quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Leston. O cinturão negro de karaté, os penteados extravagantes e o “espírito almadense”

Rúben Leston voltou ao Almada na época 2018-19
Foi cinturão negro de karaté, praticou natação, futsal, voleibol e xadrez, mas é no futebol que vai mostrando o que vale. Jogador carismático na margem sul, com gosto por penteados extravagantes, Rúben Leston espera cumprir esta época a missão que o levou de novo ao Almada Atlético Clube há cerca de três anos: recolocar o emblema do Pragal na I Distrital da AF Setúbal.
 
Em entrevista, o lateral direito filho de pai angolano e mãe guineense passa a carreira em revista, recorda o grande Charneca de Caparica de 2016-17 e fala sobre o racismo.
 
 
ROMILSON TEIXEIRA - O Rúben Leston está na quarta temporada consecutiva no Almada e foi titular nos três jogos realizados já esta época. Com que expetativas individuais e coletivas entrou para esta temporada?
RÚBEN LESTON - Já ansiávamos pelo início desta temporada há alguns meses. E, felizmente, conseguimos saciar essa saudade com uma vitória difícil no Zambujal. Pessoalmente, tanto no futebol como na vida, o objetivo é crescer e melhorar as nossas capacidades dia após dia. Mesmo perante todas as dificuldades que são colocadas no nosso caminho. Quero melhorar técnica e taticamente, para conseguir contribuir mais eficazmente para o sucesso da equipa. A minha expetativa passa por encarar a época com maior sentido de responsabilidade, e de superação. Estamos cientes do nosso trabalho, do nosso esforço, da nossa união e cumplicidade. Espero ajudar a manter este espírito e a orientar o foco da equipa para que o nosso esforço seja compensado no final.
 
O objetivo do Almada passa por subir de divisão?
Na minha opinião, para além da cumplicidade que há entre nós, existe também muita humildade. Nada irá surgir por mero acaso. Acreditamos no trabalho, no empenho. A equipa técnica e a direção do Almada demonstram que acreditam em nós. Sabemos das dificuldades que o futebol e a sociedade em geral atravessam. Com a nossa união, vamos caminhar jogo a jogo. E entraremos em todos os jogos com os olhos postos nos três pontos, quer estejamos em último ou primeiro. Ainda não somos candidatos, mas logo veremos o que 2021 tem reservado para nós.
 
Que clubes, no seu entender, são os principais candidatos a subir à I Distrital?
Na minha opinião, qualquer equipa deste campeonato tem capacidade e talento para ambicionar uma subida. Sendo o campeonato disputado a uma só volta, isso poderá trazer surpresas. Todas têm de estar preparadas e trabalhar para evitar qualquer deslize. O meu foco sempre esteve na equipa do Almada, por isso, não estou a par das novidades das equipas adversárias. Mas acredito que o nosso campeonato vá ser bastante interessante. Existem equipas muito fortes e bem organizadas, que se assumem regularmente como candidatas, como o Quinta do Conde, Brejos de Azeitão, Monte de Caparica, Alcacerense, mas vamos estar sempre alerta, porque nenhum jogo vai ser fácil, e todos os domingos vão haver três resultados possíveis. Há também outras equipas que irão trazer bastante competitividade, como o Vitória de Setúbal, Alcochetense ou o Comércio e Indústria, uma vez que são equipas “B”. Acredito que tenham jovens com muito talento e vontade de impressionar. Mais uma vez, todos os jogos vão ser difíceis, ninguém nos vai facilitar a vida. Só podemos trabalhar para tentar enfrentar todos estes desafios, preparando-nos da melhor maneira possível, com sentido de compromisso. No fundo, acho que o campeonato vai ser bastante competitivo e vamos ter de acreditar nas decisões da equipa técnica. Vamos trabalhar para cumprir todas as estratégias, e pôr o talento individual a trabalhar em prol da equipa.
 
O Almada é um histórico do distrito de Setúbal, tendo passado grande parte da existência nos campeonatos nacionais. No entanto, tem perdido protagonismo nos últimos anos. Como se explica este período de menor fulgor?
Leston num jogo frente ao Alcochetense
Como tudo na vida, existem momentos bons e menos bons. Os clubes são uma entidade bem maior do que qualquer um de nós. O Almada é um clube histórico, e tal como muitos, atravessa um período de menor fulgor. Pode haver vários motivos, entre os quais, o reflexo de uma sociedade que se foca mais em experiências tecnológicas ou virtuais, que ganharam terreno face às atividades físicas e ao convívio humano. Se refletirmos, por vezes parece que os novos adolescentes não adoram o futebol como nós adorávamos. Parece que há uma menor paixão pelo futebol no seu estado mais puro. O único objetivo parece ser a fama instantânea ou resultados rápidos que tragam valor às marcas, publicidades, ganhos, etc… O futebol espelha essas mudanças que ocorrem na sociedade, e torna-se difícil encontrar um modelo que cative os jovens pelo prazer de praticar desporto em comunidade. As interações humanas, não só com esta infelicidade da pandemia, já vinham a sofrer com as alterações que vamos sentindo com o progresso do mundo tecnológico e virtual. Mas o futebol e os clubes, se investirem em bons projetos de formação, com planos de longo prazo, conseguirão montar uma estrutura bem organizada e sustentável. Acho que o foco devia estar primeiro na educação dos jovens, como jogadores, mas sobretudo como futuros membros da comunidade. Os resultados serão colhidos mais tarde.
 

