sábado, 22 de agosto de 2020

As 10 finais da Taça/Liga dos Campeões mais marcantes de sempre

Troféu da Liga dos Campeões foi conquistado por 22 clubes
Introduzida em 1955 com a designação de Taça dos Campeões Europeus, mas remodelada e rebatizada em 1992, a Liga dos Campeões é sem dúvida alguma a competição mundial que mais e melhor consegue reunir os grandes futebolistas e as grandes do planeta.

Criada pela UEFA por proposta do jornalista francês Gabriel Hanot, que propôs uma competição continental numa altura em que disputavam provas regionais como Taça Latina (Europa Latina) ou a Taça Mitropa (Europa Central).


Todos os anos, a final da Champions League significa o culminar da época desportiva a nível continental e é vista por milhões de espetadores em todo o mundo.

Entre jogos apaixonantes, goleadas, reviravoltas inesperadas, exibições épicas, consagração de equipas de sonho, jogos entre equipas do mesmo país e da mesma cidade e até tragédias humanas, vale a pena conhecer a nossa lista das dez finais mais marcantes, por ordem cronológica.


13 de junho de 1956 – Parc des Princes (Paris, França)
Real Madrid 4-3 Reims
A primeira edição e a primeira final. Na altura, os clubes participantes eram selecionados pela revista francesa L’Equipe, que selecionava os que entendiam ser os mais representativos e prestigiados emblemas europeus – o Sporting foi o convidado português. E como não poderia deixar de ser, o palco da final foi o mais importante estádio da capital gaulesa, o Parc des Princes.
Na caminhada até à final, o Real Madrid tinha deixado pelo caminho os suíços do Servette, os jugoslavos do Partizan e os italianos do AC Milan, enquanto o Reims havia eliminado os dinamarqueses do Aarhus, os húngaros do Vörös Lobogó e os escoceses do Hibernian, numa competição que tinha contado com equipas inglesas, que menosprezavam a recém-criada prova.
Em Paris, o Reims apressou-se a ficar em vantagem, chegando aos 2-0 logo aos dez minutos, com golos de Leblond (6’) e Templin (10’). Di Stéfano (14’) e Rial (30’) repuseram a igualdade ainda na primeira parte, mas Michel Hidalgo recolocou os gauleses em vantagem já na segunda parte (62’). Porém, Marquitos (67’) e novamente Rial (79’) apontaram os golos que deram o primeiro troféu ao Real Madrid.
Mal sabia o atacante merengue Paco Gento que começaria nessa noite a construir dois recordes que ainda perduram de mais participações em finais (oito) e mais Champions conquistadas (seis).



18 de maio de 1960 – Hampden Park (Glasgow, Escócia)
A primeira de três finais para o Hampden Park e um jogo que ficou na memória como um dos melhores de sempre e na história como a final com mais espetadores (127 621 pessoas) e a que teve mais golos (10).
Após ter cilindrado os luxemburgueses do Jeunesse Esch, o tetracampeão europeu Real Madrid afastou os franceses do Nice e os compatriotas do Barcelona para disputar a final frente um Eintracht Frankfurt que tinha eliminado os suíços do Young Boys, os austríacos do Wiener Sport-Club e de forma avassaladora os escoceses do Rangers nas meias-finais (agregado de 12-4).
Os alemães entraram melhor, marcando primeiro por Kress (aos 18 minutos) e dominando durante os minutos iniciais. Porém, o Real Madrid com um vendaval ofensivo que resultou em sete golos, marcados por apenas dois homens: Alfredo Di Stéfano e Ferenc Puskás.
O hispano-argentino apontou um hat trick (27’, 30’ e 73’), enquanto o húngaro fez um póquer (45+1’, 56’ g.p., 60’ e 71’). E numa altura em que a derrota estava já certa, Stein reduziu por duas vezes para o Eintracht (72’ e 75’).
Neste jogo Puskás estabeleceu um recorde que ainda hoje perdura, o de único jogador a marcar quatro golos numa final, oferecendo a quinta conquista (em tantas outras edições) ao Real Madrid.



