sexta-feira, 20 de junho de 2025

O goleador belga do Portimonense que denunciou uma tentativa de corrupção. Quem se lembra de Cadorin?

Cadorin marcou 35 golos em 73 jogos pelo Portimonense na I Divisão
O Portimonense viveu o seu período áureo em meados da década de 1980, quando obteve a melhor classificação de sempre na I Divisão, o quinto lugar em 1984-85, e tornou-se na primeira equipa algarvia a jogar uma competição europeia, na época seguinte. O goleador dos alvinegros nessa altura era o belga Serge Cadorin, que em 1984-85 foi mesmo o segundo melhor marcador do campeonato, com 16 golos – foi apenas superado pelo portista Fernando Gomes (39), que nessa temporada venceu a sua segunda Bota de Ouro.
 
Proveniente do RFC Liège, reforçou o conjunto de Portimão no verão de 1983 por intermédio do empresário Lucano D’Onofrio, que contou com a dica de Luís Norton de Matos – na altura jogador do Portimonense após ter passado três anos no Standard Liège –, mas traiu quem o levou para o Algarve pelo bem da… verdade desportiva.
 
Porquê? Porque denunciou a tentativa de corrupção por parte de D’Onofrio antes de um Portimonense-FC Porto disputado em novembro de 1985, para a 11.ª jornada do campeonato. A ideia do empresário italo-belga em sondar Cadorin era pagar-lhe 500 contos (cerca de 2500 euros) e transferi-lo para o FC Porto ou um clube de Itália ou Suíça em troca de um penálti cometido nos primeiros cinco minutos. Mas o avançado dos alvinegros recusou participar no esquema e denunciou o caso ao presidente dos algarvios, Manuel João, que por sua vez apresentou queixa na Polícia Judiciária.
 
O caso ficou em águas de bacalhau, devido à falta de provas conclusivas, por ser a palavra de um contra a do outro, mas o orgulho ferido dos futebolistas do Portimonense guiou-os a uma vitória sobre o FC Porto, por 1-0. E sabe quem marcou o único golo do encontro? Ele mesmo, Cadorin, que apareceu isolado na pequena área para bater Zé Beto, após cruzamento de Luís Reina a partir do corredor esquerdo. Foi a primeira derrota dos dragões, então comandados por Artur Jorge, nessa temporada.
 
 
No verão do ano seguinte, sofreu um grave acidente doméstico e ficou com 70% do corpo queimado devido à explosão de uma garrafa de álcool demasiado próxima do fogo durante a preparação de um churrasco, numa altura em que tinha um pré-acordo com o Sporting.
 
 
 
O acidente fragilizou-o e travou a trajetória ascendente da sua carreira, tendo ficado toda a temporada 1986-87 sem jogar. Ainda chegou a integrar uma digressão dos leões a África em junho de 1987, mas acabou por representar a Académica em 1987-88, descendo de divisão antes de uma derradeira época em Portimão.
 
Depois voltou à Bélgica, onde encerrou a careira em 1990, quando ainda nem tinha 29 anos.
 
Viria a morrer em abril de 1987, aos 45 anos, vítima de ataque cardíaco.






  

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