A mágoa de não ter conquistado o título distrital em 2012-13

O Leston representou pela primeira vez o Almada entre 2012 e 2014 e voltou a meio da época 2018-19. Que diferenças encontrou entre o clube que encontrou em 2012 e o clube em que joga em 2020?
As diferenças foram significativas. Por um lado, em 2012 estava no meu primeiro ano de sénior. O clube tinha acabado de subir à I Distrital. A motivação e o entusiasmo à volta da equipa eram enormes. Havia bastantes condições, seja a nível desportivo, seja a nível humano. Havia bastantes pessoas encarregues por nos fornecer condições e cuidar das instalações. A equipa era bastante madura e aprendi bastante nesse ano. O campeonato foi disputado entre nós e o Cova da Piedade, no último ano em que estiveram nos distritais. Estivemos em primeiro até à 19.ª jornada e mantivemos o segundo lugar sempre com a ambição de conquistar o campeonato. Infelizmente não subimos, o que afetou a moral da equipa. Ainda afeta, se pensarmos que o investimento a nível organizacional que foi colocado no ano seguinte na equipa vencedora foi o que levou o Cova da Piedade ao nível em que está hoje. A vida tem destes dissabores. Acho que depois desse ano, infelizmente, houve um declínio gradual.
Hoje em dia, o Almada volta a tentar encontrar caminhos e meios para se reerguer. Foi por isso que voltei. Fui convidado para ajudar e trazer o que fui aprendendo ao longo da minha carreira desportiva. Sinto o Almada e sinto a responsabilidade de representar o espírito almadense. Não é só jogar por jogar. Existe respeito ao símbolo e ao cube. É gratificante poder representar o clube da cidade e do concelho.
 
O que está a achar dos métodos do mister Ricky Nelson?
Nunca tinha trabalhado com o mister Ricky. Mais importante do que gostar do treinador, acho que devemos gostar e respeitar a pessoa. E tem sido uma surpresa bastante agradável ter a oportunidade de aprender e crescer com a visão que o Mister tem da própria vida. Gosto da maneira como comunica e transmite as suas ideias. Aborda-nos, seja coletivamente, seja individualmente, sempre com o foco e responsabilidade de trazer o melhor que cada um tem, em prol do Almada. Acho que o mister nos orienta com ambição e sentido de responsabilidade, sempre de uma perspetiva bastante humilde. E de agradecimento por termos o privilégio de representar a equipa e a população de Almada. A nível tático, acho que o prazer que o mister tem pelo futebol nos motiva em campo. Para que as coisas saiam bem ao domingo, há bastantes etapas, desde a conceção dos treinos até à motivação do espírito do grupo. E tanto o mister Ricky como todos os membros da equipa técnica são excelentes.
 
Rúben Leston é um dos mais antigos do plantel do Almada
Em relação aos seus companheiros de equipa, houve algum que o tivesse deixado particularmente impressionado?
Acho que o valor da equipa está no que conseguimos alcançar todos juntos. Acima de tudo, somos jogadores empenhados e humildes. Felizmente, ninguém se destaca. Nem mesmo um golo é de um só jogador. Claro que ele é o responsável pela concretização, mas o verdadeiro valor está no progresso e no trabalho da equipa. Todos são importantes. E no fim do jogo, o vencedor é o Almada, e não os marcadores. Temos jogadores de várias personalidades, de várias idades. Todos são responsáveis por ajudar a que cada um traga as suas qualidades. Esse é o espírito e o nosso caminho.
 
Que opinião tem sobre estas constantes dos campeonatos distritais devido à pandemia? Como acha que o futebol amador vai lidar com esta instabilidade e indefinição que a Covid-19 vai causando?
Infelizmente, esta nova realidade não nos ajuda nada a nível das nossas relações humanas. A Associação e os clubes fazem o melhor que podem para cumprir todas as regras e manter-nos saudáveis. Ninguém gosta, mas temos de aguentar e respeitar. A vontade e o prazer de jogar têm de ser controlados em prol da nossa saúde e das nossas famílias. É preferível sofrer com vontade de jogar do que sentir que a nossa impaciência e precipitação pudesse levar à perda de alguém.
 
