quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Da antiga Luz ao Algarve e sem vencer em Dublin. Os jogos oficiais entre Portugal e Irlanda

Figo perante a oposição de dois irlandeses em 1995
Tudo está bem quando acaba em bem. Tem sido esta a história da maioria dos jogos oficiais entre Portugal e República da Irlanda, partidas em que geralmente a equipa das quinas atravessa grandes dificuldades, mas que não a impedem de se apurar para as fases finais de grandes competições.
 
A seleção portuguesa nunca ganhou em Dublin, mas a capital irlandesa foi ponto de passagem de duas caminhadas bem-sucedidas, rumo ao Euro 1996 e Mundial 2002, numa altura em que Portugal ainda não era presença habitual nas grandes competições – não ia a um Europeu desde 1984 e a um Campeonato do Mundo desde 1986.
 
Além dos cinco compromissos oficiais, as duas seleções mediram forças por mais nove vezes em encontros de caráter particular, com seis vitórias portuguesas, quatro triunfos irlandeses e dois empates.
 
26 de abril de 1995 – Fase de qualificação para o Euro 1996
República da Irlanda 1-0 Portugal
Quando partiram para a qualificação para o Euro 1996, a República da Irlanda era a principal favorita a ganhar um grupo em que também constavam as seleções de Portugal, Irlanda do Norte, Áustria, Letónia e Liechtenstein. Os irlandeses chegado à fase a eliminar dos Campeonatos do Mundo de 1990 e 1994, participado no Euro 1988 e falhado por pouco o Euro 1992, ao passo que a seleção portuguesa não marcava presença numa fase final desde o Mundial 1986.
À partida para o jogo de Dublin, a Irlanda liderava o grupo com 13 pontos em cinco jogos, ao passo que Portugal contabilizava 12 pontos em quatro partidas.
Apesar de contar com vários jogadores da geração de ouro, como Vítor Baía, Fernando Couto, Jorge Costa, Paulo Sousa, Rui Costa, João Vieira Pinto e Figo, a seleção comandada por António Oliveira foi derrotada no Lansdowne Road por 1-0, com um golo de Steve Staunton, então defesa do Aston Villa, num lance confuso em que Vítor Baía ficou bastante mal na fotografia.
 
 
 
15 de novembro de 1995 – Fase de qualificação para o Euro 1996
Portugal 3-0 República da Irlanda
A seguir à derrota em Dublin, Portugal só perdeu pontos nos empates com Irlanda do Norte e Áustria, ao passo que os irlandeses sofreram duas derrotas às mãos dos austríacos e cederam um surpreendente empate no terreno do Liechtenstein    . Contas feitas, a equipa das quinas entrava na última jornada, marcada pela receção à República da Irlanda, com três pontos de vantagem sobre o concorrente direto.
Esperava-se um encontro difícil no Estádio da Luz, ainda por cima numa noite chuvosa em Lisboa, mas após uma hora sem golos Rui Costa decidiu abrir o livro com um fantástico golo de fora da área, presenteando o guarda-redes Alan Kelly com um chapéu monumental.
À entrada para o último quarto de hora, Hélder fez o 2-0, de cabeça, na resposta a um canto de Folha. E o recém-entrado Cadete fechou as contas ao cair do pano, também a passe de Folha, selando definitivamente o apuramento luso para o Campeonato da Europa.
O apito final serviu de tiro de partida para uma memorável e pacífica invasão de campo.
 
 
 
7 de outubro de 2000 – Fase de qualificação para o Mundial 2002
Quase cinco anos depois, o reencontro entre as duas seleções no mesmo palco, na segunda jornada do grupo de qualificação, depois de ronda inaugural Portugal ter vencido na Estónia (3-1) e a Irlanda ter empatado na Holanda (2-2).
Apesar de agora a seleção das quinas – curiosamente mais uma vez comandada por António Oliveira –, ser considerada favorita, devido à campanha até às meias-finais do Euro 2000 e ao facto de grande parte dos futebolistas lusos atuar nos principais campeonatos europeus, houve empate a um golo na Luz.
Sérgio Conceição inaugurou o marcador aos 57 minutos, através de um remate de pé esquerdo que ainda foi desviado por Gary Breen antes de entrar na baliza irlandesa. Matt Holland restabeleceu o remate aos 72’ através de um disparo de fora da área que não deu qualquer hipótese a Quim.
 
 
 
2 de junho de 2001 – Fase de qualificação para o Mundial 2002
Quase oito meses depois do empate na Luz, as duas seleções defrontaram-se em Dublin, numa altura em que ambas já se perfilavam como as principais candidatas a alcançar o apuramento direto. De forma algo surpreendente, o selecionador António Oliveira decidiu apostar em quatro recém-coroados campeões nacionais pelo Boavista para o onze inicial: Ricardo, Frechaut, Petit e Litos. Os três primeiros cumpriram mesmo no Estádio Lansdowne Road as suas primeiras internacionalizações.
Apesar da aposta vincada nos campeões, o resultado foi precisamente o mesmo do que aquele que se tinha registado em Lisboa. Só mudou a marcha no marcador. Roy Keane adiantou os irlandeses aos 65 minutos, na sequência de um lançamento lateral. O capitão Luís Figo deu o exemplo ao cabecear para o empate aos 79’, na resposta a um cruzamento de Frechaut.
 
 
 

1 de setembro de 2021 – Fase de qualificação para o Mundial 2022
Portugal 2-1 República da Irlanda
Mais de 20 anos depois, uma seleção portuguesa com uma lenda do futebol mundial como Cristiano Ronaldo e uma esmagadora maioria de jogadores a atuar nos principais clubes europeus recebia uma República da Irlanda sem craques ao nível dos que tinha no início da década de 1990 ou na viragem do milénio, como Roy Keane, Damien Duff ou Robbie Keane.
Porém, Portugal voltou a sentir imensas dificuldades, mesmo a jogar em casa, desta feita no Estádio do Algarve. Cristiano Ronaldo desperdiçou um penálti, defendido por Gavin Bazunu, aos 15 minutos. E à beira do intervalo John Egan cabeceou para o fundo das redes de Rui Patrício, na resposta a um canto executado por Jamie McGrath no lado esquerdo.
A vantagem irlandesa durou até aos 89 minutos, quando Cristiano Ronaldo empatou, de cabeça, após cruzamento de Gonçalo Guedes. Também de cabeça CR7 fez o 2-1 e levou os adeptos algarvios à euforia, aos 90+6’, na sequência de um cruzamento de João Mário.
 




 


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