Fundado a 1 de julho de 1906 por
dissidentes do Campo Grande Football Clube, entre os quais José Alvalade, o Sporting
Clube de Portugal teve desde sempre o objetivo de se tornar “um grande
clube, tão grande como os maiores da Europa”.
Depois de ter demonstrado a sua
força no Campeonato de Lisboa e no Campeonato de Portugal nas primeiras décadas
de existência, o emblema
verde e branco não só foi um dos clubes que esteve na primeira edição na I
Divisão, em 1934-35, como esteve em todas as edições da prova e é o
terceiro clube com mais títulos (18).
Na contabilidade sportinguista
entram dois bicampeonatos, três tris e um tetra, assim como seis dobradinhas.
Relativamente a futebolistas,
foram quase sete centenas os que jogaram de leão
ao peito na I
Divisão. Vale a pena recordar os 11 que o fizeram por mais vezes.
11. José Carlos (248 jogos)
José Carlos |
Defesa central internacional
português proveniente da CUF,
reforçou o Sporting
no verão de 1962 e manteve-se em Alvalade
até 1974.
Durante esses 12 anos disputou
248 jogos e marcou três golos na I
Divisão, ao Olhanense
em março de 1964, ao Benfica
em dezembro de 1970 e ao Vitória
de Guimarães em março de 1971.
Nesse período conquistou três
campeonatos (1965-66, 1969-70 e 1973-74), quatro Taças
de Portugal (1962-63, 1970-71, 1972-73 e 1973-74) e uma Taça das Taças
(1963-64). Paralelamente somou 33 internacionalizações pela seleção nacional e
marcou presença no Mundial 1966.
Em 1970 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria atleta profissional.
10. Travassos (248 jogos)
José Travassos |
Disputou 248 jogos tal como José
Carlos, mas esteve mais 345 minutos – 22 320 contra 21 975 -, até
porque a regra das substituições só entrou em vigor após encerrar a carreira.
Tal como o defesa, com quem não
se chegou a cruzar em Alvalade,
chegou ao Sporting
proveniente da CUF,
mas em 1946 (e por 20 contos), para se tornar num dos emblemáticos cinco
violinos, o quinteto ofensivo que guiou os leões
ao seu período áureo, no final da década de 1940 e no início da de 1950.
Em 13 anos com a camisola
verde e branca, o Zé da Europa - como ficou conhecido após se ter tornado
no primeiro jogador português a atuar numa seleção europeia, em 1955 – venceu
oito campeonatos (1946-47, 1947-48, 1948-49, 1950-51, 1951-52, 1952-53, 1953-54
e 1957-58), um recorde do clube a par dos também violinos Vasques e Albano,
tendo marcado 106 golos na I
Divisão.
De leão
ao peito também venceu duas Taças
de Portugal (1947-48 e 1953-54) e esteve na caminhada até à final da Taça
Latina em 1949. Paralelamente somou 35 internacionalizações e seis golos pela
seleção nacional.
Viria a encerrar o seu trajeto no
clube a carreira de futebolista em 1959, aos 33 anos.
Em 1986 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria Saudade.
Viria a falecer a 12 de fevereiro
de 2002, à beira de completar 76 anos.
Mais tarde, no dia em que foi
colocada a primeira pedra do Pavilhão João Rocha, foi inaugurada a rua José
Travassos, que faz a ligação entre a rua Francisco Stromp e a Av. Padre Cruz.
9. Carlos Xavier (249 jogos)
Carlos Xavier |
Jogador polivalente e formado no
clube, esteve 12 temporadas na equipa principal, mas terá sido titular
indiscutível em apenas três. Para muitos, terá feito uma carreira aquém do
esperado.
Capaz de fazer várias posições na
defesa e no meio-campo, estreou-se de leão
ao peito aos 18 anos, marcando um dos golos numa goleada caseira ao Amora
em dezembro de 1980 (5-0). Na temporada seguinte formou uma dupla sólida com
Eurico no eixo defensivo e conquistou o único título nacional da carreira,
tendo vencido ainda a Taça
de Portugal nessa época – e a Supertaça nos primeiros meses da temporada
seguinte.
Apesar do início promissor de
carreira, nem sempre conseguiu manter o lugar no onze, ao ponto de em 1986-87
ter sido emprestado à Académica. Até aí tinha disputado 118 jogos (99 a
titular) e marcado seis golos no campeonato.
