quarta-feira, 27 de março de 2024

O canhoto que se fez homem no FC Porto e afirmou no Sporting. Quem se lembra de Rui Jorge?

Rui Jorge somou 45 internacionalizações pela seleção nacional
Um dos melhores laterais esquerdos de sempre do futebol português, um jogador regular, raçudo, equilibrado, defensivamente competente e com personalidade forte, mas simultaneamente dotado de vocação ofensiva e de qualidade de execução, que se fez homem e internacional A no FC Porto, mas que se afirmou e viveu os momentos mais altos da carreira no Sporting.
 
Natural de Vila Nova de Gaia, fez toda a formação nos dragões, mas foi emprestado ao Rio Ave então orientado por Augusto Inácio, que já o havia treinado nos juniores portistas, na sua primeira época de sénior, em 1991-92. “Vi o Rui Jorge pela primeira vez nos juvenis do FC Porto. Deparei-me com um menino que atuava a extremo-esquerdo. Mais tarde, quando fui treinar os juniores portistas, entregaram-me uma lista da qual ele não constava. Estava dispensado. Lembrei-me dos jogos dos juvenis e disse que queria vê-lo antes da decisão. No primeiro ano de juniores o titular era o Álvaro Gregório. No ano seguinte, por ocasião de ida à Venezuela, agarrou o posto, jamais o largando. No Rio Ave, já como sénior, fez bela época, dando a imagem de que podia tornar-se grande jogador”, recordou Inácio ao jornal Record em março de 2004.
 
Depois regressou às Antas para ir progressivamente ganhando o seu espaço, tendo vivido a melhor temporada de azul e branco em 1993-94, quando foi utilizado em 40 encontros em todas as competições. Curiosamente, essa foi a única temporada em seis que passou no plantel principal do FC Porto em que não festejou a conquista do campeonato. De resto, foi sempre a somar: cinco títulos nacionais (1992-93, 1994-95, 1995-96, 1996-97 e 1997-98), duas Taças de Portugal (1993-94 e 1997-98), três Supertaças (1993, 1994 e 1996), 134 jogos e quatro golos. Pelo meio marcou presença no Campeonato da Europa de sub-21 e nos Jogos Olímpicos em 1996 somou as duas primeiras internacionalizações pela seleção nacional A, frente à Noruega em abril de 1994 e diante da Ucrânia em outubro de 1996.
 
 
Depois de duas épocas na sombra de Fernando Mendes no FC Porto, transferiu-se para o Sporting no verão de 1998 no âmbito de uma troca pouco habitual no futebol português, que levou ainda Bino para Alvalade e Costinha e Peixe para a Invicta. Dos quatro, Rui Jorge foi o que mais beneficiou com o negócio. “Ele é um ganhador, tinha uma carreira brilhante. Vinha já com uma carreira recheada de títulos e era um jogador que trazia muita qualidade. Ficámos contentes por tê-lo ali do nosso lado”, afirmou Pedro Barbosa ao Expresso em agosto de 2016.
 
 
Se em 1998-99 alternou entre a titularidade e o banco de suplentes e entre as posições de lateral e extremo, na temporada que se seguiu afirmou-se em definitivo de leão ao peito, sobretudo após reencontrar Augusto Inácio, que sucedeu ao italiano Giuseppe Materazzi no comando técnico, contribuindo ativamente para a conquista do título nacional, que fugia aos verde e brancos há 18 anos. As boas exibições permitiram-lhe também regressar à seleção após mais de três anos de ausência e marcar presença no Euro 2000.
 
 
Após o Campeonato da Europa recebeu em Alvalade a concorrência do homem que lhe fazia sombra na seleção nacional, Dimas, mas ganhou a posição no clube e, consequentemente, também na equipa das quinas, tendo inclusivamente sido o titular nos três jogos de Portugal no Mundial 2002 e na partida inaugural do Euro 2004. No Sporting contribuiu para o triplete em 2002 e para a caminhada até à final da Taça UEFA em 2004-05, despedindo-se dos leões no verão de 2005, aos 32 anos, após terminar contrato, ao fim de 243 partidas e cinco golos com a camisola verde e branca.
 
 
Em 2006 terminou a carreira de futebolista e iniciou a de treinador no Belenenses.




     





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