17 de maio de 1974 – Estádio de Heysel (Bruxelas, Bélgica)
Atlético Madrid 0-4 Bayern Munique
Pela primeira e única vez em toda a história, uma final teve de ser repetida.
A 15 de maio, Bayern Munique e Atlético Madrid foram para prolongamento empatados a zero. Um golo de Luis Aragonés colocou os colchoneros com uma mão no troféu (114’), mas Schwarzenbeck deixou tudo igualado ao cair do pano (120’).
Assim sendo, segundo as regras de então, teve lugar um jogo de repetição, no mesmo estádio, dois dias depois. E nesse segundo jogo os bávaros foram muito mais fortes, goleando por 4-0, com golos de Uli Hoeneß (28’ e 82’) e Gerd Müller (56’ e 69’), dando ao Bayern e (à Alemanha) a primeira Taça dos Campeões europeus.
Na caminhada até à final os germânicos eliminaram os suecos do Åtvidabergs FF, os alemães de leste do Dínamo Dresden, os búlgaros do CSKA Sófia e os húngaros do Újpesti Dózsa, enquanto os espanhóis afastaram os turcos do Galatasaray, os romenos do Dínamo Bucareste, os jugoslavos do Estrela Vermelha de Belgrado e os escoceses do Celtic.
Embora tenha saído derrotado na final, o Atlético Madrid participou e venceu a Taça Intercontinental de 1974, após o Bayern Munique ter recusado participar.



29 de maio de 1985 – Estádio de Heysel (Bruxelas, Bélgica)
Juventus 1-0 Liverpool
A final da tragédia e que mudou para sempre a forma como se assistia futebol no Reino Unido em particular e na Europa em geral. Ainda antes do apito inicial, adeptos do Liverpool furaram uma rede que os separava dos adeptos da Juventus e atacaram-nos. O excesso de peso causado pelo aglomerado de pessoas fez cair uma barreira de proteção, o que resultou na morte de 39 pessoas, além de centenas de feridos.
Ainda assim, o jogo ocorreu, uma vez que se temia que mais problemas surgissem caso a final não fosse disputada, e a Juventus ganhou por 1-0, conquistou o seu primeiro título europeu e tornou-se o primeiro clube a vencer as três principais competições europeias (Taça dos Campeões europeus, Taça UEFA e Taça das Taças). Um golo solitário de Michel Platini aos 56 minutos, na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Gary Gillespie sobre Zbigniew Boniek (fora da área…), bastou à vecchia signora.
O então campeão europeu Liverpool chegou à final após eliminar os polacos do Lech Poznań, o Benfica, o Áustria Viena e os gregos do Panathinaikos, enquanto a Juventus afastou os finlandeses do Ilves, os suíços do Grasshoppers, os checos do Sparta Praga e os franceses do Bordéus.
Após o desastre de Heysel, a UEFA baniu os clubes ingleses de participarem nas competições europeias durante cinco anos.



7 de maio de 1986 – Estádio Ramón Sánchez Pizjuán (Sevilha, Espanha)
Steaua Bucareste 0-0 (2-0 g.p.) Barcelona
A primeira final que terminou empatada a zero no final do prolongamento e a primeira e única vez que um clube do leste europeu se sagrou campeão europeu.
Reza a história que os 90 minutos regulamentares e os 30 de prolongamento foram um autêntico pacto de não agressão, à exceção de algumas tímidas aproximações a ambas as balizas no início da primeira parte.
No desempate por penáltis, o desacerto continuou, mas houve um homem que virou herói, Helmuth Duckadam, guarda-redes do Steaua que defendeu quatro (!) penáltis, apontados por Alexanko, Pedraza, Pichi Alonso e Marcos. Depois de Majearu e László Bölöni terem falhado para os romenos, Lăcătuș e Balint marcaram e asseguraram a conquista do troféu.
Na caminhada até à final, o Steaua afastou os dinamarqueses do Vejle Boldklub, os húngaros do Budapest Honvéd, os finlandeses do Lahti e os belgas do Anderlecht. Já o Barcelona, que ainda perseguia o seu primeiro título europeu, tinha eliminado os checos do Sparta Praga, o FC Porto, os italianos da Juventus e os suecos do Gotemburgo.



