terça-feira, 14 de abril de 2020

Os 10 jogadores com mais jogos pelo Lusitano VRSA na I Divisão

Lusitano VRSA disputou a I Divisão entre 1947-48 e 1949-50
Fundado a 15 de abril de 1916, o Lusitano Futebol Clube é popularmente conhecido como Lusitano Vila Real de Santo António ou simplesmente Lusitano VRSA.

Um dos principais clubes do Algarve até meados da década de 1950, tornou-se o segundo clube da região a chegar à I Divisão, em 1947, iniciando aí um percurso de três anos consecutivos entre a elite do futebol português. Essas foram, aliás, as únicas participações dos diabos algarvios no primeiro escalão. Logo na época de estreia, foi alcançada a melhor classificação de sempre do clube: o 11.º lugar. 


Paralelamente, foi nessa altura que o Lusitano VRSA obteve a sua melhor participação na Taça de Portugal, tendo chegado aos quartos de final em 1948-49, acabando eliminado pelo Atlético.

Desde então que o emblema de Vila Real de Santo António ficou remetido para as divisões secundárias, incluindo as distritais, onde atualmente compete. Em 1990-91 disputou a primeira edição da II Liga, terminando na 19.ª e penúltima posição.  

Voltando ao tempo em que o Lusitano VRSA esteve na I Divisão, foram 41 os jogadores que representaram o clube no patamar maior do futebol nacional. Vale por isso a pena recordar os dez futebolistas que o fizeram por mais vezes.


10. Faustino (42 jogos)

Faustino
Defesa/médio natural de Vila Real de Santo António, começou por jogar na equipa de reservas e fez parte do plantel que alcançou a subida à I Divisão em 1946-47, mas passou a primeira temporada no primeiro escalão sem efetuar qualquer encontro.
Porém, agarrou o lugar à 5.ª jornada da época 1948-49 e não mais o largou, tendo disputado 20 jogos nessa edição do campeonato e 22 na seguinte.
Entretanto mudou-se para o Sporting, mas jogou sobretudo nas reservas, tendo apenas participado em sete encontros da equipa principal.  


9. Calvinho (48 jogos)

João Calvinho
Figura emblemática da história do Lusitano VRSA, nasceu em Vila Real de Santo António e começou a jogar no clube da sua terra aos 14 anos, tendo ascendido à equipa sénior aos 17 anos, em 1934-35.
Teve de esperar mais de uma década para saborear a glória, quando em 1947 subiu à I Divisão. Seguiram-se três temporadas nas quais disputou 48 jogos e marcou um golo, e logo numa receção ao Benfica de Rogério Pipi, a 27 de novembro de 1949 (2-3).
Após a despromoção continuou mais duas épocas no clube, tendo encerrado a carreira com o título nacional da III Divisão em 1951-52.
“Foi um jogador de elevada craveira técnica, sabendo ‘ler’ como poucos um jogo de futebol alegre, irrequieto, com grande disciplina posicional. Só não foi internacional porque, nesses tempos, como ainda hoje, infelizmente, tudo o que ‘cheirava’ a província era posto de lado”, escreveu o Jornal do Algarve em 1989, num recorte retirado pelo blogue Antigas glórias do futebol algarvio e alentejano.
Após pendurar as botas tornou-se o treinador, tendo orientado o seu Lusitano VRSA em 1962-63, 1969-70 e 1970-71. Haveria de falecer a 3 de abril de 2009, aos 92 anos.


8. Germano (56 jogos)

Germano
Extremo de posição, jogou quase toda a carreira na formação de Vila Real de Santo António, tendo feito parte da histórica equipa que conseguiu a subida à I Divisão em 1946-47.
Seguiram-se três temporadas nas quais disputou 56 jogos e marcou oito golos no patamar maior do futebol português: a Boavista (um em cada jogo) e Académica em 1947-48 e a Vitória de Setúbal (dois), Atlético, Belenenses e Vitória de Guimarães em 1949-50.
Já depois do Lusitano ter descido à III Divisão e de se ter sagrado campeão desse escalão, mudou-se para o Atlético, onde jogou apenas uma temporada, em 1952-53, tendo ficado conhecido na Tapadinha como Germano II, uma vez que na mesma equipa jogava Germano, que se tornaria uma figura histórica do Benfica.
Após essa época voltou ao Lusitano, ajudando o clube a subir à II Divisão em 1958-59.


