Dez figuras marcantes do futebol feminino em Portugal |
Constituída em 1981, seis décadas
depois de a seleção masculina ter realizado o seu primeiro jogo, a seleção
feminina de Portugal estreou-se a 24 de outubro desse ano com um empate a zero
diante da França, em Le Mans.
No entanto, a seleção das
senhoras conheceu alguns avanços e recuos nos anos seguintes, ao ponto de não
ter participado nas fases de qualificação para os Campeonatos da Europa de
1987, 1989, 1991 e 1993.
Contudo, a aposta da Federação
Portuguesa de Futebol (FPF) no futebol feminino a partir do início da segunda
década do século XXI tem dado alguns frutos, como o aumento da competitividade
da I Liga – que agora conta com clubes importantes como Benfica,
Sporting
e Sp.
Braga – e a participação da seleção principal no Campeonato da Europa de
2017. Em 2021, Portugal atingiu a sua melhor classificação de sempre no ranking
FIFA, o 29.º lugar.
Vale por isso a pena recordar as
dez jogadoras com mais internacionalizações pela seleção principal de Portugal.
10. Ana Rita (90 jogos)
Ana Rita |
Médio que despontou no Carcavelos e posteriormente no Trajouce,
estreou-se pela seleção principal a 15 de março de 1996, numa derrota ante a
China (1-5) em Quarteira, a contar para o Mundialito, quando tinha 19 anos e já
era jogadora do 1º
Dezembro.
Quatro vezes campeã nacional (1999-00, 2001-02, 2002-03 e 2003-04) e uma
vez vencedora da Taça de Portugal (2003-04), despediu-se da equipa das quinas a
27 de setembro de 2008, num empate na Ucrânia (1-1), numa altura em que
representava as islandesas do IR Reykjavik.
9. Paula Cristina (102 jogos)
Paula Cristina |
Médio defensivo natural de Mafamude, sagrou-se pela primeira vez campeã
nacional em 1995-96, ao serviço do Lobão. Em 1997-98 e 1998-99 voltou a
conquistar o título nacional, desta feita pelo Gatões. E por fim, festejou o
título ao serviço do 1º
Dezembro em 2002-03, 2003-04, 2010-11 e 2012-13.
Em termos de seleção nacional A, somou a primeira internacionalização a
15 de junho de 1995, numa vitória sobre a Islândia em Lamego (2-1), quando
ainda tinha 19 anos.
A 102.ª e última internacionalização aconteceu 15 anos depois, num
triunfo na Arménia (3-0) a contar para a fase de qualificação para o Mundial
2011.
8. Carolina Mendes (104 jogos)
Avançado alentejana nascida em Estremoz, passou pelas seleções de sub-18 e sub-19 antes de se estrar pela principal equipa das quinas numa derrota às mãos da Bélgica no Cartaxo (1-4), a 4 de novembro de 2006, quando tinha apenas 18 anos. Nessa altura representava ainda o Estrela de Portalegre, depois de ter passado por Eléctrico e Desportalegre.
Quase onze anos depois, marcou o primeiro golo de Portugal num Campeonato de Europa, numa vitória sobre a Escócia (2-1) em Roterdão. “Foi uma sensação fantástica. Senti uma enormidade de emoções. Quando vi a bola entrar, muita coisa passou pela minha cabeça. Foi uma alegria imensa”, afirmou aos jornalistas após o encontro.
Ainda ao serviço da seleção, numa fase em que representa o Sp. Braga, tem no palmarés três dobradinhas pelo 1º Dezembro (2009-10, 2010-11 e 2011-12).
7. Sílvia Rebelo (113 jogos)
Após quase uma década no emblema beirão, Sílvia Rebelo deu um novo impulso
à carreira quando se transferiu para o Sp.
Braga no verão de 2016. Um ano depois, atuou nos três jogos de Portugal no
Campeonato da Europa.
Desde 2018 no Benfica,
contabiliza no palmarés um título nacional (2020-21), uma Taça de Portugal
(2018-19), duas Taças da Liga (2019-20 e 2020-21) e uma Supertaça (2019).
6. Dolores Silva (131 jogos)
Dolores Silva |
Médio lisboeta que despontou no 1º
Dezembro, passou pela seleção nacional de sub-19 antes de se estrear pela
principal equipa das quinas a 4 de março de 2009, numa vitória sobre a Polónia
em Albufeira (2-1), em partida do Mundialito, quando tinha apenas 17 anos e
seis meses.
Depois de um pentacampeonato (2006-07 a 2010-11) e quatro Taças de
Portugal (2006-07, 2007-08, 2009-10 e 2010-11) ao serviço da equipa sintrense,
passou meia dúzia de anos na Alemanha antes de, em 2007, atuar nos três jogos
de Portugal no Campeonato da Europa e regressar a Portugal pela porta do Sp.
Braga.
Em 2018-19 ingressou no Atlético
Madrid, clube pelo qual se sagrou campeã de Espanha, mas na época de
seguinte voltou ao emblema
minhoto, pelo qual venceu a Taça de Portugal em 2019-20.
Paralelamente, nunca deixou de jogar por Portugal. “É muito especial
representar o meu país e é um número bonito. É um sonho e espero que não seja o
último”, afirmou em novembro de 2018, quando atingiu a 100.ª
internacionalização.
5. Edite (132 jogos)
Atacante nascida em Vila do Conde, começou a jogar futebol no Boavista
e chegou à seleção principal a 21 de dezembro de 1997, quando tinha apenas 18
anos, estrando-se num empate diante da Alemanha em Oliveira do Hospital (1-1).
