segunda-feira, 1 de julho de 2019

Arranque do campeão marcado por várias indefinições

Lage e Vieira colocaram taça de campeão de 2018-19 no museu
Arranca esta segunda-feira a versão 2019-20 do Benfica, que inicia os trabalhos de pré-época com várias quase certezas mas muitas indefinições. À cabeça, as saídas de João Félix e Jonas, que à falta de confirmação oficial ainda são jogadores das águias, mas cujos destinos deverão ser anunciados nos próximos dias: o jovem avançado será, ao que tudo indica, reforço do Atlético Madrid, enquanto o veterano irá pendurar as botas.


Mas há mais: os já históricos Fejsa e Salvio têm sido apontados a outros clubes, jogadores como Rúben Dias e Grimaldo têm despertado cobiça e o plantel deverá receber reforços. Caio Lucas (ex-Al Ain) e Cádiz (ex-Vitória de Setúbal) são os nomes conhecidos, Raúl de Tomás (Real Madrid) está na calha e vão ser incluídos nos trabalhos de pré-temporada cinco jovens que pertenciam à equipa B: o central Pedro Álvaro, o lateral esquerdo Nuno Tavares, os médios ofensivos Tiago Dantas e Nuno Santos e o extremo David Tavares.

"O candidato mais forte"

Posto isto, António Simões disse ao DN ter boas expectativas em relação à época dos homens de Bruno Lage, "tendo em conta o que se conhece do movimento do mercado de entradas e saídas de jogadores". "Saiu um jogador titular que se chama João Félix e tudo indica que Jonas vai abandonar, mas já não era um titular absoluto. Por isso e pelo que fez no campeonato no ano passado, parece-me ser o candidato mais forte à conquista do título", acredita o antigo extremo, 75 anos.

Mais prudente é Toni, que sublinha que o Benfica não se pode "convencer que vai ser fácil pelo facto de haver um FC Porto que está em construção e de um Sporting que eventualmente vai perder o Bruno Fernandes" e alerta para um Sp. Braga que "vai novamente tentar encostar-se aos grandes". "Nesta altura, com tantas indefinições, se o adepto do Benfica partir para o campeonato já a pensar que está ganho, está completamente errado", avisa o antigo médio e treinador do clube, 72 anos.

Entradas dependem das saídas

António Simões lamenta os "muitos erros" que o Benfica "tem cometido" na contratação de jogadores, apelando para que se seja "extremamente rigoroso". "A gestão das compras tem de ser igual à gestão das vendas. Não se pode vender ouro e comprar pernas de pau". Ainda assim, o antigo extremo considera "interessante" o currículo das contratações já anuncias e reiterou confiança em Bruno Lage: "sabe unir a arte e o afeto. Isso é fundamental para criar um bom ambiente na equipa."

Toni diz desconhecer os jogadores da formação que vão trabalhar na equipa principal e que só ouviu "falar muito bem do lateral esquerdo Nuno Tavares", elogia as "características interessantes" de Cádiz e assume não ter "opinião muito formada" sobre Caio Lucas.

João Félix e Jonas estão de saída da Luz
Apesar da contratação do ponta de lança venezuelano que na época passada esteve ao serviço do Vitória de Setúbal, o antigo médio e treinador do Benfica diz que o eixo do ataque é uma posição a reforçar. Quanto ao resto, depende de quem sair. "No meio-campo há muitas opções. Na defesa depende se o Rúben Dias e o Grimaldo ficam ou se saem. Ainda há muitas indefinições, com Salvio, Fejsa e Jonas. Mas mantendo a base do ano passado, creio que é preciso contratar avançados - fala-se no Raúl De Tomás -, é uma posição em que o Benfica está carenciado", considerou.

Já Simões, mais pragmático, frisa que "os jogadores que saibam jogar, tenham bons perfis como homens e possam ser estimulados e desenvolvidos são importantes".

Rúben Dias para segurar

Questionados sobre os jogadores que não gostariam de ver o Benfica perder, Simões e Toni estão em sintonia quanto a um nome: Rúben Dias. "Já não gostei de ver o João Félix sair, mas bateram a cláusula e não há que reclamar. O Rúben Dias é outro jogador que eu gostaria que ficasse mais algum tempo. Não é fácil os clubes resistirem à tentação de vender, porque somos um país de formadores e temos de ser um país de vendedores", justifica o antigo extremo, que jogou de águia ao peito entre 1961-62 e 1974-75.

Mais abrangente é o antigo médio e treinador, que alarga as saídas a evitar a todo o setor defensivo. "Certamente que o Benfica deverá ter alternativas se o Rúben Dias e/ou o Grimaldo saírem, mas não seria bom. Mas também não deixaria de dormir por causa disso. Mas foi um setor que deu uma resposta muito positiva durante a época passada, com o André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo", explicou o antigo jogador, que vestiu de encarnado entre 1968-69 e 1980-81.

4x4x2 mesmo sem João Félix?

A entrada de Bruno Lage no comando técnico coincidiu com o regresso do Benfica ao 4x4x2 - em oposição ao 4x3x3 que Rui Vitória utilizou no seu último ano no clube -, muito por culpa de João Félix, que assumiu um papel nuclear enquanto segundo avançado, no apoio a Seferovic. Tendo em conta que o jovem avançado está de saída, poderá o sistema tático e o modelo de jogo do Benfica sofrer alterações?

"Não sei. O que sei é que Bruno Lage vai ter mais tempo do que na época passado para trabalhar as suas ideias e conceção de jogo, coisa que não teve na época passada, com jogos de três em três ou de quatro em quatro dias. Penso que agora terá muito mais tempo para poder trabalhar e vai com certeza sedimentar os processos de jogo. Por isso acho que não haverá grandes alterações. Veremos se este Raúl de Tomás pode fazer de João Félix", afirma Toni.

"A questão do 4x4x2 ou 4x3x3 é uma coisa que já não existe. O que existe é um modelo de jogo, que se treina, e depois o treinador cria a estratégia, o que obriga os jogadores a perceberem a multiplicidade de funções. Não vão haver alterações no modelo do Benfica. Os modelos de Bruno Lage vão continuar a ser os mesmos. O que haverá seguramente é a alteração do jogador na procura daquele que é mais culto para saber interpretar os modelos que se treinam", vaticina Simões, dez vezes campeão português e uma vez campeão europeu ao serviço do Benfica.

































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