Os internacionais angolanos que mais jogaram I Liga portuguesa |
Uns ainda no tempo do
colonialismo, outros após a independência do país africano. Uns
nasceram em Angola
mas nunca quiseram jogar pelos Palancas
Negras, outros até nasceram noutros países mas optaram por
representar o país de pais e/ou avós. Por isso, contabilizamos
neste ranking apenas os internacionais angolanos que jogaram na I
Liga portuguesa.
Neste top 10, em que
todos superaram a centena de encontros no primeiro
escalão do futebol luso, encontram-se três futebolistas que se
sagraram campeões e seis que superaram a fasquia dos 10 mil minutos
na competição.
Vale por isso a pena
conhecer esta lista.
10. André Macanga (117 jogos)
André Macanga |
Após uma boa campanha no
emblema de Paranhos (27 jogos), tornou-se internacional angolano
e foi contratado pelo FC Porto, mas não chegou a jogar de dragão ao
peito. Em 2000-01 esteve cedido ao Alverca
(20 jogos/um golo) e na temporada seguinte ao Vitória
de Guimarães (17 jogos/um golo). Em 2002-03 vinculou-se à
Académica (32 jogos/um golo) e na época que se seguiu vestiu as
cores do Boavista (21 jogos), sempre na primeiro
escalão do futebol português.
No verão de 2004 deixou
Portugal rumo ao futebol turco, para representar o Gaziantepspor, e
não mais voltou, tendo passado os últimos oito anos de carreira no
Médio Oriente, ao serviço de Al-Salmiya, Kuwait SC e Al-Jahra no
Kuwait e de Al-Shamal no Qatar. É já nesta fase da carreira que
participa nas Taças
das Nações Africanas de 2006, 2008 e 2012 e no Mundial
2006.
No total, contabilizou 70
jogos e dois golos pelos Palancas
Negras. É o sétimo jogador mais internacional de sempre por
Angola.
9. Quinzinho (123 jogos)
Quinzinho |
Nas duas épocas
seguintes foi emprestado a clubes que também militavam na I
Liga portuguesa, primeiro à União
de Leiria (18 jogos/3 golos) e depois ao Rio Ave (24 jogos/8
golos), tendo desfalcado os vila-condenses em fevereiro de 1998 em
virtude da participação dos Palancas
Negras na Taça
das Nações Africanas.
Em 1998-99 voltou às
Antas com Fernando Santos e até teve um registo razoável, de quatro
golos em 12 partidas, mas viveu quase sempre na sombra de Mário
Jardel, um dos principais goleadores do futebol europeu na altura.
A temporada seguinte é
iniciada na Liga Espanhola, ao serviço do Rayo Vallecano, mas
voltaria ao campeonato
português no mercado de inverno pela porta do Farense,
clube pelo qual apontou um golo em seis jogos.
Em 2000-01 esteve cedido
pelo FC Porto ao Desportivo das Aves (24 jogos/cinco golos) e na
época seguinte vinculou-se a título definitivo ao Alverca
(30 jogos/cinco golos). Curiosamente, desceu de divisão em ambas as
temporadas e não mais voltou a jogar na liga
portuguesa.
Seguiu-se uma aventura na
II Divisão B portuguesa ao serviço do Estoril,
sete anos no futebol chinês e o regresso a Angola
para representar Recreativo da Caála e a casa-mãe, o ASA.
Pela seleção
angolana disputou 36 jogos e marcou sete golos entre 1995 e 2005.
8. Lito Vidigal (130 jogos)
Lito Vidigal |
Depois de ter começado a
jogar futebol no clube da terra, O Elvas, evoluiu em emblemas
do distrito de Portalegre, como o Fronteirense, Estrela de
Portalegre e Campomaiorense, antes de se estrear na I
Liga em setembro de 1995 com a camisola do Belenenses.
Foi como jogador dos
azuis
do Restelo que somou as 16 internacionalizações que teve pela
seleção
angolana, tendo participado no CAN
1998. “Eu sentia que tinha algum dever para com Angola
e acabei por concretizar esse sentimento quando fui jogar pela
seleção e completei-o quando fui como treinador”, confessou à
Tribuna
Expresso em novembro de 2017.
No histórico clube
lisboeta permaneceu até ao verão de 2002, tendo efetuado 124 jogos
e marcado dois golos no campeonato
português. Após deixar Belém
continuou na I
Liga ao serviço dos açorianos do Santa
Clara, mas disputou apenas seis encontros antes de encerrar a
carreira na casa da partida, O Elvas, na III Divisão.
Findada a carreira de
futebolista, iniciou a de treinador, tendo levado a seleção
principal de Angola ao CAN
2012.
7. Mantorras (132 jogos)
Mantorras |
Na segunda época nos
ribatejanos
explodiu (27 jogos/9 golos), ao ponto de ter convencido o Benfica
a pagar cinco milhões de euros por metade do seu passe no verão de
2001. Rapidamente se tornou numa das principais figuras dos
encarnados,
tendo apontado 16 golos em 38 jogos no campeonato durante o primeiro
ano e meio na Luz.
