terça-feira, 23 de maio de 2023

Luís Firmino: “Vamos montar uma equipa para o Barreirense não andar sempre a subir e descer”

Luís Firmino já leva três títulos distritais enquanto diretor desportivo
Campeão distrital pela terceira vez nas funções de diretor desportivo, Luís Firmino aponta a regularidade e a forma como estava estruturado o plantel como os principais motivos para a conquista do título da AF Setúbal por parte do Barreirense.
 
Com rasgados elogios aos métodos de trabalho do treinador Gonçalo Cruz, que está “99,9%” certo para a próxima época, o dirigente aponta a permanência no Campeonato de Portugal como principal objetivo para 2023-24 e revela que já estão identificados possíveis reforços e os juniores que vão transitar para a equipa principal.
 
DAVID PEREIRA - Em primeiro lugar, começo por lhe pedir para fazer um balanço da época. Previa-se uma corrida a três com Olímpico Montijo e Comércio e Indústria, mas o Barreirense subiu à liderança logo nas primeiras jornadas e, ainda com um deslize aqui e ali, segurou-a até ao fim, sagrando-se campeão na 31.ª de 34 jornadas…
LUÍS FIRMINO – É um balanço positivo. Conseguimos o nosso objetivo, que era sermos campeões. No início da época, eu, o presidente e o treinador estruturámos uma equipa forte, para atacar o título. O Montijo e o Comércio também montaram boas equipas, mas nós conseguimos ganhar jogos com mais assiduidade, fomos mais completos e regulares e isso deu-nos uma margem boa para sermos campeões a três jornadas do fim.
 
O que fez a diferença para que o Barreirense tivesse sido superior aos adversários diretos? Foi essa tal regularidade?
A regularidade e a forma como estruturámos a equipa. Fomos buscar os jogadores que já conhecíamos e que sabíamos que já tinham algumas subidas. Dentro desses parâmetros e do orçamento que o presidente nos deu conseguimos ir buscar os jogadores que nos dessem mais credibilidade e qualidade para conquistarmos o objetivo.
 

“Nos treinos do Gonçalo não há tempos mortos”

Gonçalo Cruz (em pé, de casaco) tem apenas 29 anos
O Barreirense nos últimos anos tem apostado em treinadores com passado no clube. Depois de Duka, Pedro Duarte, Rui Fonseca, David Martins e João Miguel Parreira, entre outros, o escolhido foi Gonçalo Cruz, que em 2016-17 integrou o plantel da equipa principal. Para quem está no dirigismo é importante um treinador que conheça os cantos à casa?
Foi uma escolha do presidente, Hugo Máximo. Já conhecíamos o Gonçalo pelo bom trabalho que desenvolveu no Águas de Moura e também como ex-atleta do Barreirense. Isso também pode ter ajudado. O Duka e o [Paulo] Albuquerque, que também fazem da organização e da estrutura, também o conheciam e lembravam-se dele e das características dele. Ficou mais fácil para o Hugo.
 
Ainda assim, o que vos levou a contratar um treinador tão jovem (29 anos) e que tinha apenas uma época como treinador principal? Que qualidades detetaram nele?
Acima de tudo, é um treinador jovem, com ambição e forte espírito de liderança. Fez um bom trabalho no Águas de Moura e tive uma conversa com ele na qual me falou das ideias fixas que tem sobre o futebol e o modelo de jogo que queria implementar. Passei essa informação ao Hugo, ao Duka e ao Albuquerque. Depois de começar a trabalhar, vimos as qualidades: é uma equipa técnica organizada, com muita qualidade, com ideias próprias e que estrutura bem os treinos. Não há tempos mortos, com todos os elementos da equipa técnica sempre a trabalhar, e estrutura bem as coisas em termos ofensivos e defensivos. Tem tudo organizado e consegue estruturar bem os exercícios para a equipa que tínhamos para a I Distrital.
 
Imagino que o Gonçalo Cruz seja o treinador do Barreirense próxima época…
Sim, certamente, com 99,9% de certeza.
 
O que é que ainda falta para chegar aos 100%?
Ainda temos de reunir, para acertar essa percentagem que falta, mas não há de ser muito difícil chegarmos a acordo.
 

“Sobe e desce? Queremos montar uma equipa para que isso não aconteça”

Barreirense festejou o título na casa do Amora B a 7 de maio
As últimas épocas do Barreirense têm sido marcadas por subidas e descidas de divisão. E, normalmente, o treinador responsável pela promoção ao Campeonato de Portugal acaba por sair a meio da época seguinte na sequência de maus resultados. O que é que a estrutura do clube planeia fazer para não se assistir a mais do mesmo?
Já sabemos dessa situação de antemão. Com algum tempo de antecedência, eu e o Gonçalo começámos a ver jogadores que nos podiam ser úteis, jogadores com experiência de Campeonato de Portugal e aos quais conseguíssemos chegar através do nosso orçamento. Queremos montar uma equipa para que isso não aconteça. Vamos escolher bem os atletas, ter bom critério e definir bem para que isso não volte a acontecer durante alguns anos.
 
