Estádio José Alvalade foi inaugurado a 6 de agosto de 2003 |
Arquitetado por Tomás Taveira e
com um custo de construção de 105 milhões de euros, recebe os jogos do Sporting
em casa, mas também foi palco de sete compromissos da seleção nacional, tendo
também acolhido cinco jogos do Euro 2004, a final da Taça UEFA em 2004-05 e encontros da final
eight da Liga dos Campeões em 2019-20.
Além do estádio como recinto
desportivo, o complexo Alvalade XXI inclui o centro comercial Alvaláxia (com
restaurantes, lojas e salas de cinema), um museu, um pavilhão desportivo, uma
clínica, um ginásio e um edifício de escritórios.
Vale por isso a pena recordar os
dez jogos mais marcantes de sempre do novo Estádio José Alvalade.
6 de agosto de 2003 – Jogo de
inauguração do Estádio José Alvalade
20 de junho de 2004 – Euro
2004 (3.ª jornada da fase de grupos)
Um jogo que será recordado para
sempre por quem o viveu. Portugal organizava o Euro 2004, mas corria o sério
risco de pela primeira vez não ir além da fase de grupos. Após a derrota na
estreia às mãos da Grécia e de uma vitória sobre a Rússia na segunda jornada, a
seleção nacional estava obrigada a ganhar à vizinha Espanha, que nunca tinha
vencido em jogos oficiais, para seguir em frente na competição. Iker
Casillas, Carles Puyol, Xabi
Alonso, Raúl e Fernando Torres eram algumas das figuras de la roja.
Ao intervalo, com o resultado
empatado a zero, o selecionador Luiz Felipe Scolari decide substituir Pauleta,
que tinha marcado golos atrás de golos durante a fase de preparação, mas que
ainda estava em branco no torneio, por Nuno Gomes, um avançado com menos olhos
para a baliza, mas com mais vocação para combinar com os companheiros.
Porém, ao minuto 57 Nuno Gomes decidiu
esquecer os companheiros e meter os olhos na baliza adversária. “Eu respeitava
demasiadas vezes os movimentos dos companheiros. Alguns críticos apontavam-me o
facto de não ser egoísta como um defeito para um ponta de lança, e em parte
concordo com eles. Por isso, quando o Figo inicia o lance, a lógica diz-me para
fazer o 1-2 com ele. Acontece que já naquela altura se analisavam os adversários
em pormenor, e acredito que os defesas espanhóis sabiam perfeitamente as
diferenças entre a minha forma de jogar e a do Pauleta. Quando o Figo corre
para o meio vê-se que dois deles [Juanito e Albelda] acompanham o movimento
para fechar. É nesse momento que hesito e me lembro de fugir, por uma vez, aos
meus princípios como jogador. Muitas vezes quando recebemos de costas para a
baliza nem temos tempo para dominar, sentimos logo o central nos calcanhares.
Mas nesse caso percebi que ele [Helguera] não tinha acompanhado e estava à
espera da entrada do Figo. Por isso, uma vez tomada a decisão, tenho tempo para
dominar, rodar e preparar o remate. Muitas vezes o defesa que sai ao remate
levanta uma perna, para aumentar o volume do corpo. Os avançados sabem que se a
bola passar aí o guarda-redes não a vê logo. Acho que foi isso que aconteceu:
quando rematei a bola passou muito perto das pernas do Juanito, primeiro, e do
Helguera, depois, e o Casillas
não a viu partir. Quando viu, já não podia chegar a tempo”, descreveu o
marcador do golo ao Maisfutebol.
Depois Portugal resistiu durante
a última meia hora e carimbou o passaporte para os quartos de final.
30 de junho de 2004 – Euro
2004 (meias-finais)
Portugal
2-1 Holanda
Pela quarta vez, Portugal chegava
às meias-finais de uma grande competição. Porém, nem no Mundial 1966 nem nos
Europeus de 1984 e 2000 a equipa das quinas foi capaz de passar à final.
No entanto, a história haveria de
mudar na noite quente de 30 de junho de 2004, frente à Holanda de Van der Sar,
Stam, Van Bronckhorst, Davids, Seedorf, Robben, Van Nistelrooy e Overmars,
entre outros.
Perto da meia hora de jogo, Cristiano
Ronaldo salta mais alto do que toda a gente na área holandesa e, na
resposta a um canto de Deco, inaugura o marcador através de um cabeceamento
certeiro (26’).
