Introduzida em 1955 com a
designação de Taça
dos Campeões Europeus, mas remodelada e rebatizada em 1992, a Liga
dos Campeões é sem dúvida alguma a competição mundial que mais e melhor
consegue reunir os grandes futebolistas e as grandes do planeta.
Criada pela UEFA por proposta do
jornalista francês Gabriel Hanot, que propôs uma competição continental numa
altura em que disputavam provas regionais como Taça Latina (Europa Latina) ou a
Taça Mitropa (Europa Central).
Todos os anos, a final da Champions
League significa o culminar da época desportiva a nível continental e é
vista por milhões de espetadores em todo o mundo.
Entre jogos apaixonantes,
goleadas, reviravoltas inesperadas, exibições épicas, consagração de equipas de
sonho, jogos entre equipas do mesmo país e da mesma cidade e até tragédias
humanas, vale a pena conhecer a nossa lista das dez finais mais marcantes, por
ordem cronológica.
13 de junho de 1956 – Parc des Princes (Paris, França)
Real Madrid 4-3 Reims
A primeira edição e a primeira
final. Na altura, os clubes participantes eram selecionados pela revista
francesa L’Equipe, que selecionava os
que entendiam ser os mais representativos e prestigiados emblemas europeus – o Sporting
foi o convidado português. E como não poderia deixar de ser, o palco da final foi
o mais importante estádio da capital gaulesa, o Parc des Princes.
Na caminhada até à final, o Real
Madrid tinha deixado pelo caminho os suíços do Servette, os jugoslavos do
Partizan e os italianos
do AC Milan, enquanto o Reims havia eliminado os dinamarqueses do Aarhus,
os húngaros do Vörös Lobogó e os escoceses do Hibernian, numa competição que
tinha contado com equipas inglesas, que menosprezavam a recém-criada prova.
Em Paris, o Reims apressou-se a
ficar em vantagem, chegando aos 2-0 logo aos dez minutos, com golos de Leblond
(6’) e Templin (10’). Di Stéfano (14’) e Rial (30’) repuseram a igualdade ainda
na primeira parte, mas Michel Hidalgo recolocou os gauleses em vantagem já na
segunda parte (62’). Porém, Marquitos (67’) e novamente Rial (79’) apontaram os
golos que deram o primeiro troféu ao Real Madrid.
Mal sabia o atacante merengue Paco Gento que começaria nessa
noite a construir dois recordes que ainda perduram de mais participações em
finais (oito) e mais Champions
conquistadas (seis).
18 de maio de 1960 – Hampden Park (Glasgow, Escócia)
A primeira de três finais para o
Hampden Park e um jogo que ficou na memória como um dos melhores de sempre e na
história como a final com mais espetadores (127 621 pessoas) e a que teve
mais golos (10).
Após ter cilindrado os
luxemburgueses do Jeunesse Esch, o tetracampeão europeu Real Madrid afastou os
franceses do Nice e os compatriotas do Barcelona
para disputar a final frente um Eintracht Frankfurt que tinha eliminado os
suíços do Young Boys, os austríacos do Wiener Sport-Club e de forma
avassaladora os escoceses do Rangers
nas meias-finais (agregado de 12-4).
Os alemães entraram melhor,
marcando primeiro por Kress (aos 18 minutos) e dominando durante os minutos
iniciais. Porém, o Real Madrid com um vendaval ofensivo que resultou em sete
golos, marcados por apenas dois homens: Alfredo Di Stéfano e Ferenc Puskás.
O hispano-argentino apontou um hat trick (27’, 30’ e 73’), enquanto o
húngaro fez um póquer (45+1’, 56’ g.p., 60’ e 71’). E numa altura em que a
derrota estava já certa, Stein reduziu por duas vezes para o Eintracht (72’ e
75’).
Neste jogo Puskás estabeleceu um
recorde que ainda hoje perdura, o de único jogador a marcar quatro golos numa
final, oferecendo a quinta conquista (em tantas outras edições) ao Real Madrid.
17 de maio de 1974 – Estádio de Heysel (Bruxelas, Bélgica)
Pela primeira e única vez em toda
a história, uma final teve de ser repetida.
