segunda-feira, 22 de julho de 2024

O bósnio que fugiu da guerra e somou mais de 300 jogos em Portugal. Quem se lembra de Besirovic?

Besirovic representou o Farense entre 1997 e 2001
Nail Besirovic foi um bom médio ofensivo de baixa estatura (1,69 m) que deixou marca no futebol português na década de 1990 e no início do século XXI.
 
Nascido na Bósnia a 22 de julho de 1967, começou a jogar futebol a nível sénior no Sloboda, na I Divisão da Jugoslávia, mas a guerra dos Balcãs levou-o a refugiar-se em Portugal e, consequentemente, no futebol português.
 
Começou por jogar na II Liga, ao serviço de Estrela da Amadora, em 1991-92. Seguiu-se uma passagem muito bem-sucedida pelo Académico de Viseu, ajudando o emblema beirão a subir da II Divisão B ao segundo escalão em 1993.
 
Após não conseguir impedir a despromoção dos viseenses à II B, manteve-se na II Liga com a camisola da Académica, de onde se mudou para o Sp. Espinho, ajudando os tigres da Costa Verde a alcançar a subida à I Liga em 1996.
 
Foi ao serviço do clube do distrito de Aveiro que se estreou no patamar maior do futebol português, em 1996-97, tendo marcado logo na estreia, numa receção ao Sporting. Foi o primeiro de quatro golos (em 32 jogos) que haveria de apontar nessa temporada, marcada pela despromoção à II Liga.
 
 
 
Apesar da descida de divisão, valorizou-se e conseguiu continuar na I Liga, mas envergando a camisola do Farense. Ao serviço do emblema algarvio totalizou 109 jogos e três golos em todas as competições entre 1997 e 2001. “O público está muito em cima do campo, vive o jogo com muita intensidade, e o estádio, a maneira como está desenhado... nós entrávamos em campo, sentíamos aquela força que vinha do público e só pensávamos em dar tudo para corresponder ao apoio que estávamos a receber. Havia ali alguma coisa que puxava por nós, que nos dava força. Com os grandes então era uma loucura! O Farense era o único clube do Algarve na I Divisão, estava ali a representar toda uma região. Nunca vou esquecer, também pela união enorme daquele plantel. Em grupo, superávamos tudo!”, recordou ao portal Quantos Farenses Somos em março de 2014.
 
“Lembro-me de um jogo com o Rio Ave na última jornada [época 97/98] em que precisávamos de ganhar para ficar na I Divisão e estávamos há quatro ou cinco meses sem receber ordenados, era o senhor Boronha o presidente. Mas tínhamos uma união que vi em poucos clubes. O grupo superava tudo. No balneário antes do jogo conversámos, percebemos que só ganhando e assegurando a manutenção é que poderíamos sonhar em receber o que estava em atraso, unimo-nos e entrámos em campo para ganhar. E fizemos a nossa parte, ganhámos 1-0!”, lembrou.
 
Foi durante a passagem pelo São Luís que se tornou internacional A pela Bósnia e Herzegovina, tendo participado num particular diante da Macedónia (1-1) em junho de 1998.
 
Após esses quatro nos leões de Faro mudou-se para o Leixões, ajudando o conjunto de Matosinhos, então na II Divisão B, a atingir a final da Taça de Portugal em 2001-02. Na época seguinte, jogou na Supertaça Cândido de Oliveira e na Taça UEFA e ajudou os bebés do Mar a subir à II Liga. “Foi um convite especial do Carlos Carvalhal, que tinha jogado comigo no Espinho e estava no início da carreira como treinador. Não podia recusar. Claro que tive medo, não conhecia o campeonato da II B, mas acabou por correr tudo bem. Tínhamos uma equipa espetacular. Ao início nunca esperaria aquilo, o plantel era curto e nem conseguimos subir nesse ano [2001-02], que era o principal objetivo. Mas depois fomos avançando na Taça, fomos eliminando equipas da I Liga e começámos a acreditar, até que ganhámos em Braga nas meias-finais. Também encontrei lá uma equipa forte, muito unida, com jogadores muito experientes, e uma grande mística, os nossos adeptos iam a todo o lado. Foi indescritível ver aquela bancada no Jamor cheia de adeptos do Leixões”, recordou.
 
Na derradeira temporada da carreira, em 2003-04, voltou ao Algarve para representar o Beira-Mar de Monte Gordo na III Divisão Nacional, tendo pendurado as botas aos 36 anos.
 
O seu filho, Dino Besirovic, nasceu em Viseu e fez toda a formação em clubes portugueses e chegou a representar o Académico de Viseu a nível sénior, mas sem o impacto que o pai teve no futebol luso. Porém, tem prosseguido a carreira no estrangeiro, com algum sucesso, somando já quatro internacionalizações pela seleção principal da Bósnia e Herzegovina.









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