Fundado a 8 de agosto de 1946, o Clube
Oriental de Lisboa nasceu da fusão de três clubes da zona oriental da capital,
o Chelas Futebol Clube, Marvilense Futebol Clube e Grupo Desportivo "Os
Fósforos", com o objetivo de formar um novo e mais pujante emblema
lisboeta.
Desportivamente os guerreiros de
Marvila viveram o período áureo da sua história na década de 1950, quando somou
cinco das sete presenças que tem na I
Divisão (1950-51 e 1951-52, 1953-54, 1956-57 e 1957-58). Logo na estreia,
em 1950-51, os lisboetas obtiveram a melhor classificação da sua história, o
quinto lugar, tendo terminado o campeonato apenas atrás de Sporting,
FC
Porto, Benfica
e Atlético.
Após uma travessia de década e
meia na II Divisão, o popular C.O.L. voltou à elite
do futebol português na década de 1970, participando nos campeonatos de
1973-74 e 1974-75.
Desde então que os orientalistas
têm estado afastado dos grandes palcos, embora tenham competido na II Liga
entre 2014 e 2016.
Durante sete presenças na I
Divisão, 108 futebolistas representaram o Oriental. Vale por isso a pena
recordar os 10 que o fizeram por mais vezes.
10. Quim (55 jogos)
Quim |
Chamavam-lhe o Cruyff
de Marvila. Avançado já com alguma experiência na I
Divisão adquirida ao serviço da CUF
e da Académica, juntou-se ao Oriental em 1972-73, ajudando a formação lisboeta
a subir ao primeiro
escalão nessa temporada.
“Na altura, para onde o Oriental
ia, ia muito gente atrás. Nesse dia, quando jogámos contra o União de Coimbra,
o estádio estava completamente cheio, não cabia mais ninguém. No fim do jogo,
tiraram-me a roupa toda a festejar. Fiquei só de cuecas. Não sei como não mas
tiraram também”, contou ao Maisfutebol
em abril de 2004.
Seguiram-se duas épocas em
Marvila no patamar
maior do futebol português, assumindo um papel de estrela da companhia. Na
primeira disputou 28 jogos (26 a titular) e apontou três golos, frente a Vitória
de Guimarães, Barreirense,
Leixões (três), FC
Porto, Olhanense,
Belenenses
e CUF.
Na segunda atuou em 27 partidas
(todas a titular) e somou seis remates certeiros, marcados diante de União
de Tomar, Vitória
de Guimarães (dois), Atlético, Farense
e CUF,
não evitando a descida de divisão, o momento mais triste que viveu nos
orientalistas: “Fomos a Aveiro jogar contra o Beira Mar a liguilha da descida.
Perdemos lá e a viagem para Lisboa foi uma tristeza. Parecia que vínhamos de um
funeral.”
Após a despromoção do Oriental
continuou na I
Divisão ao serviço do Estoril.
“Passei por vários clubes, mas o Oriental é especial. Foi dos que mais me
marcaram”, confessou.
9. Pina (56 jogos)
José Pina |
Extremo esquerdo que surgiu na
equipa principal do Oriental em 1948-49, depois de ter começado a jogar no “Os
Fósforos” em véspera da fusão, foi um dos obreiros da primeira promoção à I
Divisão, em 1950.
Seguiram-se duas temporadas pelos
guerreiros de Marvila no primeiro
escalão do futebol português. Em 1950-51 disputou 13 jogos e marcou quatro
golos, diante de Belenenses,
Estoril,
Vitória
de Guimarães e Olhanense.
Na época seguinte até atuou em menos um encontro, mas somou mais três remates
certeiros, apontados frente a Sp.
Braga, Barreirense
(três), Belenenses,
Sporting
e Estoril,
embora não tivesse evitado a despromoção.
Em 1952-53 ajudou o C.O.L. a
sagrar-se campeão nacional da II Divisão e na temporada que se seguiu
participou em 15 partidas e faturou por sete vezes no patamar
maior do futebol português, tendo marcado a Belenenses
(dois), Sp.
Braga, Vitória
de Setúbal e Académica (três), mas não evitando novamente a despromoção.
Entretanto mudou-se para o
Torreense, mas voltou aos orientalistas em 1957-58, tendo disputado 16 jogos e
dois golos no campeonato, frente a Sp.
Braga e Salgueiros, voltando a estar associado a uma descida de divisão.
Depois continuou no clube por
mais dois anos, na II Divisão.
8. França (56 jogos)
Carlos França |
Disputou 56 jogos tal como José
Pina, mas amealhou mais 15 minutos em campo – 5040 contra 5025.
Mais um atacante, que juntamente
com Almeida, Leitão, Vicente e Pina formou uma linha avançada inesquecível.