A 15 de maio, Bayern Munique e Atlético
Madrid foram para prolongamento empatados a zero. Um golo de Luis Aragonés
colocou os colchoneros
com uma mão no troféu (114’), mas Schwarzenbeck deixou tudo igualado ao cair do
pano (120’).
Assim sendo, segundo as regras de
então, teve lugar um jogo de repetição, no mesmo estádio, dois dias depois. E
nesse segundo jogo os bávaros foram muito mais fortes, goleando por 4-0, com
golos de Uli Hoeneß (28’ e 82’) e Gerd Müller (56’ e 69’), dando ao Bayern e (à
Alemanha)
a primeira Taça
dos Campeões europeus.
Na caminhada até à final os
germânicos eliminaram os suecos do Åtvidabergs FF, os alemães de leste do
Dínamo Dresden, os búlgaros do CSKA Sófia e os húngaros do Újpesti Dózsa,
enquanto os espanhóis afastaram os turcos
do Galatasaray, os romenos do Dínamo Bucareste, os jugoslavos do Estrela
Vermelha de Belgrado e os escoceses
do Celtic.
Embora tenha saído derrotado na
final, o Atlético
Madrid participou e venceu a Taça Intercontinental de 1974, após o Bayern
Munique ter recusado participar.
29 de maio de 1985 – Estádio de Heysel (Bruxelas, Bélgica)
A final da tragédia e que mudou
para sempre a forma como se assistia futebol no Reino Unido em particular e na
Europa em geral. Ainda antes do apito inicial, adeptos do Liverpool furaram uma
rede que os separava dos adeptos da Juventus
e atacaram-nos. O excesso de peso causado pelo aglomerado de pessoas fez cair
uma barreira de proteção, o que resultou na morte de 39 pessoas, além de
centenas de feridos.
Ainda assim, o jogo ocorreu, uma
vez que se temia que mais problemas surgissem caso a final não fosse disputada,
e a Juventus
ganhou por 1-0, conquistou o seu primeiro título europeu e tornou-se o primeiro
clube a vencer as três principais competições europeias (Taça
dos Campeões europeus, Taça
UEFA e Taça das Taças). Um golo solitário de Michel Platini aos 56 minutos,
na conversão de uma grande penalidade a castigar falta de Gary Gillespie sobre
Zbigniew Boniek (fora da área…), bastou à vecchia
signora.
O então campeão europeu Liverpool
chegou à final após eliminar os polacos do Lech Poznań, o Benfica,
o Áustria Viena e os gregos do Panathinaikos, enquanto a Juventus
afastou os finlandeses do Ilves, os suíços do Grasshoppers, os checos do Sparta
Praga e os franceses do Bordéus.
Após o desastre de Heysel, a UEFA
baniu os clubes ingleses de participarem nas competições europeias durante
cinco anos.
7 de maio de 1986 – Estádio Ramón Sánchez Pizjuán (Sevilha, Espanha)
A primeira final que terminou
empatada a zero no final do prolongamento e a primeira e única vez que um clube
do leste europeu se sagrou campeão europeu.
Reza a história que os 90 minutos
regulamentares e os 30 de prolongamento foram um autêntico pacto de não
agressão, à exceção de algumas tímidas aproximações a ambas as balizas no
início da primeira parte.
No desempate por penáltis, o
desacerto continuou, mas houve um homem que virou herói, Helmuth Duckadam,
guarda-redes do Steaua
que defendeu quatro (!) penáltis, apontados por Alexanko, Pedraza, Pichi Alonso
e Marcos. Depois de Majearu e László Bölöni terem falhado para os romenos, Lăcătuș
e Balint marcaram e asseguraram a conquista do troféu.
Na caminhada até à final, o Steaua
afastou os dinamarqueses do Vejle Boldklub, os húngaros do Budapest Honvéd, os
finlandeses do Lahti e os belgas
do Anderlecht. Já o Barcelona,
que ainda perseguia o seu primeiro título europeu, tinha eliminado os checos do
Sparta Praga, o FC
Porto, os italianos da Juventus
e os suecos do Gotemburgo.