O Leston joga a lateral direito. Como se define enquanto jogador?
Acho que sou trabalhador e tento sempre ter uma perspetiva dos ritmos de jogo e do posicionamento de todos dentro de campo. Costumo jogar mais a lateral direito, porque o meu perfil ajuda a estar envolvido tanto no processo defensivo como ofensivo. Acho que me entrego bastante, com responsabilidade e compromisso. Em qualquer equipa, acho que acrescento competitividade e a ambição de ganhar. Quando jogo no meio, tenho mais tempo para pensar o jogo. Tento dar ao jogo o plano que foi pensado e ler os movimentos de cada um.
 

Praticou natação, karaté, futsal, vólei e xadrez

Voltemos atrás no tempo. Onde nasceu e cresceu e como foi a sua infância?
Nasci em Lisboa, mas cresci em Corroios e depois em Almada. Acho que a minha infância e o meu crescimento foram, de certo modo, intensos. Fui inscrito na natação quando tinha alguns meses e fiz competição na SFUAP [Sociedade Filarmónica União Artística Piedense] durante toda a minha infância. Paralelamente, fiz Karaté Shotokan, onde alcancei o cinturão negro e conquistei algumas medalhas de Ouro no Campeonato Nacional. Quando foi oportuno, representei sempre as escolas por onde passei a nível desportivo, desde futsal, ao vólei e ao xadrez. Sempre tive uma paixão enorme por desporto. E felizmente, o sucesso académico sempre se manteve constante. Obviamente que tudo vem com um preço. Paga-se com trabalho e dedicação. E com uma visão do mundo que nem sempre é compreendida. O sucesso vem com um preço que é pago com o nosso trabalho e através dos nossos hábitos. Há etapas, histórias e sacrifícios que moldam a nossa personalidade. Respeitamo-nos uns aos outros e tentamos devolver ao mundo o melhor que vamos encontrando dentro de nós.
 
Leston foi formado no Corroios
Quais são as suas raízes angolanas? Alguma vez foi a Angola?
Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de conhecer os países onde nasceram os meus pais. Um dia irei visitar Angola, do meu pai, e a Guiné-Bissau, da minha mãe.
 
Quando é que a bola entrou na sua vida? O Leston fez toda a formação no Corroios. Quais são as principais recordações que tem desses tempos?
O Corroios foi onde me comecei a apaixonar pelo futebol, logo desde os meus seis ou sete anos. Pelo que me contam, tinha boa preparação física e tudo corria bem. Mas isso levou a que fosse integrado na equipa com jogadores mais velhos e os meus pais decidiram que era melhor abandonar para não me magoar, e aí tive de me dedicar aos desportos individuais. Voltei com 13 anos porque nunca perdi a paixão pelo futebol. Vivi grandes momentos de futebol porque o Corroios estava presente em todos os campeonatos nacionais e tinha um bom plano de formação. Aprendi bastante com muitos treinadores. Lembro-me dos jogos por todo o país, e dos encontros frente a Sporting e Benfica, porque vejo alguns dos jogadores na I Liga. Guardo sempre um grande carinho pelo Corroios. E reconheço que foi um orgulho e um privilégio crescer ali, e envergar a braçadeira de capitão.
 
Assim que sobe a sénior vai para o Almada, que estava na I Distrital. Como correu essa transição de júnior para sénior?
Acima de tudo acho que aprendi bastante. O grau de maturidade era bastante mais elevado. A este nível, a experiência conta bastante. Mas a equipa tinha jogadores em diferentes patamares, e fiz uma boa integração. Mais do que o talento, o futebol é um jogo de inteligência e estratégia.
 

Charneca de 2017? Trabalho diário, organização do clube e adeptos foram essenciais”

Entre 2015 e 2017 representou o Charneca de Caparica e ajudou a equipa a alcançar um histórico quarto lugar no campeonato e a chegar à final da Taça AF Setúbal. Que memórias guarda desses tempos?
A equipa técnica [de Élio Santos] que me acolheu quando cheguei ao Almada foi a mesma que me convidou para ir para o Charneca. Sempre houve muita qualidade e ambição. A equipa estava, mais uma vez, bem distribuída a nível de experiência e maturidade. O trabalho diário, a organização do clube em prol do sucesso de todos os escalões, e o trabalho do público, foram essenciais. O público teve uma presença incrível. O sucesso surgiu naturalmente.
 
