quarta-feira, 30 de outubro de 2024

“Sem aquele Bari-Inter teria sido um ladrão ou carteirista”. Quem se lembra de Antonio Cassano?

Cassano marcou 52 golos em 161 jogos pela AS Roma entre 2001 e 2005
Antonio Cassano deixou de jogar futebol em 2016 e desde então que periodicamente aparece nas notícias por criticar Cristiano Ronaldo, talvez por o internacional português ter chegado a faturar mais golos num jogo pelo Real Madrid (cinco) do que o italiano durante um ano e meio (quatro). Ou então por Ronaldo ter vencido troféus com Bola de Ouro, Liga dos Campeões e Campeonato da Europa, algo que o antigo jogador de Bari, Roma, Sampdoria, AC Milan, Inter ou Parma raras vezes esteve perto de ganhar.
 
Mas verdade seja dita. Talento não lhe faltava. Transportava nas pernas a técnica e a irreverência do futebol de rua. Surgiu com apenas 17 anos na equipa principal do clube da sua terra, o Bari, em 1999, e causou logo um enorme impacto na Serie A italiana. Depois de ter sido lançado às feras numa visita ao Lecce, a 11 de dezembro desse ano, voltou a ser titular uma semana depois, na receção ao Inter de Milão, então comandado por Marcello Lippi e que contava com craques como Ivan Zamorano, Christian Vieri, Laurent Blanc, Javier Zanetti, Álvaro Recoba ou Roberto Baggio.
 
Aos 88 minutos desse encontro, pegou na bola pouco depois do meio-campo, arrancou em velocidade, passou por Blanc e Zanetti e colocou a bola fora do alcance do guarda-redes Peruzzi através de um remate colocado.
 
 
“Sem aquele Bari-Inter teria sido um ladrão ou um carteirista, não sei, mas de certeza um delinquente. Muitos amigos meus foram recrutados por organizações da máfia. Aquele jogo e o meu talento afastaram-me da perspetiva de uma vida de merda”, admitiu.
 
A partir daí tornou-se num grande nome do futebol italiano e mundial, embora nunca tivesse atingido o nível que lhe perspetivaram. Passou por grandes clubes, mas saiu de quase todos pela porta pequena, muito por culpa de desentendimentos com treinadores e companheiros de equipa. Esteve em três Europeus (2004, 2008 e 2012) e num Mundial (2014), mas com outra regularidade poderia ter feito parte da squadra azzurra campeã do mundo em 2006.
 
Teve alguns apagões dentro das quatro linhas, mas manteve-se sempre extravagante fora dos relvados: “Muitas vezes fiz sexo antes dos grandes jogos. A Roma-Juventus dos 4-0 [a 8 de fevereiro de 2004, jogo em que Cassano bisou], por exemplo. Fiz sexo seis vezes seguidas na manhã desse domingo. Tinha muitas amigas na altura, levava-as para o balneário das camadas jovens e até partíamos as macas.”
 
 
“Quatro namoradas em 11 anos é pouco. Mas em compensação tive umas quantas aventuras. Digamos que umas 600 ou 700”, disse noutra ocasião.
 
A culpa de não ter conseguido atingir um nível ainda mais alto, reconhece, é só dele: “Era pobre e nunca trabalhei. Porque não sei fazer nada. A vida deu-me 17 anos de pobreza e nove de milionário. Ainda me deve oito para equilibrar as coisas”, afirmou algures a meio da década de 2000.
 



 
 
 

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