A fisionomia, o estilo e os golos. Bruninho é agora o Bas Dost… da Tapadinha

Goleador da I Distrital da AF Setúbal assinou pelo Atlético

Chama-se Bruno Martinho, é conhecido por Bruninho no mundo do futebol, mas a fisionomia, o estilo e os golos que tem apontado na I Distrital da AF Setúbal nos últimos anos têm motivado comparações com Bas Dost, antigo avançado holandês do Sporting.

 

Com 10 golos (em 11 jogos) pelo Barreirense na época passada, 16 (em 13 encontros) pelo Oriental Dragon na anterior e 31 (em 28 partidas) pelo Fabril em 2018-19, o possante (1,90 m) e experiente (31 anos) ponta de lança não só se sagrou o melhor marcador do campeonato nas últimas três temporadas como subiu sempre ao Campeonato de Portugal nas derradeiras quatro - em 2017-18 festejou a subida no Amora. Já comprometido com o Atlético para a próxima temporada, numa altura em que está à beira de celebrar o 32.º aniversário, o objetivo será certamente transportar o que de tão bom fez na Verderena, na Medideira, no Alfredo da Silva e no Juncal para a Tapadinha, naquela que será a estreia na I Divisão Distrital da AF Lisboa.

 

“Sou alto e gosto sempre de jogar forte, agressivo. Não gosto de jogar para brincar. Jogo sempre para ganhar”. Foi assim que se descreveu numa entrevista a este blogue em fevereiro de 2019.

 

Porém, é a estampa física, a cabeça pelada, a qualidade no jogo aéreo e a eficácia na hora de remates à baliza que lhe têm valido comparações com o goleador holandês que agora atua no Club Brugge. “Tem a ver com a forma de jogar, de estar no campo… Mas o Bas Dost é mais de ataque, e eu defendo e ataco”, alertou Bruninho, que até num jogo pelo Fabril em Grândola já foi chamado de Bas Dost pelo… árbitro.

 

“O árbitro [Pedro Ferreira, do Núcleo de Setúbal] até me chamou ‘Bas Dost, tem lá calminha!’. Até pensei: ‘Bas Dost!? Mas confianças é que são essas!?”, contou o experiente avançado, fã de “Eden Hazard, Robert Lewandowski e de outros grandes jogadores”.

 

Emprego empurra-o para os distritais

A veia goleadora de Bruninho não tem passado despercebida aos clubes do Campeonato de Portugal. Porém, praticamente todos os emblemas do terceiro escalão do futebol nacional optam por treinar de manhã, algo incompatível para o goleador formado no Arrentela e que entre 2013 e 2015 disputou o campeonato de Macau.

 

“Tenho dois filhos, casa e carro para pagar. Não podia largar o trabalho para ganhar 600 ou 700 euros e treinar de manhã. Temos de olhar para os prós e para os contras”, contou, quando questionado porque não ficou no Amora após a promoção de 2018. Em 2019-20 chegou a jogar pelo Fabril no Campeonato de Portugal, mas as alterações nos horários dos treinos levaram-no a voltar à I Distrital da AF Setúbal. Após ajudar a subir Oriental Dragon e Barreirense, o problema voltou a colocar-se.

 

“Eu gostava de ter uma oportunidade noutro clube maior, mas nem sempre temos hipótese. E também é verdade que ando na I Distrital porque me permite não largar o trabalho”, confessou este distribuidor de móveis, que em 2021-22 vai atuar no histórico Atlético.

 

 

Luta a três pelo título?

Olhando para as movimentações do mercado de transferências na I Divisão Distrital da AF Lisboa, tudo aponta para uma luta a três pelo título de campeão.

 

O Atlético, que nas duas últimas épocas defraudou as expetativas pela forma como não conseguiu acompanhar o ritmo dos primeiros classificados, está claramente incluído nesse lote, tendo já anunciado, além da de Bruninho, as contratações de Nélson Pinhão (ex-Santa Iria), Fábio Freire e Pedro Seguro (ambos ex-Pêro Pinheiro), Diogo Santos e Pipas (ambos ex-Olímpico Montijo), Daniel Almeida (Real SC), Fábio Pimentel (Lusitano Évora), Gonçalo Fonseca (ex-Futebol Benfica), César Magalhães (ex-Alta de Lisboa), Jorge Rolo (ex-Barreirense), Martim Fonseca (ex-1º Dezembro) e Mateus Fonseca (ex-Real SC).

 

O Oriental, em estreia nos campeonatos distritais da AF Lisboa, também se tem reforçado com jogadores habituados a competir em patamares superiores, como são os casos de Diego Zaporo (ex-Estrela da Amadora), Marco Gomes, Luís Lucas e Francisco Pardana (todos ex-Pinhalnovense), Paulo Tavares (ex-Mortágua), Leandro Morais (ex-Olímpico Montijo), Bob (ex-Oliveira do Hospital), Adilson (ex-Oriental Dragon), Hugo Machado (ex-Loures) e Pedro Henriques (ex-Alverca), tendo ainda mantido futebolistas como André Marques e David Crespo.

 

Outro clube despromovido vindo do Campeonato de Portugal, o 1º Dezembro, está a preparar a sua primeira participação nos distritais lisboetas desde 2003-04 com as renovações de atletas como Lisandro Menezes, Edmar, Léo Correia, Samuka Rodrigues, Manuel Liz e Camilo Triana.

 

Ainda assim, convém recordar que o Lourinhanense também desceu do Campeonato de Portugal e que, nas derradeiras temporadas, outsiders como Damaiense e Alverca B (2020-21), Ericeirense (2019-20), Santa Iria (2017-18) e Alta de Lisboa (2016-17) conseguiram lutar pelos primeiros lugares.