quinta-feira, 10 de abril de 2025

Wynder foi o quarto americano a jogar pelo Benfica. Recorde os três primeiros e o que não chegou a estrear-se

Os primeiros quatro americanos a pertencer ao plantel do Benfica
Lançado esta quarta-feira por Bruno Lage a quinze minutos do fim na goleada do Benfica sobre o Tirsense em Barcelos (5-0), na primeira-mão das meias-finais da Taça de Portugal, o defesa central Joshua Wynder tornou-se no quarto jogador norte-americano a atuar pela equipa principal das águias.
 
Nascido a 2 de maio de 2005 em Louisville, no estado do Kentucky, ingressou nos quadros dos encarnados no verão de 2023, proveniente do Louisville City, equipa pela qual havia competido no USL Championship, competição paralela (mas menos conceituada) à Major League Soccer (MLS).
 
Internacional pelas seleções jovens dos Estados Unidos, marcou presença no Campeonato do Mundo de sub-20 em 2023, precisamente antes de se mudar para Portugal, e vai tentar ser o primeiro jogador nativo dos States a vingar na Luz.
 
Recorde os três primeiros jogadores americanos a jogar pelo Benfica e ainda um que não chegou a estrear-se.
 
Zach Thornton
É precisamente pelo norte-americano que não chegou a estrear-se pela equipa principal do Benfica que começamos, o possante (1,91 m e 100 kg) guarda-redes Zach Thornton, então com 30 anos e oito vezes internacional A pelos Estados Unidos.
Chegou à Luz no primeiro dia de fevereiro de 2004, por indicação do treinador de guardiões Daniel Gaspar, com o qual já havia trabalhado, numa altura em que a principal alternativa ao titular Moreira, o argentino Carlos Bossio, se havia lesionado, e uma semana depois da trágica morte de Miki Fehér em Guimarães. “O meu objetivo é ajudar o clube a manter a tradição, pois sei que já venceram vários campeonatos e que já foram campeões europeus”, afirmou à chegada a Portugal.
Depois de experiências nos Metrostars – foi treinado por Carlos Queiroz em 1996 e 1997 – e no Chicago Fire, pelo qual havia vencido a MLS em 1998 e a US Open Cup em 1998, 2000 e 2003, esteve durante seis meses à disposição do técnico espanhol José Antonio Camacho, mas nunca foi opção.
O melhor que Thornton conseguiu foi ir para o banco no jogo da última jornada do campeonato, uma receção à União de Leiria (0-0).
Depois voltou para os Estados Unidos, a tempo de ser eleito melhor guarda-redes do ano naquele país em 2009, quando representava os Chivas USA, onze anos depois de ter recebido a mesma distinção.
 
 
 
Freddy Adu
Embora a MLS fosse uma liga ainda menos mediática do que é hoje no início do século XXI, poucos não teriam ouvido falar de Freddy Adu quando este ingressou no Benfica no verão de 2007, quando tinha apenas 18 anos.
Um médio ofensivo/extremo que chegou a ser apelidado de “próximo Pelé” e a posar ao lado da lenda brasileira em trabalhos fotográficos, nasceu em Tema, no Gana, mas foi viver para os Estados Unidos em 1997, quando tinha apenas oito anos, tornando-se cidadão norte-americano em 2003.
Depois disso, foi batendo vários recordes de precocidade: mais jovem americano de sempre a assinar um contrato profissional com uma equipa desportiva, quando foi escolhido pelo D.C. United no SuperDraft da MLS em 2004, aos 14 anos; mais jovem de sempre a jogar no desporto profissional dos Estados Unidos, quando tinha 14 anos e 306 dias; mais jovem de sempre a marcar um golo na MLS, aos 14 anos e 320 dias; e mais jovem de sempre a atuar pela seleção principal dos Estados Unidos, aos 16 anos e 234 dias, em janeiro de 2006.
Entrou ainda para a história também por ser um dos três jogadores que competiram em três Mundiais de sub-20 (2003, 2005 e 2007), a par do saudita Abdulrahman Al Roomi e do canadiano David Edgar.
Um ano após ter passado duas semanas em testes na academia do Manchester United, mas ter esbarrado na falta de uma licença de trabalho, assinou pelo Benfica a 30 de julho de 2007, numa transferência que rendeu 1,5 milhões de euros aos cofres do Real Salt Lake, clube para o qual se havia mudado em dezembro de 2006.
Na primeira época de contrato teve três treinadores (Fernando Santos, José Antonio Camacho e Fernando Chalana), mas não conseguiu convencer sequer um a apostar nele. Em 2007-08 atuou em 21 jogos, mas apenas dois (ambos para as taças) na condição de titular, tendo estado em campo durante apenas 479 minutos – o equivalente a pouco mais do que cinco partidas completas. Ainda assim, marcou cinco golos, um ao Estrela da Amadora e dois ao Vitória de Setúbal para a Taça da Liga e um ao Marítimo e outro à Académica para o campeonato.
Considerado dispensável para os treinadores que se seguiram, foi emprestado ao Mónaco, ao Belenenses, aos gregos do Aris e aos turcos do Çaykur Rizespor antes de terminar contrato durante o verão de 2011. “O maior erro da minha carreira foi sair do Benfica e ser emprestado ao Mónaco. Digo isto de coração. É daquelas decisões que se tivesse a oportunidade de voltar atrás mudava. Tive três técnicos num ano no Benfica. A equipa estava num momento tão mau que só queria sair dali o quanto antes, mas o resultado acabou por ser a pior decisão possível”, confessou ao The Blue Wire Podcast em dezembro de 2020.
Ainda assim, durante a vigência do vínculo com os encarnados marcou presença em competições importantes como os Jogos Olímpicos de Pequim (2008), a Taça das Confederações (2009) e a Gold Cup (2009 e 2011).
 
