terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Os 10 clássicos mais marcantes entre Benfica e Boavista

Benfica e Boavista já se defrontaram quase 130 vezes
Há muito que os jogos entre Benfica e Boavista ganharam o estatuto de clássico de futebol português. Afinal, ambos já se defrontaram em quase 130 ocasiões, incluindo três finais da Taça de Portugal e jogos decisivos para a atribuição do título nacional.
 
Os primeiros confrontos oficiais remontam a 1945-46, quando os axadrezados participaram pela primeira vez na I Divisão, mas foi a partir da década de 1990 que os clássicos entre águias e boavisteiros começaram realmente a fazer faísca.
 
Entre tantos duelos, vale a pena ver aqui a nossa seleção dos dez mais marcantes, por ordem cronológica.
 
14 de junho de 1975 – Taça de Portugal (final)
É habitual dizer-se que os clubes nortenhos ganharam novo alento após o 25 de abril de 1974. No caso do Boavista, o primeiro grande troféu – assim como a primeira presença nos quatro primeiros lugares do campeonato – foi conquistado precisamente no ano a seguir à revolução.
Em pleno Estádio José Alvalade, naquela que foi a primeira final da Taça de Portugal disputada fora do Jamor desde 1961, os axadrezados orientados por José Maria Pedroto chegaram à primeira vintena de minutos a vencer por 2-0, com golos de Mané (15’) e João Alves (17’). O Benfica do jugoslavo Milorad Pavic ripostou à passagem da hora de jogo, através de um remate certeiro de Rui Jordão, mas mostrou-se incapaz de operar a reviravolta, falhando assim a conquista da dobradinha.
 
 
 
10 de abril de 1993 – I Divisão (27.ª jornada)
Um jogo muito quentinho, com três expulsões e cinco golos em pleno Estádio do Bessa.
O Boavista de Manuel José foi a primeira equipa a marcar, através do brasileiro Marlon Brandão logo aos dois minutos. Contudo, o Benfica de Toni deu a volta ao resultado, chegando à hora de jogo não só em vantagem (de 1-3) no resultado, com golos do soviético Sergei Yuran (14’ e 47’) e do brasileiro Isaías (58’), mas também em número de homens em campo, uma vez que Caetano tinha sido expulso aos 27’.
Contudo, a última meia hora foi de muito sofrimento para as águias, que ficaram reduzidas a dez unidades aos 65’, devido à expulsão do central Hélder, e depois a apenas nove jogadores, uma vez que o guarda-redes Neno viu o cartão vermelho direto… numa altura em que os encarnados já tinham esgotado as substituições.
Posto isto, o médio Paulo Sousa chamou a si as luvas, virou a camisola de Neno do avesso e foi para a baliza. Não conseguiu impedir o golo de penálti de Artur, precisamente a castigar a falta que valeu a expulsão ao guardião benfiquista, mas a partir daí defendeu todas as bolas que foram na direção da baliza, ajudando os benfiquistas a segurar a vitória.
 
 
 
10 de junho de 1993 – Taça de Portugal (final)
Um hino ao futebol, até porque há 29 anos que não se marcavam sete ou mais golos numa final da Taça de Portugal.
Precisamente dois meses após a batalham campal no Bessa, o Benfica apresentou-se no Jamor com uma verdadeira equipa de sonho, com jogadores como Mozer, Stefan Schwarz, Paulo Sousa, Vítor Paneira, Rui Costa, Paulo Futre, João Vieira Pinto e Rui Águas – e ainda havia Isaías no banco.
A goleada começou a ser construída pouco depois da meia hora, com Vítor Paneira a inaugurar o marcador aos 32 minutos e João Vieira Pinto a aumentar a vantagem aos 35’. À beira do intervalo, Marlon Brandão reduziu para os axadrezados.
No início do segundo tempo, Futre deixou as águias a vencer por 3-1, mas Tavares reduziu a vantagem benfiquista para apenas um golo aos 57 minutos. Até final, só deu Benfica: William desperdiçou uma grande penalidade (65’), mas mais uma vez Futre (70’) e Rui Águas (88’) sentenciaram o resultado. Pelo meio, o boavisteiro Garrido foi expulso por acumulação de amarelos (84’).
A grande figura do golo foi mesmo Paulo Futre, que além dos dois golos fez uma assistência e sofreu uma falta que deu origem a um penálti. Uma vez mais aí estava eu. Nos grandes momentos. Fui o homem do jogo. A minha melhor exibição de águia ao peito numa tarde perfeita. Nem sonhada podia ser melhor. Foi também a minha partida de despedida do Benfica com a conquista do único título que me faltava no futebol português”, narrou no livro El Portugués, dando conta de vários meses de salários em atraso, na antecâmara do célebre verão quente de 1993.
 