18 de maio de 1994 – Estádio Olímpico de Atenas (Grécia)
Duelo de titãs em Atenas. O Dream Team do Barcelona
comandado por Johan Cruyff e com jogadores como Hristo Stoichkov e Romário,
frente ao grande AC
Milan do início dos anos 1990, campeão europeu em 1989 e 1990 e finalista
vencido em 1993, ainda que já com Fabio Capello no lugar de Arrigo Sacchi no
banco milanês.
Ainda assim, o Barça
era favorito, uma vez que era tetracampeão espanhol e os rossoneri
apresentavam-se bastante desfalcados, com Marco van Basten e o promissor Gianluigi
Lentini (então o jogador mais caro do mundo) lesionados, os defesas Franco
Baresi e Alessandro Costacurta castigados e sem poder utilizar Florin
Răducioiu, Jean-Pierre Papin e Brian Laudrup devido à limitação de três
estrangeiros na ficha de jogo – Cruyff deixou de fora Michael Laudrup.
Apesar do favoritismo, tudo
correu mal ao Barcelona,
com Daniele Massaro a bisar na primeira parte (22’ e 45+2’), brilhantemente
assistido por Dejan Savićević e Roberto Donadoni. No início do segundo tempo, Savićević
matou o jogo com um fantástico chapéu a Zubizarreta (47’), aproveitando um erro
defensivo de Nadal, e Desailly fez o 4-0 antes da hora de jogo (58’).
Por falar em Marcel Desailly, o
médio defensivo francês tornou-se o primeiro a vencer a Taça/Liga
dos Campeões europeus a vencer o troféu em anos consecutivos por diferentes
clubes, depois de se ter sagrado campeão continental no ano anterior ao serviço
do Marselha.
O AC
Milan, que para muitos protagonizou a melhor exibição coletiva numa final
da Champions,
superou o Mónaco
na meia-final, enquanto o Barcelona
tinha eliminado o FC
Porto.
26 de maio de 1999 – Camp Nou (Barcelona, Espanha)
Manchester United 2-1 Bayern Munique
Mesmo se este trabalho visasse
apenas as cinco ou até três finais mais marcantes de sempre, a de Camp Nou em
1999 tinha obrigatoriamente de estar presente.
No regresso de um clube inglês a
uma final da Champions
depois da tragédia de Heysel, Manchester United e Bayern Munique protagonizaram
a primeira final entre duas equipas que não tinham sido campeões nacionais na
época anterior, numa fase em que a competição se começava a um maior número de
representantes dos principais campeonatos europeus. Curiosamente, United e
Bayern já se tinham defrontado na fase de grupos, com empate a dois golos em
Munique e igualdade a uma bola em Old Trafford.
Ainda assim, não foi nada do
descrito acima que fez deste jogo uma final marcante, mas sim o desenrolar de
acontecimentos no tempo de compensação da segunda parte. Mas já lá vamos.
Logo aos seis minutos, Mario
Basler abriu o ativo para o Bayern na conversão de um livre direto que deixou
Schmeichel pregado ao relvado. Os bávaros continuarem em vantagem até perto do
apito final.
Ao minuto 90, o United ganhou um
canto justamente no momento em que o quarto árbitro indiciou que seriam jogados
três minutos de tempo de compensação e desse canto saiu o golo do empate, da
autoria de Teddy Sheringham (90+1’), que tinha entrado a meio da segunda parte
– nesse canto, até Schmeichel foi à área dos alemães. Aparentemente, os red devils tinham atirado a decisão para
prolongamento, mas, entretanto, ganharam novo canto e chegaram ao golo da
vitória por intermédio de Ole Gunnar Solskjær (90+3’).
Reza a história que antes do golo
de Sheringham, o então presidente da UEFA, Lennart Johansson, desceu do
camarote numa altura em que a taça já estava decorada com as cores do Bayern, e
ficou estupefacto quando chegou ao túnel de acesso ao relvado. “Não acreditava.
Os vencedores estavam a chorar e os derrotados a dançar”, confessou anos
depois.
Após a fase de grupos, o
Manchester United eliminou os italianos do Inter de Milão e da Juventus,
enquanto o Bayern Munique afastou os compatriotas do Kaiserslautern e os
ucranianos do Dínamo Kiev.
25 de maio de 2005 – Estádio Olímpico Atatürk (Istambul, Turquia)
Outra final que teria de estar
presente numa lista de finais mais marcantes, nem que fosse uma lista de apenas
três ou cinco.
