sábado, 13 de junho de 2020

A minha primeira memória de... um jogo entre Boavista e Sp. Braga

Bracarense Edmilson e boavisteiro Erivan em luta pela bola
Vivíamos os primeiros meses do século XXI. A 17 de fevereiro de 2001, decorria a 21.ª jornada da I Liga e o Boavista era líder com 45 pontos, mais dois do que o Benfica (mais um jogo), mais seis do que o Sporting e mais sete do que o FC Porto e mais oito do que o Sp. Braga. Os axadrezados de Jaime Pacheco tinham ainda o melhor ataque e a melhor defesa do campeonato e só tinham perdido por uma vez até então, precisamente na receção aos bracarenses de Manuel Cajuda, na quarta ronda da prova.


O emblema minhoto ainda não vivia na era António Salvador, mas estava a realizar uma excelente temporada, aparecendo a morder os calcanhares aos grandes já com 20 jornadas decorridas. Os históricos Quim, José Nuno Azevedo, Artur Jorge e Castanheira, jovens como Luís Filipe e Tiago, os brasileiros Odair, Zé Roberto e Riva e o goleador húngaro Miki Fehér formavam a base da equipa.

Do outro lado estava um Boavista liderado em campo pelo Erwin Sánchez e pelo capitão Litos, mas com vários jogadores que viriam a representar os denominados três grandes, como Ricardo, Rui Bento e Elpídio Silva (Sporting), Pedro Emanuel (FC Porto) e Petit (Benfica).


Relativamente ao jogo, o Sp. Braga fez o que já tinha feito diante de Sporting – no Minho (3-2) e em Alvalade (2-1) – e FC Porto (2-1) e venceu na receção aos boavisteiros. Riva, que fuzilou Ricardo na sequência de um ressalto, marcou o único golo do encontro aos 82 minutos.

“Maldita kriptonite. Nem sequer é um mal estatístico, e até é bom que não seja, porque assim sempre se sabe antecipadamente quando se vai perder e em que circunstâncias: o Sp. Braga ganha sempre a quem seria suposto não ganhar. A falta de senso desta regra anárquica é notória, até porque ao sexto jogo com candidatos ao título - e um único empate - o correto é esperar-se que ganhe, mas serve também de atestado oficial, uma espécie de certificado de grandeza que lisonjeia o Boavista. Mais do que isso: não é de todo insensato acrescentar que o comandante do campeonato se portou melhor em Braga do que qualquer um dos seus irmãos graúdos. Perdeu porque não soube prever o momento que o seu adversário escolhera para tentar o truque do costume. São duas as derrotas do Boavista na I Liga, ambas arrancadas por pés bracarenses. Entre elas, 16 jogos sem perder, que lhe deram uma aura de super-herói crescente, cada vez mais ampla, mais ambiciosa até se perceber que o título está muito longe de ser um fait-divers nos discursos que Pacheco faz no balneário. O que quer então o Sp. Braga dizer? Que até o super-homem tem pontos fracos, no seu caso um minério verde, resto vaporoso do planeta de origem, a que calhou bem chamar kriptonite. O Sp. Braga é a kriptonite do Boavista (e dos outros também, mas em concorrência com outras substâncias): tanto o enfraquece quando se encontram como o fortalece apenas por existir. Que piada tem um super-herói invencível?”, escreveu o jornal O Jogo.


O Sp. Braga-Boavista de fevereiro de 2001 foi o primeiro jogo de que tenho memória entre as duas equipas, até pela exposição mediática do confronto, uma vez que os boavisteiros estavam embalados na frente da tabela classificativa. Porém, vale a pena recordar a partida da primeira volta, em que os bracarenses venceram no Bessa (2-1).

Dois golos de Miki Fehér (11’ e 54’), intercalados por um do boavisteiro Geraldo, deram a vitória aos bracarenses, que fecharam a quarta jornada com 12 pontos em 12 possíveis. Já o Boavista seguia no grupo dos quintos classificados, com sete pontos, também atrás de FC Porto, Salgueiros e Belenenses e em igualdade pontual com Sporting, Benfica, Marítimo e Farense.

“Absolutistas. O Sp. Braga isolou-se no comando do campeonato da I Liga, ao vencer, por 2-1, no Bessa, o até ontem invicto Boavista. O cântaro tantas vezes vai à fonte... Sem pretender beliscar o mérito do triunfo dos arsenalistas, construído com dois golos de Fehér, o rei dos marcadores e a referência da equipa, os boavisteiros tiveram as peripécias do jogo contra si. Se não atentemos: foram obrigados (pela primeira vez na campanha interna) a correr atrás do prejuízo e, aos 54’, Jaime Pacheco foi obrigado a render Rui Óscar, o único lateral-direito de raiz do plantel, substituição que amputou, de certa forma, o conjunto, pois Frechaut não tem rotina de defesa-lateral. E o pior é que o Boavista sofreu o segundo golo no minuto seguinte... Sinónimo de mais sacrifício para os donos do terreno, três dias depois de um jogo uefeiro e uma dura e penosa viagem até Poltava, na Ucrânia. Elas não matam, mas moem... O Boavista acusou o segundo golo e, a partir daí, não mais foi uma equipa esclarecida, lúcida. Quis chegar à igualdade, mas não foi capaz, apesar de Sánchez ter procurado resolver com o seu pé-canhão”, podia ler-se no jornal O Jogo.
















1 comentário:

  1. Boa tarde. Me traz a memória a primeira vez que eu fui no Estádio do Maracanã.

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