O Luís já mencionou por duas vezes a palavra “orçamento”. Para termos uma noção, que orçamento o Barreirense teve esta época e que orçamento vai apresentar na próxima?
Não posso revelar o valor. Para a próxima época vamos ter de ser assertivos na escolha dos jogadores. Queremos atletas com experiência, mas também jovens, com vontade de aparecer e saltar para a Liga Revelação ou para a Liga 3.
 
Mas para a próxima época haverá certamente um aumento de orçamento…
Ainda não tive propriamente uma conversa com o presidente. Sei apenas mais ou menos que limites é que vamos ter.
 
O que lhe parece o primeiro rascunho da série em que o Barreirense vai ficar integrado no Campeonato de Portugal? À primeira vista, há um número interessante de equipas que têm a responsabilidade de investir para subir à Liga 3, como Vitória de Setúbal, Real SC, Oriental ou Louletano
Se conseguirmos ter critério e sorte na escolha dos jogadores, isso vai influenciar muito o rendimento da equipa. É indiferente ficar na Série C ou D. Temos é que ter um bom ambiente de trabalho, boas condições para treinar e sermos criteriosos na escolha dos jogadores e ter a sorte de eles quererem vir trabalhar connosco. Acima de tudo, somos um clube que não falha com os compromissos que assumimos com os atletas. O presidente faz de tudo para que não falte nada ao atleta.
 
Imagino que o objetivo seja a manutenção no Campeonato de Portugal
Neste primeiro ano, passa pela manutenção.  
 
Essa resposta leva-me a crer que nos anos seguintes se comece a olhar para a Liga 3, que tem como um dos requisitos a obrigatoriedade de se jogar em relvados naturais. Se o Barreirense vier a subir, já está pensada alguma solução?
Não estou dentro desse assunto, que cabe à direção. Mas sim, um dos requisitos é o relvado natural e por isso te digo que a manutenção é o principal objetivo. Se acontecer o mais rápido possível, melhor, para começarmos de antemão a preparar a época seguinte.
 

“Regresso da equipa B está em fase de estudo”

Objetivo do Barreirense passa pela permanência no Campeonato de Portugal
O Barreirense é um dos clubes com mais prestígio ao nível da formação a sul do Tejo. Já estão identificados quantos juniores vão integrar o plantel na próxima época e se vai haver novamente equipa B de seniores?
Temos já identificados os atletas, já falámos com o coordenador da formação [Dinis Sousa], o treinador dos juniores [Hugo Ferreira] e o Gonçalo, já sabemos quem vai subir aos seniores, mas, como ainda estamos a competir e os juniores também, ainda não resolvemos essa situação.
No nosso plantel temos atletas que vinham dos juniores, como o caso do Rodri, tínhamos o Leo que era da nossa equipa B da época passada, o Josimar que está no segundo ano de sénior, e se não estou em erro houve um atleta da equipa de juniores que chegou a marcar um golo num jogo da Taça AF Setúbal. Existe uma grande dinâmica com a formação e a equipa B que existia.
Já falei com o presidente sobre a equipa B e ele disse-me que isso ainda está em fase de estudo.
 
Para o Luís Firmino, este foi o terceiro título distrital da I Divisão da AF Setúbal, depois de ter sido campeão pelo Fabril em 2018-19 e pelo Barreirense em 2020-21. Qual é o segredo do êxito? Quais são as competências que o Luís têm motivado este sucesso?
O segredo é gostar de trabalhar em equipa, com todos os elementos da estrutura (presidente, diretores, treinadores e jogadores), porque eu sozinho não consigo fazer nada. Só assim é que é possível alcançar os objetivos. Tenho força de vontade e dedicação e vou fazendo cursos, já fiz de treinador, scouting e diretor desportivo, e também tenho vontade de aprender e conhecer melhor os jogadores. Tenho prazer em melhorar de ano para ano. Montar uma equipa é como um puzzle, temos de identificar os melhores ou os que nos possam servir como melhores devido ao nosso orçamento. Sempre que há formação, eu inscrevo-me.
Acima de tudo, queria agradecer ao presidente, aos diretores, à equipa técnica, aos jogadores e aos nossos adeptos por este título de campeão.
 
O diretor desportivo é uma figura muito conotada com o processo de construção do plantel, mas a verdade é que não desaparece quando o mercado fecha. Qual o verdadeiro papel de um diretor desportivo nas várias fases de uma temporada?
Na pré-época, é estar em sintonia com o treinador e com o presidente para irmos buscar aqueles jogadores que se identificam com o modelo e o sistema que o treinador que implementar. Duranta época, é estar sempre atualizado com os jogadores que vão aparecendo e que a nível de números (jogos, golos, assistências) possam estar sempre a evoluir. Depois, quando está a acabar a época, é fazer a avaliação dos jogadores que estão na equipa e já a trabalhar para a próxima temporada, o que tem que se fazer com muita antecedência.
O diretor desportivo nunca para, e durante a temporada tem que estar ao lado da equipa e da equipa técnica para fazer a ponte para a direção, para que nada falte à equipa técnica e aos jogadores, para garantir a sintonia e o bom ambiente.











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