 
 
10 de junho de 1997 – Taça de Portugal (final)
Uma final que servia para salvar a época. O Benfica de Manuel José tinha terminado o campeonato em 3.º lugar, a 27 pontos (!) do campeão FC Porto e a 14 do vice Sporting. Já o Boavista de Mário Reis não foi além de um desapontante 7.º lugar.
Antes da partida, já se sabia que as duas principais figuras dos boavisteiros, o médio ofensivo boliviano Erwin Sánchez e o avançado Nuno Gomes, estavam comprometidas com o Benfica para a época seguinte, o que levantava algumas dúvidas sobre se ambos tinham condições psicológicas para ir a jogo.
Contudo, essas dúvidas foram dissipadas em menos de uma hora, uma vez que Sánchez (aos oito minutos de livre direto e aos 59’ de penálti) e Nuno Gomes (28’) foram precisamente os autores dos golos dos axadrezados. Para as águias faturaram Calado (35’) e o marroquino Abdelkrim El-Hadrioui (61’).
 
 
 
14 de março de 1999 – I Liga (25.ª jornada)
A dez jornadas do fim do campeonato, a luta pelo título estava ao rubro. O tetracampeão FC Porto entrou para a 25.ª jornada com mais um ponto que Benfica e Boavista, mas os dragões bateram a União de Leiria nas Antas na véspera de um duelo entre águias e axadrezados na Luz.
Embora empurrado por cerca de 80 mil adeptos, o Benfica de Graeme Souness viveu uma noite de pesadelo ante o Boavista de Jaime Pacheco, que inaugurou o marcador logo aos seis minutos, por Ayew, que aproveitou uma perda de bola de Paulo Madeira em zona proibida.
Afirmativo, os axadrezados foram atrás do segundo golo, enquanto os principais municiadores do ataque benfiquista, João Vieira Pinto e Karel Poborsky, estavam desinspirados. Souness ainda experimentou trocar Nuno Gomes por Jorge Cadete, mas o único avançado destinar a brilhar nessa noite foi Ayew, que bisou aos 66 minutos na sequência de várias falhas da defesa encarnada. Ao cair do pano, Luís Manuel fez o 0-3, através de um disparo de fora da área.
Após o apito final, Graeme Souness foi atingido por objetos atirados da bancada por adeptos do Benfica. Já Jaime Pacheco assumiu a candidatura ao apuramento para a Liga dos Campeões, algo que viria a ser conseguido pela primeira vez na história do Boavista.
 
 
 
25 de fevereiro de 2001 – I Liga (22.ª jornada)
Em 2000-01 o Boavista alcançou o único título de campeão nacional da sua história, enquanto o Benfica obteve a pior classificação da sua história, o 6.º lugar, mas numa fase já adiantada da prova as caminhadas de ambas as equipas podiam ter seguido rumos bem diferentes.
À entrada para o duelo entre os dois conjuntos na 22.ª jornada, no antigo Estádio da Luz, os axadrezados de Jaime Pacheco lideravam a tabela classificativa da I Liga com mais dois pontos que as águias de Toni – terceiro treinador a sentar-se no banco encarnado nessa época, depois do alemão Jupp Heynckes e de José Mourinho. Ou seja, um triunfo dos lisboetas levá-los-ia à liderança.
Porém, num jogo muito tático, o resultado foi um empate a zero. Na melhor oportunidade do encontro, o avançado benfiquista Pierre Van Hooijdonk acertou no poste.
Assim, o Boavista manteve-se de pedra e cal no primeiro lugar e venceu dez dos onze jogos seguintes, até confirmar a conquista do inédito título nacional, ao passo que o Benfica só voltou a vencer por duas vezes nos 12 jogos que restaram até ao final do campeonato.
 