 
 
Keaton Parks
O Benfica voltou a recrutar um jogador com selo made in USA, ainda que em Portugal, quando contratou o possante (1,93 m) médio defensivo Keaton Parks ao Varzim no verão de 2017, numa altura em que o centrocampista estava há dois anos no futebol luso, onde chegou proveniente do Liverpool Warriors.
Com 20 anos, começou por ser integrado na equipa B, mas ainda em 2017-18 foi lançado às feras por Rui Vitória na equipa principal, tendo atuado em seis jogos – quatro no campeonato, uma na Taça de Portugal e outro na Taça da Liga –, sempre na condição de suplente utilizado. No decorrer da mesma temporada, somou a única internacionalização que ainda tem no currículo pela seleção principal dos Estados Unidos, tendo entrado no decorrer da segunda parte num particular diante da Bolívia em maio de 2018.
Depois de apenas ter atuado pelos bês encarnados na primeira metade da época 2018-19, foi cedido ao New York City em janeiro de 2019, mas a mudança acabou por se tornar definitiva um ano depois. Em 2021 sagrou-se campeão da MLS e em 2022 venceu a Campeones Cup da CONCACAF.
 
 
 
John Brooks
Mais recentemente, passou pelo Benfica o gigante (1,94 m) central John Brooks, que até nasceu em Berlim e nunca viveu nos Estados Unidos, mas é filho de um norte-americano de Chicago e por isso decidiu jogar pela seleção estado-unidense, apesar de ainda ter chegado a jogar pelos sub-20 da Alemanha.
Foi contratado pelas águias no início da era Roger Schmidt, em setembro de 2022, tendo assinado por uma temporada após terminar contrato com o Wolfsburgo, numa fase em que tinha 29 anos. Na altura, reforçou os encarnados com o intuito de colmatar a saída de Vertonghen para o Anderlecht e as lesões de Morato e Lucas Veríssimo, numa fase em que António Silva dava os primeiros passos na equipa principal. “Espero ajudar a equipa com o meu estilo de jogo. Trago muita experiência comigo e espero ajudar a equipa a jogar ainda melhor”, disse Brooks à chegada a Portugal.
Contudo, viveu meia época à sombra de Otamendi e António Silva antes de se transferir para os alemães do Hoffenheim no final de janeiro de 2023, após apenas cinco jogos efetuados em todas as competições – ainda assim, no final da época foi considerado campeão nacional.
Apesar do insucesso na Luz, estamos a falar de um jogador com um currículo digno de respeito, com 45 internacionalizações (e três golos) pela seleção dos Estados Unidos, que representou no Mundial 2014, na Gold Cup 2015 e na Copa América 2016, tendo vencido a Liga das Nações da CONCACAF em 2019-20. Também somou mais de 250 jogos na Bundesliga.
 
 


 
 






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