sexta-feira, 8 de julho de 2022

MLS: Um líder cada vez mais forte, as surpresas na perseguição e a missão espinhosa de Insigne

Giorgio Chiellini vai juntar-se a Carlos Vela no Los Angeles FC
A primeira metade da fase regular da Major League Soccer foi recentemente ultrapassada, pelo que estamos no momento indicado para fazer um ponto de situação da principal competição de clubes norte-americana. O Soccer em Português dá a conhecer os principais destaques da Major League Soccer até agora, para todos aqueles que não puderam acompanhar a prova, mas que desejam recuperar rapidamente a matéria perdida, a tempo das grandes decisões de outono.

Comecemos pelo topo da tabela classificativa, onde mora atualmente o Los Angeles FC. O talento do plantel californiano sempre foi um ponto inquestionável à entrada da nova temporada, porém a aposta no antigo internacional norte-americano Steven Cherundolo para treinador transformou esta equipa numa incógnita. Cherundolo reúne no seu currículo experiências importantes como adjunto na Alemanha e nos Estados Unidos, e também como treinador principal de alguns escalões de formação em solo germânico. No entanto, foi apenas em 2021 que se estreou como técnico principal no futebol sénior, na segunda divisão norte-americana. Desportivamente falando, as coisas estiveram longe de correr bem, mas ainda assim Cherundolo recebeu a grande oportunidade de comandar um dos emblemas mais entusiasmantes da Major League Soccer. Dezoito jornadas depois, a incógnita parece esbater-se cada vez mais.

O Los Angeles FC lidera a classificação global isoladamente, com dois pontos de avanço sobre o perseguidor mais próximo, e promete não ficar por aqui. Embora não seja uma época tão fulgurante como aquela de 2019 que nos mostrou uma dupla Vela-Rossi a atingir marcas de golos e de assistências estratosféricas, 2022 tem vindo a refletir claramente o domínio do conjunto californiano sobre os demais competidores. Carlos Vela mantém a sua consistente produção ofensiva (seis golos e cinco assistências) e o estatuto de ativo mais valioso do plantel. Em trajetória crescente encontramos igualmente o jovem internacional equatoriano Diego Palacios, lateral a observar com atenção.

O estado atual das coisas pareceria suficiente para o Los Angeles FC poder atacar os playoffs com autoridade, e porventura atingir a final da Major League Soccer pela primeira vez na sua história. No entanto, através da gestão exímia e incomparável dos regulamentos referentes à construção do plantel e à limitação do teto salarial imposto pela liga, aquela que era a equipa a bater tornou-se ainda mais forte, com as entradas de Giorgio Chiellini e Gareth Bale. Ambos têm condições para causar um impacto imediato em Los Angeles, e de colocar o clube na rota dos títulos e da Liga dos Campeões. O defesa italiano, embora esteja prestes a completar 38 anos, encontra-se em excelente forma física, e pode oferecer a liderança ativa e a voz de comando que faltam muitas vezes neste plantel. Já na frente de ataque, Gareth Bale oferece ainda menos reservas, apesar de estar quase com 33 anos. A figura de proa da seleção galesa necessita urgentemente de um palco para se poder preparar para o Campeonato do Mundo, e o Los Angeles FC parece ser o local indicado. Um trio ofensivo composto por Carlos Vela, Gareth Bale e Cristian Arango perfila-se como uma verdadeira ameaça às redes adversárias.

Por tudo isto, a pressão intensifica-se sobre um líder dominante que se reforçou substancialmente na fase decisiva da temporada. Será desta que os californianos vão finalmente cumprir as expectativas nos playoffs? Tudo parece encaminhado para o título na fase regular, até porque os perseguidores mais próximos são autênticas surpresas, sem tanta experiência (e talento) por metro quadrado, e os candidatos teoricamente mais fortes começam a ficar para trás. Veremos se o Los Angeles FC conseguirá confirmar todo o seu favoritismo e contornar a imprevisibilidade dos playoffs.

A dois pontos de distância está o Austin FC, o mais recente emblema texano que está a superar todas as expectativas no seu segundo ano competitivo, após uma época inaugural menos feliz. Em 18 partidas disputadas, os atuais vice-líderes da classificação global já fizeram mais pontos (34) do que em todos os encontros de 2021 (31). A equipa orientada por outro antigo internacional norte-americano, Josh Wolff, no segundo ano da sua experiência inaugural como treinador principal, aprendeu finalmente a defender bem, conservando em simultâneo a sua genética ofensiva que lhe vale o estatuto de melhor ataque (a par do Los Angeles FC, com 35 golos). O Austin FC encontra-se num momento de confiança único, e promete incomodar até final, embora pareça não reunir o pragmatismo e o calejamento suficientes para alcançar o título. O papel de Sebastián Driussi nas costas do ponta-de-lança tem sido fundamental na dinâmica ofensiva dos texanos, e o criativo argentino soma já 10 golos e 3 assistências. No espectro defensivo, o destaque vai para a contratação certeira do internacional norueguês Ruben Gabrielsen, que tem controlado as operações no eixo com assertividade comprovada. O central ex-Copenhaga e Toulouse pode muito bem batalhar por um lugar na equipa da temporada da Major League Soccer, caso mantenha a sua regularidade exibicional.

Logo atrás vem o New York Red Bulls, atual líder da Conferência Este. Pela primeira vez após a saída do treinador Jesse Marsch para a Europa em 2018, o Red Bulls parece finalmente estar a forjar uma recuperação anímica e a demonstrar novamente o fulgor de outrora. O crédito deste fenómeno tem de ser atribuído ao técnico austríaco Gerhard Struber, cujo trabalho deu origem a um conjunto extremamente solidário, que apesar da juventude crónica dos seus plantéis, tem demonstrado índices de trabalho bastante maduros. Contudo, o mercado de Verão pode ser inglório para os nova-iorquinos, e levar-lhes algumas das promessas da equipa, retirando-lhes poder de fogo na fase decisiva da temporada. A nível individual, o internacional escocês Lewis Morgan tem provado ser uma contratação acertada, e tornou-se rapidamente a principal figura ofensiva da equipa, com oito golos e duas assistências.

Por último, umas breves palavras para a desilusão que vem do Canadá. Apontado como um dos clubes favoritos à conquista do troféu, o Toronto FC orientado pelo experiente Bob Bradley criou alguma expectativa junto dos adeptos logo no começo do ano. No entanto, jornada após jornada, os resultados vieram conter o entusiasmo inicial. Nem os esforços dentro do campo de Alejandro Pozuelo e de Jesús Jiménez foram suficientes para corrigir a situação. Agora, o emblema canadiano espera por um milagre com os reforços Lorenzo Insigne e Domenico Criscito. Inserida numa equipa que não vence fora de casa há 16 jogos, e que se encontra 7 pontos abaixo dos lugares de acesso aos playoffs, esta dupla italiana terá uma missão espinhosa, cujo desfecho vale a pena acompanhar.

Trabalho realizado por António Ribeiro






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