No segundo tempo, Cristiano
Ronaldo executa um canto à maneira curta e coloca à bola em Maniche, que de
ângulo improvável, junto a um dos vértices da área contrária, dispara para o
fundo das redes e aponta um dos melhores golos de sempre dos Campeonatos da
Europa (58’).
Pouco depois a seleção holandesa
reduziu, através de um autogolo de Jorge Andrade (63’), mas Portugal segurou a
vantagem e apurou-se para a final.
14 de abril de 2005 – Taça UEFA 2004-05 (2.ª mão dos quartos-de-final)
Uma das noites mais épicas não só
do novo Estádio José Alvalade como também da história do Sporting.
Apesar da derrota por 0-1 em St.
James Park na primeira-mão, os leões
ainda alimentavam a esperança de vir a disputar a final na sua própria casa.
Porém, esse sonho pareceu começar a ruir aos 20 minutos, quando Kieron Dyer
colocou os ingleses em vantagem, o que obrigava a equipa orientado por José
Peseiro a marcar pelo menos mais três golos – desde que não sofresse – para
seguir em frente.
A eliminatória estava bastante
complicada para os verde
e brancos, mas o avançado romeno Marius Niculae, que nessa época estava a
ser pouco utilizado, empatou o jogo à beira do intervalo e deu esperança ao Sporting.
O resultado manteve-se igualado
até à entrada para os últimos 20 minutos, mas depois a formação leonina marcou dois
golos de rajada por Sá
Pinto (71’) e Beto (76’), tendo ainda chegado ao 4-1 por Rochemback em
tempo de compensação.
Uma noite memorável, não só
porque o Sporting
voltou a disputar uma meia-final europeia 14 anos depois, mas também porque do
outro lado estava uma equipa com pergaminhos, comandada por Graeme Souness e
liderada em campo pelo goleador Alan Shearer.
18 de maio de 2005 – Taça UEFA
2004-05 (final)
Se o jogo frente ao Newcastle foi
épico, o encontro da final foi sem dúvida a maior desilusão que o novo Estádio
José Alvalade viveu. E dificilmente viverá um acontecimento tão frustrante.
A jogar em casa e a disputar pela
primeira vez uma final da Taça UEFA, o Sporting
até começou melhor e adiantou-se no marcador pouco antes da meia hora, através
de um belo remate de fora da área do médio brasileiro Rogério (28’).
Na segunda parte, porém, o CSKA
Moscovo atirou um balde de água gelada sobre Alvalade. Com o médio
brasileiro Daniel Carvalho em grande plano, ao fazer três assistências, o
empate surgiu pela cabeça de Aleksey Berezutskiy aos 57 minutos, na sequência
de um livre lateral. Oito minutos depois Yuri Zhirkov apareceu desmarcado na
cara de Ricardo e deu vantagem aos russos.
O Sporting
foi atrás do empate, mas na mesma jogada João
Moutinho atirou para defesa de Akinfeev e Rogério acertou no poste. Na
resposta, o guardião dos moscovitas
lançou Daniel Carvalho sobre o lado esquerdo e o brasileiro assistiu o compatriota
Vágner Love para o 3-1 (74’).
O CSKA,
que
tinha caído da Liga dos Campeões por ficar atrás do FC Porto na fase de grupos,
eliminou
o Benfica nos 16 avos de final da Taça UEFA, bateu o Sporting
na final e tornou-se o primeiro clube russo a vencer uma competição europeia.
8 de abril de 2006 – I Liga
(30.ª jornada)
O FC
Porto de Co Adriaanse entrou para o clássico de Alvalade com dois pontos de
vantagem sobre o Sporting
de Paulo Bento à entrada para as últimas cinco jornadas, ou seja, tratava-se de
mais um confronto crucial para as contas do título – se os leões
vencessem, saltavam para a liderança; se fossem os portistas
a triunfar, davam uma machadada final nas aspirações sportinguistas.
Contudo, ao contrário do que
aconteceu em 2000, o leão
foi incapaz de ultrapassar o rival, acabando até por sair derrotado e permitir
que os dragões
embalassem para o título.
O único golo do encontro foi
apontado pelo médio ofensivo brasileiro Jorginho, aos 84 minutos, numa fase em
que ambas as equipas já estavam reduzidas a dez devido às expulsões de Sá
Pinto e Bosingwa.
