quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Uruguaios no Sporting. Cinco jogadores e dois treinadores antes de Ugarte

Os sete uruguaios que passaram pelo Sporting antes de Ugarte
Anunciado esta segunda-feira como reforço do Sporting, o médio Manuel Ugarte vai tornar-se no oitavo uruguaio da história leonina, juntando-se assim a um contingente onde se encontram dois campeões, um jogador e um treinador.
 
A história de charruas de leão ao peito não é longa, mas é antiga, uma vez que teve início no final da década de 1950, numa altura em que a seleção celeste já tinha conquistado dois Campeonatos do Mundo (1930 e 1950), nove Copas América (1916, 1917, 1920, 1923, 1924, 1926, 1935, 1942 e 1956) e duas medalhas de ouro em Jogos Olímpicos (1924 e 1928).
 
 
Enrique Fernández
O primeiro uruguaio vinculado ao Sporting foi o treinador Enrique Fernández, um antigo internacional pelo seu país que tinha defendido as cores do Barcelona enquanto futebolista e técnico. Em 1949 foi mesmo carrasco dos leões, ao comandar os catalães na vitória sobre os verde e brancos na final da Taça Latina.
Em abril de 1957 chegou a Portugal de barco com a família, após ter sido escolhido pela direção liderada por Cazal Ribeiro para terminar um jejum de títulos nacionais que durava há três anos. Começou mal, com a eliminação na Taça de Portugal aos pés do Vitória de Setúbal, mas na temporada seguinte conduziu a equipa que ainda tinha os violinos Travassos e Vasques à conquista do título nacional.
Em 1958-59 apostou em jovens que viriam a ser importantes para o Sporting na década que se seguiu, como Hilário, Morato, Mário Lino e Fernando Mendes, mas os resultados não acompanharam essa aposta na prata da casa, acabando por ser despedido em março de 1959 após uma derrota no terreno do Sp. Covilhã, quando já ocupava o quarto lugar em que terminou o campeonato.
Depois voltou a aventurar-se em Espanha, desta feita no Betis.
Viria a falecer a 6 de outubro de 1985, aos 73 anos.
 
 
José Caraballo
Precisamente pela mão de Enrique Fernández chegou ao Sporting o avançado José Caraballo em 1958-59, que tinha jogado por Nacional de Montevideu e Palmeiras, entre outros.
Apesar de ter sido escolhido pelo treinador, não foi além de apenas 13 jogos de leão ao peito e três golos, diante de Torreense (dois) e Sp. Covilhã no campeonato, numa época em que os verde e brancos não foram além do quarto lugar.
Após a passagem por Lisboa, Caraballo jogou ainda no Sp. Braga e no Salgueiros antes de se aventurar nos espanhóis do Maiorca, nos franceses do Montpellier e nos belgas do Gent. Mais tarde voltou a Portugal para orientar o Montijo.
O seu neto, Peter Caraballo, esteve nas camadas jovens do Sporting entre 2005 e 2010.
 
 
Depois de Fernández e Caraballo, foi necessário esperar mais três décadas para encontrar uruguaios no Sporting e logo em dose dupla. Nesse hiato, a seleção celeste tinha vencido quatro Copas América (1959, 1967, 1983 e 1987) e alcançado um quarto lugar no Mundial 1970.
 
Pedro Rocha
No verão de 1988, o emblema leonino anunciou a contratação do treinador charrua Pedro Rocha, que enquanto jogador foi um dos melhores de sempre do seu país. Após ter trabalhado como técnico em clubes brasileiros de média dimensão, como Botafogo de Ribeirão Preto, Coritiba, Guarani e Portuguesa, foi escolhido pelo presidente Jorge Gonçalves para dirigir a equipa de Alvalade.
No entanto, só aguentou meia época, até fevereiro de 1989, após 16 vitórias, nove empates e seis derrotas em 31 jogos, tendo sido substituído por Vítor Damas. Por altura do afastamento, os leões ocupavam o quarto lugar no campeonato e já tinham sido eliminados da Taça UEFA pelos espanhóis da Real Sociedad.
Depois da aventura em Lisboa, Pedro Rocha comandou o Vitória de Guimarães em 1990-91 antes de voltar ao Brasil, onde viria a falecer a 2 de dezembro de 2013, um dia antes de completar 71 anos de idade, vítima de atrofia no mesencéfalo.
 
