O croata que meteu o Sporting a jogar bom futebol apesar do 4.º lugar. Quem se lembra de Mirko Jozic?

Mirko Jozic orientou o Sporting em 1998-99

Nunca um treinador que tenha passado por um dos grandes do futebol português sem ter ido além do quarto lugar no campeonato terá deixado tão boa imagem como o croata Mirko Jozic, que orientou o Sporting em 1998-99.

 
Uma espécie de Carlos Queiroz da antiga Jugoslávia, começou a carreira de treinador aos 30 anos, depois de a de futebolista ter sido dada como terminada na sequência de uma grave lesão.
 
Guiou o modesto Junak à II Divisão da Jugoslávia e trabalhou durante 16 anos na Federação Jugoslava, entre 1972 e 1988, tendo conquistado o Campeonato do Mundo de sub-20 em 1987, ao leme de uma fantástica geração de jogadores como Zvonimir Boban, Robert Prosinecki, Predrag Mijatovic e Davor Suker.
 
Quando rebentou a guerra na Jugoslávia mudou-se para o Chile, onde orientou o Colo-Colo, levando o emblema dos arredores de Santiago a ganhar a única Taça Libertadores da sua história, em 1991, tornando-se também no primeiro treinador europeu a vencer a principal competição de clubes da América do Sul. Paralelamente, conquistou três campeonatos e duas Taças do Chile, assim como a Recopa Sul-Americana e a Taça Interamericana.
 
Seguiu-se uma passagem não muito bem-sucedida pela seleção do Chile e duas aventuras de curta duração nos mexicanos do América e nos croatas do Hajduk Split. Em 1996-97 venceu a Supertaça Asiática pelos sauditas do Al Hilal e voltou ao continente sul-americano para comandar os argentinos dos Newell’s Old Boys antes de ingressar no Sporting no verão de 1998.
 
Ao serviço dos verde e brancos não foi além de um quarto lugar no campeonato e de eliminações precoces na Taça UEFA e na Taça de Portugal, mas conseguiu deixar a imagem de um treinador competente e capaz de colocar a sua equipa a jogar um futebol de qualidade. A temporada leonina também ficou marcada por uma grande contestação às arbitragens, contestação essa que teve o seu ponto alto numa receção à Académica em que Alvalade se vestiu de luto, em protesto para com os mais de 10 pontos que os leões consideravam que lhe tinham sido subtraídos pelos erros dos árbitros.
 
Jozic também teve o mérito de potenciar Simão Sabrosa, que se transferiu para o Barcelona no final dessa época de 1998-99, e de utilizar o seu conhecimento profundo sobre o futebol sul-americano para recrutar Aldo Duscher, Facundo Quiroga, Gabriel Heinze e Beto Acosta.
 
Ainda assim, o treinador croata não resistiu aos maus resultados e acabou por só cumprir o primeiro de dois anos de contrato, tendo depois regressado à Croácia para orientar a seleção de sub-21 do seu país e posteriormente a seleção principal, tendo-a guiado ao apuramento para o Mundial 2002.