segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A minha primeira memória de… um jogo entre Sporting e Lille

Leão Daniel Carriço sob pressão por parte de Hazard
Não sendo a Taça Latina uma competição reconhecida pela UEFA, os primeiros jogos oficiais entre Sporting e Lille aconteceram num momento de fragilidade desportiva e financeira dos leões e de uma das fases mais pujantes da história dos gauleses, em 2010-11.
 
Por essa altura, os verde e brancos sentiam grandes dificuldades para vencer jogos e, mesmo quando triunfavam, muitas vezes as vitórias eram arrancadas a ferros. Já les dogues conquistaram nessa temporada a dobradinha em França, com uma excelente equipa comandada por Rudi Garcia e onde pontificavam nomes como Eden Hazard, Mickael Landreau, Mathieu Debuchy, Adil Rami, Rio Mavuba, Yohan Cabaye, Gervinho e o goleador-mor Moussa Sow.
 
O Sporting vinha de um empate em casa diante do Olhanense (0-0), algo normal naquele tempo, e na deslocação ao norte de França, para a primeira jornada da fase de grupos da Liga Europa, o treinador Paulo Sérgio decidiu promover uma rotação massiva na equipa, ao ponto de ter mantido apenas dois titulares (Daniel Carriço e André Santos) em relação ao onze que havia atuado frente aos algarvios.
 
Se os teoricamente melhores haviam mostrado tanta incapacidade, temia-se que os seus habituais suplentes fossem presa fácil para o Lille, mas a verdade é que o conjunto lisboeta foi a solo gaulês vencer por 2-1.
 
Vukcevic inaugurou o marcador aos onze minutos, a passe de André Santos depois de um cruzamento de Abel, e Hélder Postiga aumentou a vantagem aos 34’, de cabeça, na resposta a mais um grande cruzamento de Abel. O melhor que o Lille conseguiu foi reduzir a diferença, pouco antes da hora de jogo, com Frau a faturar na recarga a um remate de Hazard defendido de forma incompleta por Tiago.
 
“O Sporting foi a França bater o Lille e deu um passo importante rumo ao apuramento no Grupo C da Liga Europa. Mais que um jogo, porém, Paulo Sérgio ganhou novas opções e, porventura, uma equipa, ao recorrer, sem medo, a jogadores menos utilizados. A composição do onze inicial do Sporting deve ter surpreendido tudo e todos, gauleses incluídos, já que o técnico leonino fez mais do que mudar meia equipa: mudou-a quase toda. Dependendo do critério utilizado na avaliação de quem são os habituais titulares, Paulo Sérgio fez alinhar oito ou nove que não costumam fazer parte do onze inicial, mas nem por isso deixou de abordar o encontro com a postura que tem caracterizado a sua equipa: vontade de ter a bola e de, com ela, ditar o desenrolar dos acontecimentos”, escreveu o jornal O Jogo.
 
 
 
Entretanto, enquanto foi ficando cada vez mais afastado do título nacional, o Sporting goleou nos dois jogos seguintes da Liga Europa, nas receções ao Levski Sófia (5-0) e ao Gent (5-1), e perdeu na Bélgica na quarta jornada (1-3). Porém, garantiria o apuramento para os 16 avos de final e o primeiro lugar no grupo em caso de vitória sobre o Lille em Alvalade na quinta ronda, a 1 de dezembro.
 
Desta feita com um onze próximo do ideal, os leões voltaram a bater os franceses, graças um golo solitário e raro de Anderson Polga (28 minutos), que nove anos no Sporting só apontou quatro golos em 342 jogos, todos nas competições europeias. O golo foi apontado na sequência de um canto e de uma mão na bola de Hélder Postiga na área gaulesa que não foi sancionada pelo árbitro.
 
“Ponto final. O Sporting é o primeiro classificado do Grupo C da Liga Europa e tem lugar garantido entre as 32 equipas que vão lutar para chegar à final. Ao jogo de importância extrema que elevava ao expoente máximo os níveis de pressão, concentração e motivação que fora a receção ao líder FC Porto, seguiu-se o embate em Alvalade com uma equipa que os leões já haviam vencido, fora, com as segundas linhas, para garantir algo praticamente garantido, mas que necessitava confirmação: o apuramento imediato para os 16 avos-de-final da Liga Europa. Aliada à premência com que os franceses encaravam a vitória, a par da boa prestação do Lille no campeonato francês, cresciam exponencialmente as probabilidades de o Sporting experimentar a descompressão de um momento e displicência para com o outro. Tal não se verificou, os leões não foram intensos e dominadores como noutros encontros – frente ao FC Porto, por exemplo –, mas foram pragmáticos o suficiente para controlar as operações, não tremer ante as investidas dos gauleses e... fazer-lhes cair o céu em cima da cabeça, com um golo do mais insuspeito goleador (Polga) e gerir então a vantagem que garante presença na prova além da fase de grupos, escudados no primeiro lugar que pode fazer evitar os tubarões que entram em campo chegados da Champions - isto apesar de uma arbitragem ridícula, que poderia ser risível, se não ameaçasse inspirar o choque”, escreveu o jornal O Jogo na edição do dia seguinte.





 




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