Mas verdade seja dita. Talento
não lhe faltava. Transportava nas pernas a técnica e a irreverência do futebol
de rua. Surgiu com apenas 17 anos na equipa principal do clube da sua terra, o
Bari, em 1999, e causou logo um enorme impacto na Serie
A italiana. Depois de ter sido lançado às feras numa visita ao Lecce, a 11
de dezembro desse ano, voltou a ser titular uma semana depois, na receção ao Inter
de Milão, então comandado por Marcello Lippi e que contava com craques como
Ivan Zamorano, Christian Vieri, Laurent Blanc, Javier Zanetti, Álvaro Recoba ou
Roberto Baggio. Aos 88 minutos desse encontro, pegou
na bola pouco depois do meio-campo, arrancou em velocidade, passou por Blanc e
Zanetti e colocou a bola fora do alcance do guarda-redes Peruzzi através de um remate
colocado.
“Sem aquele Bari-Inter
teria sido um ladrão ou um carteirista, não sei, mas de certeza um delinquente.
Muitos amigos meus foram recrutados por organizações da máfia. Aquele jogo e o
meu talento afastaram-me da perspetiva de uma vida de merda”, admitiu. A partir daí tornou-se num grande
nome do futebol italiano e mundial, embora nunca tivesse atingido o nível que
lhe perspetivaram. Passou por grandes clubes, mas saiu de quase todos pela
porta pequena, muito por culpa de desentendimentos com treinadores e
companheiros de equipa. Esteve em três Europeus (2004, 2008 e 2012) e num
Mundial (2014), mas com outra regularidade poderia ter feito parte da squadra
azzurra campeã do mundo em 2006. Teve alguns apagões dentro das
quatro linhas, mas manteve-se sempre extravagante fora dos relvados: “Muitas
vezes fiz sexo antes dos grandes jogos. A Roma-Juventus
dos 4-0 [a 8 de fevereiro de 2004, jogo em que Cassano bisou], por exemplo. Fiz
sexo seis vezes seguidas na manhã desse domingo. Tinha muitas amigas na altura,
levava-as para o balneário das camadas jovens e até partíamos as macas.”
“Quatro namoradas em 11 anos é
pouco. Mas em compensação tive umas quantas aventuras. Digamos que umas 600 ou
700”, disse noutra ocasião. A culpa de não ter conseguido
atingir um nível ainda mais alto, reconhece, é só dele: “Era pobre e nunca
trabalhei. Porque não sei fazer nada. A vida deu-me 17 anos de pobreza e nove
de milionário. Ainda me deve oito para equilibrar as coisas”, afirmou algures a
meio da década de 2000.
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