A minha primeira memória de… um jogo entre Portugal e Chipre em sub-21

Simão Sabrosa tenta fugir aos defesas cipriotas em Abrantes

Bem sei que se tratou de um jogo já temporalmente distante e que até nem teve grande história, mas recordo-me perfeitamente de um Portugal-Chipre em sub-21 a 5 de junho de 2001, no Estádio Municipal de Abrantes.

 

Na altura, um pouco à imagem do que acontece agora entre a Liga dos Campeões e a UEFA Youth League, os jogos das fases de qualificação das seleções principais eram replicados pelos sub-21. Ou seja, na véspera de a seleção A de Portugal receber o Chipre em Alvalade para a fase de apuramento para o Mundial 2002, os sub-21 defrontavam a congénere cipriota em jogo a contar para a fase de qualificação para o Campeonato da Europa da categoria de 2002.

 

Do onze apresentado por Agostinho Oliveira para receber o Chipre, seis jogadores viriam a atingir a seleção A: Paulo Ferreira, Caneira, Tonel, Hugo Leal, Simão e Miguel. E é curioso que os outros cinco elementos do onze inicial viviam talvez na altura os melhores momentos das respetivas carreiras: Sérgio Leite, que tão bem conta do recado dava na baliza, não chegou a jogar na I Liga; Fredy era titularíssimo no lado esquerdo da defesa do Felgueiras na II Liga e o melhor que conseguiu foi ser titular pela Académica e pelo Paços de Ferreira no primeiro escalão; o médio defensivo Ednilson vinha de meia época sempre a jogar no Benfica, mas a partir daí foi perdendo espaço e caindo a pique no concerne a protagonismo no futebol europeu; Cândido Costa vinha de uma temporada em que tinha atuado 28 vezes pelo FC Porto e o mais parecido com isso que viria a viver foi ser titular no Belenenses de Jorge Jesus que foi finalista vencido da Taça de Portugal e conseguiu o apuramento para as competições europeias; e o extremo Paulo Costa, que tinha disputado 25 jogos como titular na Série A italiana ao serviço do Reggina, foi incapaz de fazer melhor até pendurar as botas.

 

Perante um adversário bastante mais fraco, numa altura em que o APOEL ainda não fazia uma ou outra gracinha nas competições europeias, os sub-21 portugueses golearam o Chipre por 7-0, sendo que ao intervalo já ganhavam confortavelmente por 6-0, e deram o mote para a seleção principal, que no dia seguinte venceu por seis golos sem resposta. Lembro-me que, mesmo com apenas nove anos de idade, fiz por recreação uma espécie de ficha de jogo onde apontava a constituição das equipas, a marcha do marcador e os cartões, enquanto acompanhava a transmissão do encontro através da RTP 1.

 

Simão Sabrosa inaugurou o marcador logo no primeiro minuto, na execução de um livre direto a castigar falta sobre o próprio. Aos 18’, o defesa cipriota Sampson marcou na própria baliza na sequência de um cruzamento de Fredy a partir da esquerda. Depois começou o festival Paulo Costa, que fez o 3-0 aos 27’, após ganhar uma bola divida a um defesa; e apontou o quarto golo português, a passe de Miguel, aos 39’. O próprio Miguel chegou à manita aos 42’, enquanto Simão completou a meia dúzia através de um remate de primeira após cruzamento de Paulo Costa (45’). No segundo tempo, o recém-entrado Ricardo Sousa fechou a goleada na conversão de uma grande penalidade a castigar falta sobre ele mesmo (79’).

 

“Os jovens portugueses sub-21 deram o mote para uma boa campanha das seleções frente ao Chipre. Tal como já acontecera na República da Irlanda, a semana passada. Simão Sabrosa, que no jogo anterior garantira com o seu golo isolado a vitória dos portugueses nesse difícil jogo, ontem, em Abrantes, o catalão dos sub-21 contribuiu, de forma ainda mais decisiva, para o folgado triunfo, que ao intervalo já registava 6-0. Portugal mal deu tempo aos cipriotas para respirarem. Muito menos para se aproximarem da baliza de Sérgio Leite. Ainda os jogadores adversários tentavam ambientar-se ao novo recinto de Abrantes - uma agradável novidade também para os jovens futebolistas portugueses - e já Simão inaugurava o marcador, aos dois minutos, na conversão de um livre direto”, resumiu o Diário de Notícias.