No regresso a Alvalade
voltou a oscilar entre a titularidade e o banco de suplentes. Entre 1987-88 e
1989-90 atuou em 60 partidas (43 a titular) e marcou dois golos no campeonato
e ajudou o Sporting
a vencer a Supertaça em 1987, mas em 1990-91 Marinho Peres fez dele dono e
senhor do lado direito da defesa, tendo participado em 35 encontros (todos a
titular), transferindo-se para os espanhóis da Real Sociedad no final dessa
época.
Haveria de regressar ao clube do
coração em 1994, aos 32 anos, para mais duas épocas, nas quais disputou 36
jogos (19 a titular) e marcou seis golos, tendo conquistado nesta fase a Taça
de Portugal em 1994-95 e a Supertaça 1995.
Enquanto jogou de leão
ao peito somou seis internacionalizações pela seleção nacional, a primeira
em dezembro de 1981 e a última em janeiro de 1991.
8. Azevedo (253 jogos)
Azevedo |
Sempre de boné, Azevedo jogou
pelo Sporting
na I
Divisão ao longo de 17 temporadas – e só não foram 18 porque não jogou em
1952-53, quando ainda fazia parte do plantel -, um recorde na história do clube
e que tão depressa não será batido.
A estreia aconteceu em fevereiro
de 1936, numa visita ao Boavista, meses depois de ter sido recrutado ao Luso do
Barreiro.
E o último jogo foi numa receção à Académica, em setembro de 1951, quase dois
anos antes de ter rumado ao Oriental, onde haveria de encerrar a carreira.
Em mais de década e meia de leão
ao peito esteve em 253 jogos e sofreu 378 golos no campeonato,
tendo vencido o título nacional por oito vezes (1940-41, 1943-44, 1946-47,
1947-48, 1948-49, 1950-51, 1951-52 e 1952-53). Também venceu dez Campeonatos de
Lisboa, dois Campeonatos de Portugal e quatro Taças
de Portugal e esteve a caminhada até à final da Taça Latina em 1949.
Paralelamente jogou 17 vezes pela
seleção nacional.
Após pendurar as botas tornou-se
taxista no Barreiro
e depois emigrou para Londres.
Em 1981 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria Saudade.
Viria a falecer a 3 de janeiro de
1991, aos 75 anos.
7. Pedro Barbosa (259 jogos)
Pedro Barbosa |
Médio ofensivo/extremo que passou
pela formação do FC
Porto, foi recrutado ao Vitória
de Guimarães em 1995 com o intuito de fazer Luís Figo, que tinha rumado ao Barcelona.
Internacionalmente não teve uma carreira tão bonita como o antecessor, mas teve
um trajeto mais glorioso em Alvalade.
Em dez anos de verde
e branco, pautou por alguma irregularidade: tanto era capaz de jogadas e
golos apenas ao alcance de grandes génios do futebol como fazia desesperar as
bancadas ao parecer alhear-se em alguns jogos ou à lentidão em soltar a bola.
Porém, disputou 259 jogos (202 a
titular) e marcou 40 golos. Logo na primeira época marcou nove golos na I
Liga (e 15 em todas as competições) e venceu a Supertaça Cândido de Oliveira.
Poucos anos depois, fez parte da
equipa que em 1999-00 interrompeu um jejum de 18 anos sem títulos nacionais,
voltando a sagrar-se campeão dois anos depois. Também venceu a Taça
de Portugal em 2001-02 e a Supertaça
em 2000
e 2002 e participou na caminhada até à final da Taça
UEFA em 2004-05.
Enquanto jogador do Sporting
somou 15 internacionalizações e marcou quatro golos, tendo marcado presença no
Euro 1996 e no Mundial 2002.
Em 2003 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria Futebolista.
Após pendurar as botas, em 2005,
desempenhou funções na estrutura leonina,
deixando o clube em definitivo em novembro de 2009.
6. Vasques (278 jogos)
Vasques |
Mais um violino e mais um jogador
proveniente da CUF,
neste caso em 1946. Em 13 temporadas de leão
ao peito, conquistou oito títulos nacionais – um recorde a par dos
companheiros de ataque Travassos e Albano.
Entre 1946 e 1959, o “Malhoa” –
alcunha que ganhou em alusão a um célebre pintor naturalista das Caldas da
Rainha e um dos maiores nomes da pintura portuguesa – atuou em 278 jogos e marcou
188 golos no campeonato.
Apenas Manuel Fernandes (191) e Peyroteo (332) marcaram mais golos do que ele
de leão
ao peito na I
Divisão. Em 1950-51 marcou 29 golos (em 23 jogos) que lhe valeram o troféu
de melhor marcador.
