terça-feira, 19 de agosto de 2025

Pai de Bruno foi treinador de Mourinho e deu-lhe a primeira equipa para treinar. Quem conhece Fernando Lage?

Fernando Lage Nascimento foi duas vezes campeão distrital 
Bruno Lage e José Mourinho, que esta quarta-feira (20:00, em Istambul) se defrontam como treinadores de Benfica e Fenerbahçe, respetivamente, não são apenas compatriotas. São conterrâneos. E mais importante do que isso: há uma ligação antiga entre as famílias de ambos.
 
Tudo começou no início da década de 1980, nas bancadas do Estádio do Bonfim. “Fui eu que levei o Mourinho para o Comércio e Indústria quando ele passou de júnior a sénior. Eu não o conhecia, só conhecia o pai. Numa conversa de bancada no Vitória, ele estava a falar com amigos, a dizer que ia para o Comércio e eu intercedi. Perguntei-lhe quem era ele e para se explicar, e ele disse que tinha falado com um diretor. E eu disse que quem faz as aquisições do Comércio e Indústria sou eu, e que se quisesse ir para no dia seguinte aparecer no clube para conversarmos. No outro dia foi lá, chegámos a acordo, e ele passou a jogar nos seniores do Comércio e Indústria, na III Divisão Nacional”, contou o pai de Bruno Lage e do seu adjunto Luís Nascimento, Fernando Lage Nascimento, que na altura orientava a equipa alvinegra de Setúbal, em declarações proferidas ao jornal O Setubalense no final de 2016.
 
“Depois, fui fazer o curso de treinador, enquanto ele estudava na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), e aí ganhámos amizade. Ele era um jovem estudante igualzinho aos outros todos. Como jogador, não era mau. Era central. Era normal”, prosseguiu o fundador, a par de Fernando Tomé, do Núcleo de Setúbal da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF).
 
Mourinho com os iniciados do Comércio e Indústria em 1986-87
Anos depois, os caminhos de Fernando Lage e Mourinho voltaram a cruzar-se no Campo da Bela Vista. “Quando ele começou a fazer o curso, veio pedir-me para lhe dar uma equipa de futebol. E a primeira equipa que ele treinou oficialmente foram os iniciados do Comércio e Indústria [em 1986-87]. E depois, como o pai era diretor do Vitória, ele foi treinar os juniores do Vitória”, contou o já retirado treinador, agora com 74 anos.
 
O contacto que em tempos tinham foi diminuindo com o passador dos anos, mas Fernando Lage era, no final de 2016, um homem orgulho do seu discípulo: “Está a fazer uma carreira excecional. Gosto muito dele.”
 

Campeão distrital por duas vezes travado por arritmia

Fernando Lage campeão ao leme d'O Grandolense em 1990-91
Antes de abraçar a carreira de treinador, Fernando Lage foi futebolista de clubes como Estrela de Vendas Novas, União de Montemor, Palmelense e Sesimbra. Depois tirou o curso de nível II, em 1986, ao lado de Manuel Cajuda e Vítor Oliveira, entre outros.
 
Já com a braçadeira de técnico, orientou Águas de Moura, Estrelas do Faralhão, Comércio e Indústria, O Grandolense, Cova da Piedade e Luso, passando posteriormente a desempenhar funções na Escola de Futebol Quinito, de onde saiu em 2014, devido a uma arritmia.
 
Ao serviço de O Grandolense, foi campeão distrital em 1990-91. Repetiu o feito três anos depois, pelo Cova da Piedade, mas com um registo de pontos a 30 jornadas que ainda hoje perdura como o máximo histórico da I Distrital: 79. Apenas perdeu onze.
 
A paixão pelo treino revelou-se hereditária, uma vez que os filhos Bruno Lage e Luís Nascimento seguiram as pisadas do pai. Na altura da entrevista a O Setubalense, Bruno era adjunto de Carlos Carvalhal no Sheffield Wednesday, enquanto Luís comandava os iniciados do Benfica.
 
Já que o coração não lhe permitiu continuar no terreno, mas tendo em conta que a paixão pelo futebol e pelo treino continuava presente, Fernando Lage reativou o Núcleo de Setúbal da Associação Nacional de Treinadores de Futebol a 30 de setembro de 2016 e passou a liderar a direção do mesmo.
 
Fernando e Bruno Lage com as escolinhas do 1º Maio da Varzinha
Sem uma sede na verdadeira aceção da palavra, era na casa de Fernando Lage, na Rua Diogo Cão, em Setúbal, que decorriam as reuniões e estava organizada toda a documentação. E foi lá que decorreu uma entrevista na qual o dirigente manifestou alguma mágoa por o seu filho mais velho, Bruno Lage, nunca ter sido alvo de qualquer reportagem por parte do jornal de Setúbal.
 
Percebendo que se justificava, tendo em conta que não era propriamente comum um setubalense estar a lutar para subir à Premier League, tentei nos meses seguintes entrar em contacto com Bruno Lage, mas as minhas mensagens enviadas através do Messenger ficaram sem resposta – mesmo com o toque dado ao pai. Já aí o atual treinador do Benfica manifestava alguns traços que o caracterizam: é muito focado no seu trabalho e não é muito dado a entrevistas.
 
   





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