sábado, 9 de julho de 2022

A minha primeira memória de… um jogo entre Mónaco e equipas portuguesas

Deco brilhou na final da Liga dos Campeões em 2003-04
Lembro-me de ter tido uma revista da Liga dos Campeões nos últimos meses de 2000 que falava sobre um jogo entre Sporting e Mónaco na fase de grupos da Champions em 1997-98 e também de ter assistido a uma partida de pré-época entre leões e monegascos em julho de 2003, cerca de duas semanas antes de Cristiano Ronaldo ter partido a loiça toda frente ao Manchester United na inauguração do Estádio José Alvalade.
 
Mas, em termos de jogos oficiais que me recordo de acontecerem, o primeiro entre Mónaco e equipas portuguesas foi a final da Liga dos Campeões em 2003-04. 26 de maio de 2004, um dia inesquecível. Embora não fosse portista, nesse dia estava pelo FC Porto. Apesar da vitória, foi um dia doloroso para mim, uma vez que um torcicolo me levou a assistir à segunda parte do encontro no hospital.
 
Os dragões, orientados por José Mourinho, pareciam inacreditavelmente ter na final um dos adversários menos reputados do seu percurso até lá, pois tinham superado um grupo em que estavam incluídos Real Madrid (dos galácticos), Marselha (finalista da Taça UEFA nessa época) e Partizan e eliminado Manchester United (campeão inglês em título, com Cristiano Ronaldo, Van Nistelrooy e companhia), Lyon (durante o seu período hegemónico) e Deportivo da Corunha (uma das principais equipas espanholas da altura).
 
O Mónaco, comandado por Didier Deschamps, até era uma equipa incapaz de ganhar o título francês desde 1999-00 e não tinha propriamente um jogador que fosse titular numa grande seleção mundial – Fernando Morientes era o principal nome na altura, Patrice Evra e Ludovic Giuly viriam também a tornar-se futebolistas reputados –, mas o que mais assustava na formação do Principado era o seu percurso na Champions: primeiro num grupo com Deportivo, PSV e AEK e besta negra de Real Madrid e Chelsea nos quartos e nas meias-finais, respetivamente.
 
No entanto, e apesar de alguns sustos provocados pelos monegascos na primeira parte, o FC Porto impôs o espírito conquistador que já na época anterior o tinha levado à conquista da Taça UEFA. No final do primeiro tempo, na sequência de um cruzamento de Paulo Ferreira e de um ressalto, a jovem promessa brasileira Carlos Alberto colocou os portistas em vantagem (39 minutos) em Gelsenkirchen, na Alemanha.
 
Depois de meia hora sem alterações no resultado, a entrada de Dmitri Alenichev revelou-se decisiva para que os azuis e brancos dilatassem à vantagem. Aos 71’, o médio russo serviu Deco, que através de um remate colocado fez o 2-0. Quatro minutos depois, Alenichev aproveitou um ressalto num defesa no seguimento de um passe de trivela de Derlei para fuzilar o guarda-redes italiano Flavio Roma e sentenciar a vitória portista.
 
“Dezassete anos depois, o futebol português volta a estar no trono da Europa graças ao FC Porto. Uma aventura gloriosa que teve a final mais feliz. Melhor só mesmo de encomenda. Não foi o jogo empolgante da final de há um ano em Sevilha, mas o título que estava em jogo foi um peso difícil de suportar. O FC Porto soube, no entanto, estar à altura da responsabilidade e nos momentos em que a sorte do jogo lhe sorriu não lhe virou as costas. E sobretudo soube ser grato. O jogo foi quase sempre muito tático e só na reta final, especialmente depois de Deco arrumar a questão, é que se abriu e se tornou mais excitante. Até lá, houve demasiado rigor, alguns nervos e sobretudo a consciência de que todos os detalhes eram importantes e que um pequeno erro podia ser fundamental para fazer a diferença”, resumiu o Record.
 
“Portugal tem razões para estar feliz. Sorri, chora, pula de satisfação. O Futebol Clube do Porto é campeão europeu pela segunda vez na sua história e a festa todos a merecem 17 anos menos um dia depois da valsa de Viena, o dragão impôs um triunfo por números que não deixam dúvidas sobre quem foi, afinal, a equipa mais forte no velho continente este ano. Esqueçam-se as amarguras da vida, os problemas em casa, no trabalhou ou com o Governo. As lamentações de um país pequeno. Somos grandes e não temos de o esconder. Pequenos na dimensão, mas inultrapassáveis no feito e na atitude. Foi de escudo ao peito e com apreciável atenção a todos os pormenores, que a equipa partiu para um jogo que fica gravado a letras de ouro no álbum de recordações do futebol. O exemplo está dado, agora resta-nos continuar a acreditar no talento nacional e esperar festejar mais um grande título nos primeiros dias de julho. Mas esta vitória é, em primeiro lugar, de todos os portistas. Começando por José Mourinho, o elemento mais importante e toda uma cadeia de sucesso, que passa obviamente pelo talento de certos jogadores, como Carlos Alberto, Deco e Alenichev, prodigiosos criativos que jamais sairão da galeria de ilustres do clube, pelo facto de terem sido eles a marcar os três golos da vitória. O segredo está aí, e na coesão de um grupo forte, extremamente bem preparado, não só taticamente, mas também mental e fisicamente. Tudo bateu certo e teria mesmo de bater, pois seria difícil enganar um destino traçado há cerca de dois anos e meio, quando pela porta do departamento de futebol do Estádio das Antas caminhou um senhor chamado Mourinho. O ciclo terá terminado, é certo, mas haverá melhor maneira de dizer adeus senão com a Taça dos Campeões Europeus nas mãos?”, escreveu o Maisfutebol.












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