12 de setembro de 2006 – Liga dos Campeões (1.ª jornada da fase de grupos)
Seis anos depois, o Sporting
regressava à Liga dos Campeões e o novo Estádio José Alvalade estreava-se na
competição. Pela frente estava o Inter de Milão, que tinha empatado a zero
naquele mesmo palco um mês antes, no jogo de apresentação dos leões,
e que tinha uma equipa de luxo: Toldo, Córdoba, Samuel, Maicon, Grosso, Patrick
Vieira, Dacourt, Stankovic, Figo, Ibrahimovic e Adriano no onze; Júlio César,
Javier Zanetti, Materazzi, Maxwell, Mariano González, Solari e Crespo no banco.
Apesar do poderio do adversário,
que na altura estava a começar um período de hegemonia em Itália, um Sporting
bastante jovem, com jogadores como Miguel Veloso, João
Moutinho, Nani e Yannick
Djaló no onze, susteve o ímpeto dos nerazzurri
e venceu por 1-0, com um grande golo do improvável Marco Caneira aos 64
minutos.
16 de abril de 2008 – Taça
de Portugal (meias-finais)
Os dérbis e clássicos do século
XXI não têm sido propriamente produtivo em termos de golos, mas este de 2007-08
foi uma exceção à regra. Numa época em que o FC
Porto conquistou o campeonato de forma confortável, restava a Taça
de Portugal para os grandes de Lisboa se consolarem.
Em Alvalade, o Benfica
de Fernando Chalana foi para intervalo a vencer por 2-0, com golos de Rui Costa
(19 minutos) e Nuno Gomes (31’), construindo uma vantagem que se manteve até
meio da segunda parte.
No entanto, o Sporting
de Paulo Bento operou a reviravolta numa reta final caótica, que teve seis
golos em 25 minutos. Yannick
Djaló reduziu aos 68’, Liedson empatou aos 76’ e Derlei fez o 3-2 para os leões
aos 79’. O benfiquista Cristián Rodríguez voltou a deixar tudo igualado aos
82’, mas os verde
e brancos marcaram por mais duas vezes até ao apito final, por Yannick
Djaló (84’) e Simon Vukcevic (90+3’).
5 de março de 2016 – I Liga (25.ª
jornada)
Há 14 anos sem ser campeão, o Sporting
estava em posição privilegiada para conseguir o tão ansiado. Tinha recrutado o
treinador Jorge
Jesus, que havia saído do Benfica,
venceu o rival nos três primeiros encontros entre ambos na temporada
(Supertaça, campeonato e Taça
de Portugal), praticava bom futebol e entrou no clássico da segunda volta,
em Alvalade, com um ponto de avanço sobre as águias.
Um triunfo dos leões
poderia ter contornos decisivos na luta pelo título, mas o Benfica
de Rui Vitória entrou melhor no encontro e inaugurou o marcador, aos 20
minutos, por intermédio do avançado grego Kostas Mitroglou, que Jesus
quis levar para o Sporting.
Os verde
e brancos foram à procura do empate e estiveram bastante perto de o
conseguir aos 72’, quando à boca da baliza Bryan Ruiz falhou clamorosamente o
golo, quando a escassos centímetros da baliza e com o guardião Ederson batido
atirou por cima da trave.
No entanto, o apito final
confirmou a vitória e a ultrapassagem do Benfica.
Até final do campeonato, as duas equipas venceram os nove encontros que lhes
restavam e os encarnados
foram campeões.
11 de maio de 2021 – I Liga (32.ª jornada)
Ao fim de quase 18 anos de existência, finalmente o novo Estádio José Alvalade viu o Sporting campeão, ainda que numa temporada em que os adeptos não puderam ir aos recintos desportivos, por força das restrições impostas para combater a pandemia de covid-19.
Contra todas as expetativas, tendo em conta o quarto lugar na época anterior e o plantel muito jovem e com poucos nomes conceituados, os leões subiram à liderança à 6.ª jornada e não mais a largaram, conseguindo até cavar uma vantagem considerável para os rivais, o que lhes permitiu continuar em primeiro lugar após um período em que somaram três empates em quatro jogos, numa altura em que o título já estava à vista.
O jogo do título aconteceu na 32.ª e antepenúltima jornada. Com cinco pontos de vantagem sobre o FC Porto, que já tinha jogado nessa ronda, a equipa orientada por Rúben Amorim conquistaria o título que fugia ao Sporting há 19 anos se vencesse na receção ao Boavista, e foi isso que aconteceu. Como tantas vezes nessa temporada, pela margem mínima.
Na sequência de um trabalho brilhante de João Mário, Nuno Santos cruzou para o interior da área, onde o reforço de inverno Paulinho rematou para o fundo das redes aos 36 minutos, garantindo assim o triunfo por 1-0.
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