18 de maio de 1994 – Estádio Olímpico de Atenas (Grécia)
Duelo de titãs em Atenas. O Dream Team do Barcelona comandado por Johan Cruyff e com jogadores como Hristo Stoichkov e Romário, frente ao grande AC Milan do início dos anos 1990, campeão europeu em 1989 e 1990 e finalista vencido em 1993, ainda que já com Fabio Capello no lugar de Arrigo Sacchi no banco milanês.
Ainda assim, o Barça era favorito, uma vez que era tetracampeão espanhol e os rossoneri apresentavam-se bastante desfalcados, com Marco van Basten e o promissor Gianluigi Lentini (então o jogador mais caro do mundo) lesionados, os defesas Franco Baresi e Alessandro Costacurta castigados e sem poder utilizar Florin Răducioiu, Jean-Pierre Papin e Brian Laudrup devido à limitação de três estrangeiros na ficha de jogo – Cruyff deixou de fora Michael Laudrup.
Apesar do favoritismo, tudo correu mal ao Barcelona, com Daniele Massaro a bisar na primeira parte (22’ e 45+2’), brilhantemente assistido por Dejan Savićević e Roberto Donadoni. No início do segundo tempo, Savićević matou o jogo com um fantástico chapéu a Zubizarreta (47’), aproveitando um erro defensivo de Nadal, e Desailly fez o 4-0 antes da hora de jogo (58’).
Por falar em Marcel Desailly, o médio defensivo francês tornou-se o primeiro a vencer a Taça/Liga dos Campeões europeus a vencer o troféu em anos consecutivos por diferentes clubes, depois de se ter sagrado campeão continental no ano anterior ao serviço do Marselha.
O AC Milan, que para muitos protagonizou a melhor exibição coletiva numa final da Champions, superou o Mónaco na meia-final, enquanto o Barcelona tinha eliminado o FC Porto.



26 de maio de 1999 – Camp Nou (Barcelona, Espanha)
Manchester United 2-1 Bayern Munique
Mesmo se este trabalho visasse apenas as cinco ou até três finais mais marcantes de sempre, a de Camp Nou em 1999 tinha obrigatoriamente de estar presente.
No regresso de um clube inglês a uma final da Champions depois da tragédia de Heysel, Manchester United e Bayern Munique protagonizaram a primeira final entre duas equipas que não tinham sido campeões nacionais na época anterior, numa fase em que a competição se começava a um maior número de representantes dos principais campeonatos europeus. Curiosamente, United e Bayern já se tinham defrontado na fase de grupos, com empate a dois golos em Munique e igualdade a uma bola em Old Trafford.
Ainda assim, não foi nada do descrito acima que fez deste jogo uma final marcante, mas sim o desenrolar de acontecimentos no tempo de compensação da segunda parte. Mas já lá vamos.
Logo aos seis minutos, Mario Basler abriu o ativo para o Bayern na conversão de um livre direto que deixou Schmeichel pregado ao relvado. Os bávaros continuarem em vantagem até perto do apito final.
Ao minuto 90, o United ganhou um canto justamente no momento em que o quarto árbitro indiciou que seriam jogados três minutos de tempo de compensação e desse canto saiu o golo do empate, da autoria de Teddy Sheringham (90+1’), que tinha entrado a meio da segunda parte – nesse canto, até Schmeichel foi à área dos alemães. Aparentemente, os red devils tinham atirado a decisão para prolongamento, mas, entretanto, ganharam novo canto e chegaram ao golo da vitória por intermédio de Ole Gunnar Solskjær (90+3’).
Reza a história que antes do golo de Sheringham, o então presidente da UEFA, Lennart Johansson, desceu do camarote numa altura em que a taça já estava decorada com as cores do Bayern, e ficou estupefacto quando chegou ao túnel de acesso ao relvado. “Não acreditava. Os vencedores estavam a chorar e os derrotados a dançar”, confessou anos depois.
Após a fase de grupos, o Manchester United eliminou os italianos do Inter de Milão e da Juventus, enquanto o Bayern Munique afastou os compatriotas do Kaiserslautern e os ucranianos do Dínamo Kiev.



