Onze ideal de jogadores que podem dar o salto após o Mundial 2022

Enzo Fernández e Gakpo valorizaram-se no Qatar

O Campeonato do Mundo é, além do torneio de futebol mais importante do planeta, uma autêntica montra mediática para os jogadores mostrarem o seu valor, com alguns dos quais a terem a oportunidade de mostrar qualidades que até então passaram despercebidas.

 

Futebolistas que competem em ligas menos conceituadas, em clubes com ambições mais limitadas ou que na seleção têm um contexto mais favorável para brilhar podem ganhar legitimas aspirações a dar o salto na carreira. Noutros casos, o desempenho no Mundial só vai reforçar o interesse de colossos europeus em jogadores que já estavam debaixo de olho.

 

Vale por isso a pena conhecer o nosso onze ideal de jogadores que podem dar o salto após o Mundial 2022.

 

Dominik Livaković (guarda-redes)

Livakovic

A escolha pode parecer lógica, mas confesso que tive muitas dúvidas entre o croata Dominik Livaković e o neerlandês Andries Noppert, do Heerenveen.

Acabei por me decidir pelo herdeiro de Danijel Subašić na seleção da Croácia, que é o dono da baliza do Dínamo Zagreb desde 2016-17.

Herói nos desempates por penáltis diante do Japão nos oitavos de final e do Brasil nos quartos de final, o guardião de 27 anos revelou ainda predicados em jogo jogado, mostrando-se fiável entre os postes e nas saídas aos cruzamentos.

Quando surgiu a notícia de que Neuer estava lesionado e ia perder o resto da temporada, o nome de Livaković foi imediatamente associado ao Bayern Munique.

 

 

 

Jurrien Timber (defesa central)

Timber

Antes do Campeonato do Mundo, talvez muitos pensassem que Virgil Van Dijk, Matthijs de Ligt, Nathan Aké e até Stefan de Vrij e Daley Blind fossem as principais opções dos Países Baixos para o eixo defensivo, mas a verdade é que Jurrien Timber relegou De Ligt e De Vrij para o banco, com Blind a jogar na ala esquerda no sistema de 3x4x1x2.

Embora não seja propriamente muito possante (1,82 m), o central do Ajax impôs-se no lado direito da linha defensiva de três, ao lado de Van Dijk e Aké, ajudando a tornar a defesa neerlandesa num bloco muito sólido até… apanhar Messi pela frente, nos quartos de final.

Aos 21 anos e ainda com muita margem de progressão, já foi apontado a Manchester United e Real Madrid.

 

 

 

Josko Gvardiol (defesa central)

Gvardiol

O homem da máscara e um dos jovens centrais mais promissores e cobiçados do futebol mundial.

Após ter atuado como lateral esquerdo no Euro 2020, desta vez o defesa de 20 anos atuou ao lado do experiente Lovren no eixo defensivo da Croácia e foi um dos esteios da seleção balcânica, que atingiu as meias-finais pela segunda vez consecutiva.

Canhoto, imponente no jogo aéreo, com sentido posicional e capacidade para sair a jogar e proteger a profundidade, mostrou-se um central bastante completo e quase intransponível… até apanhar Messi pela frente, nas meias-finais.

Bayern Munique, Manchester City, Liverpool, Inter de Milão, Chelsea e Manchester United são alguns dos clubes interessados no jogador do RB Leipzig.

 

 

 

Josip Juranović (lateral direito)

Juranovic

Titularíssimo no lado direito da defesa, Juranović mostrou-se bastante consistente a fazer o corredor direito durante todo o Campeonato do Mundo, mas foi no encontro dos quartos de final, diante do Brasil, que mais se destacou, ao exibir toda a sua velocidade, tendo secado Vinícius Júnior e apoiado o ataque com alguma qualidade.

Vinculado ao Celtic, já tem 27 anos, mas tem todas as condições para ambicionar, pelo menos, o salto para um campeonato mais competitivo.

Nas últimas semanas foi apontado a Torino, Newcastle, Atlético Madrid e Barcelona.

 

 

 

Borna Sosa (lateral esquerdo)

Sosa

Uma posição em que tive algumas dúvidas, pois o marroquino Yahia Allah (WAC), que tão boa conta deu do recado quando foi chamado a render o mais conceituado Noussair Mazraoui, deu-me que passar. Mas como já tem 27 anos e a amostra do que vale foi mais curta – apenas foi titular frente a Portugal, tendo feito a assistência para o único golo do encontro –, acabei por decidir pelo croata Borna Sosa.

O lateral do Estugarda, 24 anos, chegou ao Mundial após oito assistências em 12 jogos pelo seu clube esta época, e confirmou no Campeonato do Mundo que é, de facto, bastante ofensivo, ainda que sem descurar o aspeto defensivo. Possante (1,86 m), só não foi titular na partida dos oitavos de final diante do Japão por se encontrar doente.

 

 

 

Sofyan Amrabat (médio defensivo)

Amrabat

Irmão mais novo do extremo Nordin Amrabat, que tem feito uma carreira interessante em clubes como PSV, Galatasaray, Málaga e Watford, foi um dos pilares da sensacional campanha de Marrocos até às meias-finais.

