Parisiense Vampeta protege a bola de Kandaurov |
Os primeiros jogos oficiais entre
Benfica
e Paris
Saint-Germain remontam a março de 2007, mas antes disso os dois emblemas
defrontaram-se em vários encontros de caráter particular. Por altura do início do
final dos anos 1990 e início do século XXI era até frequente ver as águias
deslocarem-se à capital francesa ou a outros pontos de França para realizarem
estágios de pré-época ou minidigressões durante paragens do campeonato, a fim
de manter e reforçar a ligação à comunidade emigrante.
A primeira partida de que me
recordo entre lisboetas
e parisienses
remonta a 7 de maio de 2001 e, se bem me lembro, terá sido transmitida pela TVI.
Na altura, as águias
orientadas por Toni ocupavam o 5.º lugar na I
Liga, a 19 pontos do líder Boavista,
a 15 do vice FC
Porto, a sete do Sporting
e a cinco do Sp.
Braga, pelo que, aquilo que interessava naquele momento era começar a
preparar a temporada seguinte. Se a memória não me atraiçoa, chegou-se até
falar que o reforço sonante Pedro Mantorras poderia integrar a comitiva que
viajou até Paris, algo que não veio acontecer. Nem o angolano nem três das
principais figuras da equipa: Robert Enke, João Tomás ou Van Hooijdonk.
Do outro lado estava um PSG
orientado por Luis Fernández e que, a duas jornadas do final da Ligue
1, ainda corria o risco de… descer de divisão. É verdade. Parece mentira,
mas aquele que hoje é um colosso do futebol europeu esteve várias vezes à beira
da despromoção já no século XXI. Para este jogo, que tinha em disputa a Taça da
Amizade, os gauleses
apresentaram-se com algumas segundas linhas, mas também com jogadores
internacionais como o central francês Frédéric Déhu, o médio defensivo
brasileiro Vampeta, o extremo francês (e futuro jogador benfiquista)
Laurent Robert e o avançado brasileiro Christian (que tinha passado por Estoril,
Estrela
da Amadora e Farense).
Do banco saltaram o médio ofensivo argelino Ali Benarbia, o avançado francês Mickaël
Madar e o lateral direito francês Bernard Mendy.
A crise que ambos os clubes
atravessavam refletiu-se também no resultado ao cabo dos 90 minutos: 0-0. No
desempate por grandes penalidades, o Benfica
foi mais forte, vencendo por 4-3. Paulo Madeira, Chano, Maniche e Fernando
Meira converteram as respetivas grandes penalidades, ao passo que Kandaurov
permitiu a defesa de Casagrande, e Bossio travou os remates de Benarbia e
Vampeta. Do lado parisiense
marcaram Mendy, Pierre Ducrocq e Robert.
“Na dança dos penaltis, Bossio,
como seria de esperar, deu o passo final, evitou o samba de Vampeta e permitiu
ao Benfica
erguer a Taça Amizade no Parque dos Príncipes, após um encontro em que a
atitude da equipa lusitana promete um final de campeonato, afinal, menos
horroroso do que se pensava. O primeiro tango em Paris, se os jogadores do Benfica
mantiverem o ritmo, poderá não ser o último, embora independentemente dos
resultados futuros, a grande conquista tenha sido feita ontem. Leia–se a
recuperação do espírito de união (alguns chamam-lhe amizade) entre os
jogadores. Esta (Taça) Amizade não tem preço. Até porque foi erguida numa
cidade em que não era (e continuará a não ser...) fácil para as equipas
portuguesas entrarem em campo com um sistema defensivo teoricamente...
“abundante”, passe a expressão. Toni recusou–se a ter medo de... ter medo e
apresentou um sistema tático que contemplou no onze inicial a inclusão de três
centrais. No treino da véspera, tinha sido percetível a intenção de devolver
Marchena à titularidade, perspetivando-se o sacrifício de Ronaldo, mas... a
verdade é que tanto o brasileiro como o espanhol acompanharam o líbero Paulo
Madeira no eixo da defesa. Os emigrantes portugueses presentes nas bancadas,
quando o Benfica
entrou, devem ter visto as imagens do França-Portugal passar por instantes no
Parque dos Príncipes, temendo que o esquema cauteloso da seleção nacional que
claudicou a 25 de Abril frente à França pudesse ser um sintoma do quão
arriscado estava a ser Toni, ao apostar de raiz em seis jogadores de apetência
defensiva (Meira incluído). Puro... receio, sem razão de ser graças à coragem e
solidariedade exibidas desde o minuto inicial pelo conjunto lisboeta, que mesmo
sem contar com o aríete Van Hooijdonk encontrou no pequeno Roger um substituto
à altura para o holandês, apesar de entre os dois existir quase 20 centímetros
de diferença”, podia ler-se no jornal O Jogo, numa crónica assinada por
João Rosado.
Dois anos depois, as duas equipas
voltaram a defrontar-se para a Taça da Amizade em Paris, desta feita com
triunfo parisiense
no desempate por grandes penalidades (6-5), após igualdade a um golo no final
dos 90 minutos.
Em termos oficiais, Benfica
e PSG
mediram forças pela primeira vez nos oitavos de final da Taça
UEFA em 2006-07. Na primeira-mão, em Paris, os gauleses
venceram por 2-1. No segundo jogo, na Luz, as águias
fizeram melhor, ganhando por 3-1, resultado que permitiu a passagem à
eliminatória seguinte.
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