Um dos jogadores mais promissores
de Angola,
Aldair Ferreira é internacional sub-23 pelos Palancas
Negras e representa a equipa desse escalão do Cova
da Piedade, que compete na Liga Revelação.
Nascido há 22 anos no Bairro do
Prenda, em Luanda, emigrou aos três anos para Portugal
com a família, que procurava melhores condições de vida. Foi já em solo luso que
começou a jogar futebol, em 2005-06, no Estrela
da Amadora. Seguiu-se o Sporting, onde fez grande parte da formação, e
depois o Gil Vicente. Após duas épocas no Campeonato de Portugal, com as
camisolas de AD Oliveirense e Vilaverdense, mudou-se no último verão para o Cova
da Piedade, da II Liga, mas tem jogado apenas pela formação secundária.
Embora a oportunidade na equipa
principal ainda não tenha aparecido, vai mostrando um pé esquerdo de qualidade
ao serviço dos sub-23, perfilando-se como um nome a ter em conta no futebol
angolano. Em entrevista a O Blog do
David, fala da infância, passa a ainda curta carreira em revista e revela
as expetativas para o futuro.
ROMILSON TEIXEIRA - Quem é Aldair Caputo Ferreira?
ALDAIR FERREIRA - É um jovem cheio de sonhos e objetivos
como todos os outros, que desde cedo tem o sonho de ser jogador de futebol. Isso
é que me mantém vivo.
Onde nasceu e cresceu? E como foi a sua infância?
Eu nasci em Angola,
mas vim para Portugal
muito cedo, aos três anos. Os meus pais vieram para ter melhores condições de
vida. A minha infância foi muito boa, que eu me lembre foi quase sempre a jogar
à bola e em outras brincadeiras que as crianças da minha idade faziam.
Desde pequeno que sempre quis ser futebolista ou tinha outros sonhos?
Sempre quis ser futebolista,
sempre meti na cabeça que era isso que queria.
Em que ano e clube começou a sua carreira? Sempre teve pinta de craque?
Comecei no Estrela
da Amadora, em 2005-2006. As pessoas sempre disseram que eu tinha jeito para
o futebol.
Aldair Ferreira em ação num jogo frente ao Benfica |
Com que idade foi para o Estrela
da Amadora e quantos anos passou nesse clube?
Entrei lá com sete anos e sai com
oito, só fiquei por lá um ano. De seguida fui para o Sporting Clube de
Portugal, onde passei sete anos.
Como descreve a sua passagem pela Academia de Alcochete? É um sonho voltar a representar o Sporting
num futuro próximo?
Foram momentos muito bons, em que
cresci como jogador e homem. Conheci pessoas fantásticas com as quais até hoje
mantenho uma ligação muito forte. Tenho um enorme carinho pelo Sporting, estará
sempre no meu coração. Sim, se tiver oportunidade, voltarei!
Seguiu-se o Gil Vicente. O que guarda da sua passagem pelo clube de
Barcelos?
Também passei muitos bons
momentos no Gil Vicente, que eu me lembre a melhor lembrança foi quando
coloquei pela primeira vez a braçadeira de capitão. Foi uma grande honra para
mim.
Os primeiros anos de sénior, porém, foram passados na AD Oliveirense e
no Vilaverdense. Quais foram as maiores dificuldades que enfrentou?
Penso que qualquer jovem, quando
sai da formação, enfrenta algumas dificuldades no futebol sénior. Senti
dificuldades na parte física, principalmente na hora do choque, mas depois fui
melhorando.
Pela exigência física e técnica, julga que a posição que habitualmente
ocupa, no meio-campo, é a mais difícil de interpretar? Afinal tem de correr
durante 90 minutos por todo o campo…
Sempre me habituei a jogar mais
na posição 10, mas também já passei por outras. Todas elas são exigentes à sua
maneira. O meio-campo é muito importante, tem de existir muito entrosamento
para funcionar bem.
É um jogador elegante, com um pé esquerdo refinado, mas joga na Liga
Revelação, ao campeonato português de sub-23. Sente que não está a jogar no
nível que merece?
Sinceramente já pensei mais nisso,
mas sei que só depende de mim sair do patamar onde estou para chegar a um
superior. Apenas me resta continuar a trabalhar e desfrutar do futebol que é o
que mais de fazer.
