terça-feira, 15 de dezembro de 2020

A minha primeira memória de… um jogo entre Sporting e Mafra

Chinês Zhang causou enormes dificuldades a Carriço e companhia
Não há muito por onde escolher. A minha primeira memória de um jogo entre Sporting e Mafra foi precisamente do primeiro e até esta terça-feira único encontro oficial entre os dois clubes do distrito de Lisboa, referente a 20 de janeiro de 2010, quando os mafrenses se deslocaram a Alvalade para um encontro dos oitavos de final da Taça de Portugal.
 
Nessa altura, os leões orientados por Carlos Carvalhal procuravam salvar uma época que em termos de campeonato estava a correr francamente mal, uma vez que ocupavam o quarto lugar à 16.ª jornada, a 12 pontos dos líderes Sp. Braga e Benfica. Em termos de Taça, tinham afastado Penafiel e Pescadores da Costa da Caparica nas eliminatórias anteriores.
 
Já o Mafra atingia pela primeira vez os oitavos de final da prova rainha, feito que haveria de repetir precisamente uma década depois. Orientado por Filipe Moreira, o então 11.º classificado da II Divisão B – Zona Centro tinha um plantel composto por jogadores com experiência de ligas profissionais, como o guarda-redes Márcio Santos (ex-Felgueiras e Académica), os médios Marco Paulo (ex-Estoril, Paços de Ferreira, Belenenses e Estrela da Amadora) e Catchana (ex-Beira-Mar) e o avançado chinês Yu Dabao (emprestado pelo Benfica) e outros que haveriam de lá chegar, como o central João Afonso (Belenenses), o lateral esquerdo Joãozinho (Beira-Mar, Sporting, Sp. Braga e Tondela, entre outros) e o atacante chinês Zhang Chengdong (União de Leiria e Beira-Mar).
 Relativamente ao jogo, o Sporting abriu o ativo à passagem do primeiro quarto de hora, por Matías Fernández, na conversão de uma grande penalidade.
 
No entanto, um minuto depois Zhang aproveitou a passividade da defesa leonina para empatar o encontro, na sequência de uma diagonal da esquerda para o meio.
 
A formação verde e branca voltou à vantagem aos 36 minutos, através de um cabeceamento certeiro de Daniel Carriço na resposta a um canto apontado por Matías Fernández a partir do lado esquerdo, e ampliou-a à beira do intervalo, novamente na sequência de um canto, desta feita executado por Vukcevic na direita e correspondido pela cabeça de Saleiro.
 
Logo no arranque do segundo tempo, o Sporting chegou ao 4-1 por intermédio de Yannick Djaló, depois de um cruzamento tenso de Vukcevic a partir do lado esquerdo ter desviado ainda em Matías Fernández.
 
No entanto, nem Mafra nem Zhang tinham dito ainda as suas últimas palavras. Aos 83 minutos, Rui Patrício foi traído pelo relvado e acabou por colocar a bola na cabeça do avançado chinês, que reduziu a desvantagem. E já em tempo de compensação, Zhang completou o hat trick ao ganhar nas alturas à defesa leonina depois de um cruzamento de Élio Wilson a partir do flanco direito. 4-3. Quem diria?
 
 
“Quando já avistava a última curva da eliminatória, o Sporting meteu os pés pelas mãos na linha defensiva – a uma atrapalhação de Rui Patrício causada pelo mau relvado (4-2) somou-se a fraca proteção aérea dos centrais Polga e Carriço (4-3). E, sofrendo com a eficácia de um surpreendente chinês chamado Zhang – marcou os três golos do Mafra –, acabou o jogo a tremer, procurando fugir de fantasmas de um passado recente. Mas aguentou-se, porque a meta estava à vista, seguindo em frente na Taça de Portugal. Isto numa noite que, não obstante os desatinos finais, serviu na perfeição para Carlos Carvalhal dar andamento a unidades menos rodadas – especialmente Yannick Djaló, Matías Fernández e Polga – e ensaiar uma diversidade de soluções técnicas e táticas ao longo do encontro, entre elas a colocação de Pedro Silva nas funções de lateral-esquerdo. Poderá estar aqui uma hipótese de sobrevivência de um… defesa-direito de raiz que perdeu espaço em face da contratação de João Pereira, mas cuja versatilidade lhe permite atuar sobre o flanco canhoto”, escreveu o jornal O Jogo.



















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