Porém, foi assolado por
uma lesão no joelho direito que condicionou o seu futebol em
dezembro de 2002, quando tinha apenas 20 anos. Esteve afastado dos
relvados durante dois anos e desde então que ficou remetido para o
papel de arma secreta para os últimos minutos das partidas, tendo
tido um papel importante para a conquista do título nacional em
2004-05, ao apontar cinco golos. Embora os problemas físicos
tivessem limitado a sua carreira, permaneceu no Benfica
até 2010.
Em termos de seleção
angolana foi 31 vezes internacional e apontou cinco golos entre
2000 e 2010, tendo disputado o Mundial
2006 e a Taça
das Nações Africanas em 2006 e 2010, já depois de ter
participado no Campeonato do Mundo de sub-20 em 2001.
6. Vata (137 jogos)
Vata |
Os seus sete golos (em
16 jogos) não impediram a descida dos poveiros à II Divisão, mas
contribuiu para o regresso ao primeiro
escalão com 20 remates certeiros no patamar secundário. No
regresso à elite voltou a mostrar a sua veia goleadora, tendo
apontado oito golos (em 30 jogos) em 1986-87 e 11 (em 31) em 1987-88.
Nesta última
temporada voltou a não evitar a despromoção dos varzinistas, mas
os seus bons desempenhos captaram a atenção do Benfica,
clube que lhe deu a possibilidade de continuar a jogar ao mais alto
nível. Nunca foi propriamente um titular indiscutível na Luz,
mas não deixou de marcar golos: 16 (em 27 jogos) em 1988-89, 10 (em
22) em 1989-90 e três (em 11) em 1990-91.
Na primeira e na
terceira época de águia
ao peito foi campeão, na segunda contribuiu para a caminhada até à
final da Taça
dos Campeões Europeus com quatro golos, entre os quais um com a
mão ao Marselha que garantiu o apuramento para o jogo decisivo
(1-0).
Esse foi o auge de uma
carreira iniciada em Angola,
no Progresso Sambizanga (1980 a 1984) e concluída na Indonésia, ao
serviço do Gelora Dewata (1996-97 e 1999-00). Pelo meio, além das
passagens por Varzim e Benfica
na I
Liga portuguesa, jogou no Estrela
da Amadora (1991-92), no Torreense (1992-93), nos malteses do
Floriana (1993-94) e nos indonésios do Persija (1998-99).
Pela seleção
angolana disputou 65 jogos e marcou 20 golos entre 1985 e 1993.
5. Lázaro (148 jogos)
Lázaro |
Em três épocas ao
serviço da equipa da linha
de Cascais no primeiro
escalão, nunca foi opção regular, tendo efetuado um total de
36 jogos. Face à pouca utilização, foi ganhar novamente novamente
para as divisões secundárias ao serviço de Louletano e Penafiel,
regressando à elite do futebol luso pela porta do Estrela
da Amadora em 1997-98.
Depois de uma primeira
época de escassa utilização na Reboleira
(337 minutos distribuídos por 12 jogos), tornou-se um elemento
importante no meio-campo ofensivo dos amadorenses nas temporadas
seguintes. Até 2000-01 e em 2003-04 jogou na I
Liga, pelo meio representou o emblema tricolor na II Liga.
Em 2003-04 começou a
época no Estrela como jogador, mas depois tornou-se adjunto de
Miguel Quaresma no comando técnico da equipa principal. Seis anos
depois, em 2008-09, orientou a formação da Amadora
no primeiro
escalão.
Paralelamente disputou
seis jogos e marcou um golo pela seleção
angolana, tendo marcado presença no CAN
1998.
4. Luís Miguel (159 jogos)
Luís Miguel |
Em Alvalade nunca foi
um titular indiscutível, tendo disputado 41 jogos distribuídos por
três temporadas, sem qualquer golo para amostra no primeiro
escalão do futebol português. No último ano de verde e branco,
em fevereiro de 1998, representou Angola
na Taça
das Nações Africanas que decorreu no Burquina Faso, tendo
atuado nos jogos frente a África do Sul (0-0), Namíbia (3-3) e
Costa do Marfim (2-5).
No verão de 1998
vinculou-se ao Sp.
Braga, clube em que permaneceu ao longo de quatro anos, quase
sempre como figura secundária, tendo efetuado 81 encontros, mas mais
de metade como suplente utilizado.
Por fim, representou
ainda o Paços de Ferreira na elite do futebol português em 2002-03
e 2003-04, tendo somado um total de 37 partidas nessas duas
temporadas antes de terminar a carreira ao serviço do Felgueiras, na
II Liga, em 2004-05.
Pela seleção
angolana contabilizou 10 internacionalizações.
3. Wilson Eduardo (193 jogos)
Wilson Eduardo |
Depois de empréstimos
a Real
SC (II Divisão B) e Portimonense (II Liga), estreou-se na I
Liga em 2010-11 com a camisola do Beira-Mar (27 jogos/cinco
golos), clube ao qual esteve cedido pelos leões. Nas épocas
seguintes foi emprestado a Olhanense (27 jogos/sete golos) e
Académica (25 jogos/seis golos), tendo feito a estreia pela equipa
principal do Sporting somente em 2013-14 (20 jogos/três golos), pela
mão de Leonardo Jardim, treinador que já o tinha orientado em
Aveiro.