Além de ter conquistado um título nacional pelo Boavista
(1996-97) e sete pelo 1º
Dezembro (1999-00, 2001-02, 2002-03, 2005-06, 2006-07, 2007-08 e 2009-10),
jogou nos campeonatos de China, Espanha, Noruega e Estados Unidos durante uma
carreira que durou um quarto de século.
Em termos de seleção nacional, retirou-se precisamente no ano em que ia
comemorar 20 anos de quinas ao peito, 2017, tendo falhado o que seria uma
merecida presença no Campeonato da Europa.
“Ao fim de muitos anos, ponderei bastante esta decisão e chegou a altura
de dizer adeus à seleção. Não há uma razão, mas sim um momento certo para o
fazer. Neste momento, quero focar-me somente no clube que represento”,
explicou, num comunicado citado pela FPF.
4. Cláudia Neto (135 jogos)
Médio nascido em Portimão, começou a jogar na equipa de futsal do União
Atlético Clube de Lagos, estreou-se pela seleção principal portuguesa
precisamente no concelho onde nasceu, mais precisamente no Estádio do Restinga,
em Alvor, numa derrota ante a República da Irlanda a 9 de março de 2006 (0-1),
quando tinha apenas 17 anos e 10 meses.
Apesar do início de carreira tão perto de casa, desde 2008 que Cláudia
Neto joga no estrangeiro. Após ter passado pelo futebol espanhol e ter conquistado
títulos nacionais na Suécia e na Alemanha, compete no campeonato italiano com a
camisola da Fiorentina desde 2020.
Paralelamente, amealhou internacionalizações (três das quais no Europeu
de 2017) e conquistou o estatuto de capitã de equipa da seleção nacional. Em
2017 tornou-se ainda a primeira portuguesa a ser nomeada para eleição do onze
ideal da FIFPro (Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de
Futebol) e em 2018 (no 75.º lugar) e 2019 (97.º) esteve entre as 100 melhores
jogadoras do mundo para o jornal britânico The
Guardian.
Em setembro de 2021 anunciou a retirada a seleção nacional, aos 33 anos.
“Foi uma HONRA Portugal! Agradeço todo o apoio e carinho que recebi ao longo
destes anos em que representei Portugal. Obrigada a todas as minhas colegas
que, ao longo destes 17 anos, tive o prazer de partilhar balneário, vitórias,
derrotas e tantos momentos felizes, bem como a todos os treinadores que fizeram
parte do meu percurso e crescimento”, afirmou, via Instagram.
“Saio com um enorme orgulho no meu trajeto, foi uma HONRA jogar de Quinas
ao peito nas 167 internacionalizações (totais) e envergar a braçadeira de
capitã. Desejo a continuação de maior sucesso. Estarei sempre a apoiar as cores
do nosso país”, acrescentou.
3. Carole (136 jogos)
De leão ao peito conquistou um título nacional (2017-18), uma Taça de Portugal (2017-18). uma Supertaça (2017) e uma Taça da Liga (2019-20)
No verão de 2020 mudou-se para o Benfica, clube pelo qual ganhou um campeonato (2020-21) e uma Taça da Liga (2020-21).
2. Ana Borges (139 jogos)
Entretanto passou também pelas norte-americanas do SC Blue Heat, pelas
espanholas do Atlético
Madrid e pelas inglesas do Chelsea
antes de regressar a Portugal pela porta do Sporting
em janeiro de 2017.
Desde que joga de leão ao peito atuou nos três jogos de Portugal no
Europeu de 2017 e conquistou já dois campeonatos (2016-17 e 2017-18), duas
Taças de Portugal (2016-17 e 2017-18) e duas Supertaças (2017 e 2021).
1. Carla Couto (145 jogos)
Atacante nascida em Lisboa, passou por Sporting,
Trajouce, 1º
Dezembro e Futebol
Benfica antes de voltar ao 1º
Dezembro para ser protagonista nos anos dourados do emblema sintrense.
Entre 1999 e 2011 – com uma passagem pela China pelo meio – conquistou onze (!)
títulos nacionais, tendo apenas perdido o campeonato de 2000-01 para os Gatões,
e sete Taças de Portugal.
Após uma passagem pelo futebol italiano, terminou a carreira no Valadares
Gaia, em 2014, quando já tinha 40 anos. “Foram 24 anos a jogar futebol. Ainda
não caí bem em mim. Quando começarem os jogos na próxima época não vou lá estar
e aí se calhar vou sentir um pouco, mas foi uma decisão ponderada e pensada.
Mesmo sabendo que poderia fazer mais um ano, a minha opção foi deixar”, contou
ao Maisfutebol.
Da seleção nacional tinha-se despedido dois anos antes, numa derrota na
Áustria em abril de 2012 (0-1). “Foi com enorme orgulho que fiz parte de uma
verdadeira família, que muitas barreiras quebrou, que, aos poucos, conquistou o
seu espaço e mérito, a nível nacional e internacional e que percorreu um longo
e árduo caminho sem nunca desistir”, referiu na altura, numa nota enviada à FPF.
Em abril de 2017 foi distinguida pela Câmara Municipal de Lisboa com a
medalha de mérito desportivo. “É com grande orgulho que recebo esta distinção.
Foram 24 anos dedicados ao desporto e à causa futebolística”, afirmou na
altura.
Após pendurar as botas tornou-se embaixadora do Sindicato de Jogadores.
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