub-21 e o salto para o Benfica em 1992.
Sem espaço na Luz, foi cedido ao Gil Vicente antes de regressar a Coimbra em 1994-95, por empréstimo, tendo dividido a titularidade com Vítor Alves. Nessa época, não foi além de 14 partidas e onze golos sofridos no segundo escalão.
Após um empréstimo ao Famalicão, voltou em definitivo à Académica em 1996-97, tendo sido um dos esteios da equipa que assegurou a promoção à I Liga após nove anos de ausência do primeiro escalão, ao atuar em 33 jogos e sofrer apenas 19 golos.
Seguiram-se dois anos entre a elite do futebol português em que foi sempre titular indiscutível, embora não tivesse conseguido evitar a despromoção em 1998-99.
Entre 1999 e 2001 foi maioritariamente titular na baliza dos estudantes na II Liga, tendo amealhado 54 encontros e 67 golos sofridos, mas na primeira metade de 2001-02, temporada marcada pela subida à I Liga, viveu na sombra do jovem internacional português Márcio Santos. Em janeiro de 2002 emprestado ao Sp. Braga numa altura em que Quim estava afastado dos relvados por ter testado positivo num controlo antidoping.
Porém, o então já experiente guardião de 32 anos recuperou a titularidade no regresso à I Liga e manteve-a até quase ao final da carreira, encerrada em 2009, aos 39 anos – Peskovic remeteu-o para o banco de suplentes a partir de 2008.
“Foram 20 anos, muitos jogos - quase 400 -, mais de uma centena deles em que tive a suprema honra de ser capitão de equipa. Como o foram antes Alberto Gomes, Mário Wilson, Bentes, Gervásio, Tomás e Miguel Rocha e tantas outras figuras do imaginário Briosa ao longo de décadas. Nunca me imaginei ao pé de homens tão ilustres. Não dá para equacionar a honra que se sente e simultaneamente a responsabilidade que nos pesa sobre os ombros”, recordou, após pendurar as luvas.
Depois tornou-se treinador de guarda-redes, tendo trabalhado no staff de André Villas Boas na Académica antes de se mudar em 2011 para os quadros da Federação Portuguesa de Futebol.
 
 
 

1. Rocha (297 jogos)

Rocha
Médio defensivo natural de Coimbra filho do antigo médio academista Augusto Rocha, fez toda a formação e todo o percurso como sénior na Académica. Em termos de equipa principal, ingressou em 1986-87 e despediu-se em 2003-04, quando pendurou as botas.
Já depois de ter competido na I Divisão e na II Divisão, amealhou um total de 206 encontros (199 a titular) e sete golos na II Liga entre 1990-91 e 1996-97, tendo contribuído para a promoção à I Liga em 1997.
Após duas épocas no primeiro escalão, acumulou 91 partidas (86 a titular) e seis golos entre 1999-00 e 2001-02, tendo ajudado os estudantes a alcançarem nova subida ao patamar maior do futebol português em 2002.
Seguiram-se mais duas temporadas na II Liga antes de pendurar as botas. Porém, quando encerrou a carreira permaneceu na briosa enquanto fisioterapeuta.
“No princípio da carreira, quem viu jogar o meu pai ainda tentava estabelecer comparações, mas agora, com o número de jogos e épocas que já somo, a identificação está bem definida. Temos características muito diferentes e nem sequer falamos muito sobre futebol. Vivemos separados há muitos anos, embora mesmo nos meus tempos nas camadas jovens não fosse frequente o diálogo sobre o assunto. Seguíamos apenas os jogos um do outro, pois via-o nos veteranos”, afirmou em julho de 2003.
 











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