domingo, 18 de abril de 2021

Miguel Assunção. O ex-colega de Rafa e Sérgio Oliveira que tenta relançar a carreira

Miguel Assunção está na segunda época em Castelo Branco
Foi companheiro de equipa do “diferenciado” Sérgio Oliveira e do “soneca” Rafa, integrou um plantel do Feirense na I Liga e concretizou um sonho de menino ao jogar pela equipa principal dos fogaceiros, mas uma grave lesão num joelho tem-lhe adiado a afirmação na carreira.
 
Em entrevista, o guarda-redes Miguel Assunção fala sobre o clube que representa, o Benfica Castelo Branco “que merece outros patamares” e recorda o ponto alto da carreira no Real SC e as passagens por clubes como o “gigante adormecido” Recreio de Águeda e o “grande e especial” Sp. Espinho.
 
RUI COELHO – O Miguel realizou apenas um jogo esta temporada e o Benfica Castelo Branco ocupa o 2.º lugar da Série E. Como tem estado a correr a época a nível individual e coletivo?
MIGUEL ASSUNÇÃO – A época tem estado a correr bem, apesar dos poucos minutos de jogo. Trabalho forte diariamente para poder estar a um bom nível e a competir pelo lugar. Quanto ao coletivo, tem sido uma época boa. Visto que estamos na luta pelo objetivo a que nos propusemos, que é o acesso à Liga 3.
 
Está a cumprir a sua segunda época no Benfica Castelo Branco, um clube que tem estado a perseguir a subida à II Liga. O que tem achado do emblema albicastrense?
O Benfica Castelo Branco é uma equipa com muito nome neste campeonato. As condições são boas, o alojamento é top e as pessoas são sérias. É um clube que paga sempre a tempo e horas. Portanto, este é um clube que merece outros patamares por tudo o que engloba o futebol.
 
Como tem sido treinar sob a orientação do treinador Pedro Barroso e, no seu caso concreto de guarda-redes, com o técnico Vítor Maia?
O mister Vítor Maia é um jovem treinador, está no começo de carreira, procura sempre analisar as vertentes de jogo, tal como os nossos pontos menos fortes, e trabalha-os com bastante qualidade. Temos uma boa relação e ele tem qualidade para mais altos voos.
 
E relativamente aos seus companheiros de equipa, quem prevê que possa atingir as ligas profissionais a breve prazo?
Não falo de ninguém em específico porque penso que todos os elementos do plantel têm qualidade e capacidade para atingir os mais altos patamares, mas todos eles sabem do trabalho e dedicação que são precisos. O Benfica Castelo Branco vale mais pelo seu todo.
 
Voltemos atrás no tempo. O Miguel nasceu em Fornos, Santa Maria da Feira. Como surgiu o gosto pelo futebol?
Aos seis anos, o meu primo (que jogava na formação do Feirense) desafiou-me. Desde o primeiro dia que aquela paixão despontou, na altura como avançado [risos], uns tempos depois como guarda-redes.
 
Fez quase toda a formação no Feirense. Qual foi a importância deste clube para a sua vida?
O Feirense, além de ser o clube da minha terra e, é um clube do qual fui habituado a ver e a gostar. Foi o clube que me formou como jogador, mas também como homem. Sem dúvida que foi o clube mais importante para o meu percurso como jogador.
 

Sérgio Oliveira sempre foi um jogador diferenciado, competitivo e ambicioso”

Miguel Assunção nos tempos do Feirense
Em 2007-08 assinou pelo FC Porto e foi ganhar rodagem para o Padroense, onde teve Sérgio Oliveira como companheiro de equipa. Como era ele na altura? Já revelava a qualidade e as características que hoje patenteia ao mais alto nível? Como tem visto a carreira dele?
O Sérgio sempre foi um jogador diferenciado, competitivo e ambicioso. A qualidade esteve sempre lá, mas teve de ganhar rodagem e crescer como jogador para ser o que é hoje. Tenho acompanhado a evolução dele e não me surpreende, pelo que ele é como profissional. Estou muito feliz por ele.
 
O Miguel integrou pela primeira vez a equipa principal do Feirense em 2011-12, numa época em que os fogaceiros jogaram na I Liga. Foi um choque passar dos juniores para um nível tão elevado?
A verdade é que o meu último ano de júnior foi um pouco atípico, porque fiz uma rotura dos ligamentos cruzados e perdi grande parte da época. Portanto, a minha esperança de ficar no plantel era reduzida, mas aconteceu e na altura não foi um choque tão grande porque já tinha integrado os treinos em júnior de primeiro ano. Mas, evidentemente que a qualidade é muito superior.
 
“Vestir a camisola do Feirense foi o realizar de um sonho de menino”
Em 2012-13 estreou-se ao serviço da equipa principal do Feirense. Qual foi a sensação?
A sensação de vestir a camisola do Feirense num jogo da II Liga foi o realizar de um sonho de menino e principalmente um prémio pelo meu esforço, dedicação e trabalho.  Foi sem dúvida uma grande sensação.
 