 
 
28 de abril de 2002 – I Liga (33.ª jornada)
12 jogos (em todas as competições) depois, o Benfica lá conseguiu bater o Boavista, num jogo que acabou por dar o título nacional ao… Sporting.
À entrada para a penúltima jornada, os leões de Laszlo Bölöni lideravam o campeonato com mais quatro pontos que o Boavista de Jaime Pacheco, mas empataram a dois golos no Bonfim na véspera de os axadrezados entrarem em campo na Luz. Ou seja, só a vitória na capital mantinha os boavisteiros na rota do título.
As coisas até começaram a correr bem ao Boavista, graças a um golo de Erwin Sánchez de livre direto no final da primeira parte (40 minutos). No entanto, o Benfica de Jesualdo Ferreira operou a reviravolta no segundo tempo: Argel empatou, de cabeça, na sequência de um livre de Drulovic (55’); e Mantorras, isolado, fez o 2-1 já na reta final do encontro (82’).
O apito final confirmou a conquista do título por parte do Sporting.
 
 
22 de maio de 2005 – I Liga (34.ª jornada)
Mais um encontro que sentenciou a conquista do título, desta feita por uma equipa que o jogou, o Benfica, que não se sagrava campeão nacional desde 1993-94.
À entrada para a última jornada, as águias de Giovanni Trapattoni lideravam o campeonato com mais três pontos do que o FC Porto, por isso, sabiam que empatar no Bessa seria suficiente.
Simão Sabrosa inaugurou o marcador aos 38 minutos para os encarnados, na conversão de uma grande penalidade. Porém, o central brasileiro Éder Gaúcho empatou o encontro para o Boavista de Pedro Barny pouco depois (42’). A igualdade a um golo resistiu até ao apito final.
Ali bem perto, no Dragão, os azuis e brancos não foram além de um empate caseiro com a Académica (1-1).
 
 
 
2 de fevereiro de 2007 – I Liga (17.ª jornada)
Um jogo surreal, pela forma como o Benfica de Fernando Santos não conseguiu transformar em golos toda a superioridade que demonstrou ao longo da partida sobre o Boavista de Jaime Pacheco.
Com pontaria a mais, as águias acertaram quatro vezes no ferro: aos 30 minutos, por Katsouranis; aos 43’, mais uma vez por intermédio do médio grego; aos 51’, novamente por Katsouranis; e por Luisão, aos 61’.
Caso tivesse materializado alguma dessas situações, os encarnados ficariam a apenas dois pontos do líder FC Porto. Assim, foram ultrapassados pelo Sporting, que ascendeu ao segundo lugar.
 
 
 
14 de janeiro de 2017 – I Liga (17.ª jornada)
Dez anos depois, um Benfica-Boavista ficou marcado por algo raro no futebol, a recuperação de uma equipa após ter estado com três golos de desvantagem.
As águias de Rui Vitória vinham a passear no campeonato, tendo entrado na derradeira jornada primeira volta com mais seis pontos do que o vice-líder FC Porto e mais oito do que Sp. Braga e Sporting.
No entanto, o Boavista de Miguel Leal, instalado a meio da tabela, viveu uma primeira meia hora de sonho no Estádio da Luz, tendo chegado aos 25 minutos a vencer por 0-3, graças aos golos de Iuri Medeiros (14’), Lucas Tagliapietra (20’) e André Schembri (25’).
Obrigado a virar o resultado, Rui Vitória trocou Rafa Silva por Kostas Mitroglou aos 38 minutos, e o avançado grego marcou três minutos depois. Ao intervalo, mais risco: saiu o central Luisão e entrou o extremo Cervi. As mudanças acabaram por surtir efeito, pois os encarnados chegaram aos 2-3 aos 53’, por Jonas, na conversão de uma grande penalidade; e empataram a partida aos 68’, através de um autogolo de Fábio Espinho.
Curiosamente, dois meses antes o Benfica tinha vivido uma situação semelhante à do Boavista num jogo no terreno do Besiktas, na Liga dos Campeões, tendo permitido o empate a três golos depois de ter estado a vencer por 0-3.
 










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