quinta-feira, 22 de abril de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica e Portimonense

David Luiz sai a jogar perante a oposição de jogadores algarvios
Tendo eu nascido em 1992, a minha primeira memória de um jogo entre Benfica e Portimonense remonta a 24 de outubro de 2010, quando os dois clubes se defrontaram pela primeira vez em 20 anos, tendo em conta que os algarvios estavam afastados da I Divisão desde 1989-90.
 
Recordo-me perfeitamente que nesse dia tinha ido com amigos sportinguistas e benfiquistas ao Estádio José Alvalade assistir a um Sporting-Rio Ave e que, no regresso a casa, alguns de nós estávamos a acompanhar o relato do Portimonense-Benfica através da rádio enquanto fazíamos a viagem de barco até ao Barreiro.

Embora não tenha assistido ao encontro, lembro-me que as águias então orientadas por Jorge Jesus tinham vencido por 1-0 no Estádio Algarve, com golo de Javi García. Nessa altura, os encarnados eram campeões em título, mas entraram em falso no campeonato, tendo sentido muito as saídas de Di María (para o Real Madrid) e Ramires (para o Chelsea). Já a sete pontos do FC Porto de André Villas Boas, com apenas sete jornadas disputados, o objetivo era recuperar o atraso pontual. Mas não estava fácil, porque os dragões não facilitavam.
 

A preocupação em mitigar a desvantagem pontual era tão grande que Jorge Jesus esqueceu a nota artística frente ao Portimonense de Litos, que até não tinha entrado particularmente mal no campeonato, com sete pontos somados ao cabo das sete primeiras jornadas.
 
“De regresso ao estádio do Algarve, após a conquista da Taça da Liga, Jorge Jesus não hesitou em adotar uma filosofia mais humilde, em claro contraste com aquilo que evidenciara em Lyon. Consciente da responsabilidade do desafio (as águias só ‘podiam’ ganhar ou… ganhar), o técnico dos encarnados, pouco tempo depois de ter visto Javi García bater Ventura, começou a pensar na melhor forma de conservar os três pontos, decretando um plano B de claro sentido defensivo. Sem sequer se deter no banco, Saviola foi a correr diretamente para os balneários à passagem do minuto 63, dando lugar no onze a Filipe Menezes, numa primeira medida que obrigou Aimar a subir no terreno e a formar dupla de ataque com Kardec. Ou seja, frente ao Portimonense, Jesus recriou no eixo atacante um par que normalmente só era escolhido para jogos de outro melindre, o que espelha o sentido da missão inerente à conquista dos três pontos no Algarve”, escreveu o Diário de Notícias.
 
 
Aquando do encontro da segunda volta, o cenário era ligeiramente diferente. Embora ainda só estivéssemos em março, o Benfica estava a 11 pontos do líder FC Porto e com 15 de vantagem sobre o Sporting, que era terceiro classificado. Ou seja, dificilmente o desfecho do campeonato levaria as águias para outra posição que não a segunda. Por isso, e porque os encarnados ainda estavam vivos na Liga Europa, Jorge Jesus poupou os habituais titulares e apresentou as suas segundas linhas para receber os algarvios.
 
Já o Portimonense tinha caído para o último lugar, a cinco pontos da zona de salvação, e nessa fase da época já era orientado por Carlos Azenha, um antigo adjunto de Jorge Jesus no Vitória de Setúbal e de Jesualdo Ferreira no FC Porto, que na época anterior, enquanto técnico principal dos sadinos, tinha sido brindado na Luz com uma goleada por 8-1 do Benfica de Jesus.
 
No entanto, os alvinegros apresentaram-se organizados no reduto benfiquista e aproveitaram a menor rodagem dos homens de encarnado para causar dificuldades. Aos 28 minutos, Ricardo Pessoa abriu o ativo para a equipa do sul do país na conversão de uma grande penalidade. Porém, o recém-entrado Nuno Gomes, então um veterano que marcava quase sempre que entrada, mas que Jorge Jesus insistia em guardar no banco, empatou o encontro aos 77’.
 
“Depois da derrota em Braga, que deixou praticamente o título nas mãos do FC Porto, o Benfica disse ontem claramente que só a Liga Europa interessa nesta altura, realizando, frente ao Portimonense, a sua pior exibição da época e empatando 1-1. O conjunto algarvio, sempre muito bem organizado, marcou primeiro, por Ricardo Pessoa, na transformação de uma grande penalidade cometida por Roderick (que ingenuidade!), e as águias responderam já perto do final por... Nuno Gomes. Sim, esse mesmo que Jorge Jesus teima em manter longe dos grandes momentos, mas que vai resolvendo e ajudando a resolver sempre que entra em ação. Ontem não foi exceção, e a sua serenidade acabou por ser importante para o desfecho, até porque já se desenhava a segunda derrota caseira da temporada na Liga. O 21, contudo, mostrou que está vivo – e bem vivo!”, podia ler-se na crónica do jornal O Jogo.
 
 
O Portimonense acabou mesmo por ser despromovido à II Liga, enquanto o Benfica foi, sem surpresas, o segundo classificado. No entanto, na época seguinte os dois emblemas defrontaram-se em Portimão para um jogo da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal.
 
Mergulhados numa crise que chegou a ameaçar o futuro do futebol profissional, os alvinegros carregavam na altura a lanterna vermelha da II Liga, mas apresentou-se organizado frente a um Benfica que mais uma vez apresentou algumas segundas linhas, como Miguel Vítor, Capdevila, David Simão e Nélson Oliveira.
 
Após uma primeira parte sem golos, Bruno César (59 minutos) e Rodrigo (72’) marcaram os golos que garantiram a passagem do Benfica à ronda seguinte.












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