Leston em ação num jogo frente ao Comércio e Indústria
Embora fosse titular no Charneca, que na altura se estava a estabelecer como uma das principais equipas da I Distrital, foi jogar para o campeonato universitário de Lisboa e depois mudou-se para o Almada, que atravessava dificuldades. O que levou a tomar essa decisão?
Ao longo da vida surgem estes episódios. Após a derrota na final da Taça, a equipa técnica [de Élio Santos] aceitou um novo convite. E com a chegada de uma nova equipa técnica ao Charneca, a direção informou-me que no ano seguinte não iriam contar comigo porque o novo treinador [José Manuel Almeida] não me conhecia e preferia trazer jogadores da sua confiança. O clube pretendia consolidar a sua posição no distrito e tornar-se uma referência na formação dos jovens. Tive de respeitar as opções, mesmo sem nunca conhecer pessoalmente, na altura, quem ia assumir o cargo. Ninguém gosta de ser dispensado. Mas a vida continua. Tentei dedicar-me só à faculdade. Nesse ano joguei no Campeonato Universitário de Lisboa, e no Campeonato Nacional Universitário, pelo Instituto Superior Técnico. O futebol em Lisboa é uma realidade diferente. E no Campeonato Universitário existe muito talento, inteligência e bastantes condições desportivas, pois o Estádio Universitário é um complexo com muitos campos tratados diariamente. Muitos dos jogadores de todo o país conciliam os estudos e mantêm a competitividade que tinham nos seus clubes locais. Durante o Natal da época seguinte, o mister Custódio [Galveias] convidou-me para ajudar o Almada a subir de divisão. Senti que podia ser útil e ajudar o Almada a regressar à I Distrital. Acreditei no projeto e nas ideias do mister. Apesar de ter chegado a meio da época, receberam-me muito bem e, mais uma vez, lutámos até ao fim. Infelizmente não subimos depois de um jogo muito disputado contra o Pescadores. Ficámos frustrados. Não tinha conseguido ajudar o Almada a subir nessa época. Em 2020 o campeonato foi cancelado, e este ano estou aqui para tentar cumprir a meta que me trouxe ao Almada.
 
Que treinadores mais o marcaram ao longo da sua carreira?
Felizmente, tive a oportunidade de ser ensinado por muitos treinadores durante a minha carreira. O facto de ser uma pessoa reservada fora de campo fez com que não desse muito nas vistas. Fazia o meu trabalho e tentava ser competente, levando com seriedade as decisões de cada treinador. Tentei absorver o melhor de cada um. Acima de tudo, acho que aprendi bastante com todos. Como disse antes, o valor está na pessoa em si. Uma boa pessoa, e que inspire, mesmo com capacidades teóricas menos boas, tem maior probabilidade de ganhar do que um treinador teórico, sem relação de mútuo respeito com os jogadores. Quando acreditamos no projeto e no trabalho, damos ainda mais de nós. Sinto-me grato por todos os treinadores que me acolheram e que em algum momento, apreciaram as minhas qualidades e o meu trabalho. Gostava de reconhecer e deixar uma palavra especial ao mister Paulo Loureiro, que fez parte das equipas técnicas, praticamente durante toda a minha carreira sénior. É uma pessoa que admiro pela sua paixão e entrega. E é uma pessoa essencial para o bom funcionamento e organização de uma equipa, preparação para os jogos e preparação dos guarda-redes.
 
Leston nos tempos em que jogava no Charneca de Caparica
Ao longo da sua carreira, o Leston também se tem dado nas vistas pelos penteados vistosos. Quais foram os mais arrojados que teve? Tem algum em vista para utilizar em breve?
Sim, gosto de penteados alternativos, de cores e de arte em geral. Não por serem diferentes. Simplesmente gosto. O facto de algo tão simples causar um grande impacto diz muito sobre a sociedade atual. Todos somos diferentes e cada um percorre o seu caminho. Somos parte de uma sociedade. Trago o melhor que posso à comunidade. Mas não me posso esquecer do meu bem-estar e dos meus gostos. Não vou ser uma réplica das tendências sem motivo. Gosto que as pessoas sejam autênticas. Não vi em ninguém. Tenho ideias. E se for possível, experimento. Posso gostar ou não. Não tenho planos por enquanto a esse nível.
 
Alguma vez foi alvo de insultos racistas? O que é para si o racismo?
Nunca fui alvo de insultos. A sua pergunta dá-nos mesmo muito que pensar. Podiam ser escritas dissertações e livros sobre esta pequena pergunta. Existe a definição da palavra, o contexto histórico, as implicações sociais, o efeito e impacto na vida das pessoas… enfim, seria impossível descrever toda propagação do racismo na nossa cultura. Pior ainda se torna a discussão sobre como travá-lo. Pode-se debater estratégias e métodos. Uns dirão que se deva reagir agressivamente e demonstrar tempestuosamente que não é possível aguentar mais. Outros dirão que o melhor método é ignorar e, simplesmente, nunca dar valor aos insultos. Ou há quem opte por fazer revoltas pacíficas. Ninguém tem uma solução. E para que esta mentalidade sofra uma mudança eficaz, é necessário haver um constante investimento na consciencialização e na educação.
 
 
Entrevista realizada por Romilson Teixeira








   











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