França começou a jogar futebol
ainda antes da fundação do Oriental, tendo representado um dos clubes que lhe
deu origem, "Os Fósforos", em 1945-46, já depois de ter passado pelo Sporting.
Após a fusão passou logo a fazer
parte da equipa do Oriental, tendo contribuído para a promoção à I
Divisão em 1950. Seguiram-se duas temporadas no primeiro
escalão do futebol português. Em 1950-51 disputou 25 jogos e marcou nove
golos, frente a Boavista (quatro), Vitória
de Setúbal, Académica, Olhanense,
Benfica
e Atlético. Na época seguinte atuou em 21 partidas e somou sete remates
certeiros, diante de Atlético (dois), Barreirense
(três), Estoril
e Vitória
de Guimarães, insuficientes para evitar a despromoção.
Em 1952-53 ajudou o Oriental a
conquistar o título nacional da II Divisão e na época seguinte despediu-se do
futebol português, amealhando mais dez jogos e quatro golos, apontados frente a
Vitória
de Setúbal, Vitória
de Guimarães, Barreirense
e FC
Porto, não evitando mais uma vez a despromoção.
Após a descida de divisão
continuou no clube por mais duas temporadas, contribuindo para a conquista do
título nacional da II Divisão em 1955-56, na última época antes de pendurar as
botas.
6. Isidoro de Jesus (63 jogos)
Isidoro de Jesus |
Médio tecnicista natural do
bairro de Trás os Fósforos, um dos mais típicos da zona oriental de Lisboa,
começou a jogar pelas reservas de “Os Fósforos” em 1936-37.
Em 1946, com a fusão e
consequente nascimento do Oriental, herda a braçadeira e torna-se no primeiro
capitão de equipa do clube, desempenhando um papel importante na promoção dos
guerreiros de Marvila à I
Divisão em 1950.
Em 1950-51 disputa 21 jogos no primeiro
escalão e na época seguinte foi mais longe, tendo atuado em 24 partidas e
marcado três golos, frente a Estoril,
FC
Porto e Sp.
Covilhã, insuficientes para evitar a despromoção.
Em 1952-53 conquistou o título
nacional da II Divisão e na temporada que se seguiu participou em 18 encontros,
descendo mais uma vez de divisão, antes de pendurar as botas.
Além de futebolista foi sócio
fundador, intervindo sempre em assembleia geral, e treinador adjunto, tendo
chegado a assumir interinamente o cargo de técnico principal em 1957, após a
demissão de Janos Biri.
6. Mário Luz (63 jogos)
Mário Luz |
Defesa central de posição,
começou a jogar futebol nos juniores do Oriental e chegou à equipa principal em
1951-52, época em que disputou um jogo na I
Divisão.
Na temporada seguinte contribuiu
para a conquista do título nacional da II Divisão, seguindo-se um ano no primeiro
escalão em que participou em 15 encontros, mostrando-se impotente para
evitar a despromoção.
Em 1956 voltou a sagrar-se
campeão nacional da II Divisão e nos dois anos que se seguiram atuou num total
de 47 partidas no patamar
maior do futebol português, descendo novamente de divisão em 1958.
Haveria de continuar no clube até
1961, quando rumou ao Atlético. "O Oriental para mim foi sempre, e continua a ser um clube de elite. Não penso noutro clube. Podem falar-me do Sporting, Benfica ou FC Porto, mas eu não ligo a nada disso. Sempre segui os jogos do Oriental. Ainda hoje, compro o jornal à segunda-feira, ou ligo para a sede, para saber o resultado do Oriental", afirmou ao portal Com Sabor a Povo e a Romance.
5. Alfredo Abrantes (75 jogos)
Alfredo Abrantes |
Natural da zona dos Olivais,
começou a jogar no Desportivo das Lajes, dos Olivais, integrando a equipa de
juniores do Oriental por influência do primo Leitão, ainda sem ter idade.
Extremo direito convertido em defesa central, ganhou a alcunha de “três pés”
pela forma rápida e subtil com que desarmava os adversários, tendo contribuído
para a primeira promoção à I
Divisão, em 1950.
Seguiram-se duas épocas no primeiro
escalão do futebol português nas quais disputou um total de 51 jogos, não
evitando a despromoção em 1952.
Em 1952-53 sagrou-se campeão
nacional da II Divisão e na temporada que se seguiu atuou em 24 partidas no patamar
maior do futebol português, voltando a descer de divisão.
Ainda assim, valorizou-se e deu o
salto para o Benfica,
clube pelo qual venceu três campeonatos nacionais e outras tantas Taças
de Portugal e que lhe possibilitou jogar pela seleção nacional em 1959.