Nesse período sagrou-se campeão
em 1946-47, 1947-48, 1948-49, 1950-51, 1951-52, 1952-53, 1953-54 e 1957-58,
venceu duas Taças
de Portugal (1947-48 e 1953-54) e um Campeonato de Lisboa (1946-47). Também
esteve na caminhada até à final da Taça Latina em 1949.
Paralelamente disputou 26 jogos e
marcou dois golos pela seleção nacional.
Despediu-se do clube em 1959, aos
33 anos, para jogar pelo Atlético na última época da carreira.
Sobrinho de Manuel Soeiro, antiga
glória leonina,
explorou a tabacaria do Estádio José Alvalade e trabalhou na Loja Verde após
pendurar as botas.
Em 1992 foi distinguido com o Prémio Stromp na
categoria Saudade e viria a falecer em julho de 2003, aos 76 anos.
5. Oceano (307 jogos)
Oceano |
Um de dois jogadores desta lista
que não venceram qualquer título nacional pelo Sporting
e o único futebolista de campo com mais de 230 jogos de leão
ao peito que não foi campeão.
A sorte não esteve
definitivamente do lado de Oceano, que representou o clube durante o jejum de
18 anos sem títulos entre 1982 e 2000. No caso concreto deste médio ofensivo, jogou
com a camisola
verde e branca entre 1984 e 1991 e entre 1994 e 1998.
Proveniente do Nacional
da Madeira, impôs-se imediatamente de pedra e cal no onze leonino.
Na primeira passagem pelo clube, disputou 202 jogos (189 a titular) e marcou 17
golos no campeonato,
tendo ainda conquistado a Supertaça em 1987 e feito parte da caminhada até às
meias-finais da Taça
UEFA em 1990-91. Paralelamente, começou a ser chamado à seleção nacional,
pela qual 54 jogos (e marcou oito golos), 31 dos quais enquanto jogador sportinguista.
Em 1991 rumou aos espanhóis da
Real Sociedad tal como Carlos Xavier, mas voltou no verão de 1994 para mais
quatro temporadas de leão
ao peito. Nesta segunda passagem atuou em 105 partidas (102 a titular) e
apontou 22 golos, tendo conquistado a Taça
de Portugal em 1994-95 e a Supertaça em 1995. Também marcou presença no
Euro 1996.
Foi distinguido com o Prémio
Stromp na categoria Futebolista nos anos de 1988 e 1995.
Haveria de deixar o clube em
1998, aos 36 anos, para representar os franceses do Toulouse na última
temporada da carreira.
Voltaria ao Sporting
em 2010 para exercer as funções de treinador adjunto. Entretanto foi adjunto de
Dominguez na União
de Leiria e em 2012 voltou a Alvalade
para assumir o comando técnico da equipa B e orientar interinamente a equipa
principal.
4. Manuel Fernandes (326 jogos)
Manuel Fernandes |
Mais um jogador proveniente da CUF.
Avançado móvel, deu no verão de 1975 o salto para o Sporting,
onde se tornou não só capitão e ídolo, mas também uma lenda viva.
Em 12 anos no clube do coração,
participou em 326 encontros (323 a titular) e marcou 191 golos na I
Divisão. Os 30 apontados em 1985-86 valeram-lhe o troféu de melhor
marcador, mas foram
quatro dos 17 que faturou na época seguinte que o eternizaram, na goleada por
7-1 sobre o eterno rival Benfica. Nesse período conquistou dois campeonatos
(1979-80 e 1981-82), duas Taças
de Portugal e uma Supertaça.
Paralelamente, representou a seleção
nacional por 30 vezes e marcou sete golos. Porém, não foi chamado para o Euro
1984 nem para o Mundial 1986.
Em 1979 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria Atleta Profissional.
Apesar da veia goleadora exibida
na altura, foi dispensado em 1987, aos 36 anos, para encerrar a carreira ao
serviço do Vitória
de Setúbal.
Haveria de regressar ao Sporting
na condição de treinador. Primeiro em 1992-93 como adjunto de Bobby Robson, depois
em 2000-01 como treinador principal, conseguindo
guiar a equipa à conquista da Supertaça.
Desde 2011 que vai
esporadicamente desempenhando algumas funções na estrutura do futebol leonino.
Foi diretor responsável pela equipa B, líder o departamento de scouting e chefe
do departamento de futebol. Atualmente é comentador na Sporting
TV e uma espécie de relações públicas/embaixador do clube.
3. Rui Patrício (327 jogos)
Rui Patrício |
Descoberto pelo antigo
guarda-redes leonino
Joaquim Carvalho (1958 a 1970) e apontado desde tenra idade como sucessor de
Vítor Damas, foi formado no Sporting
e estreou-se pela equipa principal ainda com idade de júnior, aos 18 anos,
defendendo uma grande penalidade logo no primeiro jogo, numa visita ao
Marítimo.
