terça-feira, 17 de setembro de 2024

O brasileiro que subiu a pulso e foi campeão por FC Porto e Sporting. Quem se lembra de Edmílson?

Edmílson ganhou duas ligas pelo FC Porto e uma pelo Sporting
Edmílson não teve um trajeto idêntico ao de muitos brasileiros que acabam por brilhar nos três grandes de Portugal. Ao contrário de Jardel, Mozer, Valdo ou até mesmo Liedson, não foi recrutado diretamente por um dos habituais candidatos ao título a um dos principais emblemas do Brasil. Não. Este avançado móvel foi descoberto em 1993 pelo Nacional da Madeira, então na II Liga, no Democrata de Governador Valadares, um clube amador do estado de Minas Gerais.
 
O que é certo é que este atacante que havia escapado aos grandes clubes brasileiros protagonizou uma ascensão meteórica no futebol português. Após quatro golos em 30 jogos pelo Nacional no segundo escalão em 1993-94, deu no final dessa época o salto para a I Liga, para a qual entrou pela porta do Salgueiros. “Na altura rejeitei propostas do Cruzeiro e do Atlético Mineiro porque tinha o sonho de vir para a Europa. Hoje seria diferente, certamente. Os grandes do Brasil pagam muito bem. Mas o Nacional foi bom para adaptar-me ao país. Fiz grandes amigos e um excelente campeonato”, revelou ao Maisfutebol em março de 2017.
 
Em Vidal Pinheiro fez uma temporada tremenda às ordens de Mário Reis, com 15 remates certeiros no campeonato – apenas Hassan (Farense, 21 golos), Domingos Paciência (FC Porto, 19), Marcelo (Tirsense, 17) e Artur (Boavista, 16) fizeram melhor. “Quando cheguei ao Salgueiros, o Mário Reis apostou em mim e comecei a treinar ainda mais a finalização. As coisas começaram a correr bem, tínhamos uma equipa belíssima. Fizemos um campeonato tranquilo e consegui ser o quinto melhor marcador do campeonato”, recordou ao portal Bancada em julho de 2018.
 
 
O FC Porto, que sofreu um golo do brasileiro numa receção ao emblema de Paranhos, acabou por contratá-lo no verão de 1995. E Edmilson voltou a mostrar que estava à altura do desafio, tendo amealhado 30 golos e 13 assistências em 85 partidas de dragão ao peito, primeiro sob a orientação de Bobby Robson e depois às ordens de António Oliveira. Em dois anos nas Antas venceu dois campeonatos e uma Supertaça e estreou-se na Liga dos Campeões. “Fui muito bem recebido. O Bobby Robson recebeu-me muito bem, todo o Porto recebeu-me bem. Qualquer jogador é bem recebido. Foram duas épocas maravilhosas no FC Porto. Sei que estou na história do FC Porto. (...) Deixando a modéstia de lado, foram duas épocas fantásticas. Sabia que era uma peça fundamental, o Bobby Robson e o Mourinho diziam-me isso”, contou.
 
 
Valorizado, transferiu-se no verão de 1997 para o Paris Saint-Germain, que na altura não tinha a expressão que tem hoje, mas que era já um projeto de grande clube para dar cartas em França e na Europa. Porém, o brasileiro não se afirmou na capital gaulesa e acabou por regressar a Portugal em janeiro de 1998, desta vez para representar o Sporting então comandado por Carlos Manuel. “Tinha vários clubes interessados, fizemos uma Liga dos Campeões fantástica. Inter Milão, Milan, Deportivo, Marselha, Bordéus... optei pelo Paris Saint-Germain, que o meu empresário disse que era a melhor opção. Era o clube que me dava mais garantias, estava lá o Ricardo Gomes, antigo jogador do Benfica. Mas a língua foi um entrave, não persisti em aprender o francês, o que foi um erro. Optei por voltar para Portugal”, lembrou o antigo avançado.
 
 
Edmilson foi uma das figuras dos leões na segunda metade de 1997-98 e em toda a época seguinte, mas foi precisamente quando começou a perder algum gás e espaço devido a alguns problemas físicos, em 1999-00, que ajudou os verde e brancos a quebrar um longo jejum de 18 anos sem o título nacional. “Começámos a época com o Materazzi, que acabou por não ficar, e entrou o Inácio. A nossa equipa era fantástica: Schmeichel, André Cruz, Barbosa... O Inácio conseguiu juntar todos os jogadores, formar um balneário e ser campeão. O Sporting esteve bem ao longo do campeonato e quando assumimos a liderança nunca mais a perdemos. O ano foi memorável, apesar da lesão, mas contribui para o título. Fica gravado na nossa memória e na história do clube”, recordou.
 
 
O atacante viria a permanecer em Alvalade até meados de 2001, despedindo-se ao fim de 19 golos em 77 partidas, um campeonato e uma Supertaça para finalmente representar um grande clube brasileiro, o Palmeiras.
 
 
Viria a regressar a Portugal para vestir a camisola do Portimonense na II Liga, retribuindo com nove golos em 24 jogos no campeonato em 2003-04, e do Guilhabreu nos distritais da AF Porto em 2006-07.
 
Já depois de pendurar as botas trabalho no futebol português como coordenador técnico do Nazarenos e presidente do Guarda Desportiva. 









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