Há médios defensivos que tem um estilo mais silencioso, equilibrando a equipa sem bola através de um posicionamento que cria superioridade numérica e dificulta a progressão do adversário, enquanto outros dão mais nas vistas através da quantidade de desarmes, mas Sofyan Amrabat mostrou ambas as caras. Fez do sentido posicional uma das suas armas, mas quando também meteu o pé quando assim se exigia.

Aos 26 anos, o centrocampista da Fiorentina tem sido apontado a clubes como Tottenham e Liverpool.

 

 

 

Jude Bellingham (médio centro)

Bellingham

Parece mentira, até porque já está na quarta época no futebol profissional e a terceira no Borussia Dortmund, mas este menino tem somente 19 anos. Um médio muito completo, é possante (1,86 m), tem enorme pulmão, qualidade de passe e transporte de bola, boa chegada a área, define bem na zona de decisão, é forte nas transições defensivas e agressivo nos duelos, o que fez dele um dos principais recuperadores de bola de Inglaterra no Campeonato do Mundo.

A principal novidade no onze de Gareth Southgate em relação ao Euro 2020 – aí o meio-campo era normalmente composto por Declan Rice e Kalvin Phillips em 3x5x2 e também por Mason Mount em 4x3x3 –, Bellingham começou o Mundial como segundo médio, ligeiramente mais adiantado que Rice e mais recuado do que Mount. No entanto, a partir da segunda parte do jogo frente aos Estados Unidos passou a assumir o papel de terceiro médio, com Rice e Jordan Henderson nas suas costas, uma mudança que lhe rendeu mais liberdade ofensiva.

Liverpool e Real Madrid são os principais interessados no jovem médio inglês.

 

 

 

Azzedine Ounahi (médio centro)

Ounahi

Após o jogo entre Marrocos e Espanha nos oitavos de final, Luis Enrique teceu-lhe os mais rasgados elogios: “Fiquei agradavelmente surpreendido com o número 8, não me consigo lembrar qual é o nome, desculpa. Meu Deus! De onde é que saiu aquele rapaz? Ele joga muito bem.”

Certamente que a intensidade, a capacidade para efetuar desarmes e a qualidade no passe e no transporte de bola deste centrocampista de 22 anos do Angers, último classificado do campeonato francês, foram as características apreciadas não só pelo selecionador espanhol como por quem acompanhou este Mundial.

O West Ham, Newcastle e Wolverhampton são alguns dos principais interessados no jogador, mas Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Lyon, Paris Saint-Germain, Leicester, Southampton e Atalanta também o têm debaixo de olho.

 

 

 

Enzo Fernández (médio centro)

Enzo Fernández

Estreou-se pela seleção argentina em setembro, a sua convocatória para o Mundial esteve em dúvida e começou o torneio como suplente, mas ganhou a titularidade e tornou-se num dos indiscutíveis para Lionel Scaloni.

Inserido em quase todos os jogos num meio-campo a três (juntamente com Rodrigo De Paul e Alexis Mac Allister) em que todos defendem e atacam, até desempenhou durante grande parte de algumas o papel de médio mais defensivo, mas foi quando ganhou liberdade para subir no terreno que mais fez notar a sua qualidade de passe, transporte de bola e remate de meia distância. Marcou ao México e fez uma assistência frente à Polónia ainda na fase de grupos, mas esteve perto de voltar a participar em praticamente todos os encontros das eliminatórias.

Embora o centrocampista de 21 anos tivesse chegado ao Benfica no verão deste ano, proveniente do River Plate, a sua transferência para um tubarão europeu é possível já em janeiro. O Liverpool é o principal interessado.

 

 

 

Cody Gakpo (avançado)

Gakpo

Antes do arranque do Campeonato do Mundo, Cody Gakpo era um dos jogadores que me despertava mais curiosidade, tendo em conta as 31 participações em golos (13 golos e 18 assistências) em 24 jogos pelo PSV Eindhoven esta temporada.

No Mundial, voltou a apresentar números, com um golo em cada jornada da fase de grupos, mas terá ficado um pouco aquém das expectativas em relação ao rasgo individual e à dinâmica que (não) imprimiu no ataque, tanto na dupla de ataque como nas costas dos dois avançados no 3x4x1x2 de Louis van Gaal.

Ainda assim, mostrou num contexto competitivo elevado diferente daquele em que compete pelo clube que pode ser um jogador decisivo. Manchester United, Real Madrid, Arsenal e Liverpool são alguns dos clubes interessados nos serviços de Gakpo.

 

 

 

João Félix (avançado)

João Félix

João Félix tem estado a viver uma época abaixo das expetativas no Atlético Madrid e tarda em explodir na capital espanhola, onde já mora há três anos e meio, mas Fernando Santos confiou nele como titular, algo que nunca tinha acontecido até então numa grande competição, e o avançado viseense correspondeu, tendo assinado um golo e duas assistências no Mundial.

Com capacidade para se envolver em combinações dinâmicas com os médios e o outro avançado – Cristiano Ronaldo ou Gonçalo Ramos – mas sem tirar os olhos da baliza adversária, foi decisivo no encontro diante do Gana, ao apontar o 2-1. E na melhor exibição de Portugal no torneio, diante da Suíça, serviu Ramos em dois dos três golos que o atacante benfiquista marcou nessa partida.

Numa altura em que está em rotura com o treinador colchonero, Diego Simeone, prevê-se uma mudança de ares. Arsenal e Manchester United são dois dos principais interessados.