7. Branquinho (58 jogos)

Branquinho
Irmão mais velho do guarda-redes Isaurindo – já lá vamos… -, jogava a defesa esquerdo e passou grande parte da carreira ao serviço do clube da terra, o Lusitano VRSA. Depois de ter sido lançado nas reservas e na equipa principal, passou em 1941-42 pelos açorianos do Santa Clara, mas depois voltou ao Baixo Guadiana para participar nos momentos áureos do emblema algarvio.
Em 1946-47 esteve na subida à I Divisão e nas três épocas que se seguiram manteve-se ao serviço do clube no patamar maior do futebol nacional, tendo disputado 58 jogos e marcado um golo, num triunfo caseiro sobre o Vitória de Setúbal a 11 de janeiro de 1948 (2-1).
Após a despromoção “Zezé” Branquinho manteve-se no clube por mais duas temporadas, tendo estado na descida à III Divisão antes de encerrar a carreira com a conquista do título nacional do terceiro escalão.


6. Isaurindo (59 jogos)

Isaurindo Parra
O irmão mais novo de Branquinho, é considerado um dos melhores guarda-redes algarvios de sempre, apesar da baixa estatura. Num particular diante do então campeão espanhol Sevilha no final da década de 1940, a imprensa do país vizinho batizou-o de “niño de goma” [menino de borracha], tal a agilidade revelada entre os postes.
Também natural de Vila Real de Santo António, teve um longo trajeto de uma dúzia de anos no Lusitano VRSA, tendo feito parte da equipa que em 1946-47 subiu à I Divisão e permanecido no clube durante os três anos no patamar maior do futebol português. É verdade que sofreu 143 golos em 59 jogos no primeiro escalão, mas ficou na memória pelos que evitou.
Após duas descidas consecutivas, a última à III Divisão, regressou ao patamar maior do futebol português pela porta do Sp. Covilhã, onde coincidiu com outros quatro algarvios: Amílcar Cavém, Domiciano Cavém, Hélder Toledo e Fernando Cabrita.
Depois de três anos nos serranos regressou ao Algarve para representar o Farense durante sete temporadas, pendurando as luvas em 1961, à beira de completar 40 anos.


Mortágua

5. Mortágua (64 jogos)

Mais um jogador natural de Vila Real de Santo António e com uma longa carreira no clube da sua terra. No caso deste defesa/médio, esse trajeto foi iniciado na longínqua temporada de 134-35 e terminou em 1951-52, na época da conquista do título nacional da III Divisão. Pelo meio, foi jogador-treinador do Campomaiorense em 1944-45.
Pelo Lusitano VRSA sagrou-se campeão regional em 1934-35, esteve na subida à I Divisão e foi um dos jogadores mais utilizados nas três épocas em que os algarvios estiveram no primeiro escalão. Em 64 encontros no principal campeonato nacional, marcou um golo, numa derrota no terreno do Belenenses a 20 de dezembro de 1948 (1-3).


4. Angelino (65 jogos)

Angelino Parra
O melhor marcador do Lusitano VRSA na I Divisão, com 25 golos. No entanto, A história da ligação entre este atacante natural de Vila Real de Santo António e o clube da terra não se esgota nesses três anos. Na equipa principal desde 1936-37, ajudou o emblema algarvio a sair dos campeonatos regionais e a chegar ao patamar maior do futebol português.
Logo na temporada de estreia no primeiro escalão, marcou 11 golos em 22 jogos, entre os quais um hat trick à Académica, um bis ao Sp. Braga e outro ao Vitória de Guimarães e um golo tanto a Benfica como a Sporting. Na época seguinte marcou baixou de produção, faturando por nove vezes em 26 encontros, incluindo dois ao Benfica e um numa vitória caseira sobre o FC Porto (1-0). No terceiro ano perdeu gás, não indo além de cinco golos em 17 partidas, mas manteve a boa imagem.
“Como futebolista, foi um jogador de eleição, jogando em qualquer lugar da linha avançada, pois sendo dotado de uma técnica invulgar, que lhe permitia jogar maravilhosamente com os dois pés, driblando com maestria, endossando a bola para o sítio certo e, quando chutava o esférico para a baliza, muitas vezes, fazia golo. Além disso, como se elevava com facilidade, era, também, um exímio jogador de cabeça. Foi um dos obreiros da subida do Lusitano à I Divisão Nacional, efetivada no jogo realizado com o Futebol Clube Famalicão, no dia 6 de julho de 1947, no antigo Campo do Lumiar-A, de Lisboa, (…) cujo resultado final foi 3-2, favorável ao Lusitano, tendo Angelino marcado o golo da vitória”, escreveu o Jornal do Algarve aquando do falecimento de Angelino, em 2001, num recorte retirado pelo blogue Antigas glórias do futebol algarvio e alentejano.


