quarta-feira, 20 de outubro de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica e Bayern

Mantorras e Lúcio numa disputa de bola em português
Embora já fosse nascido, não me recordo da forma categórica como o Bayern eliminou o Benfica da Taça UEFA em 1995-96 nem do jogo particular que marcou a despedida de Michel Preud’homme em agosto de 1999. A minha primeira memória de um jogo entre estes dois históricos do futebol mundial remonta a janeiro de 2007, quando ambos se defrontaram nas meias-finais da Dubai Cup.
 
Na altura, o Dubai estava a ganhar a fama de destino turístico e de cidade empresarial que hoje ostenta. O Bayern vivia o habitual mês de paragem da Bundesliga entre o final de um ano e o início do seguinte, enquanto o Benfica enfrentava um pouco usual buraco no calendário do futebol português.
 
As águias tinham competido a 21 de dezembro de 2006 num jogo em atraso do campeonato diante do Belenenses e depois tinham regressado à atividade num encontro pouco competitivo diante do Oliveira do Bairro para a Taça de Portugal a 6 de janeiro, e só voltariam à ação a 15 de janeiro, numa visita à Académica. Pelo meio, aproveitaram para participar na Dubai Cup, uma espécie de Mundialito com avultados prémios monetários, juntamente com os bávaros, o Marselha e a Lazio.
 
Nas meias-finais, a formação então orientada por Fernando Santos, que ocupava o 3.º lugar na I Liga portuguesa, mediu forças com um Bayern que era, como sempre foi, a grande potência do futebol germânico. No entanto, o conjunto orientado por Felix Magath estava na 3.ª posição da Bundesliga – atrás de Schalke 04 e Werder Bremen, mas haveria de concluir o campeonato no 4.º lugar, também abaixo do campeão Estugarda – e não conseguia ir além dos quartos de final da Liga dos Campeões desde que venceu a prova em 2000-01. Na Taça da Alemanha, tinha sido eliminado pelo modesto Alemannia Aachen nos oitavos de final. Jogadores como Oliver Kahn, Willy Sagnol, Mehmet Scholl, Hasan Salihamidzic, Sebastian Deisler e Roy Makaay estavam em fim de ciclo no clube, que ainda não contava com jogadores bastante importantes nas temporadas seguintes como Neuer, Boateng, Kroos, Ribéry, Robben ou Mário Gómez, ao passo que Lahm e Schweinsteiger ainda eram jovens a procurar a afirmação.


No Rashid Stadium, a 8 de janeiro de 2007, uma mescla de jogadores titulares e outros menos utilizados tanto do Benfica como do Bayern não foram além de um empate a zero no final dos 90 minutos. Mas no desempate por grandes penalidades, as águias venceram por 4-3: Luisão, Mantorras, Karagounis e Marco Ferreira marcaram para os encarnados e Salihamidzic, Lúcio e Podolski para os bávaros, enquanto o guardião benfiquista Moretto defendeu os penáltis de Van Bommel e Pizarro e o experiente guarda-redes alemão Kahn travou a grande penalidade executada por Beto.
 
“Se o prestígio e o dinheiro estão de mãos dadas no Torneio Dubai 2007 que ontem começou, os encarnados podem já reclamar parte dos créditos, uma vez que ganhar ao Bayern de Munique é sempre motivo mais do que suficiente para aumentar ao ego. Para além do orgulho pessoal – e de ver muitos adeptos árabes a vibrarem com as defesas decisivas de Moretto –, os encarnados demonstraram que há jogos a feijões, os tais particulares, que podem mesmo ser de ouro, tendo já garantido um milhão de dólares (qualquer coisa como 800 mil euros) de prémio”, começou por contar o jornal O Jogo.
 
“Num jogo sem grandes oportunidades de golo, Simão perdeu a melhor no final da primeira parte – e, saber-se-ia mais tarde, de todo o encontro. Com muitas mudanças no segundo tempo, as duas equipas perderam a ligação, mas ganharam em ambição, dando azo a que a bola já estivesse mais vezes perto das balizas – de Moretto principalmente –, ainda que não tivesse havido lances de suster a respiração. Na lotaria dos penáltis, o camisola 31 do Benfica foi o herói, tendo batido Kahn aos pontos – o guardião alemão apenas susteve o remate de Beto -, garantido ao Benfica um reencontro com a Lazio, com quem não joga desde um jogo de má memória, disputado no Estádio do Bessa, há três temporadas, a contar para a pré-eliminatória da Liga dos Campeões (derrota por 3-1)”, podia ler-se no diário desportivo.
 








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