sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Alcochetense é o quinto clube de Walter Sá em dois anos: “Não é nada do que eu pensava antes de assinar…”

Walter Sá vai conquistando o seu espaço no Alcochetense
O jovem extremo angolano Walter Sá tem 19 anos, está em Portugal há cinco e, quando assinou pelo Alcochetense no verão, conheceu o quinto clube em dois anos, depois de ter jogado nos juniores de Gil Vicente, Famalicão, Leixões e Lusitânia Lourosa.
 
Utilizado nos dois jogos da equipa de Alcochete nesta temporada, o atacante revela em entrevista já ter sido contactado pelo selecionador dos sub-20 de Angola e recorda com alegria dois momentos importantes da sua formação: uma vitória sobre os juvenis do Benfica no Seixal e o título nacional de juniores da II Divisão.
 
 
ROMILSON TEIXEIRA - O Walter Sá está a viver o seu primeiro ano de sénior e participou nos dois primeiros jogos da equipa principal do Alcochetense na temporada, tendo sido titular num e suplente utilizado noutro, apesar de inicialmente ter sido anunciado como reforço da equipa B. Como está a correr este arranque de época?
WALTER SÁ - Graças a Deus está a correr bem este início de época. A minha adaptação à equipa foi mais rápida do que aquilo que eu esperava e os meus colegas mais experientes e não só também me têm ajudado muito e isso tem feito com que as coisas corram bem.
 
O Alcochetense era apontado como um dos principais candidatos ao título distrital da AF Setúbal. Um ponto em seis possíveis num campeonato que vai ter apenas 15 jornadas já é uma desvantagem difícil de recuperar? O que justifica este arranque em falso?
Ainda estão 39 pontos em disputa e até ao final acredito que muitas equipas vão perder pontos ainda. É uma distância difícil de recuperar, sim, mas até ao final ainda muita coisa vai acontecer.
 
O que está a achar dos métodos do mister Djão?
É um treinador muito exigente, puxa sempre muito por nós e isso é bom, pois obriga-nos sempre a chegar ao limite e isso ajuda-nos muito. Desde que cheguei ao clube que me tem ajudado muito e, até agora, só tenho que lhe agradecer pela oportunidade.
 
Em relação aos seus companheiros de equipa, houve algum que o tivesse deixado particularmente impressionado?
Cada um tem os seus pontos mais fortes e pontos mais fracos, mas, em termos gerais, é uma equipa muito boa, com jogadores de muita qualidade, pelo que seria injusto falar apenas de um ou de outro.
 
O que está a achar do Alcochetense enquanto clube?
Para ser sincero, estou muito surpreendido. Não é nada do que eu pensava antes de assinar pelo clube. É um clube muito organizado e que nos oferece as melhores condições possíveis.
 
Que opinião tem sobre esta paragem dos campeonatos distritais devido ao estado de emergência nos primeiros fins de semana de dezembro?  Como acha que o futebol amador vai lidar com esta instabilidade e indefinição que a Covid-19 vai causando?
Tem sido complicado estar sempre a parar, principalmente para nós que não conseguimos ganhar nenhum dos dois jogos realizados, porque queremos conhecer o sabor da vitória, vitória essa que já mereceríamos.
 

“Sou muito rápido e muito forte no um contra um”

O Walter joga a extremo. Como se define enquanto jogador?
Posso dizer que sou um jogador muito rápido e muito forte no um contra um.
 
Voltemos atrás no tempo. Como foi a sua infância? Onde nasceu e cresceu?
A minha infância esteve sempre ligada ao futebol. Tudo o que eu fiz e faço tem ligação ao futebol, sempre gostei muito de futebol. Nasci e cresci em Luanda.
 
Quando e onde começou a jogar futebol?
Comecei a jogar futebol em Angola, no Petro de Luanda.
 
Com que idade veio para Portugal?
Vim para Portugal com 14 anos.
 

Recordações de uma vitória ao Benfica no Seixal e do título nacional da II Divisão

Walter Sá nos tempos do Gil Vicente
Em Portugal começou a jogar nos juvenis do Estoril em 2016-17. Que memórias tem dessa época na equipa estorilista?
Foi uma época muito boa, fiz vários jogos. Uma das melhores memórias foi quando fomos jogar contra o Benfica ao Seixal e se ganhássemos conseguíamos o apuramento para a próxima fase, mas se não ganhássemos não nos apurávamos. Muita gente não acreditava em nós porque era um jogo contra o Benfica e na casa do Benfica, mas acabámos por ganhar por 2-1 e passámos à fase seguinte.
 
Entretanto passou pelo Minho, tendo representado Gil Vicente e Famalicão. Como correu cada uma dessas experiências?
No Gil Vicente as coisas não correram bem e acabei por sair para o Famalicão, onde as coisas correram muito bem e acabámos por nos sagrar campeões nacionais da II Divisão.
 
Na temporada representou os juniores do Leixões e do Lusitânia Lourosa. Como correu cada uma dessas aventuras e como se explica o facto de ter passado por tantos clubes em tão curto espaço de tempo?
Sim, passei por vários clubes num tão curto espaço de tempo. Saí do Estoril para o norte porque na altura comecei a trabalhar com uma empresa que me levou para o Gil Vicente e no Gil Vicente as coisas não correram muito bem e acabei por sair para o Famalicão. No Famalicão fiz uma época em que fui campeão, mas depois acabei por não ficar no clube por questões pessoais e na altura quando saí para o Leixões, mas não era algo que eu queria muito e acabei por ir só pelo facto mesmo de ser um clube da I Divisão. Saí do Leixões para o Lourosa porque deixei de ser opção do treinador da equipa A de juniores e mandaram-me para a equipa B, o que não me agradou muito.
 

Seleção angolana sub-20 tem-no debaixo de olho

Walter Sá com a taça de campeão nacional da II Divisão
Tem acompanhado o futebol angolano? Que opinião tem e quais são os atletas angolanos que mais admira?
Sim, continuo a acompanhar o futebol angolano, mais concretamente o Petro de Luanda, que é o meu clube do meu coração, o clube onde tudo começou.
 
Tem sonho de jogar pela seleção angolana? Já foi alguma vez contactado pela Federação Angolana?
Sim, claro que gostaria de representar o meu país e sim, em dezembro do ano passado fui contactado por membros da Federação e cheguei a falar diretamente com o treinador da seleção sub-20.

Sabemos que gosta de utilizar a alcunha W7…
“W7” porque W é a inicial do meu nome e o número 7 porque quando era mais novo o meu ídolo era o CR7. Então comecei a usar também o número 7 e também porque o meu mês de aniversário é o 7... e 7 é o meu número da sorte então acabou por ficar “W7”.

Alguma vez foi alvo de insultos racistas? O que é para si o racismo?
Sim, num jogo no Lourosa os adeptos da equipa adversária começaram a chamar-me de preto, macaco e nomes do gênero, mas eu não dei ouvidos nem me afetou porque tenho muito orgulho de ser o que sou. Em relação ao racismo, acho que é algo que se até agora ainda não acabou, nunca mais irá acabar. Não é sobre os negros contra os brancos, é sobre todos contra os racistas.
 
Entrevista realizada por Romilson Teixeira

















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