segunda-feira, 25 de março de 2024

Quando o Benfica jogou “com a tática do pirilau” mas “de uma forma bem ereta”

O onze com que o Benfica defrontou o Ruch Chorzow
Bem vistas as coisas, aquele Benfica da segunda metade da década de 1990 era de uma tremenda falta de... tesão: instabilidade diretiva, treinador atrás de treinadores, muitos jogadores de qualidade duvidosa e zero troféus desde a Taça de Portugal de 1995-96.
 
O brasileiro Paulo Autuori, que tinha feito bons trabalhos em Portugal ao comando de Nacional, Vitória de Guimarães e Marítimo e conquistado o campeonato brasileiro ao leme do Botafogo em 1995, foi um dos muitos técnicos que passaram pela Luz nesse período, tendo durado menos de meio ano no cargo.
 
Contratado no verão de 1996, até nem teve um mau arranque no campeonato, com seis vitórias e um empate nas primeiras sete jornadas, mas pelo meio esteve ligado a uma das maiores humilhações da história do Benfica, a goleada por 0-5 sofrida ante o FC Porto, em casa, na segunda-mão da Supertaça Cândido de Oliveira.

 
Após essa tragédia, insistiu num sistema tático com quatro defesas, dois médios defensivos, dois médios ofensivos e dois avançados, um 4x2x2x2 que o jornal Record apelidou de “tática do pirilau”.
 
Em vésperas de um jogo com os polacos do Ruch Chorzów, da segunda-mão da primeira ronda da Taça das Taças, Autuori utilizou esse sistema para segurar a vantagem conferida pelo 5-1 obtido em Lisboa, e adotou a terminologia: “O Benfica vai jogar frente aos polacos com a sua tática do pirilau, mas irá fazê-lo de uma forma bem ereta.”
 
O que é certo é que as águias saíram da Polónia com um empate a zero. Serviu para passar à ronda seguinte, mas não se veio… a revelar uma aposta totalmente certeira. Pelos encarnados jogaram Marinho, Hélder, Bermúdez e Pedro Henriques à frente do guarda-redes Preud’homme, com Jamir e Tahar mais defensivos e Valdo e Panduru mais ofensivos a comporem o pescoço (do sistema) e Donizete e João Vieira Pinto na cabeça do… ataque.
 
 
Mas esta não foi a primeira vez que uma deslocação europeia do Benfica teve um discurso a roçar o pornográfico. Uma vez Isaías recordou o empate a quatro golos em Leverkusen em 1994 e explicou o que excitou a equipa: “Quando fomos dar o habitual passeio pela equipa, víamos sex shops em todo o lado. Era uma a cada dez ou vinte metros e era tudo ao vivo! Estávamos encantados. Todos falávamos em fantasias sexuais, que fazíamos isto e aquilo. Foi isso que deu força. Estávamos todos com a adrenalina lá em cima.”







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