No verão de 1992, numa altura em
que a banda de rock britânica Dire Straits se preparava para atuar em Alvalade,
os jornalistas perguntaram ao então presidente do Sporting
o que achava do vocalista Mark Knopfler. “É bom jogador, mas o Sporting
tem o plantel fechado”, respondeu. Mais ou menos na mesma altura,
numa fase em que a antiga Jugoslávia estava em guerra, meteu na cabeça que
haveria de contratar Darko Pancev, uma das estrelas da equipa
do Estrela Vermelha que tinha vencido a Taça dos Campeões Europeus em 1990-91,
e foi até Belgrado para falar com o jogador, mas não o conseguiu convencer. “Lembro-me
que toda a gente me avisava que a Jugoslávia estava em guerra. Mas, por onde
andei, não vi nada. Nem bombas, nem tiros… Estava tudo pacífico”, recordou o
dirigente, que em dezembro de 1993 despediu Bobby Robson e respetiva equipa
técnica em pleno voo de regresso a Lisboa após uma eliminação às mãos do Casino
Salzburgo na Taça
UEFA. Como não conseguiu contratar
Pancev, a imprensa noticiou que o líder leonino
tentou avançar para Romário,
que na altura representava os neerlandeses do PSV,
mas Sousa
Cintra negou o interesse: “Romário?
Não, nós queríamos era o Rosário, do Torreense.
Isso deve ter sido uma gralha.” Antes, no verão de 1990, o Sporting
contratou o brasileiro Careca, oriundo do Cruzeiro,
e admitiu expetativas altas em relação ao reforço: “Este é o Careca, que é meio
Pelé
e meio Eusébio.”
Na verdade, Careca acabou por ser não um meio flop, mas um flop
inteiro. Mas antes de um jogo da Taça
UEFA, Sousa
Cintra incentivou-o, ao seu jeito: “Tens de mostrar a estes gajos que não
és merda nenhuma. És o melhor e Itália toda vai estar a olhar para ti.” Por falar em Taça
UEFA, Sousa
Cintra foi filmado pela RTP antes, durante e depois de um jogo com a
Atalanta,
nos quartos de final da competição, em 1990-91. Sentou-se ao lado do presidente
do emblema
italiano na bancada, mas perante uma decisão polémica do árbitro, soltou
uma acusação ao homólogo: “Penálti, porra, pá. O árbitro está comprado. Você
comprou o árbitro.” Depois do encontro, que o Sporting
venceu por dois golos, abraçou o presidente do Boavista,
Valentim Loureiro, e lançou-lhe um convite: “Já estamos na final. É meu
convidado de honra.”
Bem menos divertida foi a herança
que o anterior presidente do Sporting,
Jorge Gonçalves, lhe deixou em 1989. Muitos, mas muitos problemas financeiros. Durante
uma viagem ao Brasil, o guarda-redes uruguaio Rodolfo Rodríguez apontou-lhe uma
arma, exigindo salários que estavam em dívida. Mas Sousa
Cintra, que não tinha conhecimento da existência da dívida, não vacilou.
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