O herói do Beira-Mar no Jamor e um dos melhores não internacionais A das últimas décadas. Quem se lembra de Ricardo Sousa?
Ricardo Sousa amealhou 89 jogos e 31 golos pelo Beira-Mar
Filho do antigo médio
internacional português António Sousa, seguiu as pisadas do pai na profissão,
na posição e em três dos clubes que representou: Sanjoanense,
Beira-Mar
e FC
Porto. Não chegou a jogar pela seleção
principal, mas foi protagonista numa final da Taça
de Portugal e é certamente um dos melhores jogadores portugueses das
últimas décadas sem internacionalizações pelos AA.
Nascido em São João da Madeira a
11 de janeiro de 1979, numa altura em que o pai se afirmava no clube
de Aveiro pouco tempo antes de se mudar para as Antas, começou a jogar
futebol ainda em tenra idade nas camadas jovens da Sanjoanense,
que o catapultou, inclusivamente para as seleções jovens de Portugal em 1995,
quando se estreou pelos sub-16. Ainda juvenil de segundo ano, em
1995-96, começou a jogar pela equipa principal do clube
da terra, brilhando mesmo a defrontar jogadores com o dobro da sua idade. Ainda
assim, aceitou o convite do FC
Porto – o seu clube do coração – para integrar os juniores dos dragões,
pelos quais se sagrou campeão nacional da categoria em 1997-98. Na época seguinte, a primeira de
sénior, ainda ficou meio ano no plantel principal sem jogar, mas em janeiro de
1999 foi emprestado ao Beira-Mar,
que tinha como treinador o… pai. Começou como suplente utilizado em vários
encontros, mas rapidamente conquistou a titularidade, tendo finalizado a
temporada com oito remates certeiros em 20 jogos, apesar de ter estado várias
semanas ausente, a representar a seleção nacional de sub-20 no Mundial da
categoria, na Nigéria. Não conseguiu impedir a descida de divisão, é certo, mas
redimiu-se na Taça
de Portugal: marcou o golo da vitória sobre o Vitória
de Setúbal nas meias-finais e, sobretudo, foi o autor do golo solitário que
deu o triunfo sobre o Campomaiorense
na final do Jamor.
No início da temporada seguinte
voltou às Antas e até foi titular no primeiro jogo oficial, uma vitória sobre o
Beira-Mar
em Aveiro na primeira-mão da Supertaça
Cândido de Oliveira, e voltou ao onze em alguns encontros importantes como
a visita ao Olympiakos na Liga dos
Campeões, mas a concorrência de Deco foi
remetendo-o para um papel cada vez mais secundário. No final de 1999, no âmbito do
negócio que levou Clayton
para o FC
Porto, foi emprestado ao Santa
Clara até ao final da época, mas uma lesão e dificuldades na adaptação aos
Açores prejudicaram-lhe os desempenhos, não indo além de dois golos em 18 jogos
(11 a titular) e voltando a viver o drama de uma descida de divisão.
Em 2000-01 foi novamente cedido
ao Beira-Mar,
de regresso à I
Liga e ainda com o pai como treinador. Na sua zona de conforto, rubricou
mais uma belíssima temporada, tendo apontado onze golos em 28 jogos, contribuindo
para a obtenção de um honroso 8.º lugar. Na época seguinte voltou à base,
mas depois de não ter sido utilizado pela equipa principal do FC
Porto durante o último semestre de 2001 foi emprestado ao Belenenses
de Marinho
Peres no início de 2002, impondo-se rapidamente no onze inicial, tendo sido
titular nas 14 partidas que disputou.
Depois voltou ao Beira-Mar,
ainda comandado pelo progenitor, em 2002-03, após rescindir com o FC
Porto. E, uma vez mais, voltou a brilhar. Marcou onze golos que ajudaram os
aveirenses
a conseguir a permanência na última jornada e ainda contribuiu, com
assistências, para que Fary se sagrasse melhor marcador do campeonato. No
decorrer dessa época somou duas internacionalizações pela seleção nacional B. Na temporada seguinte passou para
o Boavista
e voltou a brilhar, com 14 remates certeiros em 33 encontros, o seu melhor
registo da carreira. Ainda assim, insuficiente para convencer Luiz
Felipe Scolari a chamá-lo à seleção
nacional A, uma vez que estava tapado por Rui Costa
e pelo recém-naturalizado Deco.
Valorizado, transferiu-se no
verão de 2004 para os alemães do Hannover – foi companheiro de equipa do
malogrado Robert Enke –, mas não se adaptou à Alemanha, tendo sido emprestado
aos neerlandeses do De Graafschap na segunda metade de 2004-05 e ao Boavista
na época 2006-07, numa fase em que começou a viver alguma instabilidade na
carreira, com trocas constantes de clubes. Já sem o brilho de outrora,
passou pelos cipriotas do Omonia, os alemães do Kickers Offenbach, os eslovenos
do Drava e novamente pelo Beira-Mar
e por União
de Leiria, UD
Oliveirense, São
João de Ver e Gafanha antes de pendurar as botas em 2015, aos 36 anos.
“Consegui jogar ao mais alto
nível na I
Divisão em Portugal e atuei em três bons campeonatos (alemão,
holandês
e cipriota). Podia ter conseguido algo mais, mas estou orgulhoso do meu trajeto.
Fui titular em todas as seleções que representei, desde os sub-15 até à Seleção
B”, resumiu, em jeito de balanço, em declarações ao portal
do Sindicato de Jogadores. Entretanto tornou-se treinador.
Já comandou Sanjoanense,
Lusitano
VRSA, Anadia,
Felgueiras
e Beira-Mar
no Campeonato
de Portugal, Mafra
e Feirense
na II
Liga e Al-Ain na II Liga da Arábia Saudita, mas atualmente está
desempregado. O seu filho, Afonso Sousa, seguiu
as pisadas do avô e do pai e também é jogador de futebol. Soma quase 50 internacionalizações
pelas seleções jovens, venceu a UEFA Youth League pelo FC
Porto e atualmente brilha ao serviço dos polacos do Lech Poznan.
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