sexta-feira, 31 de julho de 2020

As 10 finais da Taça de Portugal mais marcantes de sempre

Taça de Portugal foi criada em 1938-39 e teve 13 vencedores diferentes
A Taça de Portugal é prova rainha do futebol português e a sua final é o fechar com chave de ouro da temporada futebolística. É a competição das surpresas, da imprevisibilidade, dos tomba-gigantes e da democracia, que já coroou 13 clubes vencedores e teve um total de 25 finalistas diferentes.

Implementada em 1938-39 para suceder ao Campeonato de Portugal, por sua vez criado em 1922, a Taça de Portugal teve como primeiro detentor do troféu a Académica, que deu o pontapé de saída numa história de finais marcada por triunfos improváveis, jogos intermináveis, desfechos imprevisíveis e também por tragédias e polémicas.


Vale por isso a pena conhecer a nossa lista das dez finais mais marcantes, por ordem cronológica.


25 de junho de 1939 – Campo das Salésias (Lisboa)
A primeira final. E que final! Sete golos, com alternância no marcador e um vencedor que não era favorito.
O Benfica orientado pelo húngaro Lippo Hertzka até se adiantou por Rogério de Sousa, aos 9 minutos. Bernardo Pimenta (36’) e Alberto Gomes (46’) deram a volta para a Académica de Albano Paulo, mas Rogério de Sousa restabeleceu o empate logo a seguir (47’). Depois Arnaldo Carneiro bisou e colocou a briosa com uma mão no troféu (52’ e 53’). Alexandre Brito ainda reduziu para as águias (73’), mas não evitou a derrota.
"Na melhor final de todos os tempos, o team de football da Associação Académica de Coimbra chamou a si a posse da linda Taça de Portugal, vencendo o Benfica, por 4-3", podia ler-se numa foto-legenda na capa do Diário de Notícias no dia seguinte.

Jogadores de ambas as equipas saúdam o chefe do governo

15 de junho de 1952 – Estádio Nacional
A final com mais golos (e sem prolongamento). Frente a frente, as duas melhores equipas de Portugal na altura. De um lado, o Benfica, que na altura já era o clube com mais troféus (cinco) e que dois anos antes tinha vencido a Taça Latina, uma espécie de versão regional da Liga dos Campeões. Do outro, o Sporting, campeão nacional e recordista de títulos nacionais (sete), que ainda contava com os violinos Albano e Travassos.
Em mais uma final em que a alternância no marcador foi uma constante, Albano abriu o ativo para os leões aos 9 minutos, de grande penalidade. Rogério Pipi empatou aos 11’, da mesma forma. Corona deu vantagem ao Benfica aos 49’. Porém, Rola (51’) e João Martins (55’) recolocaram o Sporting na frente. Rogério Pipi fez o 3-3 (69’), mas Rola apontou o quarto golo para os verde e brancos (71’). Porém, José Águas (73’) e novamente Rogério Pipi (90’) protagonizaram a reviravolta dos encarnados, então orientados por Cândido Tavares.
“Foi a melhor final da Taça de sempre. Ganhámos nós 5-4, mas se tivesse ganho o Sporting também estava bem”, contou Rogério Pipi ao Maisfutebol, recordando a jogada que ditou o golo da vitória: “O árbitro já estava com o apito na mão pronto para o levar à boca. Faltavam quinze segundos para o fim. O José Águas colocou-me a bola para correr, eu ganhei em velocidade a dois adversários e rematei à entrada da área. Foi um grande golo.”
“No fim foi uma coisa incrível: o público invadiu o relvado para nos levar em ombros. Queríamos ir para os balneários e não nos deixavam. Lembro-me que recebemos 500 escudos de prémio. Na altura ganhava 600 escudos por mês no Benfica. Na altura ninguém enriquecia a jogar futebol”, acrescentou.

A equipa do Benfica que arrecadou o troféu em 1951-52

9 de julho de 1961 – Estádio das Antas (Porto)



9 de julho de 1967 – Estádio Nacional
A final mais longa de sempre: 144 minutos. Frente a frente, duas das equipas que melhor futebol praticavam na altura. A Académica de Mário Wilson tinha terminado o campeonato em segundo lugar e o Vitória de Fernando Vaz em quinto, mas marcava presença no Jamor pelo terceiro ano consecutivo. “Dizia-se na altura que se os campeonatos fossem decididos como é decidido a dança ou a música, por votação, que o Vitória era campeão em alguns anos e a Académica vice-campeã, ou vice-versa”, contou Fernando Tomé a O Setubalense.