A estreia da Turquia em jogos
decisivos das competições europeias e o regresso do Liverpool a finais da Champions
abriu com um duplo recorde estabelecido pelo capitão milanês
Paolo Maldini, que disputava a sua sétima final da Liga
dos Campeões: golo mais rápido de sempre numa final (53 segundos) e jogador
mais velho a marcar numa final da prova (36 anos e 333 dias).
Tudo correu bem ao AC
Milan na primeira parte, que foi para intervalo a ganhar por 3-0, depois de
um bis de Hernán Crespo nos minutos finais da etapa inicial (39’ e 44’).
Porém, seis minutos bastaram para
que o Liverpool anulasse essa vantagem aparentemente confortável para os rossoneri, com golos do capitão Steven
Gerrard (54’), Vladimír Šmicer (56’) e Xabi
Alonso (60’).
Com o resultado empatado após os
90 minutos, as duas equipas levaram a decisão para prolongamento, etapa que não
teve golos, mas que teve numa dupla defesa de Dudek a três minutos do fim o seu
momento alto.
No desempate por grandes
penalidades, Dudek voltou a brilhar, defendendo os remates de Pirlo e
Shevchenko, ajudando o Liverpool a vencer por 3-2 nos penáltis – Hamann,
Djibril Cissé e Šmicer marcaram para os reds,
Tomasson e Kaká para os milaneses.
Na caminhada até à final o
Liverpool eliminou Bayer Leverkusen, Juventus
e Chelsea,
enquanto o AC
Milan afastou Manchester United, Inter de Milão e PSV.
19 de maio de 2012 – Allianz Arena (Munique, Alemanha)
Quando se conheceram os
finalistas, o Bayern Munique não partia como favorito, mas sim como
superfavorito. Afinal, jogava a final na própria casa e tinha pela frente um Chelsea
bastante irregular e com vários jogadores em fim de ciclo, e tanto assim foi
que que terminou a Premier
League em sexto lugar.
Pela primeira (e por enquanto
única) vez, um clube londrino conquistou o troféu.
Na caminhada até à final, o Chelsea
sofreu para eliminar Nápoles, Benfica
e Barcelona,
enquanto o Bayern afastou Basileia
e Marselha de forma contundente e o Real
Madrid no desempate por penáltis no Bernabéu.
24 de maio de 2014 – Estádio da Luz (Lisboa, Portugal)
Pela primeira vez na história,
duas equipas da mesma cidade defrontaram-se na final, naquela que foi a quinta
vez que o jogo decisivo foi disputado entre clubes do mesmo país. Além disso, o
Real Madrid procurava a tão desejada La
Decima, enquanto o Atlético
perseguia o primeiro título europeu.
Em pleno Estádio da Luz, naquela
que foi a segunda vez que Portugal foi palco da final, o Atlético
Madrid colocou-se em vantagem aos 36 minutos, por Diego Godín. Depois os colchoneros
baixaram o bloco, juntaram as linhas e conservaram a vantagem praticamente até
ao cair do pano, quando Sergio Ramos deu o empate aos merengues (90+3’) e atirou a decisão para prolongamento.
A primeira parte do prolongamento
não teve golos, mas na segunda só deu Real Madrid: Gareth
Bale (110’), Marcelo (118’) e Cristiano
Ronaldo (120’, g.p.) construíram a vitórias do madridistas, que
conquistaram o 10.º título europeu na sua história no mesmo estádio onde, dez
anos antes, Cristiano
Ronaldo chorou compulsivamente após perder a final do Euro 2004 ante a
Grécia.
Na caminhada até à final, o Real
Madrid eliminou três equipas alemães: Schalke 04, Borussia
Dortmund e Bayern Munique. Já o Atlético
afastou AC
Milan, Barcelona
e Chelsea.
Quando se conheceram os finalistas, o Bayern Munique não partia como favorito, mas sim como superfavorito. Afinal, jogava a final na própria casa e tinha pela frente um Chelsea bastante irregular e com vários jogadores em fim de ciclo, e tanto assim foi que que terminou a Premier League em sexto lugar.Sigo viendo este partido de fútbol repetidamente.
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