 
Rodolfo Rodríguez
Quem também não deixou propriamente grandes recordações aos adeptos sportinguistas foi o guarda-redes Rodolfo Rodríguez, que chegou a Alvalade precisamente na mesma época que o compatriota Pedro Rocha, tendo sido apresentado como uma das “unhas” do presidente Jorge Gonçalves.
Apesar de um currículo que incluía passagens por Nacional de Montevideu e Santos, presença no Mundial 1986, conquista de uma Copa América (1983), uma Libertadores (1980) e uma Taça Intercontinental (1980), não conseguiu tornar-se num titular indiscutível da baliza leonina. Em 20 partidas, sofreu 18 golos, mas foi várias vezes suplente do então já veterano Vítor Damas e de Vital.
O último jogo que disputou de leão ao peito foi numa derrota no Restelo, nas meias-finais da Taça de Portugal, e teve responsabilidades nos três golos marcados pelo Belenenses.
“Instabilidade emocional de um clube ligeiramente desorientado. Eu não me queixo, a minha vida era boa, a da minha família também, sobretudo a dos meus filhos na escola. Foram verdadeiramente tempos felizes e tranquilos entre Oeiras e Alvalade, mas a equipa falhou. O Pedro [Rocha, treinador] também saiu, veio o Manuel José. Tudo isto influi no rendimento das pessoas, dos jogadores. Dos adeptos, nem uma crítica. Apoiaram-nos sempre. Mesmo na rua. Sempre fui muito acarinhado”, contou ao Jornal I em janeiro de 2012.
 
 
 

Carlos Bueno
17 anos depois, mais um uruguaio reforçou o Sporting, o avançado Carlos Bueno. À procura do parceiro ideal para Liedson no 4x4x2 losango que Paulo Bento herdou de José Peseiro e Fernando Santos, os leões contrataram o internacional charrua por empréstimo do Paris Saint-Germain, além do brasileiro Alecsandro.
Em 18 encontros com a camisola verde e branca em todas as competições, apenas marcou em três, o que não foi propriamente bueno, mas compactou nesses três encontros um total de sete golos: um ao Spartak Moscovo na Liga dos Campeões, quatro ao Nacional (em apenas 32 minutos em campo) na I Liga e dois ao Pinhalnovense na Taça de Portugal.
“Lembro-me sempre dessa noite [jogo frente ao Nacional] e todos me falam dela. Nunca tinha marcado quatro golos num jogo, muito menos em 15 minutos! É um jogo que nunca esquecerei e que fica para toda a vida”, afirmou ao Record em setembro de 2010.
No final dessa época foi convocado para a Copa América e depois rumou ao Boca Juniors.
 
 
 
Sebastián Ribas
Na esperança de que também pudesse desatar a marcar golos, o Sporting recebeu por empréstimo do Génova o avançado Sebastián Ribas em janeiro de 2012, na altura para concorrer com o holandês Van Wolfswinkel, poucos meses após se ter sagrado melhor marcador da II Liga francesa, com 24 golos ao serviço do Dijon.
No entanto, este jogador que chegou a estar vinculado ao Inter de Milão não foi além de sete jogos e zero golos de leão ao peito.
 
 
 
Sebastián Coates
Por último, mas nem por isso menos importante – bem pelo contrário –, o atual capitão de equipa Sebastián Coates. Defesa central de elevada estatura (1,96 m) que tinha no palmarés a conquista da Copa América de 2011 e no currículo uma passagem sem grande sucesso pelo Liverpool, chegou a Alvalade por empréstimo dos ingleses do Sunderland em janeiro de 2016, por indicação de Jorge Jesus, que anteriormente o quis levar para o Benfica.
De pedra e cal no onze leonino desde então, já conquistou um campeonato, uma Supertaça, uma Taça de Portugal e três Taças da Liga desde que chegou a Lisboa, contabilizando já 242 jogos e 23 golos de verde e branco. Em 2020-21 somou cinco remates certeiros que se revelaram decisivos para a conquista do título nacional que escapava há 19 anos e nessa época venceu ainda o prémio de melhor jogador da I Liga.
 








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