22 de junho de 1969 – Estádio Nacional
A final mais política de sempre, a prova de que o futebol… não é apenas futebol. Em 1969, em plena ditadura, vivia-se uma crise académica, numa altura em que o Estado Novo estava em renovação. Os estudantes da Universidade de Coimbra afrontaram o regime, clamando por mais direitos, democracia e melhor ensino.
E quis o destino que a Académica chegasse à final da Taça de Portugal nesse mesmo ano. O governo mostrava claros sinais de preocupação, temendo que o jogo fosse utilizado como pretexto para uma gigantesca manifestação contra o regime. A realização do encontro esteve mesmo em causa, tanto assim que o Sporting, derrotado pelos estudantes nas meias-finais, ficou de prevenção a estagiar caso se confirmasse a ausência da Académica no Jamor.
Mas o jogo veio mesmo a realizar-se, ainda que sem a presença de altas figuras do Estado como Presidente da República, Presidente do Conselho e Ministro da Educação. Pela primeira vez desde que iniciara transmissões da final, a RTP não iria transmitir o jogo. Nas bancadas estavam centenas de agentes da PIDE infiltrados e dentro de campo a Académica estava impedida de jogar de branco ou com qualquer forma visível de luto.
A primeira parte decorreu com absoluta normalidade e acalmia, mas após o intervalo os estudantes levantaram tarjas em que se podiam ler “melhor ensino, menos polícias”, “estão 36 estudantes presos”, “Estudantes Unidos por Coimbra” ou “Universidade Livre”, tornando a final no maior comício contra a ditadura.
Quanto ao mais importante, o jogo, António inaugurou o marcador logo no primeiro minuto e deu vantagem aos estudantes, que estiveram com uma mão no troféu. Porém, Simões empatou aos 85’ e atirou a decisão para prolongamento, etapa em que apareceu Eusébio a marcar o golo que garantiu a 13.ª Taça de Portugal ao Benfica.



21 de agosto de 1983 – Estádio das Antas (Porto)
No início da época 1982-83 o então presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Romão Martins, ofereceu a organização da final da Taça de Portugal à Associação de Futebol do Porto.
No entanto, quando ficaram definidos os finalistas, o novo presidente da entidade, Silva Resende, decidiu mover o jogo para o Estádio Nacional. O FC Porto insurgiu-se e não cedeu sequer à possibilidade de realizar a final em Coimbra, a meio caminho entre Lisboa e a Invicta, chegando mesmo a decidir não comparecer depois de uma Assembleia Geral muito concorrida, assumindo o risco de despromoção à III Divisão.
Entretanto, o Conselho de Justiça da FPF decidiu adiar o jogo para uma data anunciar e, já após a temporada encerrar, a Federação cedeu e o Benfica aceitou disputar o encontro nas Antas.
Apesar disso, as águias levaram a melhor, vencendo pela margem mínima graças a um grande golo de Carlos Manuel aos 20 minutos.



18 de maio de 1996 – Estádio Nacional
O dérbi do sangue e da vergonha. Num dia que era para ser de festa no Jamor, um very light é disparado a partir da zona dos adeptos do Benfica, no topo sul, durante as comemorações do golo inaugural, apontado pelo benfiquista Mauro Airez aos oito minutos. No lado oposto do estádio, um adepto sportinguista, Rui Mendes, é atingido e acaba por morrer.
O jogo prosseguiu e os encarnados conquistaram o troféu após um triunfo por 3-1, com dois golos de João Pinto (39’ e 67’) contra um do leão Carlos Xavier (83’, g.p.), mas a habitual cerimónia de entrega da taça acabou adiada.