Crê que a Liga Revelação, por ser uma liga de desenvolvimento para atletas
sub-23, é a melhor opção para os jovens crescerem e melhorarem o seu jogo, ou
defende que as equipas B seriam melhor por terem oportunidade de jogar com atletas
mais experientes?
Eu acho que depende muito. A Liga
Revelação é uma boa montra para os atletas jovens se mostrarem, tanto para as
equipas principais dos respetivos clubes como para as dos outros. É uma liga
com bastante visibilidade e com condições top.
Aos atletas basta estarem focados em dar o máximo para proporcionar um bom espetáculo
e desfrutar deste nosso desporto.
O Cova
da Piedade não conseguiu apurar-se para a fase de apuramento de campeão,
mas ainda pode vir a qualificar-se para a Taça Revelação caso vença a Ronda de Qualificação
da Zona Sul. Esse sempre foi o objetivo para esta época? O que acha do percurso
da equipa até ao momento?
Sim. Desde o momento que soubemos
que não ia ser possível ir à fase de apuramento de campeão que metemos na
cabeça que tínhamos de ir à Taça.
Para que todos em Angola
percebam… Como funciona a Liga Revelação?
Basicamente é um campeonato como
todos os outros. Existe uma fase regular composta por 16 equipas que disputam
jogos entre si, depois disso, seis equipas jogam a fase de apuramento de
campeão e as outras 10 que são divididas em duas séries de cinco (norte e sul),
que jogam a fase de manutenção, sendo que que os primeiros de cada série da
fase de manutenção têm direito a ir à Taça Revelação.
É inevitável falarmos do Covid-19. Como tem visto a situação do mundo
nestes últimos meses? Como tem
lidado com esta situação e como tem sido o seu dia-a-dia?
É uma situação muito delicada
realmente, só nos resta seguir as medidas de prevenção e mantermo-nos a salvo.
Estou convicto que juntos vamos ultrapassar isto. Tenho feito as coisas
normalmente, dentro das medidas de prevenção. Tenho treinado em casa, penso que
o mais importante nesta altura é mantermo-nos em casa.
Qual é o seu maior sonho enquanto jogador de futebol?
Jogar em grandes palcos no mundo
do futebol, como por exemplo numa Liga
dos Campeões ou jogar um Mundial
pela seleção
de Angola, entre outros sonhos.
Quais são as suas referências no mundo do futebol, aqueles jogadores em
que se revê?
Aprecio muito Lionel
Messi, Mesut
Ozil, Riyad Mahrez e Arjen Robben, entre outros. Tenho mais algumas, mas
penso que essas são as minhas principais referências.
Viveu a maior parte da sua vida em Portugal.
Já teve o desejo de representar a equipa das quinas? Já recebeu um convite para
representar uma das seleções jovens de Portugal?
Sim, há quem diga até que sou
mais português
do que angolano.
Em relação aos convites, nunca recebi nenhum das seleções
portuguesas.
Eu sou um bocado dos dois. Gosto
muito de Portugal
porque foi onde fui criado e de Angola
porque foi onde nasci e tem a seleção que represento e tenho muito orgulho
nisso.
O que o Cova
da Piedade representa para si? O que acha que o clube tem de mais especial?
Estou cá há apenas uns meses, mas
estou agradecido ao clube por me ter aberto as portas e me ter proporcionado
bons momentos. Fiz amizades que certamente ficarão para sempre.
E sobre o seu futuro? Pretende continuar no Cova
da Piedade ou tem algumas propostas para mudar de ares?
Acho que toda a gente pensa
sempre no melhor para si. Tenho respeito máximo pelo Cova
da Piedade, mas ambiciono outros patamares. Sonho jogar em Inglaterra e
Espanha.
O que pensa do futebol
angolano e dos futebolistas angolanos?
Quais são os jogadores angolanos que mais admira?
Eu acho que os atletas angolanos
têm muito talento e uma margem de progressão muito grande e não é por acaso que
alguns vêm jogar para a Europa desde muito cedo, é sinal que há qualidade. Gosto
muito do Gelson Dala e do Ary Papel, pela irreverência e agressividade de ambos
com bola, aprecio muito a capacidade deles no um contra um.
Quais são os conselhos que deixa a todos os jovens que sonham ser
jogadores de futebol?
O conselho que eu deixo para os
jovens é para nunca desistirem dos sonhos pois quem espera sempre alcança. As
coisas podem não estar a correr bem no momento, mas temos de manter sempre a fé
e a cabeça erguida para trabalhar. A paciência é a chave.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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