Porém, foi perdendo
espaço nos verde e brancos e na época seguinte voltou a ser
emprestado, desta feita aos croatas do Dínamo Zagreb e aos
holandeses do ADO Den Haag. Não voltou à casa mãe e desde 2015-16
que é jogador do Sp.
Braga, clube que o tem feito feliz: 94 jogos e 29 golos no
campeonato. No entanto, recentemente tem sido preterido das escolhas
de Rúben
Amorim por se encontrar em final de contrato.
Depois de 61
internacionalizações pelas seleções jovens portuguesas decidiu
representar Angola
em finais de 2018, tendo marcado o golo que apurou os Palancas
Negras para o CAN
2019. Entretanto participou na Taça
das Nações Africanas e contabiliza já seis jogos e dois golos
pela seleção
angolana.
2. Wilson (245 jogos)
Wilson |
No verão de 1994
salta diretamente do Caldas, que militava na II Divisão B, para o
Gil Vicente, que estava na I
Liga. Apesar de vir de um patamar competitivo inferior, o central
impôs-se com naturalidade em Barcelos, tendo disputado 84 jogos e
marcado dois golos em três temporadas no primeiro
escalão. Continuou nos gilistas após a despromoção à II
Liga, em 1997, mas ajudou o emblema de Barcelos a sagrar-se campeão
da II Liga e a subir de divisão em 1999. Pelo meio participou no CAN
1996, prova em que somou três das quatro internacionalizações pela
seleção
angolana que tem no currículo.
Após ajudar o Gil
Vicente a regressar à elite rumou ao Belenenses,
na altura também recém-promovido, tendo ficado ao clube até ao
verão de 2005, contabilizando 161 encontros na I
Liga, todos como titular, e um golo.
Depois despediu-se do
futebol profissional, aos 36 anos, e regressou ao clube que o viu
nascer para o futebol, o Ginásio Alcobaça, para três épocas
(2005-06 a 2007-08) na III Divisão.
1. Mateus (272 jogos)
Mateus |
Após ter despontado
nos alentejanos do Desportivo de Beja, transferiu-se para o Sporting
no verão de 2003, mas jogou apenas na equipa B. Ainda esteve
emprestado pelos leões ao Casa Pia, mas depois vinculou-se a título
definitivo ao Felgueiras, da II Liga, mas o clube suspendeu atividade
e acabou por rumar ao Lixa, da II Divisão B, e é de lá que salta
diretamente para a I
Liga, pela porta do Gil Vicente, em janeiro de 2006.
Em quatro jogos marcou
dois golos e ajudou os gilistas a assegurar a permanência dentro de
campo, mas a sua inscrição teve envolta em polémica, uma vez que o
jogador tinha sido inscrito como profissional no Felgueiras mas tinha
passado para a condição de amador no Lixa. Depois da abertura de
vários inquéritos e queixas de vários clubes, a Comissão
Disciplinar da Liga deliberou condenar o Gil Vicente com descida de
divisão, salvando assim o Belenenses
na despromoção. Enquanto a polémica estava instalada em Portugal,
o atacante angolano
estava na Alemanha ao serviço dos Palancas
Negras no Campeonato
do Mundo, dois anos depois de se ter tornado internacional por
Angola.
Em 2006-07, Mateus
jogou na II Liga pela formação de Barcelos, mas na época seguinte
voltou à I
Liga por intermédio do Boavista, clube pelo qual apontou dois
golos em 25 jogos, tendo disputado o CAN
2008 pelo meio. Curiosamente, os axadrezados foram despromovidos
nessa época... na secretaria, como consequência do caso Apito
Dourado.
Após mais uma
despromoção administrativa, reencontrou paz na carreira ao serviço
do Nacional, ajudando o clube madeirense a apurar-se para a Liga
Europa em 2009, 2011 e 2014. Pelo emblema da Choupana cumpriu 117
jogos e apontou 28 golos na I
Liga, e só não terá feito mais porque desfalcou a equipa nos
invernos de 2012 e 2013 para representar a seleção
angolana na Taça
das Nações Africanas.
Em janeiro de 2014
ingressou pela primeira vez no futebol angolano,
para duas temporadas no 1º de Agosto, tendo voltado à I
Liga portuguesa na segunda metade da época 2015-16 para ajudar o
Arouca a qualificar-se para a Liga
Europa. Ao serviço dos beirões disputou 46 jogos e marcou sete
golos em ano e meio no campeonato
português, tendo descido de divisão em 2016-17.
Apesar de mais uma
despromoção e de já ter 33 anos, convenceu o Boavista a fazê-lo
regressar ao Bessa no verão de 2017. Desde então que representa o
emblema axadrezado, pelo qual já contabiliza 80 jogos nesta segunda
passagem.
Oitavo na lista dos
mais internacionais de sempre por Angola,
com 67 jogos, e sexto no ranking de goleadores dos Palancas
Negras, com 12 golos, participou pela quarta vez no CAN
em 2019.
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