31 de maio de 2015 – Estádio Nacional
Sporting 2-2 (3-1 g.p.) Sp. Braga
Uma das finais mais emocionantes da história. O Sporting partia como favorito, apesar de não conquistar qualquer troféu há sete anos, mas esse favoritismo começou a ruir em menos de meia hora.
Aos 25 minutos, o Sp. Braga já vencia por 2-0, com golos de Éder (16’, g.p.) e Rafa e podia gerir essa vantagem de dois golos perante um conjunto leonino reduzido a dez unidades, devido à expulsão de Cédric à passagem do quarto de hora.
O resultado manter-se-ia alterado até aos 84 minutos, numa altura em que os adeptos bracarenses já celebravam e largas centenas de sportinguistas já abandonavam o Estádio Nacional. Porém, um golo de Slimani devolveu a esperança ao Sporting, que chegou ao empate aos 90+3 por intermédio de Fredy Montero.
No prolongamento o Sp. Braga ficou reduzido a dez, mas não houve golos, o que atirou a decisão para as grandes penalidades. Aí os leões foram mais fortes. Mesmo inferiorizado, o guarda-redes leonino Rui Patrício defendeu o penálti de André Pinto, enquanto Éder e Salvador Agra atiraram para fora. Adrien, Nani e Slimani marcaram para os verde e brancos.



20 de maio de 2018 – Estádio Nacional
Mais uma final em que o que rodeou o jogo acabou por ser mais marcante do que o que se passou no interior das quatro linhas. Cinco dias antes, 15 de maio, a Academia do Sporting foi invadida por um grupo de homens encapuzados que entraram no balneário da equipa principal e agrediram jogadores e equipa técnica, naquela que foi descrita como uma das páginas mais negras do futebol português.
Chegou a ser ponderado o adiamento da final, mas o Sporting foi a jogo ainda com marcas físicas e psicológicas do que tinha acontecido dias antes. Um dos rostos mais visíveis do ataque, o avançado holandês Bas Dost, apresentou-se em campo com a cabeça ligada depois de sofrer um golpe durante a invasão.
Porém, o Desportivo das Aves não se fez rugado e agarrou a oportunidade única de fazer história, batendo os leões por 2-1. Coube a Alexandre Guedes, avançado com passado na Academia do Sporting, marcar os dois golos avenses, aos 16 e 72 minutos. Fredy Montero reduziu para os verde e brancos aos 85.



1 de agosto de 2020 – Estádio Cidade de Coimbra
Acontecesse o que acontecesse, seria sempre uma das finais mais marcantes de sempre. Marcada inicialmente para 24 de maio, a final da Taça de Portugal foi adiada para data a determinar devido à pandemia de covid-19, algo impensável alguns meses antes. Porém, a 30 de abril o ministério da Saúde e o primeiro-ministro António Costa aprovaram o reagendamento da final, que teria de ser jogada à porta fechada e noutro local que não o Estádio Nacional, por não reunir as condições sanitárias necessárias. A 2 de julho, foi anunciado que a final se jogaria a 1 de agosto, no Estádio Cidade de Coimbra.
Relativamente ao jogo, o campeão nacional FC Porto ficou reduzido a dez unidades quando o extremo colombiano Luis Díaz foi expulso por acumulação de amarelos aos 38 minutos e sem treinador no banco devido à expulsão de Sérgio Conceição cinco minutos depois, mas o que é certo é que os dragões marcaram dois golos na segunda parte através de um herói improvável: Chancel Mbemba. O central congolês, aparentemente destinado a ser suplente de Pepe e Marcano durante essa temporada, aproveitou a lesão do espanhol para ganhar a titularidade. Nessa noite, marcou aos 47 e aos 58 minutos os golos que colocaram os azuis e brancos com uma mão no troféu.
Já perto do apito final, o avançado brasileiro Carlos Vinicíus reduziu para o Benfica, na conversão de uma grande penalidade (84').











3 comentários:

  1. No post das taças de Portugal, falta sem dúvida falar da Finalíssima da Taça Portugal 1993-94 FC Porto Sporting, em que os jogadores do FCPorto recebem a taça e são apedrejados pelos adeptos do sporting. Acho que merecia destaque aqui ;)

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  2. E falta em 2013 quando o Vitória Sport Clube ganha a taça ao Benfas
    Essa não é importante
    Passam a frente

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  3. Vergonhoso não se referir por exemplo a primeira final da taça em democracia ou a finalissima do Sporting Boavista

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