segunda-feira, 11 de março de 2024

O dentista que lançou Ronaldo e deu a última dobradinha ao Sporting. Quem se lembra de Laszlo Bölöni?

Bölöni venceu a dobradinha pelo Sporting em 2001-02
Um homem tranquilo, sempre com o seu mítico bloco de notas na mão, óculos na cabeça e que comunicava em francês. Laszlo Bölöni foi o penúltimo treinador a fazer do Sporting campeão – e o último a ganhar a dobradinha –  e em Alvalade ganhou a fama de lançar jovens jogadores: Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma à cabeça, mas também Hugo Viana, Custódio, Lourenço, Gisvi e Paíto.
 
Um dos melhores jogadores romenos de sempre, um médio organizador de grande qualidade técnica e mais de 100 vezes internacional pela seleção do seu país, foi uma das figuras da equipa do Steaua Bucareste que conquistou a Taça dos Campeões Europeus e a Supertaça Europeia em 1986, dois anos depois de ter marcado presença no Euro 1984. Paralelamente tirou o curso de medicina dentária e chegou a exercer a atividade de dentista, com consultório montado, seguindo as pisadas do pai (que perdeu precocemente) e do irmão.
 
Depois de uma longa carreira na Roménia, pendurou as botas e iniciou o percurso de treinador em França, tendo guiado o Nancy a uma promoção à Ligue 1 em 1996 e 1998, embora não tivesse evitado a descida de divisão à Ligue 2 também em duas ocasiões (1997 e 2000).
 
Em meados de 2000 foi nomeado selecionador nacional da Roménia, mas em julho de 2001 deixou a função para assinar pelo Sporting, depois de o forte investimento em jogadores experientes como Paulo Bento, João Vieira Pinto, Sá Pinto, Dimas ou Phil Babb não ter surtido efeito em 2000-01.
 
Após uma vitória sobre o FC Porto em Alvalade na jornada inaugural, o Sporting sofreu uma pesada derrota no Restelo (0-3) e um desaire caseiro diante do Alverca (0-1), saindo da terceira jornada da I Liga com apenas três pontos. Depois foi contratado Jardel. E os leões dispararam para o título, com o contributo imprescindível dos 42 golos do avançado brasileiro, que também faturou por sete vezes na campanha que culminou na conquista da Taça de Portugal. A consistência defensiva dada pela presença de Beto no lado direito da defesa e por André Cruz e Phil Babb no eixo defensivo era outros dos pilares dos verde e brancos. E assim os sportinguistas festejaram, ao som de “Só eu sei porque não ficou em casa”.
 
 
Após a euforia da dobradinha veio a depressão. No verão de 2002 Jardel desertou, ao passo que a grande muleta de “Super Mário” na época do título, João Vieira Pinto, foi castigado durante vários meses devido a um soco no árbitro durante o Portugal-Coreia do Sul do Campeonato do Mundo desse ano. Outra alternativa para o ataque que havia tido um começo de sonho em Alvalade, o também romeno Marius Niculae, nunca foi o mesmo desde uma lesão sofrida em dezembro de 2001. As boas notícias de 2002-03 foram a afirmação de Ricardo Quaresma e o despontar de Cristiano Ronaldo, que ainda assim estava demasiado verde para ser um jogador verdadeiramente decisivo.
 
Após dois anos em Lisboa, regressou a França, mas foi lembrado pelos sportinguistas durante 19 anos como o último treinador a fazer dos leões campeões nacionais.
 
  


   
 
  




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