4. Almeida (103 jogos)
Almeida |
Avançado que iniciou a carreira
no Estoril,
reforçou o Oriental na época de estreia do clube na I
Divisão, em 1950-51, notabilizando-se como parte da famosa linha ofensiva
que também incluía Leitão, França, Vicente e Pina.
Na primeira temporada em Marvila
começou a construir o recorde de jogador com mais golos pela formação grená no primeiro
escalão (25), ao somar quatro remates certeiros em 14 jogos – Vitória
de Guimarães, Atlético (dois) e Vitória
de Setúbal foram as vítimas de Leitão.
Na época seguinte atuou em 15
partidas e apontou 11 golos, apontados frente a FC
Porto (três), Benfica,
Vitória
de Guimarães, Atlético (dois), Belenenses,
Estoril
e Boavista (dois), não evitando a despromoção.
Em 1952-53 contribuiu para a
conquista do título nacional da II Divisão e na temporada que se seguiu
participou em 20 encontros e faturou por cinco vezes, diante de Barreirense,
FC
Porto, Sporting
(dois) e Lusitano Évora, voltando a descer de divisão.
Ainda assim, continuou no clube e
em 1955-56 voltou a sagrar-se campeão nacional da II Divisão. Seguiram-se mais
dois anos entre a elite
do futebol português, nos quais disputou um total de 29 jogos e marcou
cinco golos – ao Vitória
de Setúbal e 1956-57 e a Académica (dois) e CUF
(dois) em 1957-58.
Haveria de encerrar a carreira
após a despromoção em 1958.
3. Capelo (82 jogos)
Capelo |
Defesa esquerdo que começou a
jogar nas camadas jovens de “Os Fósforos”, passou para o Oriental após a fusão
e vestiu a camisola grená durante uma década, ainda que não tenha disputado
qualquer jogo na época de estreia dos marvilenses na I
Divisão, em 1950-51.
Porém, na época seguinte foi
utilizado em 21 encontros no primeiro
escalão, não evitando a descida de divisão.
Em 1952-53 sagrou-se campeão
nacional da II Divisão e na temporada que se seguiu atuou em 26 partidas,
voltando a mostrar-se impotente para evitar a despromoção.
Em 1955-56 venceu novamente o
título nacional da II Divisão e nas duas épocas seguintes participou num total
de 35 jogos no patamar
maior do futebol português, voltando a estar associado a uma descida de
divisão em 1958.
2. Leitão (95 jogos)
Leitão |
Mais um jogador no Bairro de Trás
os Fósforos, curiosamente na rua Capitão Leitão, logo ele que haveria de se tornar
o segundo capitão da história do Oriental após a retirada de Isidoro de Jesus.
Interior direito de posição,
iniciou a carreira no Colégio Clube, agremiação do Páteo Colégio, bem perto do
Poço do Bispo, começando a jogar pelos seniores de “Os Fósforos” ainda com
idade de júnior, em 1944.
Após a fusão integrou o plantel
do Oriental, tendo estado nas cinco presenças da formação de Marvila na I
Divisão durante a década de 1950, além de ter participado na promoção de
1950 e na conquista dos títulos nacionais da II Divisão em 1952-53 e 1955-56.
Nesse período disputou 95 jogos e
marcou 22 golos na I
Divisão. Boavista (dois), Olhanense
e FC
Porto em 1950-51, Barreirense,
Belenenses,
Vitória
de Guimarães (dois), Estoril
e Boavista em 1951-52, Vitória
de Setúbal, Sporting
e Lusitano Évora (dois) em 1953-54, Lusitano Évora (dois), Vitória
de Setúbal, Benfica,
Sp.
Covilhã e Caldas
em 1956-57 e Barreirense
e Lusitano Évora em 1957-58 foram as vítimas de António Correia Leitão, sócio
desde o dia da fusão.
1. Morais (116 jogos)
Morais |
Emblemático defesa direito, jogou
no Marvilense antes da fusão e depois passou para o Oriental, ajudando a
formação grená a ascender à I
Divisão em 1950.
Nas duas primeiras épocas entre a
elite
do futebol português disputou um total de 50 jogos e marcou um golo ao
Boavista em 1950-51, não evitando a despromoção em 1952.
Em 1952-53 sagrou-se campeão
nacional da II Divisão e na temporada seguinte atuou em 23 encontros e marcou
um golo ao Lusitano Évora, voltando a estar associado a uma descida de divisão.
No regresso ao segundo escalão,
conquistou o titulo nacional da II Divisão em 1955-56, voltando a participar no
primeiro
escalão entre 1956 e 1958, tendo somado um total de 43 partidas a pontado
um golo à Académica em 1956-57.
Haveria de continuar no clube até
1961, quando pendurou as botas.
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