“Rafa é supertranquilo e calmo, até lhe chamávamos de soneca”
Nessa temporada partilhou o balneário com Rafa, hoje internacional português e jogador do Benfica. Como era ele na altura como jogador e pessoa? Achava que ele iria atingir um nível tão elevado?
O Rafa é uma pessoa supertranquila e calma, por vezes até lhe chamávamos de soneca, mas a qualidade sempre esteve lá. O que ele é hoje é só uma consequência do seu trabalho e qualidade.
 
“Apoio e carinho das pessoas tornam o Sp. Espinho num clube grande e especial”
Ainda nessa época, acabou por sair por empréstimo para o Sp. Espinho para ter mais minutos de jogo. O que achou do clube?
Na altura o Sp. Espinho atravessava uma fase complicada, não havia dinheiro e as condições não eram as melhores, mas sentia-se o apoio e o carinho das pessoas e adeptos que tornam o Sp. Espinho num clube grande e tão especial.
 
Miguel Assunção com a camisola do Vila Real
Seguiram-se empréstimos ao Esmoriz e Vila Real. como correram essas aventuras?
Foram épocas muito positivas em geral, pois joguei e valorizei-me, mas acima de tudo cresci como jogador.
 
Seguiram-se as primeiras passagens por emblemas do distrito de Castelo Branco, Vitória de Sernache e Sertanense. O que o levou a mudar-se para a Beira Baixa e como correram essas experiências?
Na altura tinha rescindido com o Feirense e foi uma fase complicada. Não estava a conseguir arranjar clube e foi aí que apareceu a oportunidade do Vitória de Sernache, que eu agarrei. Joguei, valorizei-me e ano seguinte consegui ir para o Sertanense fazer uma meia época que foi muito positiva.
 
No Vitória de Sernache foi orientado por Daniel Kenedy, uma figura do futebol português. O que achou dos métodos do antigo jogador de Benfica e FC Porto?
O mister Kenedy é uma pessoa incrível e, na altura como meu treinador, ajudou imenso todos os elementos daquele plantel, não só com toda a sua experiência, mas também com o conhecimento de jogo.
 

“O ponto alto da minha carreira foi subir à II Liga pelo Real SC

A meio da época 2016-17 mudou-se para o Real SC sagrou-se campeão do Campeonato de Portugal. O que achou do clube e como viveu essa conquista?
Nessa época o Real SC era um clube de topo, oferecia todas as condições para podermos ter sucesso. Cheguei a meio da época, mas ainda a tempo de criar grandes amizades e de subir à II Liga, o ponto alto da minha carreira.
 

Recreio de Águeda é um gigante adormecido”

Miguel Assunção foi campeão ao serviço do Real SC
Em 2017-18 regressou à região de Aveiro para representar o Recreio de Águeda. Com que impressão ficou do clube e dos métodos de trabalho do carismático José Rachão?
O Recreio de Águeda, por tudo o que engloba, é um gigante adormecido. É talvez dos clubes com melhores condições do campeonato.  O mister Rachão sem dúvida que é muito carismático, um treinador com a sua maneira própria de ser, duro, mas que na altura e perante a equipa que tinha, fazia as coisas funcionarem bem.
 
Propomos-lhe um desafio. Elabora um onze ideal de futebolistas com os quais tenha jogado.
Complicada essa pergunta [risos]. Desculpem aqueles que não mencionei. Evidentemente que há outros que gostava que estivessem aqui:
1 – André Caio, 2- Jorge Bernardo, 3 – Nuno Tomás; 4 – Pedro Santos, 5 – Zezinho, 6 – Kelvin, 7 – Palacios, 8 – Thabo Cele, 9- Érico, 10 – Diego, 11 – Marcelo Lopes.
 
O Miguel foi orientado por treinadores como Francisco Chaló, Nuno Manta Santos, Tiago Oliveira, Quim Machado, Henrique Nunes, Bruno Moura, Filipe Moreira, Filipe Martins e José Rachão. Quem mais o marcou? Tem histórias engraçadas com alguns deles que nos possa contar?
Nuno Manta Santos foi sem dúvida o que mais me marcou, pois foi um treinador que apanhei desde os iniciados aos juniores e até nos seniores do Feirense.
 
Aos 29 anos, tem algum sonho no futebol que gostasse de cumprir ou algum clube que gostasse de representar?
Neste momento o meu maior sonho é voltar a conseguir consolidar o meu nome e tentar fazer o máximo número de jogos possível, pois desde a época de Águeda, em que me lesionei gravemente no joelho, que essa lesão me vem atormentando. Portanto, depois do que passei, primeiro gostaria de subir de divisão no Benfica Castelo Branco, para poder na época seguinte aqui ou noutro lugar poder apresentar-me a bom nível.
 
Entrevista realizada por Rui Coelho



 







1 comentário:

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