3. Zé de Almeida (67 jogos)

Zé de Almeida
Outro dos elementos do setor ofensivo do Lusitano VRSA nos tempos áureos do clube do Baixo Guadiana, atuando preferencialmente no corredor direito. Embora tenha jogado a maior parte da carreira no emblema de Vila Real de Santo António, nasceu cerca de 80 quilómetros mais a noite, em Corte do Pinto, concelho de Mértola.
Após ter despontado no São Domingos da terra natal, chegou à formação algarvia em 1942, a tempo de contribuir para a subida à I Divisão em 1947.
No primeiro escalão disputou 67 jogos e apontou 19 golos em três temporadas. A época mais produtiva foi a de 1948-49, tendo bisado numa vitória caseira sobre o Sp. Braga (2-0) e marcado no terreno do Sporting dos cinco violinos numa pesada derrota (1-7). Na temporada seguinte faturou por seis vezes, um no terreno do Sporting (1-3) e dois num em casa sobre o FC Porto (3-1).
Manteve-se no clube até 1955, tendo participado na conquista do título nacional da III Divisão em 1951-52, mas também nas descidas à II Divisão em 1950-51 e 1953-54.
O seu filho, António Manuel de Almeida, jogou no Lusitano VRSA nas décadas de 1970 e 1980, tendo desempenhado a função de jogador-treinador em 1979/80 e 1980-81. Mais tarde, em 1986-87, sagrou-se campeão distrital pelo clube já só como técnico.


2. Caldeira (73 jogos)

Manuel Caldeira
Natural de São Bartolomeu do Sul, no concelho vizinho de Castro Marim, foi sem dúvida o jogador que melhor conseguiu projetar a carreira ao serviço do Lusitano VRSA. Chegou à equipa principal em 1944-45 e teve uma evolução paralela à do clube, ajudando-o a atingir o patamar maior do futebol português em 1947.
Seguiram-se três temporadas na I Divisão em que este defesa brilhou ao mais alto nível, disputando 73 jogos em 78 possíveis. O único golo que marcou foi na época de estreia, numa vitória em casa sobre o Boavista (2-1) em dezembro de 1947. Porém, em 1948-49 foi totalista da competição, cumprindo os 2340 minutos.
Após a despromoção dos algarvios foi convidado para ingressar no Sporting, onde alcançou a consagração como futebolista. Sagrou-se cinco vezes campeão nacional, venceu uma Taça de Portugal, esteve no jogo de estreia da Taça dos Campeões Europeus e tornou-se internacional português, tendo representado a seleção nacional por três ocasiões. “Este Caldeira, jogador sóbrio, de rara utilidade, tem-se caracterizado pelo seu espírito de lutador. É admirável o esforço que desenvolve sempre, na defesa da sua camisola”, escreveu a revista Desportos do Cavaleiro Andante, num recorte retirado pelo blogue Antigas glórias do futebol algarvio e alentejano.
Em 1959-60 regressou ao Algarve para jogar pelo Portimonense, encerrando a carreira ao serviço do Silves em 1962, levando o clube à II Divisão Nacional numa época em que assumiu as funções de jogador-treinador. Nessa década orientou ainda os juniores do Esperança de Lagos e do Portimonense e os seniores do Silves. Viria a falecer em agosto de 2014, no Hospital de Faro.


1. Madeira (74 jogos)

Madeira
Defesa natural de São Brás de Alportel, começou a jogar futebol em clubes da zona de Lisboa, nomeadamente o Cascalheira, antes de voltar ao Algarve para fazer parte do melhor período da história do Lusitano VRSA.
Ao serviço do emblema raiano subiu à I Divisão em 1946-47 e foi o jogador mais utilizado do clube durante as três temporadas entre a elite do futebol português. Após 24 encontros e um golo em cada uma das duas primeiras épocas, tendo apontado um golo em cada uma, foi totalista na terceira, cumprindo os 2340 minutos da competição, e somou três remates certeiros.  
Depois da despromoção mudou-se para outro Lusitano, o de Évora, pelo qual se veio a sagrar campeão da II Divisão em 1951-52, tendo voltado a jogar no primeiro escalão na época seguinte, desta vez ao serviço dos eborenses.






















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