quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Guilherme Espírito Santo, recordista no atletismo e no futebol do Benfica

Guilherme Espírito Santo marcou 199 golos em 285 jogos pelo Benfica
Num tempo em que o futebol ainda estava muito longe da profissionalização, era comum haver quem praticasse várias modalidades e até com algum nível de sucesso. Foi o caso de Guilherme Espírito Santo.
 
Descendente de são-tomenses, nasceu em Lisboa a 30 de outubro de 1919, mas aos oito anos mudou-se com a mãe para Luanda, tendo começado a jogar futebol na capital angolana, mais precisamente na formação do Sport Luanda e Benfica.
 
Benfiquista desde sempre, foi contratado em 1936 pelo clube do coração para suceder ao seu grande ídolo de juventude, Vítor Silva, depois de ter agradado nos treinos que fez à experiência, aos quais chegou com uma carta de recomendação da filial. Acabou por estrear-se pela equipa principal dos encarnados ainda com 16 anos, a 20 de setembro de 1936, tendo marcado um golo num triunfo sobre o Vitória de Setúbal por 5-2 num jogo particular disputado no campo dos Arcos, na cidade sadina.
 
A estreia oficial aconteceu a 11 de outubro do mesmo ano, num empate a zero frente ao Casa Pia a contar para a 1.ª jornada do Campeonato de Lisboa. Cerca de um ano depois, diante do mesmo adversário, estabeleceu um recorde do clube, ao apontar nove golos numa goleada por 13-1.
 
Foi o início de uma grande história de 13 anos de sucesso, coroada com 285 jogos, 199 golos, quatro campeonatos nacionais (1936-37, 1937-38, 1944-45 e 1949-50), três Taças de Portugal (1939-40, 1943-44 e 1948-49) e um Campeonato de Lisboa (1939-40). Pelo meio sofreu uma grave inflamação os pulmões que o afastou dos relvados entre 1941 e 1944.
 
Antes desse problema de saúde, perante a lesão do guarda-redes Martins e numa altura em que ainda não se podiam fazer substituições, foi para a baliza num dérbi com o Sporting a 19 de janeiro de 1941 e defendeu tudo o que havia para defender, mantendo a vantagem de 2-1 para o Benfica.
 
Também no que concerne ao desporto-rei, a “Pérola Negra” fez história ao tornar-se no primeiro futebolista negro a representar Portugal, estreando-se num jogo diante de Espanha a 28 de novembro de 1937, naquela que foi a primeira vitória da seleção lusa sobre a congénere espanhola. Foi oito vezes internacional A e marcou um golo.
 
 
Paralelamente, mostrou ter jeito para o atletismo, surpreendendo os companheiros de equipa quando saltou por cima de um obstáculo colocado a 1,70 metros do chão durante um treino no Estádio das Amoreiras em 1938. Foi então convidado a praticar várias especialidades pela secção de atletismo do Benfica, tendo batido recordes nacionais de salto em altura, comprimento e triplo salto.
 
E quando se retirou do futebol e do atletismo, dedicou-se ao ténis, modalidade que praticou até aos 85 anos e na qual venceu vários campeonatos nacionais de veteranos.
 
A sua aptidão para o desporto e o desportivismo que sempre patenteou valeram-lhe a condecoração com o prémio fair play pelo Comité Olímpico Internacional, em 1999.
 
Também foi galardoado com a Águia de Prata em 1938 e a Águia de Ouro em 2000, tendo igualmente sido designado presidente das Comemorações do Centenário do Benfica em fevereiro de 2004.
 
Viria a morrer a 25 de novembro de 2012, aos 93 anos. Meses antes, recebeu o Anel de Platina pelos 75 anos de associado aos encarnados.









Sem comentários:

Enviar um comentário