terça-feira, 30 de abril de 2024

Quem se lembra de Cândido Costa no Vitória de Setúbal?

Cândido Costa disputou 14 jogos pelo Vitória em 2003
Apenas um salário recebido, uma descida de divisão, dificuldade em agarrar um lugar no onze e zero golos em seis meses. Assim se pode resumir a aventura de Cândido Costa no Vitória de Setúbal, no primeiro semestre de 2003.
 
Internacional sub-21 que vinha de apenas cinco jogos pelo FC Porto na primeira metade da temporada, sentiu que estava a perder o comboio no clube e na seleção, numa altura em que apareciam Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo, e decidiu, contra a vontade de José Mourinho, deixar as Antas. “Certo dia, no final de um treino, vou ter ao gabinete do mister para ter uma palavrinha com ele. Manda-me entrar e eu disse que estava a jogar pouco, que ele tinha o Capucho, que vinha o Marco Ferreira e que se calhar o melhor era sair. O Mourinho diz algo do género: 'Vais sair e vais jogar para onde?'. Eu digo que o Vitória de Setúbal me quer e ele: 'Espera aí para ver se compreendo: estás a pedir-me para sair do FC Porto, quando eu não te estou a dizer para tu saíres e queres ir para o Vitória de Setúbal?'”, recordou ao zerozero em dezembro de 2023.
 
Convencido pelo empresário Jorge Mendes, que lhe acenou com uma posterior transferência para Itália, foi emprestado aos sadinos numa fase em que estava à beira de comemorar o 22.º aniversário, no âmbito da transferência de Marco Ferreira para os dragões, mas ficou chocado assim que chegou ao Bonfim: “Uma realidade completamente diferente. Ordenados em atraso... Andei durante três anos da minha vida a ouvir: “Vitória, só a vitória é que interessa”. Cheguei ao balneário do Vitória de Setúbal e passei a ouvir: ‘Não perder é bom. Temos de agarrar o pontinho. Lutar para não descer’. Aquilo para mim foi um choque. O meu trajeto até então tinha sido coisas grandes, pensamento grande, não faltava nada, equipamentos a estrear. E entro num balneário sôfrego, com muitos ordenados em atraso. Passei a receber pelo Vitória de Setúbal, estive lá seis meses e recebi um salário. Para mim aquilo foi... quero sair daqui rápido, o que é isto?”, contou à Tribuna Expresso em março de 2018.
 
Quando foi contratado pelo Vitória, o treinador era Luís Campos. Depois apanhou Diamantino Miranda e, por fim, o bombeiro de serviço, Carlos Cardoso, que nessa temporada foi impotente para impedir a despromoção: “Foi muito mau, três treinadores em seis meses, sem receber, equipa desanimada. A cidade, clube e gentes espetaculares, mas o resto…”
 
 Quando olha para trás, Cândido Costa arrepende-se da mudança, mas sem que isso signifique um sentimento negativo em relação aos sadinos. “Nada a ver com o Vitória de Setúbal, pois infelizmente quis o destino que o Vitória de Setúbal não estivesse a viver momentos felizes. Nos seis meses restantes dessa temporada, quem me ficaria a pagar o salário era o Vitória de Setúbal. Nesse período não recebi um ordenado, tive três treinadores e desci de divisão. Na mesma época em que ganho Campeonato, Taça de Portugal e Taça UEFA, e desço de divisão... isto define um bocado a minha carreira: é um paradoxo. Foram muitas emoções para a pouca idade que tinha”, confessou, em jeito de balanço.
 
Em meia época no Bonfim, Cândido Costa foi utilizado em 14 jogos, sete dos quais como titular. Não marcou qualquer golo, mas fez uma assistência num jogo frente à União de Leiria.













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