segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O gigante das balizas que ajudou o Sporting a voltar a ser campeão. Quem se lembra de Schmeichel?

Schmeichel festejou um campeonato e uma Supertaça em Alvalade
Um gigante pelo tamanho (1,93 m), mas também pela personalidade, valentia e competência demonstradas ao longo de mais de duas décadas de carreira. Afinal, Peter Schmeichel foi eleito melhor guarda-redes do mundo em 1992 e 1993 e um dos melhores dez do século XX para a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS), tendo ainda sido votado como o melhor guardião de sempre numa sondagem pública promovida pela Reuters.
 
Depois de passagens por clubes modestos da Dinamarca como o Gladsaxe-Hero e o Hvidovre, assinou pelo Brondby em 1987 e logo nesse ano somou a primeira de 129 internacionalizações pela seleção principal do seu país, um recorde somente superado por Simon Kjær em 2023. No ano seguinte disputou a sua primeira fase final, o Euro 1988 – depois esteve nos Europeus de 1992, 1996 e 2000 e no Mundial 1998.
 
Ao serviço do Brondby ganhou quatro campeonatos em cinco épocas, mas foram as exibições na caminhada até às meias-finais da Taça UEFA em 1990-91 que o catapultaram para uma dimensão superior, tendo sido contratado pelo Manchester United de Alex Ferguson em agosto de 1991.
 
No ano seguinte, já estava de férias quando a Dinamarca foi chamada para substituir a Jugoslávia no Euro 1992, mas mostrou estar em boa forma, ao amealhar várias defesas importantes durante o torneio, que acabou por ser conquistado pela própria seleção dinamarquesa. Nas meias-finais, por exemplo, defendeu um penálti do neerlandês Marco van Basten, a única grande penalidade desperdiçada no desempate por grandes penalidades entre os nórdicos e os Países Baixos, até então detentores do título.
 
 
Embalado por essa conquista, não só ajudou o Manchester United a ganhar o campeonato inglês pela primeira vez desde 1966-67 como contribuiu para o início de um período hegemónico dos red devils em Inglaterra. No total, venceu cinco campeonatos (1992-93, 1993-94, 1995-96, 1996-97 e 1998-99), três Taças de Inglaterra (1993-94, 1995-96 e 1998-99), uma Taça da Liga (1991-92), três Charity Shields (1993, 1994, 1996 e 1997), uma Supertaça Europeia (1991) e sobretudo uma Liga dos Campeões (1998-99).
 
 
Cansado de um calendário de 60 jogos por temporada e à procura de alguma descompressão, numa altura em que já tinha 36 anos, decidiu terminar o seu ciclo no United após a conquista da Champions e assinar de forma surpreendente pelo Sporting, que na altura estava há 18 anos sem ser campeão.
 
“Lembro-me do dia em que assinei pelo Sporting. A negociação durou horas. Chegámos finalmente a acordo às quatro da manhã e eu só pensava em ir para o hotel descansar e pensar no futuro, mas então o presidente levou-me para uma sala, onde estavam os jornalistas e disse: ‘Assinámos com o Schmeichel, portanto vamos ser campeões’. Eu fiquei em choque”, recordou durante uma visita a Lisboa em junho de 2012.
 
Com impacto imediato na equipa, foi fundamental para a conquista do título em 1999-00, na sua temporada de estreia em Portugal. “Fizemos quatro pontos em quatro jogos, acho. Mas depois o treinador [Materazzi] foi despedido, entraram novos jogadores, incluindo o Vidigal, e vencemos”, lembrou, recordando a noite em que o campeonato foi ganho: “Viemos do jogo com o Salgueiros e fomos para Alvalade onde nos esperavam milhares de pessoas. Começamos a entrar em campo, um a um, por ordem dos números, por isso eu fui o primeiro. Mas só entraram em campo três ou quatro jogadores porque os adeptos invadiram o terreno e tivemos que fugir dali a correr. Lembro-me que estivemos mais de uma hora no balneário a comemorar..., mas nem tínhamos cerveja, nem champanhe, nem água.”
 
 
No verão de 2000 chegou a ter acordo verbal para voltar ao Manchester United, mas Alex Ferguson acabou por decidir contratar Fabien Barthez. Por isso, Schmeichel ficou em Lisboa mais uma época, venceu a Supertaça Cândido de Oliveira e… continuou a dar ralhetes a Beto durante os jogos. “A minha mãe até deixou de ver os jogos porque dizia que ele ralhava mais comigo do que ela fazia quando eu era pequeno”, confessou o antigo defesa.
 
Apesar de ter chegado a anunciar, em janeiro de 2001, o desejo de ativar a opção que lhe permitia renovar contrato por mais um ano, no verão desse ano regressou a Inglaterra, onde representou Aston Villa e Manchester City antes de pendurar as luvas. “Eu diverti-me mesmo, mesmo muito. Fui embora após dois anos e houve muitas razões para isso. Uma delas foi o novo centro de estágios, que era demasiado longe [vivia em Birre, Cascais]. Demorar uma hora e meia, cada manhã, para chegar lá… Isso foi uma grande coisa para mim. E depois sentia falta de jogar em Inglaterra”, explicou. 



 




Sem comentários:

Enviar um comentário