25 de maio de 2005 – Estádio Olímpico Atatürk (Istambul, Turquia)
Outra final que teria de estar presente numa lista de finais mais marcantes, nem que fosse uma lista de apenas três ou cinco.
A estreia da Turquia em jogos decisivos das competições europeias e o regresso do Liverpool a finais da Champions abriu com um duplo recorde estabelecido pelo capitão milanês Paolo Maldini, que disputava a sua sétima final da Liga dos Campeões: golo mais rápido de sempre numa final (53 segundos) e jogador mais velho a marcar numa final da prova (36 anos e 333 dias).
Tudo correu bem ao AC Milan na primeira parte, que foi para intervalo a ganhar por 3-0, depois de um bis de Hernán Crespo nos minutos finais da etapa inicial (39’ e 44’).
Porém, seis minutos bastaram para que o Liverpool anulasse essa vantagem aparentemente confortável para os rossoneri, com golos do capitão Steven Gerrard (54’), Vladimír Šmicer (56’) e Xabi Alonso (60’).
Com o resultado empatado após os 90 minutos, as duas equipas levaram a decisão para prolongamento, etapa que não teve golos, mas que teve numa dupla defesa de Dudek a três minutos do fim o seu momento alto.
No desempate por grandes penalidades, Dudek voltou a brilhar, defendendo os remates de Pirlo e Shevchenko, ajudando o Liverpool a vencer por 3-2 nos penáltis – Hamann, Djibril Cissé e Šmicer marcaram para os reds, Tomasson e Kaká para os milaneses.  
Na caminhada até à final o Liverpool eliminou Bayer Leverkusen, Juventus e Chelsea, enquanto o AC Milan afastou Manchester United, Inter de Milão e PSV.



19 de maio de 2012 – Allianz Arena (Munique, Alemanha)
Quando se conheceram os finalistas, o Bayern Munique não partia como favorito, mas sim como superfavorito. Afinal, jogava a final na própria casa e tinha pela frente um Chelsea bastante irregular e com vários jogadores em fim de ciclo, e tanto assim foi que que terminou a Premier League em sexto lugar.
Pela primeira (e por enquanto única) vez, um clube londrino conquistou o troféu.  
Na caminhada até à final, o Chelsea sofreu para eliminar Nápoles, Benfica e Barcelona, enquanto o Bayern afastou Basileia e Marselha de forma contundente e o Real Madrid no desempate por penáltis no Bernabéu.



24 de maio de 2014 – Estádio da Luz (Lisboa, Portugal)
Real Madrid 4-1 Atlético Madrid (após prolongamento)
Pela primeira vez na história, duas equipas da mesma cidade defrontaram-se na final, naquela que foi a quinta vez que o jogo decisivo foi disputado entre clubes do mesmo país. Além disso, o Real Madrid procurava a tão desejada La Decima, enquanto o Atlético perseguia o primeiro título europeu.
Em pleno Estádio da Luz, naquela que foi a segunda vez que Portugal foi palco da final, o Atlético Madrid colocou-se em vantagem aos 36 minutos, por Diego Godín. Depois os colchoneros baixaram o bloco, juntaram as linhas e conservaram a vantagem praticamente até ao cair do pano, quando Sergio Ramos deu o empate aos merengues (90+3’) e atirou a decisão para prolongamento.
A primeira parte do prolongamento não teve golos, mas na segunda só deu Real Madrid: Gareth Bale (110’), Marcelo (118’) e Cristiano Ronaldo (120’, g.p.) construíram a vitórias do madridistas, que conquistaram o 10.º título europeu na sua história no mesmo estádio onde, dez anos antes, Cristiano Ronaldo chorou compulsivamente após perder a final do Euro 2004 ante a Grécia.
Na caminhada até à final, o Real Madrid eliminou três equipas alemães: Schalke 04, Borussia Dortmund e Bayern Munique. Já o Atlético afastou AC Milan, Barcelona e Chelsea.



















2 comentários:

  1. Quando se conheceram os finalistas, o Bayern Munique não partia como favorito, mas sim como superfavorito. Afinal, jogava a final na própria casa e tinha pela frente um Chelsea bastante irregular e com vários jogadores em fim de ciclo, e tanto assim foi que que terminou a Premier League em sexto lugar.Sigo viendo este partido de fútbol repetidamente.

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