Na época seguinte roubou a
titularidade ao sérvio Stojkovic e não mais a largou. Disputou 327 jogos e
sofreu 281 golos na I
Liga – em 2009/10, 2010/11, 2012/13, 2013/14, 2015-16 e 2017-18 foi mesmo
totalista no campeonato.
Embora tenha representado os leões
durante 12 temporadas, nunca conseguiu sagrar-se campeão nacional. Ainda assim,
venceu duas Taças
de Portugal (2007-08 e 2014-15), duas Supertaças (2008 e 2015) e uma Taça
da Liga (2017-18).
Em 2016 foi distinguido com o
Prémio Stromp nas categorias "Futebolista" e "Europeu".
Haveria de deixar o Sporting
pela porta pequena, rescindindo unilateralmente no verão de 2018 após o ataque
à Academia do clube, rumando
aos ingleses do Wolverhampton.
Enquanto jogador dos leões
somou 68 jogos pela seleção nacional, tendo feito parte da equipa que venceu o
Euro 2016, marcando ainda presença nos Europeus de 2008 e 2012, nos Mundiais de
2014 e 2018 e na Taça das Confederações 2017.
2. Hilário (331 jogos)
Hilário |
Para muitos, a maior lenda ainda
viva da história do Sporting.
Chegou ao clube em 1958, proveniente da filial de Lourenço Marques, de
Moçambique, e jogou de leão
ao peito durante 15 temporadas, até encerrar a carreira em 1973.
Lateral esquerdo emblemático,
atuou em 331 jogos na I
Divisão, mas apenas marcou um golo, num dérbi com o Belenenses, em janeiro
de 1968. Venceu três campeonatos (1961-62, 1965-66 e 1969-70), três Taças
de Portugal (1962-63, 1970-71 e 1972-73) e uma Taça das Taças (1963-64)
durante a década e meia que passou em Alvalade.
Paralelamente disputou 40 jogos
pela seleção nacional e foi titular indiscutível no Mundial 1966, torneio que
Portugal concluiu em 3.º lugar.
Em 1965 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria de Atleta Profissional.
Após encerrar a carreira de
futebolista iniciou a de treinador, tendo trabalhado no Sporting
em 1973-74 e entre 1994-95 e 1996-97 como adjunto da equipa principal e em
2003-04 como adjunto da equipa B.
1. Damas (332 jogos)
Vítor Damas |
Um dos melhores guarda-redes de
sempre do futebol português, com uma longevidade incrível, uma vez que se
estreou pela equipa principal do Sporting
aos 19 anos, num empate a dois golos com o FC
Porto em Alvalade
a 12 de fevereiro de 1967, e despediu-se a 27 de novembro de 1988, também numa
igualdade a dois golos, mas no terreno do Académico Viseu, aos 41.
Porém, Vítor Damas não defendeu a
baliza leonina
durante todo esse tempo. Depois de ter somado 229 jogos, 180 golos sofridos no campeonato
e dois títulos nacionais (1969-70 e 1973-74) e três Taças
de Portugal entre 1966-67 e 1975-76, transferiu-se para o Racing Santander,
tendo passado quatro anos no clube espanhol.
Em 1980-81 voltou a Portugal pela
porta do Vitória
de Guimarães, onde passou dois anos, seguindo-se outros tantos na baliza do
Portimonense.
Regressaria ao Sporting
em 1984 para mais cinco temporadas. Nesse período participou em 103 jogos e
sofreu 85 golos no campeonato
e conquistou uma Supertaça (1987).
Paralelamente somou 28
internacionalizações pela seleção portuguesa – 27 enquanto representava o Sporting
-, tendo marcado presença no Euro 1984 e no Mundial 1986.
Em 1969 foi distinguido com o
Prémio Stromp na categoria Atleta Profissional.
Após pendurar as luvas orientou
interinamente a equipa principal do Sporting
em alguns jogos em 1989 e 1990, foi treinador de guarda-redes também do plantel
principal durante a década de 1990 e comandou a equipa B em 2000-01.
Viria a falecer a 13 de setembro
de 2003, aos 55 anos, vítima de cancro.
Porém, o Sporting
tem eternizado o seu antigo guarda-redes em várias iniciativas: em 2009
atribuiu à baliza sul do Estádio José Alvalade o nome dele e em 2015, no dia em
que foi colocada a primeira pedra do Pavilhão João Rocha, foi inaugurada a rua
Vítor Damas nas imediações do estádio.
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