sexta-feira, 23 de maio de 2025

O herói do Beira-Mar no Jamor e um dos melhores não internacionais A das últimas décadas. Quem se lembra de Ricardo Sousa?

Ricardo Sousa amealhou 89 jogos e 31 golos pelo Beira-Mar
Filho do antigo médio internacional português António Sousa, seguiu as pisadas do pai na profissão, na posição e em três dos clubes que representou: Sanjoanense, Beira-Mar e FC Porto. Não chegou a jogar pela seleção principal, mas foi protagonista numa final da Taça de Portugal e é certamente um dos melhores jogadores portugueses das últimas décadas sem internacionalizações pelos AA.
 
Nascido em São João da Madeira a 11 de janeiro de 1979, numa altura em que o pai se afirmava no clube de Aveiro pouco tempo antes de se mudar para as Antas, começou a jogar futebol ainda em tenra idade nas camadas jovens da Sanjoanense, que o catapultou, inclusivamente para as seleções jovens de Portugal em 1995, quando se estreou pelos sub-16.
 
Ainda juvenil de segundo ano, em 1995-96, começou a jogar pela equipa principal do clube da terra, brilhando mesmo a defrontar jogadores com o dobro da sua idade. Ainda assim, aceitou o convite do FC Porto – o seu clube do coração – para integrar os juniores dos dragões, pelos quais se sagrou campeão nacional da categoria em 1997-98.
 
Na época seguinte, a primeira de sénior, ainda ficou meio ano no plantel principal sem jogar, mas em janeiro de 1999 foi emprestado ao Beira-Mar, que tinha como treinador o… pai. Começou como suplente utilizado em vários encontros, mas rapidamente conquistou a titularidade, tendo finalizado a temporada com oito remates certeiros em 20 jogos, apesar de ter estado várias semanas ausente, a representar a seleção nacional de sub-20 no Mundial da categoria, na Nigéria. Não conseguiu impedir a descida de divisão, é certo, mas redimiu-se na Taça de Portugal: marcou o golo da vitória sobre o Vitória de Setúbal nas meias-finais e, sobretudo, foi o autor do golo solitário que deu o triunfo sobre o Campomaiorense na final do Jamor.
 
 
No início da temporada seguinte voltou às Antas e até foi titular no primeiro jogo oficial, uma vitória sobre o Beira-Mar em Aveiro na primeira-mão da Supertaça Cândido de Oliveira, e voltou ao onze em alguns encontros importantes como a visita ao Olympiakos na Liga dos Campeões, mas a concorrência de Deco foi remetendo-o para um papel cada vez mais secundário.
 
No final de 1999, no âmbito do negócio que levou Clayton para o FC Porto, foi emprestado ao Santa Clara até ao final da época, mas uma lesão e dificuldades na adaptação aos Açores prejudicaram-lhe os desempenhos, não indo além de dois golos em 18 jogos (11 a titular) e voltando a viver o drama de uma descida de divisão.
 
 
Em 2000-01 foi novamente cedido ao Beira-Mar, de regresso à I Liga e ainda com o pai como treinador. Na sua zona de conforto, rubricou mais uma belíssima temporada, tendo apontado onze golos em 28 jogos, contribuindo para a obtenção de um honroso 8.º lugar.
 
Na época seguinte voltou à base, mas depois de não ter sido utilizado pela equipa principal do FC Porto durante o último semestre de 2001 foi emprestado ao Belenenses de Marinho Peres no início de 2002, impondo-se rapidamente no onze inicial, tendo sido titular nas 14 partidas que disputou.
 
 
Depois voltou ao Beira-Mar, ainda comandado pelo progenitor, em 2002-03, após rescindir com o FC Porto. E, uma vez mais, voltou a brilhar. Marcou onze golos que ajudaram os aveirenses a conseguir a permanência na última jornada e ainda contribuiu, com assistências, para que Fary se sagrasse melhor marcador do campeonato. No decorrer dessa época somou duas internacionalizações pela seleção nacional B.
 
Na temporada seguinte passou para o Boavista e voltou a brilhar, com 14 remates certeiros em 33 encontros, o seu melhor registo da carreira. Ainda assim, insuficiente para convencer Luiz Felipe Scolari a chamá-lo à seleção nacional A, uma vez que estava tapado por Rui Costa e pelo recém-naturalizado Deco.
 
 
Valorizado, transferiu-se no verão de 2004 para os alemães do Hannover – foi companheiro de equipa do malogrado Robert Enke –, mas não se adaptou à Alemanha, tendo sido emprestado aos neerlandeses do De Graafschap na segunda metade de 2004-05 e ao Boavista na época 2006-07, numa fase em que começou a viver alguma instabilidade na carreira, com trocas constantes de clubes.
 
Já sem o brilho de outrora, passou pelos cipriotas do Omonia, os alemães do Kickers Offenbach, os eslovenos do Drava e novamente pelo Beira-Mar e por União de Leiria, UD Oliveirense, São João de Ver e Gafanha antes de pendurar as botas em 2015, aos 36 anos.
 
 
“Consegui jogar ao mais alto nível na I Divisão em Portugal e atuei em três bons campeonatos (alemão, holandês e cipriota). Podia ter conseguido algo mais, mas estou orgulhoso do meu trajeto. Fui titular em todas as seleções que representei, desde os sub-15 até à Seleção B”, resumiu, em jeito de balanço, em declarações ao portal do Sindicato de Jogadores.
 
Entretanto tornou-se treinador. Já comandou Sanjoanense, Lusitano VRSA, Anadia, Felgueiras e Beira-Mar no Campeonato de Portugal, Mafra e Feirense na II Liga e Al-Ain na II Liga da Arábia Saudita, mas atualmente está desempregado.
 
O seu filho, Afonso Sousa, seguiu as pisadas do avô e do pai e também é jogador de futebol. Soma quase 50 internacionalizações pelas seleções jovens, venceu a UEFA Youth League pelo FC Porto e atualmente brilha ao serviço dos polacos do Lech Poznan. 



 
 



Sem comentários:

Enviar um comentário